Não é errado ganhar dinheiro enquanto se trabalha para o bem social. Esse é um preconceito, garantiram os participantes da conferência “Como mudar o mundo”, que a empresa de consultoria Sair da Casca apresentou ontem, quinta-feira, no Estoril.
Segundo o painel de empreendedores, esta forma de pensar é falsa e vai ser ultrapassada no futuro. As Organizações Não-Governamentais (ONG’s) necessitam elas mesmas de ser sustentáveis a todos os níveis. A recente crise veio sublinhar ainda mais que as organizações não podem depender de apoios públicos ou privados – numa altura em que o empreendedorismo social é mais importante do que nunca, diminuíram os subsídios a empresas que trabalham na área social, pondo em risco a sua própria existência.
Durante o debate, surgiram algumas ideias e sugestões para solucionar o desenvolvimento deste novo modelo de ONG. Uma das soluções foi a aproximação entre as ONGs e as empresas, contrariando a ideia de que estas são o inimigo. Outra alternativa discutida foi a transformação das ONG em “empresas sociais”, que aproveitam o lucro gerado para investir no negócio e não para distribuir aos acionistas.
Um dos exemplos veio de França. David Menascé, director adjunto da ONG Azao (azao-conseil.com), trabalha com grandes empresas e tentas ligá-las à sustentabilidade e filantropia. O objectivo é fazer com que sejam realmente sustentáveis e acabar com aquilo que chama de “campanhas de brain washing”: empresas que publicitam serem sustentáveis e “verdes”, mas que na realidade não o são. David acredita que muitas pequenas mudanças fazem uma mudança grande. Um dos seus últimos projetos passou por conseguir que alguns trabalhadores passassem a trabalhar a partir de casa, poupando assim muito dinheiro em transportes.
Segundo Manoj Kumar, da Fundação Naandi, “as empresas sociais não trabalham para enriquecer os shareholders, mas sim para a sustentabilidade da empresa”. A sustentabilidade social, garantiu o empresário indiano, está ligada à noção de a verdadeira felicidade está em fazer os outros felizes. Reforçou que a sustentabilidade é aditiva e que toda a gente nasce empreendedor, mas não é incentivado. Diz Manoj Kumar que existem quatro formas de se ser empreendedor: ler, viajar, conhecer alguma pessoa inspiradora, e “ter fome” – de fazer mais e melhor.