A esperança de todos os venezuelanos que desejavam uma mudança de regime no país durou apenas seis horas. A longa espera, após o encerramento das urnas no domingo passado, 28, terminou com o anúncio da reeleição de Nicolás Maduro para um terceiro mandato presidencial (de 2025 a 2031).

Imediatamente, as ruas e praças da Venezuela encheram-se de multidões. Milhares festejaram a vitória, mas muitos mais contestam os resultados. A tensão no país sul-americano corta o ar que se respira. A Venezuela está (novamente) a “ferro e fogo”. Caracas é o epicentro da revolta. Do lado de Petare, a maior favela da América Latina, os sons metálicos dos tachos e das panelas enchem os céus (ato que se tornou revolucionário na Venezuela contemporânea). Os protestos espalharam-se, nas últimas horas, por todo o território. As tropas patrulham, fortemente armadas, as ruas, 24 sobre 24 horas, reprimindo a população com recurso a gás lacrimogéneo e a balas de borracha. A norte-americana CNN revelou que grupos pró-Maduro já dispararam contra manifestantes pacíficos, no centro da capital. Entre a raiva e a desilusão, estátuas do ex-Presidente Hugo Chávez (1954-2013) terão sido derrubadas. Há a confirmação de dezenas de detidos por “ações criminosas e terroristas”, segundo descreve o governo. O espanhol El Mundo noticiou que, pelo menos, sete pessoas já terão sido mortas, desde que a arrechera (zanga) “rebentou”. Para já, ninguém recua.

No estrangeiro, a diáspora venezuelana chora o desfecho. “Era a última oportunidade de libertarmos a Venezuela da ditadura”, repete-se a cada declaração popular. A oposição não aceita os resultados. “Houve fraude”, acusa. “As provas são concludentes”, assegura.

De acordo com os números divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Nicolás Maduro ganhou a corrida eleitoral com 51,2% (5,15 milhões de votos), enquanto o candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, se ficou pelos 44,2% (4,45 milhões de votos). Os restantes oito candidatos obtiveram um total combinado de 4,6% (463 mil votos). As atas eleitorais – que registam o total de votos e o resultado em cada um dos cerca de 30 mil locais de votação – continuam por divulgar. O cenário dos últimos 25 anos repete-se; as dúvidas sobre o futuro da Venezuela multiplicam-se a cada segundo que passa.

Nicolás Maduro é chefe de Estado da Venezuela desde 2013 e promete ficar no cargo, pelo menos, até 2031. Foto: Pedro Rances Mattey/Anadolu via Getty Images

Oposição não aceita resultados. “Fraude”, diz

Os resultados eleitorais foram um autêntico “balde de água fria” para milhões de venezuelanos que aguardavam o anúncio do vencedor com expectativa e esperança. A líder da oposição, María Corina Machado, alega “ter como provar” que “houve fraude” nas eleições de domingo (28 de julho), depois de, supostamente, ter tido acesso a cópias de 73% das atas eleitorais, que dão 6,27 milhões de votos a González Urrutia e apenas 2,75 milhões a Nicolás Maduro.

“O futuro da Venezuela depende agora da resistência da oposição e do jogo de força entre os apoiantes externos do regime e os apoiantes de eleições limpas”, diz, à VISÃO, o politólogo Andrés Malamud

Impedida de concorrer às presidenciais, Corina Machado – uma engenheira industrial e professora de 56 anos, com raízes portuguesas, descrita como “um fenómeno político” na Venezuela – reagiu prontamente aos números oficiais do CNE e promete não desistir. Nas ruas, muitos estão dispostos a acompanhá-la.

“Ganhámos, e todos sabem disso”, afirmou, em conferência de Imprensa. “Queremos dizer a todo o país e ao mundo que a Venezuela tem um novo Presidente eleito, e ele é Edmundo González Urrutia. González Urrutia obteve 70% dos votos, e Nicolás Maduro 30%. Esta é a verdade. Parabéns, Edmundo!”, concluiu Corina Machado.

