Depois das medalhas de ouro de Miguel Monteiro, no lançamento do peso, e de bronze de Diogo Cancela, na natação, também Cristina Gonçalves conquistou uma medalha – de ouro – para Portugal nos Jogos Paralímpicos de Paris. A paratleta, de 46 anos, sagrou-se campeã no torneio individual de boccia BC2 ao derrotar a sul-coreana Soyeong Jeong, por 4-1, pelos parciais 1-0, 2-0, 1-0 e 0-1.
Esta é a sexta participação de Cristina Gonçalves nos Jogos Paralímpicos e a sua primeira medalha a competir individualmente. Gonçalves conta ainda com três medalhas paraolímpicas, dos torneios da modalidade em equipa, conquistadas nos jogos de 2016 (bronze), 2008 (prata) e 2004 (ouro).
Num dos seus melhores discursos, muito bem escrito e muito bem dito – no bom e eficaz estilo de um pastor evangélico que empolga – Pedro Nuno Santos apresentou as condições para viabilizar o OE para 2025. À primeira vista parecem quatro, mas são apenas duas: o Governo tem de mudar ou negociar as suas propostas para o IRC e para o IRS Jovem. É só disto que se trata, e o líder do PS foi claro, inequívoco e imperativo.
Sendo assim, não parece muito difícil que seja aprovado o primeiro Orçamento de Estado deste Governo. As negociações vão agora ser retomadas, o Executivo apenas tem 5 meses de vida, e nem a AD nem o PS desejarão ficar com o peso negativo de novas eleições, ou ter um Executivo em gestão corrente sem fim à vista.
O Presidente da República acredita num entendimento, por muito barulho mediático que possa existir, e o IRC e o IRS Jovem não representam a questão fulcral para uma derrocada política. A AD, o Governo e o PS não conseguiriam explicar isso aos portugueses. Mal seria que o princípio e o fim do Governo fossem essas mexidas em dois impostos. E já agora conviria ter em conta o que se está a tratar: é apenas de um OE para um ano, e não para os séculos vindouros.
À VISÃO, Inês Lynce fala sobre o problema do acesso das raparigas às áreas STEM (Science, Technology, Engineering and Mathematics) e tenta desconstruir os mitos em torno de alguns assuntos do momento: Inteligência Artificial, algoritmos, chatbots, ChatGPT…
Disse recentemente que as ciências computacionais não mudaram assim muito desde que começou a trabalhar, em 1998, o que, para um leigo, é uma afirmação surpreendente. Porque é que isto acontece? Porque a base do que agora temos já lá estava. Tudo isto também tem muito a ver com a formação que damos aos alunos. O nosso objetivo não é propriamente ensinar o último grito da moda, porque o último grito da moda vai passar de moda, claro. O nosso objetivo é expô-los a uma série de paradigmas diversificados para que eles depois tenham capacidade de se adaptar. Mas o que é que aconteceu em relação à informática e, sobretudo, em relação à Inteligência Artificial?
E sobretudo porque é que a perceção que temos é exatamente a oposta, de que tudo mudou? Faz sentido as pessoas terem essa perceção, tudo encaixa… A verdade é que os fundamentos do que estamos a ver agora se situam em 1956, quando começou a Inteligência Artificial e o machine learning, a aprendizagem automática. Atenção: não estou a dizer que usamos as mesmas coisas que foram desenvolvidas na altura, estou a dizer que a base estava lá.
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Então, o que se alterou radicalmente? Mudou o poder computacional, ou seja, o que vem do hardware. Podemos ter o mesmo programa de computador, mas agora o desempenho é, simplesmente, muito superior, porque o hardware é muito mais rápido, e isso é relevante. Outra coisa que mudou foi a quantidade de dados disponíveis, o que está associado a tudo o que é internet, que também apareceu nessa altura, mas não com a projeção que atualmente tem. Há muitos dados a circular, há capacidade para os armazenar e há também capacidade de processar essa informação.
Os chatbots também já existiam? Sim. O Eliza, que foi o primeiro chatbot, fazia um misto de psicologia/psiquiatria. Pegava na resposta que lhe era dada, para continuar a conversa, e por isso dizemos que a semente já lá estava. O que podemos contrapor é que não era o ChatGPT, pois certamente que não era… O ChatGPT foi treinado com dados que não existiam, tem uma capacidade de processamento que também não existia, e isto muda muito. Metaforicamente, podemos afirmar que as peças do puzzle já lá estavam, o que era preciso fazer era encaixá-las.
