O Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa decidiu fixar em €1 milhão a multa que a Câmara Municipal de Lisboa terá de pagar pela partilha de dados de ativistas russos anti-Putin. O tribunal considerou que estavam prescritas várias contraordenações que levaram a Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) a multar a autarquia com uma coima em €1,25 milhões. “O tribunal reduziu a coima para um milhão de euros”, confirmou, à Lusa, o advogado Tiago Félix da Costa, que representa a autarquia no caso que ficaria conhecido como “Russiagate”.

A CNPD tinha identificado 225 contraordenações na sequência de violações ao Regulamento Geral de Proteção de Dados, depois de a Câmara Municipal de Lisboa, na altura presidida por Fernando Medina, ter comunicado “os dados pessoais dos promotores de manifestações a entidades terceiras”. A 19 de março de 2021, deu entrada no CNPD uma queixa relativa à comunicação pela autarquia de Lisboa à embaixada da Rússia em Portugal e ao Ministério dos Negócios Estrangeiros russo. Foram enviados dados pessoais dos promotores de uma manifestação realizada junto à embaixada.

Os ativistas, dissidentes do regime russo, tinham realizado, em janeiro de 2021, um protesto pela libertação do opositor do Governo russo Alexey Navalny (falecido em fevereiro), e argumentaram que a Câmara Municipal de Lisboa pôs em causa a sua segurança e a dos seus familiares na Rússia aquando da divulgação dos seus dados. O caso “Russiagate” foi noticiado em junho de 2021, em plena pré-campanha para as eleições autárquicas (que Medina viria a perder para Carlos Moedas), levando a uma série de protestos, desde a Amnistia Internacional aos partidos políticos.

Em fevereiro de 2023, os três ativistas visados anunciaram que iriam processar a autarquia, exigindo uma indemnização de €120 mil como “reparação dos danos morais sofridos”, uma vez que a multa pedida pela CNPD “não beneficiou nenhuma pessoa ou entidade vítima desta prática reiterada de partilha indevida de dados pessoais”. Segundo fonte ligada a este outro processo, o julgamento do pedido de indemnização pelos ativistas ainda não foi agendado e o seu resultado é “independente da decisão relativamente ao pagamento da multa pela câmara, mesmo que este prescreva no todo ou em parte”.

Moedas lamenta “pesada herança”

O executivo municipal de Lisboa, agora liderado pelo social-democrata Carlos Moedas, confirma ter “tomado conhecimento da sentença do Tribunal Administrativo do Círculo de Lisboa. Em declarações à comunicação social, a autarquia “lamenta” o que considera ser a “pesada herança deixada pelo anterior executivo socialista e o seu impacto muito relevante”. 

Tendo em conta o elevado valor da multa, “a câmara municipal encontra-se a avaliar se irá recorrer da decisão judicial agora conhecida, em defesa dos interesses dos lisboetas”, acrescenta.

O que se explica a popularidade rápida da Shein e da Temu na Europa?
A Shein e a Temu recorrem a estratégias hiperagressivas de preço, suportadas por subsidiação de preços pela plataforma como estratégia de aquisição de clientes e de captação de dados, além de seguirem o modelo fast-retail de replicação rápida dos produtos oferecidos por cadeias semelhantes, como a Zara, a preços inferiores. Adicionalmente, a maioria dos produtos entra no Espaço Económico Europeu sem pagar taxas aduaneiras, por não chegar ao limite de preço a partir do qual é cobrado o imposto (€150), o que permite aplicar preços que dificilmente as empresas locais conseguem praticar. Por fim, estas empresas têm abordagens limitadas no que diz respeito à proteção da propriedade intelectual por parte dos vendedores, e há suspeitas de uso de práticas ilegais, como trabalho forçado e o recurso a margens comerciais negativas. O Estado chinês acaba indiretamente por suportar estas práticas com a ausência de correção monetária, ou seja, a moeda está significativamente desvalorizada, para suportar o excedente comercial do país de forma artificial.

