Chama-se Neuron Tracing and Active Learning Environment (ou NeuroTrALE) e foi criado por investigadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT) para ajudar na compreensão de condições neurológicas como doença de Alzheimer, acelerando a descoberta da cura e de possíveis tratamentos.

“Reconstruir as complexidades de como o cérebro humano funciona a nível celular é um dos grandes desafios da neurociência”, afirma Lars Gjesteby, investigador do MIT, citado em comunicado. “Atlas cerebrais de elevada resolução e ligados em rede podem ajudar a melhorar o nosso entendimento das doenças ao assinalarem as diferenças entre cérebros saudáveis e doentes”, realça. No entanto, o progresso nesta área tem sido “afetado pela falta de ferramentas para visualizar e processar grandes conjuntos de imagens do cérebro”.

Os atlas cerebrais descritos pelo investigador são, essencialmente, mapas detalhados do cérebro que ajudam a rastear a sua atividade e a desenvolver informação estruturada que ilustre o funcionamento neuronal. Porém, os métodos atuais para processar este tipo de informação ainda não estão preparados para lidar com datasets à escala do cérebro humano, o que dificulta a análise dos dados.

Um software que combine machine learning com supercomputação, trazendo uma maior facilidade no uso e no acesso poderá acelerar as descobertas. É aqui que entra o NeuroTrALE, que, segundo os investigadores, é capaz de automatizar grande parte do processamento de informação, contando com uma interface interativa que permite editar e manusear os dados para procurar padrões específicos e testar hipóteses.

O NeuroTrALE destaca-se por recorrer a uma técnica de machine learning, conhecida como aprendizagem ativa, indicam os investigadores. Os seus algoritmos são treinados para classificar dados de entrada automaticamente tendo em conta informação pré-existente. . Caso não existam dados anteriores, a aprendizagem ativa permite corrigir erros potenciais, ensinando ao algoritmo como deve agir quando encontrar informação semelhante no futuro.

Uma vez que o algoritmo é capaz de realizar grande parte do trabalho de classificação, os investigadores têm acesso aos dados mais rapidamente e conseguem simular as suas teorias de forma mais célere. O NeuroTrALE representou uma redução de 90% do tempo de computação necessário para processar 32 GB de dados face a outros métodos que também usam Inteligência Artificial.

Existe e sempre existiu um grau de imprevisibilidade na individualidade do comportamento humano. Este foi progressivamente temperado com um conjunto de regras, inicialmente não escritas, mas que com o tempo e nas diversas sociedades se foi solidificando na complexidades de regras gerais e abstratas das hodiernas sociedades. 

É possível estabelecer uma associação entre o desenvolvimento das diversas sociedades ao longo do tempo e os normativos legais que produziam, bem como a forma como os implementavam.

O Código de Hamurabi, na Babilónia antiga, continha leis específicas sobre a posse e o tratamento de outros humanos que tinham a categoria de escravos. E o direito romano distinguia claramente entre cidadãos e escravos, sendo que os primeiros tinham um controle quase absoluto sobre a vida e o corpo dos últimos. Em Portugal, as “Ordenações do Reino”  reconheciam a escravatura e regulavam o tratamento dos escravos.

A história do direito demonstra a existência de múltiplas normas ao longo do tempo que tinham todas as características menos as de promoção de uma sociedade mais justa e equitativa. No caso da mulher, é confrangedor como até há pouco tempo a sociedade portuguesa legislou um conjunto de normas que diminuíam as mulheres justificando com “a diferença resultante da sua natureza e do bem estar da família” (vide art. 5º da Constituição Portuguesa de 1933).

As normas que existiam parecem atualmente de um filme distópico. Para os mais novos como eu, permitam-se (re)ler alguns normativos:

– a mulher enfermeira estava proibida de casar se quisesse exercer a sua profissão nos hospitais civis;

– quem fosse professora primária tinha de pedir autorização do Ministério da Educação Nacional para casar. A autorização tinha de ser publicada no Diário do Governo e estava sujeita ao seguinte requisito patrimonial – que o homem tivesse um rendimento mensal superior ao da mulher;

– as telefonistas da Emissora Nacional de Radiodifusão, dos Correios bem como as hospedeiras da TAP, para casar, igualmente necessitavam de uma autorização;

– era proibido dar beijos em público, mesmo que fosse um casal casado;

– o biquini era algo  interdito, muito próximo de um artefacto pornográfico;

– a minissaia era uma peça proibida e quem a usasse não podia entrar em espaços como liceus;

– uma mulher não podia andar sozinha à noite (e quem andava arriscava-se a ser considerada um objeto sexual); 

– se alguém quisesse usar isqueiros, tinha de ter uma licença especial;

– era proibido às mulheres o desempenho de profissões consideradas nobres pela sociedade portuguesa da época, como o acesso à carreira diplomática, militar, policial ou da magistratura judicial.