Em relação à Inteligência Artificial, parece que não há meio-termo: ora se tem uma visão apocalíptica sobre essa realidade ou se tem uma visão deslumbrada acerca de todas as suas potencialidades. Mais uma vez: o filme da Inteligência Artificial é antigo e sempre foi semiapocalíptico, já naquela altura se levantavam questões. Só o nome… Só o nome já levantava questões.
Sobretudo porque pretendia confundir-se com a inteligência humana? O objetivo era mesmo esse. Penso que o nome é cativante, fica na memória. Mas acho que uma parte da visão apocalíptica vem da ignorância. Assim como quem conhece tem mais tendência para o deslumbramento… No outro dia, quando houve o apagão da cloud da Microsoft, provocado por um upgrade, brincámos entre nós como sempre costumamos fazer e perguntámos: “Quem foi o engenheiro?” Ou seja, acredito que aquilo que para quem conhece é uma coisa mínima, que se resolve com facilidade, quase uma linha de código, para uma pessoa que não saiba de programação ou de informática possa ser um bocadinho assustador.
Há aí trabalho a fazer, em termos de comunicação e divulgação? Penso que aí há muito trabalho a fazer. Não só na questão da Inteligência Artificial, mas na cultura científica em geral. É preciso saber transmitir informação às pessoas. Penso que, nas gerações mais novas, esta questão já está a mudar: quando fiz o doutoramento, no princípio da carreira, ninguém queria saber disso e, agora, vejo pessoas de grande craveira científica a ir às escolas, para falar com os miúdos. Temos de nos esforçar, temos de desmistificar. Estou a dizer isto tudo, mas há um setor que é novo: o dos algoritmos inteligentes, que são derivados de machine learning.
É preciso explicá-los? Sim, tem de se fazer um esforço para explicar porque é que se chegou àquele resultado. De resto, a Comissão Europeia tem tido esta tónica: como é que se chegou àquelas conclusões?
Porque existe uma certa opacidade? Sim, porque existe uma certa opacidade e porque, basicamente, o que esses algoritmos fazem é irem iterando até se aperfeiçoarem. Há uma área muito engraçada que se chama Aprendizagem de Reforço, que é um pouco como se fosse a experiência de Pavlov de treino de animais, de dar uma recompensa. Por causa da Open AI, costumo mostrar aos meus alunos um vídeo fabuloso que consiste apenas no treino para um jogo de escondidas, Hide and Seek. A única coisa que é preciso fazer é dar a informação da recompensa quando corre bem e, por isso, basta fazer correr o jogo inúmeras vezes de forma a treinar o algoritmo para dizer qual é o comportamento apropriado. Como isto é apenas um jogo, é indiferente, mas se forem aspetos críticos, é preciso fazer um esforço.
Está a falar do ponto de vista ético ou do ponto de vista da legislação? Do ponto de vista da Comissão Europeia, que financia projetos de Inteligência Artificial Explicável. É preciso ter uma explicação para dizer: para fazer determinada cirurgia, as pessoas que têm esta idade ou esta condição têm prioridade sobre aquelas. Isto pode não ser nada simples e aquilo de que precisamos é, justamente, uma explicação tão simples quanto possível, mas que não seja uma explicação baseada nas milhares de interações que o algoritmo já teve. Há trabalho nesse sentido e acho que lá chegaremos. Só que aqui é como se a prática fosse à frente da teoria: existem áreas em que, por exemplo, pode haver um medicamento que funciona muito bem para uma doença, quando foi feito para outra, e agora temos de perceber porque é que funciona. Sobre Inteligência Artificial, dizem-me: é perigosíssimo. É como tudo na vida, se alguém quiser fazer uso da tecnologia para um mau fim, até uma calculadora é perigosíssima, não é?