Que desafios a Shein e a Temu trazem para outras empresas do setor, como a Amazon e a AliExpress?
Empresas como a AliExpress, que se centram no mesmo nicho de comércio eletrónico cross-border, já aplicaram parte destas estratégias, mas com menor agressividade. Tendencialmente, as empresas chinesas tendem a copiar o modelo concorrente e a adaptar-se rapidamente. No caso da Amazon, uma percentagem significativa dos vendedores já tem origem na China, mas a proposta de valor acaba por estar dirigida a um cliente mais afluente, urbano e que valoriza a qualidade, bem como o serviço. Empresas como a Amazon sofrerão concorrência em setores que se proporcionam ao fenómeno de vertical search, ou seja: o afunilamento da procura numa categoria (por exemplo, moda), mas empresas com propostas de valor mais parecidas com a Shein e a Temu, como a AliExpress, são as que têm mais a perder.

Que problemas a Shein e a Temu podem criar às empresas portuguesas?
As empresas portuguesas, quer no pequeno quer no grande retalho, poderão sofrer significativamente, em primeiro lugar pela sensibilidade ao preço do cliente português e, depois, pela incapacidade de competirem no mesmo plano do que as empresas chinesas. Para as marcas portuguesas, há um risco sério de infração de propriedade intelectual. O setor do grande retalho português é dos mais sofisticados da economia nacional, mas simplesmente não pode competir com as mesmas ferramentas. Uma possível estratégia poderá ser a valorização dos serviços de economia circular, do reforço de propostas de valor ecológicas, da transparência e traçabilidade das cadeias produtivas e das práticas laborais, bem como a promoção de produtos buy for life, o que os vai diferenciar da concorrência chinesa. A indústria como um todo também pode beneficiar da fusão entre fabricantes e retalhistas regionais, por forma a obterem maior escala competitiva. Dada a previsão de imposição de novas tarifas aduaneiras sobre produtos de proveniência chinesa, os retalhistas devem também elaborar estratégias para promoverem a resiliência da cadeia produtiva, diversificando origens e bases de fabrico.

O crescimento da Shein e da Temu pode ser travado devido a questões regulatórias?
O crescimento do comércio eletrónico cross-border já antes fora refreado na Europa, com a passagem de novas regras, como a eliminação da que permitia a importação sem IVA de produtos abaixo de €22 e a obrigatoriedade de as plataformas coletarem o IVA em nome dos vendedores –, mas a UE manteve a isenção de tarifas aduaneiras para bens abaixo de €150. A partir desse momento, estas empresas centraram-se nos EUA, onde dispõem de um limite de importação isento de tarifas aduaneiras consideravelmente mais alto. Contudo, em ambos os casos, a regulação veio acompanhada de tentativas de “saltar” as regras por parte dos vendedores das plataformas. Dado este cenário, torna-se provável que haja um aumento de taxas aduaneiras ou a alteração das regras de comércio eletrónico na UE – e uma possível retaliação por parte da China. A aplicação deste tipo de regras requer uma consulta com especialistas do setor, dado que pode ter consequências indesejáveis para as empresas europeias.

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A discrição é uma virtude no meio empresarial chinês. Essa característica tornou-se ainda mais vital após a pressão regulatória do regime de Pequim sobre as grandes tecnológicas do país. Ainda assim, segundo alguns perfis, o líder da Shein, Chris Xu (também conhecido por Sky Xu), leva a necessidade de recato a um extremo mesmo para os padrões chineses. O empresário não dá entrevistas, não faz discursos nem aparece em público e são poucas as fotos que existem do multimilionário. Aliás, segundo alguns relatos, alguns dos seus próprios funcionários nem sequer o reconhecem quando se cruzam com ele. 

