A China é um país desmesuradamente grande e os cerca de 30 dias que por lá andei deram-me apenas um vislumbre da sua grandiosidade. Como destino de viagem oferece uma diversidade infinita de obras-primas históricas e arquitetónicas e paisagens naturais impressionantes! Esta grande travessia começou em Beijing (Pequim) e levou-me até Kunming e depois ao País dos “Dongs” e a Hong Kong. À descoberta dos tesouros fabulosos da China imemorial, das suas capitais imperiais com um passado glorioso, como Xi’an, antiga Chang’an, das suas paisagens cativantes do sul e das suas culturas preservadas, da etnia “Naxi” da região de Lijiang, vila inscrita como património mundial da UNESCO, nos contrafortes dos Himalaias e de Dali da etnia “Bai”, ambas na província de Yunnan. No centro do itinerário, o cruzeiro pelo mítico rio Yangtzé e a passagem pelas imponentes e deslumbrantes Três Gargantas, hoje perdidas, submersas pela subida das águas da grande barragem. Rio acima desde Shashi, na província de Hubei, até Chongqing na província de Sichuan, a mais populosa da China, o trajeto entre Dazu e Anyue, com os seus locais de peregrinação Budista disseminados pela lindíssima região de arrozais em terraços e bosques de bambus. E ainda, sem fazer parte do itinerário, mas que me encheu de alegria e felicidade, a visita à Base de Pesquisa e Criação de Pandas Gigantes, em Chengdu. E que finalizou com a visita ao distrito autónomo dos “Dongs”, passando por Wutong, o jardim de chá nas colinas da floresta, os imensos arrozais e a visita às joias arquitetónicas de Chengyang: as pontes Yongji, no condado de Sanjiang, classificadas como monumento histórico. E ainda Guilin e Yangshuo, um cruzeiro pelo feérico rio Li que com os seus montes cársicos (Karsts), ásperos maciços recortados, onde se agarram árvores nas vertentes buriladas em caneluras verticais, com altos picos cónicos, que transformam, no meio da neblina de um dia chuvoso, a paisagem num conto de fadas, que sempre inspiraram escritores e poetas como Hanyu, grande poeta da dinastia Tang. E para acabar em Hong Kong, que junto com Macau, os chineses chamam de “Territórios Especiais”. E foi o regresso ao primeiro mundo! Hong Kong é rica, sofisticada e enquadrada numa paisagem belíssima! E apesar de ter ficado com uma boa imagem da China, ficou ainda tanto por ver! Tanto que eu gostava de visitar!!! Podia ainda contar-vos um pouco da sua história, mas por ser tão longa falo apenas das duas revoluções – a de Qin Shi Huangdi, primeiro imperador da China e a de Mao Tsé-Tung. A primeira acabou com a dinastia Qing e a segunda viu o Partido Comunista Chinês subir ao poder. Dois milénios separam o déspota imperialista do revolucionário comunista, contudo pode-se dizer que são “farinha do mesmo saco”. Ambos déspotas cruéis. Ambos atingiram o poder pela força. Ambos suprimiram todos os dissidentes sem o menor escrúpulo. Ambos recrutaram centenas de milhares de pessoas para as obras públicas. E ambos unificaram a China. Vou começar estas crónicas exatamente pelos lugares remotos, pelas paisagens perdidas, pela China profunda. Porque foram as suas impressionantes paisagens naturais, as pitorescas aldeias rurais, as suas montanhas e vales a perder de vista, o universo de tradições coloridas onde as populações ainda vestem os trajes das suas etnias o que mais me impressionou e deixou em mim uma indelével marca, uma recordação para o resto da minha vida!