O que é que, nessa matéria, se pode esperar de legislação europeia? Na Europa, temos uma cultura que, de certa maneira, faz toda a gente querer viver na Europa (e, nesse aspeto, em Portugal, também estamos muito bem). Temos a tendência para pensar que, na Europa, estamos limitados do ponto de vista tecnológico, mas no fundo isso é apenas o outro lado da moeda da qualidade de vida que temos. Lembro-me de, não há muito tempo, numa conferência de Inteligência Artificial sobre aquilo que designamos por visão por computador e reconhecimento fácil, só havia contribuições de chineses. Pudera, na Europa, temos proteção de dados e não andam a usar as nossas caras! Portanto, a Europa tende a ser mais conservadora; os regimes totalitários são menos, já sabemos; e os EUA acabam por balancear entre um lado e o outro, porque lá o capitalismo também tem um peso muito forte…
Então, onde pode a Europa fazer a diferença? É sempre um jogo de equilíbrios e vê-se como, na Europa, estamos a ferro e fogo com as Googles e as Microsoft… Em alguns assuntos, já perdemos a carruagem, e isso já é nítido há vários anos: mais vale incorporar a tecnologia dos outros e partir. Mas, por exemplo, a Europa tem uma História muito rica e podemos fazer uso desses dados históricos. Desde que seja regulamentado, desde que os dados sejam anonimizados, é perfeitamente possível, por hipótese, pensar em termos de saúde, o que noutros locais não se consegue fazer, porque não existem cuidados de saúde com tanta qualidade.
Sobre Inteligência Artificial, dizem-me: é perigosíssimo. É como tudo na vida, se alguém quiser fazer uso da tecnologia para um mau fim, até uma calculadora é perigosíssima, não é?
Em seu entender, o que determina mais o percurso de uma pessoa: o gosto por aquilo que se faz ou a persistência? A persistência, na investigação é preciso muita persistência. Porque acaba por ser um trabalho muito solitário, muito dependente da aceitação dos pares, do processo de publicação científica. Além disso, o ambiente onde se está também é importantíssimo. Desse ponto de vista, nos EUA, é muito diferente, completam-nos e têm umas redes fabulosas. Gostar do que se faz? Diria que sim, que é importante, mas todos temos altos e baixos e há uma altura em que gostamos mais… Há outra coisa que eu também vejo como um privilégio: dar aulas.
Prefere dar aulas a fazer investigação? Fazer investigação é muito duro e, quanto mais formal e mais abstrata for a área onde se trabalha, mais difícil é ver o impacto do que fazemos. Se calhar, no princípio da carreira, não via as coisas assim, mas agora vejo: dar aulas tem uma recompensa imediata, que é estarmos a ensinar as pessoas que temos à nossa frente. Vou envelhecendo e percebendo que dar aulas a pessoas com 18, 20 anos me dá uma certa juventude [Risos]. Tenho muito gosto em acompanhá-los e depois seguir o percurso deles.
E a forma de ensinar também se mantém, como diz acerca das ciências computacionais? Está em curso uma mudança do sistema de ensino. Os alunos, agora, aprendem muito mais sozinhos. O que é que eu acho que nunca se vai perder? Estamos quase a regressar à Antiguidade Clássica: a relação de um para um.
Provocação: não é possível arranjar um chatbot para fazer isso? Até pode ser, sim. Não vejo mal, por exemplo, que se pergunte a um chatbot que perguntas é que se fazem numa entrevista de emprego. Não vejo mal, desde que depois a pessoa tenha sentido crítico e dali possa fazer alguma triagem. No outro dia, uma colega pediu-me os slides que apresento nas aulas para fazer um exame com um chatbot. Olhei para o resultado e concluí que os meus exames são muito melhores [Risos]. Mas não terei problemas nenhuns no dia em que tiver ali um chatbot que dá algumas perguntas capazes e eu depois olhe e diga: “Esta faz sentido, esta não faz sentido, esta como está não gosto, mas vou adaptá-la.” É só uma questão de usar as ferramentas que temos à disposição.