A plataforma de venda online de roupa fast fashion até está a preparar a sua entrada na bolsa de Londres. Mas nem assim Chris Xu quebra a sua aparente regra de manter a discrição em todas as circunstâncias. Desse modo, não é de estranhar que pouco se saiba da vida do fundador da Shein e que existam informações contraditórias. De acordo com relatos feitos na imprensa chinesa, o empresário nasceu em 1984. Cresceu numa família pobre e foi um aluno mediano. Após concluir a licenciatura em Economia e Comércio Internacional em 2007, começou a trabalhar numa consultora de marketing, onde se especializou na otimização de motores de busca (SEO, na sigla em inglês). Além de ter passado a dominar essa técnica, terá também percebido o valor de conseguir vender com lucro produtos fabricados na China para outros mercados.

11,2 mil milhões de dólares – Valor da fortuna de Chris Xu

Dessa forma, saiu da consultora para, com dois sócios, criar uma loja online que vendesse produtos baratos. O objetivo era encontrar algo que tivesse procura e em que pudesse cortar substancialmente os preços. A escolha recaiu em vestidos de noiva. Após ter a resposta para o seu negócio, há relatos de que abandonou os seus parceiros, com um dos antigos sócios a acusá-lo de fugir com as contas de PayPal e com a equipa de SEO da antiga empresa. Polémicas à parte, em 2009 Chris Xu lançou a SheInside, a empresa que deu origem à Shein.

Contrariamente a outras grandes empresas de comércio eletrónico, a Shein ainda não está cotada em bolsa. E, por isso, torna-se mais difícil estimar o valor da fortuna do fundador e líder da empresa. Ainda assim, a Forbes calcula que Chris Xu tenha um património de cerca de 11,2 mil milhões de dólares. Esse valor poderá ser ajustado caso a Shein venha a concretizar a entrada na bolsa de Londres. No ano passado, a empresa ponderou ir para o mercado americano, mas as críticas sobre práticas não sustentáveis do ponto de vista humano e ambiental da empresa acabaram por fazer cair o negócio.

Apesar de ter uma das maiores fortunas da China e do mundo, Chris Xu goza de um outro luxo. A discrição que tem cultivado religiosamente ao longo dos últimos anos permite-lhe ter uma vida relativamente normal, sem ser reconhecido pelo grande público nem causar atritos com o regime de Pequim.

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O percurso de Jack Ma tem poucas semelhanças com o dos maiores magnatas da tecnologia. O empresário chinês, de 59 anos, reprovou por duas vezes nos exames de acesso ao Ensino Superior, com notas fracas a Matemática, e foi rejeitado em mais de 30 candidaturas de emprego. Num discurso, o cofundador da Alibaba revelou que nem o KFC, em Hangzhou, sua terra natal, o quis contratar: “34 pessoas concorreram. 33 foram aceites. Fui o único rejeitado.”

Apesar desses desaires, Ma não desistiu, mote que escolheu para o livro em que partilha ensinamentos sobre a vida e os negócios. Contra a vontade da família, quis repetir os exames de acesso à universidade. Conseguiu aceder ao Ensino Superior, no curso de Inglês, e integrou a lista dos melhores alunos da sua universidade, acabando por ficar algum tempo a lecionar nessa área.

O percurso académico inspirou-o a lançar a primeira empresa. A meio da década de 90, ao descobrir as potencialidades da internet, fundou uma agência de tradução online. Seguir-se-iam mais empresas ligadas ao setor. Rapidamente, Ma começou a construir sites para empresas chinesas, que queriam estar na internet, com a ajuda de parceiros norte-americanos. Essa experiência levou-o a ser escolhido pelo Ministério do Comércio da China para dirigir um departamento relacionado com tecnologias da informação. Sairia dessas funções nos finais da década de 90 para fundar a Alibaba, que começou a operar no apartamento de Ma, em Hangzhou, com a ajuda de alguns amigos.

32 mil milhões de dólares – Valor do património de Jack Ma

A partir daí, o crescimento foi rápido. Ao observar o sucesso da Amazon nos EUA, bancos, como o Goldman Sachs, e fundos, como o japonês SoftBank, apostaram fortemente na então empresa de comércio eletrónico. Jack Ma criou várias subsidiárias, com novas plataformas e soluções de pagamento digitais, como a Alipay. O empresário conseguiu resistir à entrada do eBay no mercado chinês nos primeiros anos do século XXI, e, em 2005, contou com um investimento de mil milhões de dólares por parte da Yahoo.

