Apesar da chuva, dirigimo-nos para o momento mais aguardado: a entrada nas Highlands. A via de montanha F26-Sprengisandur, totalmente offroad, espraia-se à nossa frente, em rectas intermináveis, subidas incontáveis, e solo desértico até perder de vista.
Não sabemos que erupções ali houve, nem há quantos milhões de anos, mas tudo dizimaram à sua volta e não há um sinal de vida. O cinza acastanhado da paisagem inunda-nos os olhos, até termos a primeira visão dos dois glaciares entre os quais iríamos passar…
Uma beleza que quebra a monotonia, num dia ensolarado mas frio, que nos leva durante 11o quilómetros até ao “hut de montanha” de Niydalur, no Parque Nacional de Vatnajokull, único abrigo em toda aquela extensão.
É, para nós, um autêntico hotel de 5 estrelas, com “varanda” para os glaciares, onde chegámos exaustos e a raiar a noite. Mal sabíamos que íamos por lá ficar vários dias, até que um nevão inesperado e um vento assustador, nos permitissem rumar em direcção a Norte.
O momento chegou ao terceiro dia de espera, em que um vento Sul, completamente a nosso favor, nos empurrou literalmente durante 130 quilómetros, com as montanhas e caminhos nevados a completarem a moldura selvagem.
Nestas paragens, até os jipes partem os eixos, e nós rompemos as pernas! Mas tudo passa no final, perante o espectáculo natural da Godafoss, ou cascata dos Deuses. É um colosso natural a que nenhum mortal pode ficar alheio.
Damos a volta ao Lago Myvatn no dia seguinte e constatamos a enorme diferença entre o Norte e o Sul deste país gelado: aqui tudo é verde e as famosas ovelhas e cavalos puro-sangue Viking, têm muito pasto e oferecem-nos belas fotos.
Há água por todos os cantos, e ela ferve e borbulha a sair da terra. Nós também borbulhamos nos “hot pots” de que vamos usufruindo pelas guest houses e hostels onde vamos ficando. É um modo de vida por aqui, e não seríamos verdadeiros islandeses honorários, se não vestíssemos a pele deste povo!