Pode até aliviá-la de tarefas mais monótonas, pesadas e menos interessantes? Sim, claro. Quando se começa a dar aulas, entra-se em pânico com a hipótese de os alunos nos perguntarem qualquer coisa que não sabemos. Depois, aprendemos a lidar com essa situação, o pior que pode acontecer é respondermos: “Olha, não sei, vou ver, tenho de confirmar e digo-te na próxima aula.” Aquela ideia antiga da “matéria dada” tem de desaparecer, os alunos já não têm a mesma paciência. Existe uma bibliografia, dizemos qual é a matéria, podem existir umas aulas, sobretudo motivacionais, para que eles fiquem com vontade de saber. Não estou, obviamente, a falar das crianças mais novas… Mas, a este nível, acho que as aulas servem sobretudo para motivar, os alunos aprendem autonomamente e depois vêm com perguntas, se for o caso. Cada vez mais, eles vão aprender sozinhos e isso não é necessariamente mau, desde que haja um acompanhamento, que sejam guiados e orientados.
É a primeira mulher a dirigir o INESC-ID. Faz sentido continuar a salientar as lideranças femininas? Nesta área, faz todo o sentido, porque se trata de uma área muito complicada. Não tenho, atenção, nada a apontar aos meus colegas. O problema é que as pessoas se habituam, eu própria me habituo, estou muitas vezes em reuniões só com homens e nem reparo. As minhas duas filhas andaram no infantário do Técnico e, um dia, vinha com elas e passámos por um coffee break de uma conferência ou assim. Uma delas perguntou: “Mãe, porque é que aqui são todos homens?”
Para si é, mais ou menos, uma inevitabilidade? É, e aquilo pesou-me. Ela teria aí uns 4, 5 anos e, mais ou menos na mesma altura, também me perguntou se podia ser Presidente da República. Pensei: “Ai, diabo, quer dizer que ela associa aquela função a um homem.”
O que está relacionado com a questão da confiança. Parece-me que noutras áreas, na Gestão, na Medicina ou no Direito, isto não é tanto assim. Mas nas engenharias e na Engenharia Informática, não se vê uma curva claramente ascendente. Não está a piorar, mas também não está a melhorar. O que me faz pensar que é preciso começar a trabalhar muitos anos antes. Daí a importância de comunicar Ciência, vai reverter para o bem de todos. Há trabalho feito, mas julgo que ainda não conseguimos dar a volta. E, depois, também existe a ideia de tornar, como direi, os cursos mais femininos…
O que é que isso quer dizer, ajustar as matérias? Tal e qual, e eu acho que aí quase como fazer um downgrade.
Um estudo recente da professora Anália Torres sobre igualdade de género nas instituições de Ensino Superior revela que Portugal tem até um número elevado de mulheres com graus avançados de formação, mas que essa participação baixa muitíssimo nos lugares de gestão. Sabendo o que sabe, isto surpreende-a? Não, na base da Engenharia Informática, em Portugal, há poucas mulheres. E, depois, ainda existe um peso brutal da maternidade, que as retrai… Por isso, é importante pôr mulheres em lugares de destaque, para desmistificar.
Os tão falados role models? Sim, claro. Normalmente, tenho mais alunas do que alunos, o que inverte logo a situação, que é a de haver uma maioria de alunos do sexo masculino. Elas identificam-se mais e, por isso, vêm ter comigo. Não é que eu seja melhor ou pior, mas é importante elas verem, as pessoas verem fazer coisas como dar esta entrevista ou participar em painéis. Também assim se dá o exemplo.
O que está a dizer é que as próprias mulheres têm de fazer um esforço? Sim, têm de conseguir ter palco para que isso abra caminho para outras, depois, também terem. Não terá de ser sempre assim, apenas até se atingir um equilíbrio razoável. Não julgo que tudo tenha sempre de ser 50/50, haverá sempre profissões em que a prevalência é o masculino ou o feminino. O problema não é esse, o problema é o que continuamos a sentir atualmente: que existem preconceitos e isso é que não devia haver. Ou seja, se uma pessoa gosta daquilo, será aquilo que irá fazer. Ainda não chegámos lá e, por esse motivo, eu digo que estou a trabalhar para a geração das minhas filhas não ter este trabalho…
O nadador português Diogo Cancela conquistou este domingo, dia 1 de setembro, a segunda medalha paralímpica para Portugal nos Jogos de Paris. Cancela, de 22 anos, terminou a prova dos 200 metros estilos SM8 em terceiro lugar, conquistando a medalha de bronze. No pódio ficaram ainda os paratletas chineses Haijiao Xu – medalha de ouro – Guanglong Yang – medalha de prata.