A expansão quase imparável permitiu à Alibaba bater, em 2014, o recorde de maior entrada em bolsa, ao encaixar 25 mil milhões de dólares numa oferta que ocorreu nas bolsas norte-americanas e que avaliou a empresa em 230 mil milhões de dólares. Quase uma década depois, aquele valor apenas foi batido por outra empresa: a Saudi Aramco, a companhia saudita de petróleo.

Ainda assim, outra das empresas de Jack Ma esteve prestes a recuperar esse recorde, não tivesse sido a queda em desgraça junto do regime de Pequim. Em 2020, quando a Alibaba se preparava para colocar o Ant Group – a divisão financeira do grupo – na bolsa de Hong Kong, com uma oferta pública inicial 34,5 mil milhões de dólares, as autoridades chinesas atuaram em força, travando a operação. Coincidência ou não, uns meses antes, o empresário tinha criticado os reguladores financeiros e os bancos chineses. No entanto, os sinais de que Ma tinha conquistado uma influência além do que era desejado pelo regime já vinham dantes. Em 2018, o empresário abdicara das funções executivas no grupo. Apesar dos rumores de que tinha sido forçado a abdicar, Jack Ma tem reiterado que não foi pressionado pelas autoridades para sair de cena.

Nos últimos anos, o investidor passou a ter uma presença discreta. Porém, as participações que detém na Alibaba e na Ant Financial levam a Bloomberg a estimar que tenha uma fortuna de 32 mil milhões de dólares, a 51.ª maior do mundo.

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“Não é uma experiência se soubermos que vai funcionar.” Este é um dos vários aforismos sobre negócios de Jeff Bezos, que aos 60 anos é o segundo na lista dos mais ricos do mundo. O empresário fundou a Amazon em 1994, quando tinha 30 anos. Nessa altura, depois de analisar várias previsões sobre o crescimento exponencial no número de utilizadores de internet, decidiu criar um plano de negócios para fundar uma empresa que pudesse tirar partido daquela revolução tecnológica. A convicção nessa ideia foi de tal ordem, que Bezos se despediu de um emprego bem pago num fundo de investimento de Wall Street para lançar uma empresa de comércio eletrónico numa garagem em Seattle.

Um dos pontos críticos do plano de negócios era decidir o que começar a vender. Numa entrevista em 1997, Bezos explicou porque resolveu apostar nos livros. “Há, de longe, mais itens nessa categoria do que em qualquer outra. A música é número dois, existindo mais de 2 000 CD ativos em qualquer momento. Mas no mercado livreiro, há mais de três milhões de livros em todas as línguas, mais de 1,5 milhões apenas em inglês. Quando se tem tantos itens, pode literalmente construir-se uma loja online que não poderia existir de nenhuma outra forma.”

206 mil milhões de dólares – Valor da fortuna de Jeff Bezos

Para lançar o negócio, Bezos tentou convencer familiares e amigos a investir. A maior parte rejeitou a proposta, mas, ainda assim, o empresário conseguiu angariar cerca de um milhão de dólares, com 25% desse valor a ser assegurado pelos pais. A partir daí foi sempre a crescer. Em 1997, a Amazon entrou em bolsa, num negócio de 54 milhões de dólares, com cada ação a valer 18 dólares (ou 7,5 cêntimos de dólar se o valor for ajustado aos sucessivos desdobramentos de ações). Aos livros juntaram-se a música, os DVD e quase tudo o que se possa imaginar, incluindo retalho alimentar. A estratégia permitiu à Amazon tornar-se a grande empresa mundial de comércio eletrónico. A empresa não se diversificou apenas nos produtos que vende na sua plataforma de e-commerce, já que atualmente está presente em muitas outras áreas de negócio. Através da Amazon Web Services, é líder de mercado nos serviços de computação em nuvem e tem subsidiárias dedicadas a Inteligência Artificial, entretenimento, satélites e carros autónomos.