Este mito marialvista da mulher obrigatoriamente confinada ao lar, num país em que a violência doméstica era um conceito desconhecido, criou dor, traumas, preconceitos e conflitos que perduram até aos presentes dias. Não obstante, todas estas normas foram aprovadas por ampla maioria, sob aplausos dos bons cidadãos. Com evidentes efeitos no agravar da desigualdade, do empobrecimento e da  exclusão social.

E por isso importa sempre sublinhar que apenas quando todos os membros da sociedade têm direitos e acessos  iguais, numa perspetiva de justiça equitativa, ao sistema educacional e de saúde, a oportunidades e participação na vida pública, com empoderamento económico dos seus membros e coesão social , é que existe uma melhoria geral do desenvolvimento humano. 

Se se criarem normas que servem só alguns, estaremos a construir sociedades mais injustas. Por isso mesmo reforçar o processo de transparência legislativo ao nível da forma como as normas são criadas e combater fenómenos de corrupção a ele associados é essencial, como pressuposto para que todas as pessoas possam alcançar o seu pleno potencial, numa sociedade onde o desenvolvimento humano floresça de forma plena e educativa.

Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

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Em agosto de 2020, Apple e Alphabet removeram o Fortnite das lojas de aplicações para iPhone e para Android respetivamente. Em causa, a decisão da Epic Games em disponibilizar um sistema de pagamentos próprio, o que violava as políticas das lojas de apps. Nessa altura, só no ecossistema Apple, a Epic contava com 116 milhões de jogadores ativos.

Agora, com a entrada em cena do Regulamento dos Mercados Digitais (DMA, da sigla em inglês), a Epic Games vai poder lançar a sua própria loja de aplicações e disponibilizar o jogo no ‘velho continente’. A Apple, no entanto, continua a bloquear o Fortnite a utilizadores de fora da Europa, noticia a Reuters.

Tim Sweeney, o CEO da Epic Games, congratulou a Comissão Europeia pela aprovação do DMA que “permite a competição” e por assegurar que a Apple e a Google não estão a prejudicar a livre concorrência: “estavam a envidar grandes esforços para nos atrasar, e tentaram parar-nos várias vezes, mas a Comissão Europeia apareceu sempre e assegurou que os competidores podiam entrar no mercado”.

A loja da Epic Games vai ter o Fortnite, o Sideswipe e o novo Fall Guys para mobile, além de a empresa estar a colaborar com outros criadores para disponibilizar os seus jogos e aplicações nesta loja. Para o iOS, o processo de instalação envolve 15 passos e muitas definições e ecrãs confusos, acusa a Epic. A Apple, por sua vez, defende-se dizendo que está a disponibilizar estas novas capacidades da forma mais simples possível e, ao mesmo tempo, manter a privacidade e segurança da plataforma.

A juventude portuguesa tem enfrentado desafios enormes na sua caminhada rumo à independência e à realização pessoal. Porém, este Verão trouxe mais do que o merecido descanso. As recentes medidas do Governo representam uma viragem promissora, oferecendo novas oportunidades para qualquer jovem alcançar a liberdade de poder ficar em Portugal e construir uma vida estável e próspera na terra que o viu nascer e crescer.

A compra de uma casa própria tem sido, para muitos jovens, um sonho distante. Com os preços do imobiliário a subir e as exigências bancárias a tornarem-se mais rigorosas, o acesso à habitação parecia um privilégio reservado a poucos. Mas com a Garantia Pública na Compra da Primeira Habitação, que já entrou em vigor, essa realidade começa a mudar. Esta medida permitirá que jovens entre os 18 e os 35 anos possam financiar a totalidade da sua primeira casa, com o Estado a garantir a entrada do valor do imóvel. Mais do que um simples apoio financeiro, é uma demonstração clara da confiança no potencial da nossa geração e uma resposta concreta às suas necessidades.