A suspeitas de fraude eleitoral são muitas. Durante a campanha, as sondagens independentes publicadas anteviam uma vitória da oposição com larga vantagem. Um estudo da Edison Research, para The Wall Street Journal – e que foi proibido de ser publicado na Venezuela –, apontava que González Urrutia, um antigo embaixador venezuelano na Argentina e na Argélia, conseguiria 64% dos votos. Nicolás Maduro não ia além dos 31%. Enquanto decorria a votação, sondagens feitas à boca das urnas seguiam a mesma tendência, indicando uma vantagem tranquila para González Urrutia, com mais 20% a 35% dos votos.

Os dados anunciados pelo CNE foram, no entanto, bem diferentes. À VISÃO, o politólogo Andrés Malamud afirma não ter dúvidas de que houve chapelada. “O regime venezuelano não apenas inabilitou as duas primeiras candidatas da oposição [María Corina Machado e Corina Yoris], e limitou o voto de sete milhões de emigrantes, como também prendeu dirigentes opositores e dificultou o momento do voto, com filas compridas e longas horas de espera. Não sendo suficiente para ganhar, difundiu os resultados da eleição sem mostrar as atas das mesas de voto e sem permitir a verificação independente”, destaca.

Numa primeira resposta às acusações da oposição e aos protestos nas ruas, Nicólas Maduro afirma que está em curso uma tentativa de golpe de Estado “de natureza fascista”. O Presidente da Venezuela garante que este é “o mesmo filme” e “com um argumento semelhante” ao que se viveu em 2019. Uma “espécie de filme Guaidó 2.0”, em referência ao período em que o opositor, Juan Guaidó, se proclamou “Presidente interino” do país, um mandato reconhecido por 50 países, mas o qual nunca foi capaz de exercer, carecendo de instituições e de poder real.

Presidente desde 2013, depois de suceder a Hugo Chávez, Maduro dirigiu-se aos apoiantes, na capital Caracas, prometendo “defender a nossa democracia, a nossa lei e o nosso povo”. “Viva Chávez. Chávez está vivo!”, gritou na ocasião.

Recorde-se que dados de um estudo revelados em março deste ano – a Pesquisa Nacional de Condições de Vida (Encovi), publicada pelo Instituto de Pesquisas Sociais da Universidade Católica Andrés Bello (UCAB) – dava conta de que 51,9% da população da Venezuela continuava a viver na pobreza em 2023. O número era superior ao do ano anterior. Maduro tem governado em anos marcados pelo colapso económico e financeiro, em que a inflação chegou a atingir os 130 000%. Os números mostram uma moderada recuperação da economia, mas a quantidade de pobres manteve-se. E a inflação, tendo descido, continua firmemente acima dos 50%.

O UCAB divulgou estes dados para tentar colmatar a falta de números oficiais e traçar um real retrato da população venezuelana, que viveu também, durante os mandatos de Maduro, a maior onda de emigração da sua História.

Andrés Malamud considera que “o futuro da Venezuela depende agora da resistência da oposição e do jogo de forças entre os apoiantes externos do regime (sobretudo a China, Rússia e Irão) e os apoiantes de eleições limpas (sobretudo os EUA, Brasil e Colômbia, que precisam de estabilizar a Venezuela para estancar o fluxo de refugiados nas suas fronteiras)”. Para o investigador principal no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, a situação é ainda “imprevisível”.

Comunidade internacional “torce o nariz”

O mundo divide-se nas reações à reeleição de Maduro. A maioria delas é de preocupação, desconfiança e condenação. “Mostrem os votos”, apela-se na América Latina. “Evite-se um banho de sangue”, pede-se um pouco por todo o mundo, da esquerda à direita democrática. Mas Maduro não está sozinho nesta luta pelo poder, embora numa primeira análise possa parecer que sim.