No ano passado, a gigante americana teve um lucro de 30,4 mil milhões de dólares e receitas de 575 mil milhões de dólares. Atualmente, os títulos da Amazon valem cerca de 180 dólares e a capitalização bolsista é de 1,9 biliões (milhões de milhões) de dólares, estando no top 5 das cotadas mais valiosas do mundo. Já Jeff Bezos tem um património avaliado em 206 mil milhões de dólares e, além da Amazon, tem investimentos noutros setores. É um dos multimilionários na corrida ao Espaço, numa competição aguerrida com Elon Musk, e investiu também no setor da comunicação social com a compra do Washington Post por 250 milhões de dólares.

Segundo vários artigos sobre os bastidores da fundação da Amazon, quando Bezos propôs aos pais e amigos investirem numa empresa de comércio eletrónico que iria vender livros, calculou que estes teriam 70% de risco de perder o dinheiro. No entanto, 35 anos depois, a experiência certamente que funcionou muito melhor do que o esperado.

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“Compre como um bilionário.” Se abriu recentemente o Facebook ou fez uma pesquisa num motor de busca, com quase toda a certeza que já se deparou com este slogan. É a ideia-chave de uma arrojada estratégia publicitária da Temu que tem permitido à aplicação de comércio eletrónico – detida por uma empresa chinesa fundada por um antigo funcionário da Google – crescer a um ritmo acelerado na Europa e nos EUA. Em Portugal, a aplicação está também entre as mais descarregadas e visitadas.

A entrada de rompante desta plataforma, e também da igualmente chinesa Shein, veio alterar o jogo de forças no setor de comércio eletrónico, causando problemas à todo-poderosa Amazon e dificultando a vida a empresas ocidentais, portuguesas incluídas, na tarefa de vender online. Algumas das táticas destas plataformas são consideradas manipulativas por associações de consumidores e têm como objetivo fazer com que os utilizadores comprem mais… Mesmo que sejam produtos de que não precisam. 

A estratégia agressiva da Temu e de outras plataformas chinesas como a Shein, por exemplo, tem gerado apreensão junto das autoridades europeias e americanas. Aliás, em Bruxelas e em Washington, têm sido tomadas medidas para tentar refrear o ímpeto daquelas plataformas, o que pode abrir mais uma frente nas batalhas comerciais entre o Ocidente e a China. Por um lado, existem suspeitas de que estas empresas não controlam o respeito pelos direitos humanos dos comercializadores que vendem produtos na sua plataforma. Por outro, a Temu e a Shein aparentam ter-se especializado em contornar as regras da União Europeia e dos EUA para a importação de produtos de baixo valor. Além disso, existem preocupações sobre se os produtos vindos da China cumprem as normas de segurança europeias.

A gigante fundada por Jeff Bezos, o qual detém ainda mais de 8% da empresa, estuda formas de responder ao crescimento da Shein e da Temu

Também as associações de consumidores têm expressado preocupações. No caso da Temu, a Deco e outras 16 entidades que integram a Organização Europeia de Consumidores apresentaram queixa aos coordenadores de serviços digitais nacionais sobre a plataforma. “O que motivou a nossa queixa, bem como as das restantes organizações de consumidores, é o facto de, no nosso entender, esta plataforma não estar a cumprir várias das suas obrigações legais, não garantindo assim aos seus utilizadores um ambiente online seguro, previsível e confiável conforme exige a lei”, refere Luís Pisco. O jurista da Deco detalha à VISÃO que, “entre outras coisas, entendemos que os consumidores desta plataforma estão a ser vítimas de técnicas de manipulação, como a utilização de padrões obscuros, falta de transparência sobre a forma como recomenda produtos aos utilizadores, ou o facto de a Temu não garantir a rastreabilidade dos comerciantes que operam na sua plataforma”.Na sequência dessa queixa e da entrada da Temu e da Shein na lista das plataformas em linha de muito grande dimensão, a Comissão Europeia solicitou às duas empresas mais informações, sob pena de lhes abrir um processo por não respeitarem as regras europeias. Bruxelas quer saber de que forma as duas aplicações permitem aos utilizadores notificar produtos ilegais, se os interfaces salvaguardam a obrigação de não enganar ou manipular os utilizadores e obter garantias de que a proteção de menores, a transparência dos sistemas de recomendação e a rastreabilidade dos comerciantes estão asseguradas.

