Olá, bom-dia
À boleia de Fala com Ela, a obra-prima com que Pedro Almodóvar venceu o Oscar para melhor filme estrangeiro em 2002, muitos eram aqueles que então descobriam Caetano Veloso pelo mundo fora. Na película do realizador madrileno, Caetano havia cantado Cucurrucucú Paloma, exibindo assim toda a sua subtileza interpretativa e, sobretudo, toda a sua capacidade encantatória. Dois anos depois desse êxito, lançava A Foreign Sound, um disco com grandes standards americanos que parecia feito à medida do momento: Caetano dispunha-se a gravar na língua universal da música pop e, desta forma, o mundo além-fronteiras lusófonas despertava para a magia do músico brasileiro. Cantar em inglês era um projeto antigo, adiado durante algumas décadas, como explicou o próprio Caetano, em entrevista à VISÃO, em Londres, durante uma maratona de quatro dias de entrevistas para a comunicação social europeia, em abril de 2004. “Fiquei sem muitos argumentos para o adiar de novo. Cheguei a desistir a meio, comecei a gravar e parei, ia desistir definitivamente… Mas acabei por admitir fazê-lo. E aí, naturalmente, entreguei-me ao prazer de estar em contacto com estas canções e de ver os músicos tão felizes por tocarem estas canções que eles admiram e que sabem que são boas”, diz Caetano à VISÃO.