
Palestinianos refrescam-se no Mar Mediterrâneo, em Gaza
© Mohammed Salem / Reuters
O mundo caminha a passos largos para o ano mais quente de sempre. Desde que o registo de temperaturas começou a ser feito, em 1880, nunca se tinham observado números tão elevados e fenómenos meteorológicos extremos como em 2016. O mês passado foi o junho mais quente de sempre e o 14.º mês consecutivo com temperaturas recorde, informou a Organização Mundial de Meteorologia (OMM).
A combinação do aumento de temperaturas com o crescimento da emissão de dióxido de carbono para a atmosfera e o degelo das calotas polares no Ártico aceleraram o processo das alterações climáticas.
Os valores registados nestes meses são 1,3 graus superiores às temperaturas que se registavam na era pré-industrial. Este valor aproxima-se perigosamente do que foi acordado em Paris na conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, quando os países membros concordaram em reduzir as emissões de gases de efeito estufa para a atmosfera de modo a que o aquecimento não ultrapassasse os 1,5 graus Celsius.
David Carlson, diretor do programa de pesquisa sobre as alterações climáticas da Organização Mundial de Meteorologia, mostra-se preocupado com a situação, uma vez que, diz, “estes aumentos de temperatura não eram antecipados”. O cientista assume que os anteriores modelos de previsão seguidos pela sua equipa falharam ao não anteciparem as temperaturas recorde registadas este ano, pelo que teme que estes estejam a subestimar o quão quente o mundo vai ficar.
Em declarações à Reuters, Carlson explica que os aumentos de temperatura excessivos e eventos meteorológicos extremos, como as cheias, estão lentamente a tornar-se normais.
Quando os políticos o abordam sobre o problema, o cientista diz que a pergunta mudou de “o clima mudou mesmo?” para “quanto mudou o clima?”.
Segundo Carlson, a solução passa agora por mudar os modelos de estudo para tentar perceber o quão longos e frequentes estes fenómenos vão ficar.
Em Portugal, o mês passado foi o 12.º junho mais quente de sempre, desde que as temperaturas começaram a ser registadas.
As preocupações da comunidade científica mundial aumentaram quando surgiram registos da libertação de gás metano, um poderoso gás de efeito de estufa que estava congelado na tundra siberiana devido ao degelo. Na costa norte da Rússia, também tem sido possível observar bolhas de gás metano a chegar à superfície do mar de Barents, graças ao recuo dos bancos de gelo polar, que fizeram com o gás se libertasse.