Nos pés de Adriana Mano está um dos modelos de ténis que a sua Zouri fabrica, com base no plástico recolhido nas praias portuguesas. Este par, confessa a meio da conversa no palco do Visão Fest, tem quatro anos. A camisa que a atriz e ativista Joana Barrios, sentada ao seu lado, traz vestida era da sua mãe e tem duas décadas, menos do que o relógio que já dura há meio século.
Esta informação pode parecer redundante para começar um texto, mas é da maior importância, pois mostra como ambas as convidadas para este painel sobre moda sustentável não estão a falar de cor.
Joana Barrios, por exemplo, anda nisto desde a adolescência e sempre conseguiu escapar às teias da fast fashion que viu crescer a partir dos anos 1990. E nem custou muito, pois quando teve oportunidade de comprar uma peça de baixo custo de uma cadeia desse tipo de roupa, verificou que “não tinha qualidade, estragava-se num instante e rapidamente ficava com mau aspeto”. Posto isto, percebeu que era preferível consumir mais caro e menos, para fugir à máxima “todos os invernos vais comprar umas botas más e vais ter sempre os pés molhados.”
Por falar em botas novas, Adriana Mano avisa que não tem coleções novas todos os anos, apesar de ser pressionada nesse sentido pelos clientes. “Tenho um público motivado para a sustentabilidade e mesmo assim sente necessidade de ter algo novo todas as estações.” Novo, no caso da Zouri, só o plástico que continua a aparecer nas praias e que é recolhido por ONG’s, escolas e escuteiros, um pouco por todo o País. O material apanhado é depois triturado para fabricar as solas dos sapatos, que fica com pedacinhos coloridos visíveis sempre que se cruzam as pernas.
Uma peça de roupa barata terá um custo real? “Pagará os materiais, a mão de obra, o IVA?”, questiona Adriana, conhecedora deste tipo de indústria. A empresária e ativista considera que se deve dar toda a informação às pessoas para elas se tornarem mais conscientes em relação à cadeia de produção da moda. É isso que faz Joana Barrios quando diz que “só vale a pena comprarmos uma peça de roupa se a usarmos 100 vezes”.
Ambas estão, no entanto, esperançadas nas gerações futuras, pois sentem-nas mais conscientes e críticas em relação ao que não está bem, mesmo dentro de casa. “O meu pai recicla, mas a minha mãe não” – é o tipo de queixa que já ouviram e que as faz acreditar num futuro mais amigo do ambiente.
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