“Verde” tornou-se um sinónimo de sustentabilidade. Os cidadãos, as empresas, os governos dizem querer ser mais “verdes”. Mas, no caso das cidades, a palavra é para ser usada de uma forma muito literal: uma cidade sustentável, amiga do ambiente e preparada para suportar as consequências das alterações climáticas tem de ser muito menos cinzenta e bem mais verde – repleta de árvores, jardins e parques. Até os telhados devem ter vegetação. “Naturalizar” as cidades ajuda a esbater o efeito “ilha de calor” (o betão e o alcatrão amplificam as altas temperaturas) e torna-as menos suscetíveis a cheias, ao reduzir a impermeabilidade dos solos.
No limite, uma urbe-modelo será um melhor sítio para se viver, mesmo no contexto difícil de um clima mais quente, extremo e imprevisível, diz Gil Penha-Lopes, investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e consultor na área de Sustentabilidade e Regeneração. “Uma cidade bem adaptada, e sem aumentar a concentração de gases de efeito de estufa (ou seja, mitigando simultaneamente), tem como resultados uma menor vulnerabilidade e riscos a impactos climáticos, permitindo até que possa passar a beneficiar com o que atualmente consideramos ‘impactos negativos’.”