É possível o crescimento infinito num planeta de recursos finitos? Esta é a pergunta de um milhão de euros. Muita gente começa a pôr em causa o modelo económico atual, que avalia o desenvolvimento dos países através da evolução anual do PIB, propondo a introdução de outros fatores na equação que meçam o bem-estar da população e o progresso da sociedade. Esse caminho passaria sempre por uma redução do consumo, pelo fim do capitalismo como o conhecemos.
Realisticamente, o mundo não está preparado para uma mudança tão radical. Mas algo substancial terá de ser feito, atendendo aos impactos do aquecimento que se sentem hoje e que serão muito mais vincados no futuro. “A alternativa já está a acontecer”, avisa Tiago Domingos, professor de Ambiente e Energia no Instituto Superior Técnico. “Certamente não vamos conseguir limitar o aquecimento a 1,5 ºC, e mesmo os 2 ºC não são prováveis. Agora, a sociedade tem de começar a ponderar que tipo de transição quer, para que o debate não seja hipócrita, para que não continuemos a ter compromissos dos governos que não vão ser cumpridos.”