Do lado das empresas, a mensagem é de quererem cumprir o exigido por Bruxelas. Questionada, fonte oficial da Temu garantiu que a empresa “está totalmente comprometida em aderir às regras e aos regulamentos delineados no Regulamento dos Serviços Digitais para assegurar a segurança, a transparência e a proteção dos nossos utilizadores na União Europeia”. Também a Shein, num comunicado, afirmou que partilhava a ambição da Comissão Europeia de garantir que os consumidores na UE possam fazer compras online com tranquilidade. “Estamos empenhados em desempenhar a nossa parte”, afirmou Leonard Lin, o diretor global de relações públicas da plataforma de venda de produtos de moda.

A fórmula da Shein e da Temu

A grande questão é como é que a Shein e a Temu conseguiram ganhar tantos utilizadores em tão pouco tempo. O percurso dos fundadores das duas empresas dá algumas pistas para responder a essa pergunta. Colin Huang, que criou a dona da Temu, é um antigo engenheiro da Google, que se especializou na utilização de publicidade segmentada e em técnicas de otimização de motores de busca (SEO, na sigla em inglês). Utilizou essas ferramentas para dar visibilidade aos vários sites de comércio eletrónico e de jogos online que foi lançando antes de fundar a PDD Holdings, que detém a plataforma Pinduoduo na China e se lançou, em setembro de 2022, mais nos mercados ocidentais com a Temu. A experiência do fundador da empresa na criação de videojogos pode ajudar a explicar os jogos semelhantes aos de casinos online na plataforma e que incentivam a que se consuma cada vez mais. Também Chris Xu, o líder da Shein, se especializou em estratégias de SEO antes de lançar a sua empresa.

No entanto, os segredos das duas empresas vão bem além do domínio das técnicas para se destacarem na infinidade de vendedores e de conteúdos na internet. Carolina Afonso, CEO do Gato Preto e professora convidada no ISEG na área de Gestão Estratégica e Marketing, detalhou à VISÃO o que permitiu àquelas empresas alcançarem uma expansão rápida nos mercados europeus. A especialista considera que conseguiram combinar fatores que criam um “ecossistema atrativo que acelera a adoção e a popularidade destas marcas”.

A começar pelos “preços muito baixos, atraindo consumidores sensíveis ao preço”, destaca Carolina Afonso. Mas incluindo também uma “vasta gama de opções de moda e acessórios, o que permite que os consumidores encontrem facilmente produtos que correspondam às suas preferências e também artigos de compra por impulso, criando necessidades supérfluas que acabam por resultar em vendas devido ao baixo preço”. A juntar a isso, a Temu e a Shein fazem grandes investimentos “em marketing nas redes sociais, influenciadores digitais e anúncios de publicidade segmentados, aumentando a visibilidade e atraindo novas audiências. Construíram ainda “sistemas eficientes de logística e parcerias estratégicas que permitem entregas rápidas e a preços baixos, aumentando a satisfação do cliente” e “aplicações com interfaces intuitivas e uma experiência de compra agradável e que contribuem para a fidelização”. E por fim, conclui a professora do ISEG, estas plataformas recorrem a “campanhas agressivas de promoções, descontos e programas de fidelização que incentivam compras recorrentes”.