O secretário de Estado dos Estados Unidos da América, Antony Blinken, começou por afirmar que o governo norte-americano tem “sérias preocupações de que os resultados anunciados não reflitam a vontade ou os votos do povo venezuelano”. “É fundamental que todos os votos sejam contados de forma justa e transparente, que os funcionários eleitorais partilhem imediatamente a informação com a oposição e os observadores independentes e que as autoridades eleitorais publiquem o apuramento detalhado dos votos”, acrescentou, antes de soltar a declaração que soou a ameaça: “A comunidade internacional está a acompanhar de perto esta situação e responderá em conformidade.”

Acho que chegou o momento de a comunidade internacional tomar uma posição e agir”, defende Sofia Alves, venezuelana que vive em Salreu (Estarreja), “a freguesia mais venezuelana de Portugal

Os governos de Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai assinaram um documento a apelar à realização de uma reunião extraordinária do conselho permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA). O encontro realizou-se na quarta-feira (31 de julho), na sede daquele organismo, em Washington D.C., nos Estados Unidos da América. À hora do fecho desta edição, as conclusões ainda não eram conhecidas.

À mesma hora, Brasil, Colômbia e México – países que, nos últimos anos, têm conhecido o impacto da emigração venezuelana em massa – ainda negociavam a divulgação de uma declaração conjunta sobre o tema.

Em quase toda a Europa, as reações acompanham o eixo democrático. O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, apelou à “total transparência do processo eleitoral” venezuelano. Recorde-se que várias delegações de observadores estrangeiros, que se deslocaram, nas últimas semanas, à Venezuela, para acompanhar as eleições, acabaram impedidas de entrar naquele país, como aconteceu à comitiva do Partido Popular Europeu (PPE), em que seguia o eurodeputado português Sebastião Bugalho.

O Governo português também já reagiu, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros, numa mensagem publicada na rede social X (antigo Twitter), em que “saúda a participação popular” no ato eleitoral venezuelano, mas sublinha “ser necessária a verificação imparcial dos resultados”. “Só a transparência garantirá a legitimidade; apelamos à lisura democrática e ao espírito de diálogo”, sublinha o gabinete de Paulo Rangel.

Corina Machado e González Urrutia garantem ter provas de “fraude eleitoral” e reclamam a vitória nas presidenciais. FEDERICO PARRA/AFP via Getty Images

Os fiéis de Nicolás Maduro: de Putin ao PCP

No meio do ruído, Nicolás Maduro parece emergir, sereno, suportado pelo apoio de países governados por governos autoritários, que são, há muito, fiéis aliados do regime venezuelano: China, Irão, Cuba, Nicarágua, Bolívia e Rússia. Vladimir Putin felicitou Maduro pela reeleição, declarando estar pronto para continuar e aprofundar o “trabalho construtivo conjunto” entre os dois países. Num telegrama dirigido ao Presidente venezuelano, Putin lembra a Maduro que “será sempre bem-vindo em solo russo”.

Em Portugal, o Partido Comunista Português (PCP) saúda, em contraciclo, os resultados anunciados pelo CNE. Em comunicado, o PCP repudiou “manobras de ingerência”, que procuram “colocar em causa o processo eleitoral e os seus resultados”, classificando estas eleições como “uma importante jornada democrática, em que participaram milhões de venezuelanos”. O secretário-geral Paulo Raimundo pediu “respeito” pela escolha dos venezuelanos e acusa os críticos de “hipocrisia”.

Órfãos da democracia

Muitos milhões de venezuelanos não puderam votar. No estrangeiro, estima-se que sejam sete milhões. Em Portugal, vivem 44 mil, 30 mil com idade e requisitos para exercer o direito de voto, mas somente 1 600 puderam fazê-lo, nos consulados de Lisboa e Funchal. “As inscrições só abriram durante três dias e era preciso um passaporte venezuelano válido. É um processo difícil, e mais uma forma de o regime impedir a participação eleitoral dos cidadãos”, explica Sofia Alves, venezuelana, filha de pais portugueses, a viver em Portugal desde 2002.

