Chega-se a Bagan de noite e vai-se de carroça para o quarto. Na penumbra de uma aldeia que pouca luz eléctrica tem na rua, vemos apenas a estrada batida pelo trote dos cavalos, pequenas casas e alguns letreiros de restaurantes, nenhum templo, será que estamos no sítio certo?
No dia seguinte é também de carroça que saímos à procura dos templos que fazem deste lugar especial. Vemos os primeiros a passarem por nós ao longe. Uns bem pequenos à margem da estrada, outros com a cúpula a sair por cima das árvores. Entramos no primeiro, subimos ao segundo, tocamos o terceiro, admiramos o buda dourado do quarto, comemos junto ao quinto, digerimos no sexto, brincamos à volta dos budas do sétimo, suspiramos ao oitavo, no nono perdemos a conta aos budas e já só olhamos de fora o décimo. Vemos rezar, fumar, oferecer, vender, dormir, tear e jogar noutros tantos.
E é só no último que conhecemos Bagan. Escalamos as suas pedras de mil anos e lá de cima, no meio do verde com uma luz de sol já a descer-lhes, prolongam-se esses milhares de templos já sem número certo. Neste parámos. A olhar sem querer sair de lá.