Estou entusiasmado.
Vai começar esta fantástica visita à China e logo na conhecida Praça da Paz Celestial – que estranho nome para uma praça conhecida pelos piores motivos.
Fico de imediato surpreendido com a quantidade de chineses que se passeiam por ali. É natural encontrar muitos grupos de turistas por locais mundialmente conhecidos, mas aqui nada, nem um. Questiono o guia. Ray diz-me que são ?turistas internos?. Fico a saber que cada chinês tem de visitar durante a sua vida diversos locais em toda a China, e este é um deles.
Apelido-os de
red hats
(chapéus vermelhos) pois quase todos têm um chapéu desta cor na cabeça.
A magnitude da praça é inquestionável, assim como a grandeza dos quatro grandes edifícios que a rodeiam: o Palácio do Povo; o Museu Nacional da China; a porta Qian Men; e a porta Tian? an Men, que dá nome à praça e onde Mao declarou a fundação da República Popular da China em 1949. Ao centro encontra-se o seu mausoléu, cuja fila de acesso ao interior me desmoraliza e me deixa triste por não conseguir visitar.
Mais uma vez percorro a fila e não vejo turistas ocidentais. A China quase poderia viver do turismo interno, se os seus habitantes tivessem recursos económicos para isso.
Tiro muitas fotografias durante a visita à praça e continuo surpreendido com tanta gente jovem e, particularmente, a idosa, que é em número muito superior.
Pela primeira vez sinto-me controlado, vigiado. Vejo muitos polícias, quase sempre aos pares, de rádio na mão e a questionarem, e até revistarem, os turistas chineses. Nunca se dirigem ao meu grupo, mas perseguem-nos com os olhos. Não percebo se estão com medo de nós ou preocupados com a nossa segurança. Ignoro-os.
Começo a reparar nas senhoras de idade avançada com sacos cheios de garrafas de plástico vazias. Não me parece normal, por isso questiono Ray. A resposta é simples: o
governo paga aos cidadãos a recolha e entrega de lixo já separado
. Gosto da ideia.
Será que resultaria em Portugal?