Desta vez exagerei na descontração. O pouco que tratei, fi-lo no próprio dia da partida. O resultado foi chegar ao aeroporto da Portela com pouco tempo para o caso de haver algum problema. Não houve.
Chegado a Londres, o primeiro passo foi uma volta de reconhecimento pelo aeroporto. Encontrado o balcão da Air Índia – a operadora existe mesmo – não me restava alternativa senão procurar um canto para dormir. Bom, dormir será uma hipérbole. Posso dizer que fechei os olhos algumas vezes, durante algum tempo, no chão, em bancos, onde quer que encontrasse silêncio.
A primeira tentativa para dormir foi ao relento. Queria poder gabar-me de ter dormido ao relento em Londres. Já posso dizer que o fiz: em posição fetal, com a mochila a servir de almofada, com um braço a passar por dentro da alça, para garantir que não ma roubavam e abraçado ao saco onde guardei o que não coube na mochila. Acordei com frio, como não podia deixar de ser. O segundo poiso, foi o chão. Na mesma posição, mas dentro do lençol-cama, não sei se é esse o nome para esta espécie de saco cama, mas muito mais fino e menos volumoso. Acordei quando o check-in ao lado do meu quarto improvisado abriu. Mais umas voltas pelo aeroporto, até que descobri o luxo: uma cadeira acolchoada. Recostado à cadeira, com a mochila ao alto, no chão, a apoiar-me as pernas. Acordei com as pernas dormentes.
Resta-me mais um dia de espera pelo voo para Bangecoque e decidi não sair do aeroporto até lá. Está mau tempo, embora os ingleses, de t-shirt e calções não pareçam ser da mesma opinião e não quero gastar dinheiro.
Ainda não me sinto verdadeiramente em viagem. Isso só acontecerá no instante em que aterrar na Tailândia, onde começarei a minha expedição pela Ásia.
Não sei se a Ásia me espera, mas vou ter com ela na mesma. Não sou de fazer cerimónia.