Com todos estes ingredientes é fácil perceber a disseminação rápida destas plataformas. Assim, num ciclo económico em que os consumidores ainda estão a sarar as feridas abertas pela crise inflacionista dos últimos anos, a questão do preço é essencial. Mas como é que a Temu e a Shein conseguem valores tão baixos? Pedro Lopes Sousa, que já passou pela AliExpress e pela Amazon e dirige atualmente a consultora Porto Advisors, considera que as estratégias “hiperagressivas” neste campo são “suportadas por subsidiação de preços pela plataforma como estratégia de aquisição de clientes e de captação de dados, além de seguirem o modelo fast-retail, de replicar rapidamente os produtos oferecidos por cadeias semelhantes como a Zara, a preços inferiores”.

No caso da Shein, por exemplo, a empresa argumenta que os seus preços baixos se devem a ganhos tecnológicos e a uma estratégia eficiente. Fonte oficial da plataforma refere à VISÃO que, “contrariamente a algumas perceções erradas, mantemos os nossos preços acessíveis através do nosso modelo de negócio que tem como base a tecnologia, a procura em tempo real e uma cadeia de abastecimento flexível”. Detalha que a empresa começa apenas com entre 100 a 200 peças de cada novo produtos e que depois recolhe e avalia as opiniões dos clientes em tempo real, e apenas faz o restock dos produtos que os consumidores querem. “Esta estratégia evita os problemas da superprodução e reduz drasticamente o desperdício em comparação com o modelo tradicional de fast fashion”, defende a Shein, asseverando que tem “taxas não vendidas consistentemente na casa de um dígito, em comparação com até 40% de desperdício para os retalhistas tradicionais”.

O lado B dos preços baixos

Além da proteção dos consumidores, há outros receios em torno de algumas plataformas de comércio eletrónico. Abrindo mais uma frente de tensão com a China, o Congresso dos EUA aprovou, em 2021, a Lei de Prevenção ao Trabalho Forçado de Uigures. No âmbito dessa legislação, são produzidos relatórios regulares. Num deles, divulgado em junho do ano passado, uma das conclusões foi que existia “um risco extremamente elevado de as cadeias de abastecimento da Temu estarem contaminadas com trabalho forçado”. Essa investigação levou os congressistas a pedirem informações também a outras empresas, como a Shein, a Nike e a Adidas, para avaliar se estavam a recorrer a fornecedores que usassem mão de obra forçada.

Mais recentemente, quando surgiram notícias de uma possível entrada da Shein na bolsa de Londres, a Amnistia Internacional denunciou más práticas da plataforma. “É profundamente preocupante que uma empresa com normas laborais e de direitos humanos questionáveis e um modelo de negócio de ultrafast fashion insustentável possa vir a colher centenas de milhões de libras através de uma venda de ações e de uma cotação na Bolsa de Valores de Londres”, referiu a organização não governamental.

Bruna Coelho, da Amnistia Internacional Portugal, detalha à VISÃO que “o sistema da Shein envolve a subcontratação do fabrico de peças de vestuário numa cadeia de pequenos produtores na China – com pouca transparência e responsabilidade relativamente ao salário ou às condições suportadas pelos trabalhadores – e onde não existe qualquer direito legal de reunião ou de sindicalização”. A organização não governamental mostra-se “preocupada com as acusações de que é utilizado algodão colhido em condições de trabalho forçado (da região de Xinjiang)”. Também existe apreensão porque “grande parte desta ultra-fast fashion acaba rapidamente por ser despejada em aterros, poluindo frequentemente as comunidades do Sul Global”.

Questionada pela VISÃO, fonte oficial da Shein revelou que se reuniu com a Amnistia Internacional para responder a esses receios. E garantiu que “as nossas auditorias regulares a fornecedores têm mostrado uma melhoria consistente no seu desempenho e na sua conformidade. Isso inclui melhorias para assegurar que os trabalhadores são compensados de forma justa pelo trabalho que fazem”, afirmando que uma análise recente que incidiu sobre as condições “de mais de 4 000 trabalhadores de fornecedores da Shein concluiu que ganhavam salários base que, em média, eram duas vezes superiores ao salário mínimo local”. A análise abrangeu fornecedores da área de Shenzhen, onde a remuneração mínima mensal ronda os €300.

