De Guadalajara partimos com destino à cidade de Aguascalientes, capital do estado com o mesmo nome. Chegámos ao fim do dia, já o sol se tinha posto. A primeira coisa que fizemos foi procurar um alojamento para pernoitar. Logo, ao sair da estação de autocarros, seguimos as indicações que nos foram prontamente oferecidas por locais.
Fomos da periferia até ao centro da cidade a pé, com as mochilas às costas.
Depois de alcançarmos a rua que tinha sido indicada como estando repleta de alojamentos baratos, e de não termos encontrado mais que hotéis de três ou quatro estrelas, voltámos a pedir indicações.
Depois de darmos voltas e mais voltas, seguindo indicações de quatro ou cinco habitantes de Aguascalientes, resolvemos abdicar da prontidão dos locais e acabámos por ficar num quarto bastante barato que tínhamos visto no início desta longa procura!
Aguascacalientes, apesar de ser a capital do estado, é uma cidade pequena, conhecida especialmente pelas suas águas termais. No centro, na Plaza de la Patria, está localizado o palácio do governo. Um edifício colonial, com um pátio interior maravilhoso, onde encontrámos os típicos murais mexicanos, estes de Oswaldo Barra Cunningham, discípulo de Diego Rivera. Do outro lado da praça encontra-se a catedral metropolitana da cidade, que foi construída no século XVIII.
Saímos desta pacata cidade com o intuito de conhecer as áreas naturais deste estado.
Partimos para San José de Gracia, onde apanhámos um autocarro para uma comunidade que se chama La Congoja. Segundo a técnica de turismo da cidade de Aguascalientes, aqui seria o local ideal para acampar, com algumas comodidades (como por exemplo: casas de banho e duches).
Chegámos a La Congoja, literalmente um lugar no meio de “nada e coisa nenhuma” no coração da Sierra Fria. Esta comunidade estende-se de um lado e de outro de uma estrada com 400 m.
Depois de sermos muito observados, percebemos que não era de todo um lugar frequentado por turistas. Perguntámos a um guarda-florestal por alojamento ou lugar para acampar. Por fim, descobrimos que existia algo equivalente a um “parque de campismo” a 4 km da comunidade. Com algum calor e muito peso, partimos pela serra à procura do desejado parque.
Depois de um largo passeio, chegámos à entrada de algo, que não se assemelhava em nada com um parque de campismo. Encontrámos um portão de rede, uma casinha de tijolo, três cães, galinhas e um senhor que ficou com um ar atónito ao ver-nos chegar.
Era ali o “parque de campismo”. Feliz por ter visitantes, o senhor mandou-nos descer por uma estrada de terra batida e disse-nos algo como: “Desçam, lá em baixo encontram tudo o que precisam!”; ainda perguntamos se havia algum lugar para comer (dado que nossos mantimentos se resumiam a: pão, fiambre, bolachas e cerveja) e pareceu-nos que o senhor tinha respondido afirmativamente.
Descemos e descemos, até que encontramos o local indicado. Um lugar muito bonito, que não tinha nada, mas que tinha tudo: destacamos o silêncio e o céu estrelado.
Depois de fazermos uma fogueira para nos aquecermos, e de nos banquetearmos com uma excelente sanduíche de fiambre, fomos dormir. A noite estava fria e a roupa em nenhuma parte da noite pareceu ser muita.
No dia seguinte explorámos o lugar (procurando veados que teimaram em não aparecer). Quando estávamos de partida, o velhote do parque compadeceu-se de nós e do peso que trazíamos as costas e deu-nos uma boleia para La Congoja. Ao chegármos à comunidade, percebemos que só tínhamos autocarro dali a umas três horas. Pedimos uma boleia a um autocarro que passou, vinha cheio de estudantes que tinham feito uma visita de estudo. O autocarro deixou-nos a apenas dois quilómetros de San José, onde pretendíamos dormir apenas uma noite. Durante este pequeno percurso, começámos a ouvir música alegre e vimos muitos carros parados à beira da estrada. Quando nos aproximámos, verificámos que se tratava de um funeral… A forma dos mexicanos lidarem com a morte, é muito diferente da dos europeus!
Chegámos ao centro da pequena cidade, perguntámos por um lugar para pernoitar. Para não nos estendermos muito, resta dizer que tivemos a sorte de ter mais duas boleias (uma delas da polícia). Deixaram-nos à porta de um lugar com umas casinhas lindas (por cerca de 15 euros), em frente a um lago e com uma vista estonteante para a Sierra Fria. Não ficámos um dia mas, sim, três!
Descobrimos que a pouco mais de vinte minutos da nossa casa existia uma barragem, “La cortina”. Construída em 1928, é uma das grandes obras hidráulicas do México. Passando a barragem, para o lado oposto a San José, existe um lugar encantado onde é um prazer passear. Aqui encontra-se a vegetação típica das regiões semi-desérticas, um lugar idílico para os apreciadores de cactos. Durante as nossas caminhadas só encontrámos vacas e cavalos, que se assustavam à nossa passagem. Só uma vez vimos uma pessoa, um “cowboy” montado no seu cavalo enquanto dirigia um grupo de vacas.
No final das caminhadas, tivemos sempre um bónus monumental, os imponentes “cañones”, um cenário indescritível, digno de ser capa da “National Geographic”.
Ficámos fãs desta pequena localidade, com pessoas muito simpáticas e prestáveis, com um potencial natural enorme e, felizmente, tão pouco explorado!
De San José de Gracia partimos com destino a Zacatecas.