Despertámos às seis da manhã, em Lisboa, e só voltámos a deitar-nos às quatro da manhã do dia seguinte, já na Amazónia – hora portuguesa. Foram 22h extremamente cansativas.
Partimos às 9.35h no avião da TAP chamado Pedro Álvares Cabral (É um bom prenúncio, comentou o Filipe ao ver o nome) e dez horas depois aterrámos em Brasília. Hora local: 15.30h. O próximo voo que nos leva para Belém, na Amazónia, é às 20.05h.
Só para recolher as bagagens e passar no controlo em Brasília foi hora e meia, algo insólito. A confusão no aeroporto de Lisboa era tal, que já estávamos convencidos que as nossas bagagens tinham voado para outro país qualquer. Mas não, mais de uma hora depois, nós já desanimados, fartos de ver malas a passar no tapete rolante, e depois o tapete parado mesmo, sem malas nenhumas, eis que aparecem as nossas duas. Respirámos de alívio. E de seguida estivemos numa fila onde um único funcionário inspecionava esmeradamente todas as malas. Ora nós seríamos pelo menos trezentos passageiros. Um colega dele, no final, resolveu acelerar aquilo, abriu outro posto de controlo e começou a passar as pessoas mais rapidamente, porque senão eu não estaria aqui hoje a escrever as crónicas. Ainda lá estaria na fila.
Deixo a nota – aproveito esta passagem sobre bagagens – para referir um ponto importante relativamente às viagens: levamos sempre connosco uma mochila com peças que permitam viver com alguma qualidade logo nos primeiros dias. E levamos também os objetos mais valiosos connosco. Máquina de barbear, por exemplo. Calções, t-shirts, chinelos, roupa interior. São pequenas coisas que se levam facilmente nas mochilas. Se as nossas malas se tivessem extraviado, claro que causaria transtorno, mas estávamos preparados para tal. Os meus calções preferidos, as minhas camisolas preferidas, o biquíni, bem como o melhor calçado (sandálias para caminhadas) ia tudo na mochila comigo. O Filipe a mesma coisa. Teríamos de comprar roupa, mas já seria feito com tempo, aguentar-nos-íamos três ou quatro dias à vontade. Já tivemos uma má experiência: quando fomos a Tenerife, há três anos, perderam-nos as bagagens. Felizmente foi à chegada a Lisboa, ao menos estávamos em casa. E as malas acabaram por aparecer três dias depois.
Mas voltemos à nossa viagem. Foi uma tortura lenta, a verdade seja dita. Chegámos quase mortos à Amazónia. O voo da TAP foi terrível, estivemos dez horas fechados num avião com lugares minúsculos que nem davam para esticar os braços. Os écrans dos bancos ficavam a dois palmos da nossa cara. Para cúmulo, não tinham jogos nem filmes à escolha. Era tipo televisão, ia-se passando de canal, e o que estivesse a dar, era o que tínhamos de ver. Se o filme estivesse a meio, paciência. Surpreendeu-nos esta falta de qualidade, a TAP não é propriamente uma companhia de low cost e já viajámos muito melhor com ela.
E depois as quatro horas de espera para o voo seguinte, desta vez com a TAM – voo que ia para Macapá, com escala em Belém – também foram maçadoras. Foi com impaciência e cansaço que vimos o écran gigante (foto número 6) a passar dez mil voos, às vezes com dois ou três minutos de diferença entre si, até finalmente chegar ao nosso das 20.05h. Vejam o movimento deste aeroporto – apenas voos nacionais, atenção. Nós vimos de Lisboa, não estamos habituados a estas coisas… De vinte em vinte minutos parte um para o Rio de Janeiro, por exemplo. Há mais aviões no Brasil do que autocarros em Portugal. E as passagens aéreas não são nada baratas, conforme comentaram inclusivamente os nossos guias, quando abordámos o assunto. Disseram-nos que há tanta gente a viajar, o Brasil é tão grande e é tão necessário viajar de avião, que as companhias não têm necessidade de baixar os preços. Não haverá crise nas companhias aéreas brasileiras, portanto.