Tal como a corrente sanguínea transporta por veias e artérias todos os componentes necessários à manutenção e desenvolvimento de um ser vivo, também pessoas, produtos, dinheiros e ideias sempre circularam pelas rotas comerciais, sendo responsáveis pelo desenvolvimento e florescimento de grandes civilizações, como o Antigo Egito, a Mesopotâmia, a China, a Pérsia, a Índia e até Roma.
Um desses exemplos, quiçá o mais famoso, é a Rota da Seda, na realidade um conjunto de rotas comerciais que interligavam, através da Ásia, o Extremo Oriente e a Europa, originando a maior rede comercial do mundo antigo. Ao longo dos milénios, com altos e baixos, permitiu que dois mundos aparentemente distantes aprendessem um com o outro sobre cultura, negócios e religião.
Quando Vasco da Gama descobriu o caminho marítimo para a Índia, em 1498, a rota começou a definhar e quando o Marquês de Pombal incentivou a cultura do bicho-da-seda, bem como a implantação de uma manufatura de seda em Lisboa, o mercado europeu passou a ser satisfeito a partir de Portugal. Era o início do fim de uma rota milenar.
Ao longo dos tempos muitos foram os que percorreram a Rota da Seda, no entanto, a maioria fazia-o parcialmente, efetuando apenas alguns dos seus troços. Por que o faziam? Pelo negócio, certamente. Mas não só. Entre eles, haveria muitos que partiam com “borboletas no estômago”, cheios de expectativas quanto ao seu destino, ansiosos por conhecer novas terras, lugares, pessoas, línguas, culturas e ideias.
Tal como outros viajantes, séculos mais tarde, Marco Polo, nascido numa família de mercadores, partiu de Veneza com 17 anos, acompanhado pelo pai e tio, só regressando 24 anos mais tarde. Curiosos batiam à sua porta, talvez tendo ouvido falar em tecidos exóticos e pedras preciosas mas, principalmente, querendo ouvir da boca do próprio viajante as extraordinárias histórias que ele tinha para contar. De tal forma que não passou muito tempo para que estas surgissem em forma de livro.
Imbuídos do mesmo espírito de viajantes passados, traçamos o nosso percurso (http://narotadaseda.weebly.com) ao longo da mítica Rota da Seda, de Istambul, na Turquia, até Xian, na China. Vamos seguir o caminho das caravanas de camelos que atravessavam o deserto, as montanhas e cruzavam os rios para alcançar o oriente, percorrendo pelo caminho 6 países: Turquia, Irão, Turquemenistão, Uzbequistão, Quirguistão e China.
Pois se é verdade que nada substitui a experiência direta, o sentir na pele e ossos o que uma imagem nunca poderá transmitir, por muitos píxeis que possa ter, também não é menos verdade que uma viagem que não é partilhada não é uma viagem completa.