Outra medida que merece naturalmente destaque é a isenção do IMT e do Imposto de Selo para jovens até 35 anos na compra de imóveis até 316 mil euros. Esta isenção, que também entrou em vigor a 1 de agosto de 2024, representa um alívio fiscal significativo para aqueles que dão os primeiros passos na aquisição de uma habitação própria. Ao remover parte da carga fiscal, o Governo está a criar condições para que mais jovens possam investir no seu futuro com segurança e estabilidade, promovendo a concretização do direito à habitação, tão ambicionado por qualquer jovem.

No mercado de arrendamento, onde os preços têm disparado, o alargamento do Programa Porta 65 Jovem surge como uma resposta essencial às necessidades habitacionais dos jovens. A eliminação de critérios restritivos e a simplificação dos processos de candidatura tornarão este programa mais acessível a um maior número de jovens, especialmente àqueles com rendimentos mais baixos. Este apoio é uma expressão clara de um compromisso com a justiça social, assegurando que todos os jovens tenham acesso a uma habitação digna e acessível.

Finalmente, a proposta do IRS Jovem, que estabelece um limite de 15% para jovens até aos 35 anos, é uma medida que reflete a importância de aumentar o rendimento disponível da geração mais qualificada de sempre para que esta possa permanecer e construir o seu projeto de felicidade em Portugal. Num momento em que muitos são tentados a procurar oportunidades fora do país, esta redução fiscal é um incentivo poderoso para que os jovens profissionais vejam em Portugal um lugar onde podem construir carreiras de sucesso e contribuir para o crescimento e desenvolvimento do país. Infelizmente, a implementação desta proposta encontra-se ainda dependente da aprovação da Assembleia da República e, por isso, esperemos que estas férias de Verão possam ter colocado o Partido Socialista e o Chega do lado da juventude portuguesa.

Estas medidas são um sinal claro de que o futuro está a ser construído com os jovens em mente, oferecendo-lhes as ferramentas e o apoio necessário para que possam concretizar os seus sonhos. Estamos a testemunhar um momento de transformação, onde as políticas públicas estão a alinhar-se com as aspirações da juventude, proporcionando um caminho mais acessível e justo para todos.

Este é o momento de acreditar que um futuro mais promissor é possível. Um futuro em que os jovens têm as oportunidades que merecem, em que o seu talento é valorizado e onde podem construir uma vida de sucesso em Portugal. As recentes medidas são um passo decisivo nessa direção, e é com esperança e determinação que a JSD continuará a trabalhar no futuro, sabendo que estamos a caminhar para um Portugal mais justo, inclusivo e cheio de oportunidades para todos.

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O fogo nas serras da Serra de Água, no concelho madeirense da Ribeira Brava, está extinto. Com a situação já controlada, as pessoas retiradas no domingo puderam assim regressar às suas casas. “O fogo está extinto, não há frentes ativas que se veja e a situação está agora em vigilância”, afirmou Albertina Ferreira à agência Lusa.

Já as duas frentes do incêndio rural que lavravam no concelho de Câmara de Lobo estão, a esta hora, controladas e praticamente extintas, afirmou à agencia o presidente do município, Leonel Silva.

Albertina Ferreira diz que o próximo passo é “começar o processo de limpeza e talvez a criação de um gabinete de crise”, estando a aguardar instruções.

Recorde-se que o incêndio rural deflagrou na quarta-feira nas serras da Ribeira Brava. Propagou-se no dia seguinte ao concelho contíguo a este, Câmara de Lobos, e, já no fim de semana, ao concelho da Ponta do Sol, no planalto do Paul da Serra. Neste município, está hoje ativo também no sítio da Lombada.

Apanhando os portugueses de pezinhos na areia, sem acesso às bibliotecas e arquivos municipais onde passam a vida, o Ministério da Educação, Ciência e Inovação deu luz verde à nova disciplina obrigatória no Secundário: Literacias. Para já, entra em vigor apenas nas escolas com os “projetos-piloto de inovação pedagógica”. Se conhece jovens nos agrupamentos de escolas de Alcanena, Caneças, Cristelo, Elvas, Marinha Grande Poente, no Colégio Pedro Arrupe ou na Escola Profissional de Jobra, prepare-se para os fervorosos debates no jantar de natal. Vá estudando o Código Civil!

Numa nota mais séria, antes de regressar ao espírito da época, há de facto um desconhecimento geral na população portuguesa sobre dimensões fundamentais na vida coletiva, como a Política, a Economia ou a Fiscalidade. No sistema de ensino atual, é possível rematar um mestrado com brilharete e não dominar o básico da vida em sociedade. Sem compreender o Direito, a Lei, a Democracia ou o sistema de impostos. Que falta a dita literacia, não há dúvida.