O paratleta português, que é vice-campeão do mundo da disciplina, completou a final da prova em 2:23.64 minutos – um novo recorde nacional.
Esta é a segunda medalha para Portugal nesta edição dos Jogos Paralímpicos depois de Miguel Monteiro ter conquistado a medalha de ouro na modalidade de lançamento do peso F40 esta manhã. Portugal conta ainda com dois diplomas paralímpicos, pelas paratletas Beatriz Monteiro (badminton) e André Ramos (boccia).
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Os Jogos Paralímpicos, que decorrem na cidade de Paris, decorrem até ao próximo dia 8 de setembro.
Esta semana queria dedicar este espaço ao sismo da madrugada de segunda-feira e que nos recordou que o país se situa entre placas, que o próximo grande terramoto pode acontecer a qualquer momento.
Sobre este abalo já muito foi dito e escrito, mas ao fazer um resumo sobre os pontos há um que se destaca e que iria comentar aqui: o comum cidadão não sabe o que fazer antes, durante e após um sismo e não se vislumbra qualquer ação do tipo treino civil.
Mas, o assalto desta manhã levou-me a pesquisar sobre os números dos furtos em Portugal e a alterar o tema. E porquê? Percebi que os números revelam que os furtos abrandaram!!!
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A realidade demonstra que os larápios não estão a ir a banhos e continuam a “limpar”, por arrombamento, escalamento ou chaves falsas, habitações e que até não se importam de visitar à socapa e na calada da noite a Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, em Lisboa. E, enquanto nas casas de populares apenas levam ouro ou outro tipo de metal, dinheiro incluído, na Secretaria-Geral do MAI os gatunos avançam para computadores portáteis.
Poderiam ser oito computadores portáteis e ponto, mas não! O produto do furto inclui computadores portáteis de chefias desta Secretaria, como por exemplo o computador da secretária-geral adjunta e o do responsável pela área informática. Curiosamente bens que, e sublinho, deixam para trás nas casas privadas – e aqui falo com conhecimento de causa.
Não estou a insinuar absolutamente nada. Mas, que existem, tal como aquando do assalto aos Paióis de Tancos, contornos estranhos existem! E são tão mais estranhos quando se trata da Secretaria do Ministério que tutela as polícias e as secretas.
Além disso, o facto de não ter havido uma reavaliação da segurança do edifício da Secretaria-Geral após colocação de andaimes no edifício vizinho, das câmaras de vigilância estarem inoperacionais deixa-me com muitas interrogações e a pensar sobre qual será o próximo alvo.
Uma das residências oficiais? Novamente um Gabinete governamental? Afinal, os larápios comuns gostam de euros e com sorte ainda encontram envelopes esquecidos em estantes!
Duas coisas são certas:
1. Nem PS, nem PSD podem apontar o dedo quando o tema é furto em edifício público. Afinal, em 2017 o Exército viu os Paióis de Tancos violados; em 2024 a Administração Interna foi visitada pelo alheio.
2. À hora a que escrevo este texto ainda não houve pedido de demissões ou de Comissão de Inquérito. Algo estranho num país que parece andar a reboque das comissões de inquérito.
O carro onde seguiam dois repórteres da RTP ficou de baixo de fogo das tropas israelitas na Cisjordânia. Os jornalistas saíram ilesos, mas o episódio demonstra a forma como os media têm sido um alvo no conflito entre Israel e Gaza. O Ministério dos Negócios Estrangeiros entrou em contacto com a representação de Portugal em Ramallah para garantir que os repórteres estavam bem, mas não fez qualquer comunicado a condenar o incidente.
Segundo o Committee to Protect Journalists, desde o início da ofensiva a Gaza desencadeado pelo ataque terrorista do Hamas a 7 de outubro de 2023, pelo menos 116 jornalistas e trabalhadores de media foram mortos. O que faz deste o conflito mais mortífero para profissionais da imprensa desde 1992, de acordo com a mesma organização. O número é ainda mais alto segundo a Repórteres Sem Fronteiras, que conta mais de 130 profissionais da comunicação social mortos em Gaza pelo exército israelita desde outubro.
É neste contexto que surge o incidente que envolveu a equipa da RTP, no momento em que tentava entrar em Jenin, na Cisjordânia, e que, ao que a VISÃO apurou junto da direção do canal público, seguiria num carro alugado, mas devidamente identificado como sendo da imprensa.