Dirigente da associação Venexos – criada em 2014, com o objetivo de prestar apoio a venezuelanos e luso-venezuelanos a residir em Portugal –, Sofia Alves recorda a “tristeza” que sentiu (e sente) quando os resultados foram anunciados. “Tenho a certeza absoluta de que os resultados não são verdadeiros. A oposição tem provas de que houve fraude, e eu acredito nisso. Não é algo novo”, diz.

Hoje, a “esmagadora maioria” da comunidade venezuelana em Portugal “deseja a queda do regime”, garante Sofia Alves. A mais de sete mil quilómetros de distância, a venezuelana observa com “preocupação” os acontecimentos no país natal, mas continua a sonhar com um novo amanhã. “Espero que isto seja o início do fim” da era Maduro. “Há uma grande mobilização popular, as pessoas foram votar porque queriam mudar o regime, [a fraude eleitoral] foi muito ‘à descarada’… Acho que chegou o momento de a comunidade internacional tomar uma posição e agir.” O futuro, esse, é mais “difícil de prever”. “Levamos 25 anos disto. Houve protestos. Muitas pessoas morreram. Estamos cansados, o futuro é imprevisível”, resume.

A praga latino-americana

Talvez mais nenhum lugar do globo seja tão adverso à democracia como a Améria Latina

As ditaduras do século XXI já não se fazem com tropas na rua. Os novos líderes autoritários da América Latina vestem fato e gravata – embora Maduro prefira o fato de treino estilo-patriótico –, a oposição não deixa de existir, e é “autorizada” a participar em eleições. O candidato do regime “esmaga” nas urnas, naturalmente. O voto popular “legitima” o governo. Os aliados estrangeiros (como a China, a Rússia ou o Irão) são “seguro de vida” junto da comunidade internacional, enquanto aproveitam para “ganhar influência” na região, como alerta o estudo Latin America Needs a Wake-Up Call [A América Latina precisa de despertar, na tradução para português], do think-tank norte-americano The Heritage Foundation, publicado em agosto de 2023

Da lista, constam Miguel Diaz-Canel (Cuba), Daniel Ortega (Nicarágua) e Nicolás Maduro (Venezuela). Ou ainda Nayib Bukele, Presidente de El Salvador, influencer nas redes sociais, auto-intitulado “o ditador mais fixe do mundo”, que apostou na luta contra a criminalidade, e venceu as últimas eleições gerais com quase 85% dos votos, conquistando 54 dos 60 lugares no Congresso salvadorenho (há ainda três deputados de partidos seus aliados). A lista de ditadores nas Américas tem mais candidatos?

Seria fácil para o Jazz em Agosto, um dos mais antigos e celebrados festivais de jazz nacionais, ligado à Fundação Calouste Gulbenkian, fazer uma 40ª edição comemorativa, celebrando a data redonda. Mas isso seria ir contra o próprio ADN do festival que, “ao longo destas quatro décadas, tem sido o resultado da soma de todos os músicos” que aí têm atuado, “dos seus projetos, das suas propostas, das suas mensagens e da sua criatividade”, como sublinha Rui Neves, o diretor artístico do festival.

A edição de 2024 será, pois, “mais uma parte que se vai juntar ao todo”, reunindo as escolhas musicais consideradas “mais marcantes e desafiadoras no jazz e na música criativa menos acomodada do tempo presente.” O legado do Jazz em Agosto “é a soma de todas estas partes”, em que o passo seguinte passa por “ser sempre mais disruptivo”, como mais uma vez acontece na edição deste ano, entre 1 e 11 de agosto, com 17 concertos distribuídos pelo Anfiteatro ao Ar Livre, o Grande Auditório e o Auditório 2.