Irrealista é acreditar que uma disciplina vai resolver isso. Não era, aliás, esse o objetivo da Educação para a Cidadania? Depositar a formação cidadã numa cadeira de secundário é como esperar que um adulto saiba ordenar os elementos na tabela periódica porque passou a Físico-Químicas no oitavo ano. Os miúdos (as pessoas) levam da escola aquilo de que gostam e aquilo que acreditam ser útil.

A literacia, na aceção que respalda a disciplina, entrou para o debate político há pouco. Começámos subitamente a ouvir falar dela. Geralmente, quando uma pessoa de esquerda e uma de direita falam em “literacia financeira”, a de esquerda refere-se à compreensão do sistema das offshores e da fuga de capitais, a de direita está a pensar em investimentos e ações. Ambas complementares, com algo em comum: quer num caso, quer no outro, não há interesse verdadeiro em que se saiba. Quer quem esconde dinheiro, quer quem lucra a sério na bolsa, não tem interesse em que o mexilhão domine o tema. Ora, como será na política?

O chamado cidadão comum é letrado em muita coisa. Os portugueses têm uma literacia absolutamente incrível em futebol, peixe grelhado ou colchões de espuma. Porquê? Porque há interesse, até comercial e industrial, em que os consumidores dominem os temas para ali empenharem as poupanças. A indústria dos colchões faz um esforço para que toda a gente conheça os benefícios do colchão de espuma, que apesar de tudo é mais quente do que as molas ensacadas. E o Ministério das Finanças? Faz esse esforço? Faça o seguinte exercício: entre num site de uma marca de colchões. Entretenha-se por lá dois minutos a navegar. Surgiu-lhe alguma dúvida? Pois agora entre no site das Finanças. Telefone para as Finanças. Verá como a fabulosa literacia falta até a quem lá trabalha.

Estou a brincar. Não telefone. Não transforme o seu agosto em desgosto. Boas férias.

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O Supremo Tribunal de Justiça do Brasil já estava a investigar a rede social de Elon Musk por alegada obstrução à justiça. A ‘batalha’ judicial continua, desta vez, com a X a anunciar o encerramento das suas operações no país, alegando que o juiz Alexandre de Moraes ameaçou o seu representante legal com uma pena de prisão caso não cumprisse o que descreve como “ordens de censura”. 

Numa publicação, a rede social alega que Alexandre de Morais ameaçou o seu representante legal numa “ordem secreta”. A X defende que os seus recursos ao Supremo Tribunal Federal não foram ouvidos, que o público não foi informado sobre as ordens e que a sua equipa no Brasil não tem responsabilidade ou controlo sobre o bloqueio de conteúdo na plataforma. 

A plataforma acusa Alexandre de Moraes de ameaçar a sua equipa “em vez de respeitar a lei ou o devido processo legal”. É por esse motivo, e para proteger a segurança da sua equipa, que a rede social optou por encerrar as suas operações no Brasil. “O serviço X continua disponível para a população do Brasil”, afirma. 

A publicação é acompanhada por um conjunto de imagens de um documento, alegadamente assinado pelo juiz brasileiro, que indica que seria aplicada uma multa diária de 20.000 reais (cerca de 3314 euros) a Rachel Nova Conceição, representante da X no Brasil, assim como um mandato de prisão, caso as ordens não fossem cumpridas. Uma publicação anterior dá conta de outro documento que mostra algumas das contas visadas pelas ordens. 

Elon Musk afirma que a decisão de encerrar as operações no Brasil foi “difícil”. “Mas se tivéssemos concordado com a censura secreta (ilegal) e com os pedidos de divulgação de informação privada de Alexandre [de Moraes] não haveria forma de explicarmos as nossas ações sem sentirmos vergonha”, afirma o empresário numa publicação na X. 

Recorde-se que, ainda no início do ano, o juiz brasileiro ordenou o bloqueio de um conjunto de contas na X à medida que estavam a ser investigadas “milícias digitais” acusadas de disseminarem notícias falsas e discurso de ódio durante a presidência de Jair Bolsonaro, avança a Reuters

Já em abril, Alexandre de Moraes determinou que Elon Musk também seria alvo desta investigação após o empresário ter dito que reativaria as contas visadas. Mais tarde, e mesmo depois de Elon Musk contestar as decisões, os representantes da X no Brasil afirmaram ao Supremo Tribunal que a rede social cumpriria as ordens.

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