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RTP queria fazer reportagem sobre ataque a refugiados
Paulo Jerónimo e João Oliveira, que escaparam por pouco aos tiros dirigidos contra o veículo em que seguiam e que tiveram de voltar para trás sem fazer a reportagem, iam fazer a cobertura do ataque que está ser levado a cabo por Israel contra refugiados palestinianos em Jenin.
“Israel está a destruir este campo de refugiados no norte da Cisjordânia e os militares disparam indiscriminadamente contra quem se aproxima”, descreve a RTP.
“Eles disparam para tudo o que mexe, para tudo o que se tenta aproximar. Não dão sequer oportunidade de diálogo ou de estabelecer um contacto”, descreveria depois o enviado da RTP Paulo Jerónimo em direto, explicando que “são disparos diretos, não são sequer de intimidação”.
Paulo Jerónimo contou, aliás, que pouco depois do incidente com a equipa da RTP houve outro grupo de jornalistas a ficar debaixo de fogo no mesmo local quando tentavam cobrir os ataques na Cisjordânia para onde o conflito está a alastrar.
Paulo Rangel em silêncio
O ataque, que impediu a cobertura que a RTP queria fazer, não foi, contudo, condenado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE). Fonte do gabinete de Paulo Rangel disse à VISÃO não estar prevista qualquer reação ao incidente.
A mesma fonte assegurou, porém, que a preocupação do MNE foi confirmar que os dois repórteres estavam bem, estando em “contactos com a representação portuguesa em Ramallah” para acompanhar a situação.
Em maio, Paulo Rangel recusou, em entrevista ao El País que esteja a ocorrer um genocídio em Israel, poucos dias antes de o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitir mandados de captura contra líderes israelitas por crimes de guerra e contra a humanidade cometidos em Israel e Gaza. “Seria muito injusto dizer que Israel pretende eliminar o povo palestiniano”, disse na altura Rangel ao diário espanhol.
Esta semana, o ministro admitiu a possibilidade de Portugal aplicar sanções a Israel, reconhecendo ter havido uma deterioração da situação [no Médio Oriente], mas apenas “se houver consenso europeu”.
O Governo português tem adiado uma resolução sobre o reconhecimento do Estado da Palestina, alegando ser preciso um consenso mais alargado para esse passo.
No entanto, a Palestina já é reconhecida enquanto Estado por 143 dos 193 países que fazem parte da Organização das Nações Unidas, incluindo por países como Espanha, Irlanda e Noruega.
Quando no próximo dia 21 de setembro soar a buzina de partida pelas dez da manhã, junto à Doca de Belém, em Lisboa, esperam-se bons ventos e marés de feição para ajudar as embarcações a zarpar Tejo afora, sem percalços. Há muito que os amantes da vela ansiavam pelo regresso da Regata Plastimo que, em 2003, na sua última edição, ganhou o título de maior regata realizada em Portugal. “Tivemos 152 barcos inscritos, foi uma loucura”, conta-nos Andrea Rodrigues, uma das responsáveis pela organização desta iniciativa da Plastimo Portugal, marca francesa especializada em equipamentos e acessórios náuticos que José Augusto Oliveira e Salete Novaes, fundadores do Grupo Siroco, trouxeram para Portugal em 1994.
Foram muitos os que há duas décadas assistiram entusiasmados à passagem das embarcações no leito do Tejo, numa espécie de baile de veleiros, tantas eram as velas, até ao destino final, na Marina de Cascais. Com as inscrições para a edição deste ano ainda abertas (só terminam na véspera, a 20 de setembro), o número de participantes encontra-se longe de estar fechado. “A ideia é bater o recorde anterior, nem que seja só por um, veremos se é possível. Há 20 anos, havia menos atividades e competições. Hoje, os barcos, tripulações e proprietários dispersam-se mais. Mas é importante dizer que, acima de tudo, mais do que uma competição, será um convívio entre amantes de navegação à vela e uma forma de dar visibilidade à modalidade, enquanto desporto e atividade recreativa”, afirma Andrea.
