Até 2023, a Terra aqueceu globalmente 1,2°C em relação ao período 1850-1900, tendo sido esse o ano mais quente alguma vez registado no mundo. Pode dizer-se que é um dado insignificante. Mas pensemos no seguinte: não é preciso muito para aumentar a temperatura corporal quando estamos doentes; um aumento de apenas 1°C ou 2°C já significa febre, e mais 3°C ou 4°C podem ser fatais. Há um equilíbrio delicado em tudo. E a Terra tem vindo a adaptar-se ao aumento dos gases com efeito de estufa, causado pelas atividades antropogénicas, aumentando a sua temperatura para manter o equilíbrio. Todas as regiões da Terra, sem exceção, têm sido afetadas. E as regiões polares, tão remotas e misteriosas que não pensamos nelas diariamente, são especialmente sensíveis a este aquecimento.
Os números que demonstram estas mudanças são alarmantes – mostram até que ponto o aquecimento afetou alguns dos locais mais vulneráveis da Terra. No Ártico, o aquecimento duplicou, triplicou ou mesmo quadruplicou em algumas zonas, com uma redução do gelo marinho sem precedentes nos últimos mil anos, tendo por base reconstruções históricas e evidências paleoclimáticas. E a perda de gelo da Gronelândia e da Antártida acelerou tremendamente nas últimas duas décadas: em 2020, ambos os mantos de gelo estavam a perder, em média, 372 mil milhões de toneladas de gelo por ano, mais do que triplicando a quantidade de gelo perdida, por exemplo, em 1992.