Entre estes destaca-se, por exemplo, a homenagem a Mahalia Jackson, como ativista dos direitos civis, recordada pelo quinteto liderado pelo saxofonista norte-americano James Brandon Lewis, a quem cabe, nesta quinta, 1, pelas 21h30, o concerto de abertura; ou o original arranjo, pleno de improvisação, da obra clássica Sagração da Primavera, de Igor Stravinsky, em versão para dois pianos pela suíça Sylvie Courvoisier e pelo norte-americano Cory Smythe, apresentado na tarde de sábado, 3.

O saxofonista norte-americano Darius Jones. Foto: DR

na segunda semana de festival realçam-se as atuações do saxofonista norte-americano Darius Jones (8 ago), que irá evocar no seu espetáculo o pensamento dos artistas do movimento Fluxus; a do DJ, compositor e videasta austríaco dieb13 (9 ago), que regressa ao Jazz em Agosto com uma formação alargada, para criar uma resposta musical e visual ao manifesto Beatnik; e ainda a reinvenção da Fire! Orchestra, do saxofonista sueco Mats Gustafsson (11 ago), que viaja pela música escrita contemporânea, a música improvisada, o jazz cósmico, o rock ou as músicas tradicionais brasileira e africana, através de uma superformação de 16 elementos que encerrará, em grande, esta 40ª edição do Jazz em Agosto.

Jazz em Agosto > Fundação Calouste Gulbenkian > Av. de Berna 45-A, Lisboa > 1-11 ago > €7 a €130 (passe) > programação completa aqui

O ser humano é, por natureza, um ser social. O nosso cérebro está programado para a interação, para a criação de laços e para a partilha. A exclusão, por outro lado, provoca em nós sentimentos de dor comparáveis à dor física. Esta predisposição para a sociabilização tem raízes na nossa neurobiologia. Somos seres empáticos, capazes de “calçar os sapatos do outro”. Quando testemunhamos alguém em sofrimento, o nosso cérebro ativa as áreas associadas à dor, como se fôssemos nós próprios a sofrer. Apesar desta predisposição natural para a prosocialidade, também é inerente à nossa condição humana a criação de “in-groups” e “out-groups”. Identificamo-nos mais com determinados grupos, por vezes por razões negativas, com um impacto tremendo nas nossas relações e na nossa visão do mundo. A história da humanidade está repleta de episódios extremos onde a exclusão e repulsa de determinados grupos, aliada à propaganda, deu origem a processos de desumanização que culminaram em genocídios como os que sucederam no Ruanda, com uma campanha sistemática de massacres pela maioria Hutu contra a minoria Tutsi, ou nos Balcãs na década de 90, entre tantos outros episódios de má memória.

O voluntariado surge como uma ferramenta poderosa para desconstruir preconceitos e promover a empatia. Ao participarmos em ações de voluntariado, experienciamos novos grupos e pessoas que, à partida, não fariam parte dos nossos “in-groups” habituais. Estas experiências criam novas sinapses no nosso cérebro, transformando a forma como nos relacionamos com o outro. O voluntariado torna-se, assim, um veículo para o desenvolvimento da empatia, com um objetivo último de mudança a três níveis:

  • Psicológico: A forma como nos vemos no mundo;
  • Conviccional: As nossas crenças sobre o mundo;
  • Comportamental: A forma como agimos no mundo.

De acordo com o Gartner Report, apesar de 82% dos colaboradores considerarem importante a sua empresa/organização verem-no como pessoa muito além de apenas funcionário, apenas 45% acreditam que a organização assim o faz.

Isto coloca um desafio na gestão de talento e estratégia de longo prazo das empresas: a identificação com um propósito, valores comuns e criação de impacto.

Um estudo da McKinsey, conclui que para 70% dos funcionários o seu sentido pessoal de propósito é definido pelo seu trabalho, o que ainda se torna mais premente na Gen Z, em  que 80% priorizam encontrar um emprego que esteja alinhado com os seus valores e interesses, em comparação com 59% dos Millennials.

O voluntariado corporativo é, portanto, uma ferramenta essencial para a humanização das empresas. Ao promoverem o voluntariado corporativo, as empresas, colocam à disposição dos seus colaboradores uma ferramenta poderosa que beneficia não só os indivíduos, as comunidades, mas também a própria empresa/organização.

Mas como implementar programas de voluntariado corporativo que promovam por um lado, as competências e sentido de pertença da pessoa à empresa, assegurando o compromisso social com as comunidades, pedra basilar da génese do voluntariado?

Alinhamento entre o propósito da empresa e EVP

A definição do propósito da empresa deve ser claro, alinhado com os objetivos de negócio, em parceria com as comunidades, envolvendo stakeholders e demais, e ainda declinando no EVP – Employee Value Propostion – a proposta de valor às suas pessoas, transformando o propósito numa jornada comum de valor.

Estratégia de voluntariado corporativo

Construir um programa de voluntariado de médio-longo prazo, focado em parcerias de com o sector social, envolvendo os colaboradores num ecossistema de impacto. Deste modo, permitimos o envolvimento de cada voluntário com a comunidade com continuidade, adquirindo competências e co construindo o desenvolvimento sustentável das comunidades.

Avaliação de impacto e comunicação

A empresa deve definir e comunicar os objetivos do programa na sua estratégia, e integrar os valores do voluntariado na sua cultura, avaliando o impacto do voluntariado no voluntário; e a transformação que o envolvimento cada voluntário desencadeia na sociedade. A transparência, compromisso e continuidade do programa e resultados obtidos dever ser comunicada, para alinhamento interno e sentimento de pertença.

Nos últimos 3 anos, estima-se que o voluntariado corporativo tenha crescido e ultrapassado níveis pré-pandemia. De acordo com a análise Benevity 2024 State of Corporate Volunteering, 94% das empresas auscultadas têm implementados programas de voluntariado, resultando num número aproximado de 1,4M de voluntários (crescimento de 63% face ao ano anterior). A taxa média global de participação no voluntariado subiu para 9,2%, um aumento de 57% em relação à taxa de participação de 5,9% do ano anterior.  

Seja esta a tendência a manter-se, o voluntariado constitui uma oportunidade que transcende a tradicional ideia de mecenato e solidariedade, devendo as empresas olharem como um dos aspetos único e diferenciador, fundamental à manutenção da sua competitividade e sobretudo, humanização.

O líder do Hamas, que vivia no luxo do Qatar, e estava em Teerão para assistir à posse do novo presidente iraniano, foi morto por um míssil israelita. Foi um tiro certeiro, na casa onde estava hospedado com os seus guarda-costas. O longo braço de Israel voltou a eliminar um dos seus jurados inimigos. Na História de Israel nunca um terrorista, que tenha assassinado ou executado um cidadão israelita, em qualquer parte do mundo, ficou vivo para contar a façanha.

Já era uma vergonha o líder do Hamas viver isolado das agruras do seu povo, em Doha, mas a escolha de Teerão para esta operação especial, para além de mostrar que há fugas de informação na capital iraniana, tem, certamente, um duplo objetivo militar de Telavive. O Irão já ameaçou retaliar em força, e isso estava escrito no guião do comando militar e político de Israel para esta operação.

A morte do líder do Hamas em Teerão poderá ter servido para um cenário militar de outra envergadura: Israel, e os melhores serviços de informações do mundo, anteciparam, há poucos dias, que Teerão estaria a semanas de ter Urânio enriquecido no grau militar. Por outras palavras, material físsil suficiente para criar e montar armas nucleares. A ser assim, Israel estará preparado para arrasar todos os complexos militares secretos iranianos onde poderão existir esses materiais.

