Na última década, a perda da massa de gelo na Gronelândia aumentou sete vezes em relação a 1990, passando dos 33 mil milhões de toneladas anuais para 254 mil milhões de tonelas anuais resgistadas nos últimos dez anos. Nestes trinta anos a região perdeu 3,8 milhões de toneladas de gelo, suficientes para elevarem o nível medio do mar em 10,6 milímetros.
Os cientistas apontam a subida da temperatura da atmosfera e o aumento da temperatura da água dos ocenanos (Atlântico e Ártico) como as principais causas do degelo da Gronelância, região autónoma da Dinamarca e a segundo maior reserva de gelo do mundo.
A este ritmo, o derretimento do gelo na região vai deixar, no final deste século, 100 milhões de pessoas por ano a braços com inundações; haverá mais tempestades e mais fortes. São estas as conclusões a que chegou a equipa internacional de cientistas polares responsáveis pelo estudo publicado na revista Nature.
“Não são eventos improváveis ou de pequeno impacto”, alertou Andrew Shepherd, professor da Universidade de Leeds, no Reino Unido, e uns dos principais autores do estudo. “[Esses impactos] estão a acontecer e serão devastadores para as comunidades costeiras.”
Os dados, retirados da observação dos registos de 11 satélites difrentes (entre 1992 e 2018) que avaliam o volume da perda (ou ganho) da massa de gelo glaciar, revelam uma realidade alarmante que ultrapassa largamente as previsões avançadas pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC).