Além de levar muitas espécies já ameaçadas de extinção à sua extinção real, o comércio ilegal de animais selvagens fortalece as redes criminosas, compromete a segurança nacional e apresenta riscos crescentes para a saúde mundial, de acordo com o relatório, ‘Luta contra o tráfico ilícito da vida selvagem: uma consulta com os governos’, que foi apresentado esta semana num encontro de embaixadores das Nações Unidas, em Nova Iorque.
“O crime contra a vida selvagem tem aumentado de forma alarmante na última década. Este é impulsionado por organizações criminosas a um nível global, e por isso precisamos de uma resposta ao mesmo nível “, diz Jim Leape, director-geral da WWF Internacional.
“São muitas vezes as comunidades mais pobres do mundo, que perdem mais com este comércio ilícito, enquanto os criminosos e funcionários corruptos lucram. Há neste momento muitos Rangers que perdem as suas vidas e deixam famílias, e outros que dependem dos recursos naturais que vêem acabar os seus meios de subsistência “, acrescentou.
Grande parte deste comércio de produtos ilegais da vida selvagem é executado por redes criminosas sofisticadas com um alcance internacional bastante amplo. Os lucros do tráfico dos animais selvagens são usados para comprar armas, para financiar conflitos civis e subsidiar as actividades terroristas relacionadas, conclui o relatório.
O envolvimento do crime organizado e dos grupos rebeldes nestes crimes tem aumentado, de acordo com entrevistas feitas a governos e organizações internacionais conduzidas pela empresa de consultoria do grupo Dalberg, em nome da WWF.
Os inquiridos concordam que a ausência de aplicação da lei, de forma credível, e as penas leves reduzem os riscos para os grupos criminosos. Ressalvam ainda que a alta procura pelos consumidores é agravada pelo aumento da acessibilidade a estes produtos de animais selvagens ilegais, através da internet.
“A procura destes produtos de animais selvagens ilegais aumentou ao mesmo tempo que houve um crescimento económico nos países consumidores, e com o ‘dinheiro fácil’ e os altos lucros que gera este tráfico, o crime organizado aproveita a oportunidade para lucrar”, disse Steven Broad, director executivo da rede TRAFFIC.
Os inquiridos do relatório destacaram que o comércio ilegal de animais selvagens quase sempre é visto pelos governos como um problema exclusivamente ambiental e não é tratado como um crime transnacional e como uma questão de justiça.
“Os governos precisam abordar este crime ambiental com urgência”, disse Leape. “Não é apenas uma questão de protecção ambiental, mas também de segurança nacional. É tempo de pôr fim a esta ameaça profunda para o Estado de Direito. “
As autoridades e governos reconhecem que uma abordagem sistemática e com maiores recursos são necessárias para combater o tráfico ilegal de animais selvagens, bem como a cooperação interministerial e a necessidade de usar técnicas de investigação mais modernas e inteligentes como forma de identificar e processar os criminosos destes crimes.
Finalmente, os governos e as organizações não-governamentais têm um papel importante no alcance de metas nos países responsáveis por cumprir compromissos internacionais públicos, diz o relatório. O ‘Sistema de Informação e Comércio de Elefantes’, executado pelo TRAFFIC, e o recente ‘Scorecard Crime Wildlife’ da WWF fornecem exemplos de iniciativas que chamam a atenção para este problema.
Saiba mais sobre este assunto: http://www.wwf.pt/?207049/Comrcio-ilegal-de-animais-selvagens-ameaa-a-segurana-nacional-diz-relatrio-da-WWF
Sobre a TRAFFIC
TRAFFIC, a rede de monitorização do comércio da vida selvagem, trabalha para assegurar que o comércio de animais selvagens não é uma ameaça para a conservação da natureza. TRAFFIC é uma iniciativa conjunta da IUCN e da WWF.
Para saber mais sobre a WWF e a campanha TRAFFIC visite panda.org/wildlifecrime