Para o Irão teocrático, Israel não tem o direito a existir. Nunca terá. Para Israel, os iranianos jamais poderão ter nas suas mãos uma arma nuclear. Uma que seja. A morte do líder do Hamas poderá, afinal, levar ao ajuste de contas entre Telavive e Teerão. Isto são péssimas notícias para todos nós, no mundo.

Os Jogos Olímpicos de 2024 estão a provocar uma onda de entusiasmo e celebrações em Paris, França, de até 11 de agosto, e a iServices já está preparada.

A marca líder em reparações multimarca lançou uma campanha internacional com o mote “Reparações em Tempo Recorde!”, que vai abranger mais de 70 lojas em quatro geografias: Portugal, Espanha, França e Bélgica.

Com cinco lojas abertas na capital francesa, onde as competições vão decorrer, a iServices apresenta-se totalmente alinhada com o espírito Olímpico. Os atletas competem pela excelência e a iServices também trabalha para oferecer serviços de alta qualidade e eficiência dos clientes. Até 11 de agosto, todas as lojas iServices, em quatro países, estarão decoradas com esta campanha.

Além de ampliar presença da marca no mercado europeu, esta campanha pretende “provar a capacidade de atender a um público diversificado e exigente”. Além disso, é “um passo estratégico” para a iServices, que continua a “expandir suas operações nos mercados internacionais”, refere a marca.

Um recorde nas reparações, sem marcação

O objetivo da campanha? Celebrar os Jogos Olímpicos e, ao mesmo tempo, reforçar a posição da iServices como líder de mercado em reparações de telemóveis multimarca, garantindo a reparação de ecrãs em 30 minutos e a reparação de baterias em 20 minutos – ambas na hora e sem marcação.

Estamos perante os dois tipos de reparações – ecrã e bateria – mais procuradas por quem usa equipamentos móveis. Afinal, o vidro do ecrã é essencial para que seja possível consumir os conteúdos e até mesmo utilizar apenas o telemóvel com nitidez. E uma bateria gasta acaba por influenciar o desempenho dos equipamentos.

Problemas no ecrã são dos danos físicos mais comuns em dispositivos móveis, podendo manifestar-se através de vidro estalado, partido, ecrã táctil não funcional ou imagem distorcida. Outros defeitos de display incluem:

  • Ecrã do telemóvel com riscas verticais ou horizontais;
  • Ecrã e imagem pixelizada;
  • Ecrã escuro;
  • Ecrã intermitente;
  • Ecrã táctil descalibrado;
  • Imagem a preto e branco;
  • Imagem distorcida;
  • Qualidade da imagem reduzida;
  • Manchas no ecrã do telemóvel.

As baterias, geralmente fabricadas em lítio, são componentes sensíveis e sujeitos a desgaste. Para prolongar a vida útil das baterias, é aconselhável adotar boas práticas diárias. Com o tempo, é normal que as baterias se deteriorem, apresentando sintomas como:

  • Descarregamento rápido;
  • Aplicações ou sistema lentos ou sem resposta;
  • Encerramento ou reinício inesperado do dispositivo;
  • Equipamento que não desliga ou não liga;
  • Sinais de bateria inchada (todas as baterias têm um tempo de vida útil limitado).

Descubra todos os serviços disponíveis na iServices.