Amor ao mar A Regata Plastimo é aberta à participação de velejadores profissionais e amadores
Aliás, este regresso traz novidades a esse respeito e não só, mas já lá vamos. Antes, é preciso explicar que a Regata Plastimo começou no ano 2000, como forma de divulgar a marca em território nacional e pôr as pessoas no mar. “Somos um país de navegadores. Descobrimos meio mundo, a vela faz parte da nossa tradição. Mas não temos quase barcos a navegar, estão parados nas marinas”, justifica Andrea.
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A regata realizou-se mais três vezes, até 2003, com o número de participantes sempre a aumentar, até chegar aos 152, que valeu um recorde, mas ao mesmo tempo fez a organização suspender a sua realização. “O percurso era feito entre Belém e Cascais e os veleiros estacionavam na Marina de Cascais. Chegou a um ponto que era impossível albergar todos os participantes e começaram a ficar ao largo. Ao mesmo tempo, percebemos que, dada a dimensão do evento, não era possível continuar a realizá-lo no mesmo formato.” O interregno de 20 anos acaba agora, com uma edição que marca os 30 anos da Plastimo em Portugal, centrada no tema da sustentabilidade.
Uma regata para todos
Imagine embarcações típicas do Tejo, daquelas coloridas construídas em madeira, velozes catamarãs, assim como veleiros clássicos e outros mais modernos, todos juntos a velejar no rio. É isso que vai acontecer. À quinta edição e pela primeira vez, a Regata Plastimo abre portas à participação de mais categorias de embarcações à vela. Além das classes ANC, barcos com rating nas divisões A, B, D e E (classificações dadas de acordo com o tamanho da embarcação e outras características), podem inscrever-se barcos sem rating (fora de competições). Isto é, que sejam utilizados apenas para lazer e não estejam inscritos em nenhum clube, alargando a iniciativa a todos aqueles que têm a vela apenas como um hobby e usufruem dos seus barcos nos tempos livres.
A participação dos Lagoon e dos Excess, catamarãs de duplo casco, também é uma novidade. “Todos os outros barcos que competem são monocascos, os chamados veleiros tradicionais”, explica Andrea. A estes juntam-se ainda as embarcações típicas do Tejo, num trajeto que será diferente. Enquanto todos os outros barcos vão até ao Dafundo e ao Cais do Sodré, num circuito triangular, com partida e chegada na Doca de Belém, estes fazem um percurso linear, até Oeiras, o ponto de chegada.
“A ANCORAS – Associação Náutica Clássicos de Oeiras tinha marcada para este dia a regata Marquês de Pombal e convidámo-los a integrar a Regata Plastimo. Vai ser ainda mais engraçado para quem vier assistir.” Do Cais do Sodré a Oeiras, ao longo das zonas ribeirinhas vai ser possível acompanhar a prova em vários pontos estratégicos.
A partida, feita a contar de uma linha imaginária na água, é sempre um ponto alto das regatas, assim como as passagens pelas boias, onde se impõe a mudança de direção. A três semanas da prova, já estão com quase metade do número de embarcações da regata recorde de 2003, mas ainda há muita margem para inscrições. Atenção velejadores, há um recorde a bater, quantos mais forem, mais bonita será a festa.
O paratleta de Viseu, Miguel Monteiro, conquistou, este domingo, dia 1 de setembro, a primeira medalha de ouro para Portugal na modalidade de lançamento do peso F40 nos Jogos Paralímpicos. Monteiro, de 23 anos, estabeleceu um novo recorde paralímpico – que pertencia ao russo Denis Gnezdilov – ao alcançar a marca dos 11.21 metros.
Já a medalha de prata foi para o atleta mongol Battulga Tsegmid – com uma marca nos 11,09 – e a de bronze para o iraquiano Garrah Tnaiash – com 11,03 metros.
Segundo a agência Lusa, esta é a 95.ª medalha para Portugal – a 26.ª de ouro – em 11 Jogos Paralímpicos. Miguel Monteiro já tinha conquistado uma medalha paralímpica de bronze nos Jogos Paralímpicos Tóquio, em 2020.
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Nesta edição dos Jogos Paralímpicos, que decorre em Paris até ao próximo dia 8 de setembro, Portugal soma já dois diplomas, pelas paratletas Beatriz Monteiro (badminton) e André Ramos (boccia).