Recentemente, na véspera das eleições europeias, o movimento Scientist Rebellion, entre outros, bloqueou a entrada do edifício da Comissão Europeia em Bruxelas para exigir o decrescimento económico. Um dos cientistas apoiantes desta manifestação declarou: “A Ciência é clara. É impossível reconciliar o crescimento económico e a transição ecológica.”
Ora, este é um assunto sobre o qual a Ciência não é clara, com níveis elevados de incerteza (que a Ciência está a trabalhar para reduzir) e o envolvimento de valores éticos e ideológicos contraditórios (cujo legítimo confronto não pode ser reduzido a uma abordagem puramente científica). É um exemplo de situações que designamos como “ciência pós-normal”, por contraste com a ciência normal, tal como originalmente definida por Thomas Kuhn, caracterizada por níveis baixos de incerteza e de implicações éticas e ideológicas (casos, por exemplo, da investigação fundamental em Física ou Química). Paradoxalmente, esta visão da ciência pós-normal é precisamente um dos pilares definidores da área científica da Economia Ecológica (a disciplina na qual se desenvolvem os debates sobre os limites ao crescimento).