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A 15 de julho de 2010, o recém-eleito líder do PSD, Pedro Passos Coelho, revitalizava uma iniciativa política, que, nos últimos anos do pós-cavaquismo, se tinha quase perdido: a Festa do Pontal. Nessa tarde de calor e num espaço renovado, no Calçadão da Quarteira, as equipas de funcionários do PSD e as das empresas de eventos, contratadas pelo partido, azafamavam-se a dispor palco e mesas, enquanto os restaurantes da zona, fornecedores do catering, aqueciam as brasas para grelhar as febras. Num hotel de Vilamoura, paredes-meias com a Quarteira, Passos Coelho confraternizava com alguns dos notáveis locais algarvios, onde pontificava Mendes Bota, o grande animador histórico do Pontal, que não cabia em si de contente: um líder do PSD voltava a pisar o palco da Festa e, o que era mais importante, essa seria a sua primeira grande intervenção pública, o que havia arrastado legiões de jornalistas e todas as televisões nacionais. Figuras como Miguel Relvas ou Nuno Morais Sarmento rodeavam o grande líder, ajudando-o a afinar o discurso. De camisa branca e mangas arregaçadas, Passos Coelho imporia, horas depois, a sua voz de barítono, num longo e sério aviso ao governo do PS, então liderado por José Sócrates, já sem maioria absoluta e dependente da abstenção social-democrata para a aprovação do Orçamento do Estado (OE) para 2011. Ao jantar, ingerido antes das intervenções políticas, mal tocou na comida. Para Vilamoura, estava marcada uma ceia tardia, num restaurante exclusivo, que abriria um espaço especial, num pátio interior, especificamente reservado ao pequeno grupo de dirigentes que ali haveria, agora, sim, de matar a fome, degustando uma ementa mais sofisticada do que a que fora disponibilizada à populaça, no Calçadão. Passos Coelho, o staff mais próximo e alguns notáveis algarvios formaram o grupo restrito, em que foram admitidos dois jornalistas com o compromisso de nada revelarem do que ali fosse dito – até porque Passos Coelho tinha um recado privado que não pudera dar, com palavras tão cruas, em público: “Preparem-se, porque a porrada vai começar.”

Não se sabe que importância terá o Pontal deste ano na agenda política, mas é bem provável que os sonhos – e pesadelos – dos principais dirigentes partidários ocupem muitas das suas noites de verão. É verdade que Marcelo facilitou as coisas, ao promulgar os diplomas fiscais aprovados pela oposição no Parlamento. Esta promulgação, que o Governo teve de aceitar e que vai aplicar ainda no decurso do presente ano fiscal, retira o principal “irritante” político que poderia emperrar as negociações entre o PS e o PSD, no que toca à viabilização do próximo OE. Mas, ainda assim, os líderes terão razões para algumas insónias, durante as férias e o correspondente defeso político: com a economia a dar sinais de abrandamento – soubemos, nesta semana, que o crescimento, no segundo trimestre, foi apenas 0,1%, relativamente ao primeiro, o que se revela preocupante, dado o incremento do investimento e do consumo interno – e com esta descida nos impostos, como vai o Governo compensar e recuperar receita para aplicar o seu programa económico – baseado, recorde-se, num crescimento económico muito superior ao previsto por qualquer entidade independente… – e cumprir os muitos acordos com as classes profissionais da Administração Pública (polícias, professores, oficiais de justiça, militares), que lhe bateram a porta mal tomou posse? E Pedro Nuno Santos, como vai manter o estatuto de líder da oposição, salvando a face, ao mesmo tempo que viabiliza um OE que, palavras suas, seria quase impossível ao PS viabilizar? E André Ventura, como vai continuar a justificar, perante o seu eleitorado, a constante oposição destrutiva a um Governo de direita, liderado por um primeiro-ministro pessoalmente bem-visto nas sondagens e que está a dar sinais de querer “fazer coisas”?

PS: Noites de insónia bem poderá tê-las Fernando Medina, depois de ter acontecido o inevitável, razão pela qual preferiu não enfrentar Pedro Nuno Santos nas últimas diretas do PS – foi mesmo constituído arguido na operação com o nome mais criativo da história recente do Ministério Público: a Tutti-Frutti. É bem provável que o sonho (molhado) da procuradora-geral da República, Lucília Gago, seja acabar o mandato deixando um legado de nomes sonantes na condição de arguidos. Processos com nomes criativos não lhe faltam.

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