Estacionamento debaixo de árvores de manga. Volta e meia cai uma e vimos algumas espalhadas pelo chão. Sendo um fruto relativamente grande e pesado – existem muitas espécies de mangas, umas mais pequenas do que outras, mas todas relativamente grandes – não é raro verem-se carros com amolgadelas no topo, por lhes ter caído uma em cima.
Em 1619, porém, os índios tupinambás, aliados dos portugueses na sua chegada e que os haviam ajudado a construir o forte, enfurecidos, desencadearam um violento ataque à povoação. Queriam expulsar os conquistadores portugueses que violentavam as suas filhas e mulheres e ainda os escravizavam. O ataque ocorreu de madrugada, quando centenas de índios atiravam flechas incendiárias e venenosas, surpreendendo os colonos e a guarnição do forte. A batalha durou quase 12 horas*. Danificada, essa primitiva fortificação foi então substituída por outra mais sólida. Efetivamente, ao longo de quase quatro séculos de história, o Forte foi reconstruído e reformado inúmeras vezes. Durante o século XVII, passou por momentos de extrema decadência, ora tomado pelo mato, ora com as muralhas e instalações em ruínas. Em 1728, o rei D. João V ordenou a sua restauração, e na segunda metade deste mesmo século, foi estabelecido nas suas dependências um precário hospital militar, sendo mais tarde transferido para uma residência particular em 1768.
É ainda importante referir um dos mais relevantes acontecimentos do século XIX, em Belém, em que o Forte foi também utilizado: a revolta que ficou conhecida na história como Cabanada. Tratava-se de um movimento civil contra a elite portuguesa levado a cabo pelos “Cabanos”, em alusão às pequenas cabanas no meio do mato em que os revoltosos viviam. O forte serviu de aquartelamento para estes (1835-1840). Já no século XX, em 1920, foi finalmente restituído às autoridades militares, tendo permanecido sob a jurisdição do Exército Brasileiro até 2001 quando o Governo do Estado do Pará conseguiu a sua alienação. O espaço passou a ser aproveitado para fins culturais e surge então o Museu do Forte do Presépio, localizado no antigo corpo da guarda, hoje rebatizado como Museu do Encontro. Atualmente é um dos pontos turísticos mais importantes de Belém**.
No interior deste museu era proibido tirar fotos, com grande pena minha, pelo que ficamos com fotos retiradas da revista “DaCultura”. O museu versa precisamente sobre o processo de colonização portuguesa na Amazónia. No centro existe uma escavação com resquícios de um sítio tribal, e nele estão expostos diferentes artefatos indígenas, além de uma coleção de muiraquitãs com vários séculos***. Os muiraquitãs são amuletos talhados em madeira ou em pedra, na maior parte das vezes o jade, de cor esverdeada, e que representam pessoas ou animais.
Uma réplica do quadro “A conquista do Amazonas” também está exposto no museu. O quadro retrata a presença dos portugueses, indígenas, missionários e caboclos (mestiços de brancos com índios), que marca o início da formação da identidade nacional.
Reza assim o Portal da Amazónia: “O Pará fica na memória como o palco principal da colonização portuguesa na Amazónia, quando o Europeu, ao “vestir os índios”, promoveu o início da transformação cultural da região”****.
* Teixeira, Paulo Roberto (s.d.) Forte do Presépio, Revista DaCultura, Ano X, nº 17. Consultado a 8 de Setembro de 2013 http://www.funceb.org.br/images/revista/20_8e5h.pdf.
** Portal Belém do Pará (2009) Forte do Presépio. Página consultada a 8 de Setembro de 2013 http://www.belemdopara.com.br/detalhe.bdop?conteudo=672.
*** Portal da Cultura Paraense (s.d) Museu do Forte do Presépio, Secretaria Executiva de Cultura, Governo do Estado do Pará. Página consultada a 8 de Setembro de 2013 http://www.secult.pa.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=51:museu-do-forte-do-presepio&catid=34:museus&Itemid=28.
**** Monteiro, Eliena (2013) Forte do Presépio: marco da colonização do Pará. Portal Amazônia.com. Página consultada a 8 de Setembro de 2013 http://www.portalamazonia.com.br/cultura/turismo/forte-do-presepio-marco-da-colonizacao-do-para/.