A Comissão Europeia planeia acabar com algumas isenções de taxas aduaneiras para proteger as empresas europeias da concorrência desleal da Shein e da Temu

As preocupações com as condições de trabalho na China e os receios de mão de obra forçada não são novos. Em 2020, um relatório do centro de estudos Australian Strategic Policy Institute identificou 82 empresas chinesas e ocidentais que poderiam estar a beneficiar, direta ou indiretamente, da utilização de trabalhadores uigures que foram forçados a ir trabalhar para várias regiões da China. Entre elas estavam a Amazon, mas também outras marcas bem conhecidas, como a Microsoft, a Apple ou a Zara, por exemplo.

Geralmente, após esses relatórios, as empresas reforçam os seus mecanismos de vigilância das cadeias e abastecimento. A Amazon, por exemplo, considerou as alegações do relatório “alarmantes” e pediu “uma resposta forte e coordenada dos governos e da comunidade empresarial”, realçando que iria aprofundar as investigações dos fornecedores da sua cadeia de abastecimento. Além de auditorias independentes, as empresas podem evitar fornecedores que recorrem a trabalho forçado dos uigures, consultando a lista coligida pelas autoridades dos EUA sobre entidades suspeitas de produzir bens com recurso a mão de obra forçada de minorias étnicas.

No entanto, no caso da Temu, o relatório do Congresso dos EUA concluiu que esta “não tinha nenhum sistema que assegurasse o cumprimento da Lei de Prevenção ao Trabalho Forçado de Uigures”.

O contra-ataque da Amazon

A Temu e a Shein estão a crescer rapidamente. No ano passado, a PDD Holdings quase duplicou as receitas totais, para 34,9 mil milhões de dólares. Também o resultado líquido cresce 90% para cerca de 8,5 mil milhões de dólares, impulsionado sobretudo pela plataforma Pinduoduo na China. No mesmo sentido, a Shein reportou um lucro recorde de cerca de dois mil milhões de dólares em 2023, mais do que duplicando face ao ano anterior. Vendeu produtos no valor de cerca de 45 mil milhões de dólares.

No seio da Amazon, começam a surgir alguns sinais de preocupação e de adoção de estratégias defensivas. De acordo com algumas notícias na imprensa internacional, uma das soluções poderá passar pela criação de uma nova secção no seu site dedicada a produtos com preços baixos e, eventualmente, de menor qualidade. Questionada pela VISÃO sobre a forma como pretende responder a esta nova concorrência, fonte oficial da Amazon referiu: “Estamos sempre a explorar novas maneiras de trabalhar com os nossos parceiros de venda para satisfazer os nossos clientes com mais seleção, preços mais baixos e maior conveniência.”

Por seu lado, Carolina Afonso nota que “a Shein e a Temu apresentam vários desafios para empresas estabelecidas como é o caso da Amazon. Com produtos a preços extremamente baixos, forçam a que se tenha de reconsiderar estratégias de preço e margens para competir”. Ainda assim, o impacto poderá ser maior em empresas com modelos de negócio mais semelhantes aos da Temu, como é o caso da AliExpress. Aliás, uma análise no Financial Times recomendava à Amazon que não entrasse na batalha dos produtos low cost e que até poderia ser positivo ceder alguma quota de mercado, tendo em conta os processos relacionados com práticas anticoncorrenciais que tem enfrentado na UE e nos EUA.

Apesar do rápido crescimento da Temu e da Shein, para já, alguns analistas não anteveem estragos de maior no negócio da Amazon. No caso do mercado dos EUA, por exemplo, a equipa de análise da consultora financeira Morningstar estima que a Temu não vá além de uma quota de mercado de 2,5% até 2028.

Impacto em Portugal

Já para muitas empresas portuguesas, esta concorrência feroz no comércio eletrónico pode trazer problemas. As compras online cresceram rapidamente e as estimativas é de que tenham cada vez mais importância para o negócio de retalho. Mas estes novos marketplaces chineses podem gerar dificuldades. “Criam desafios significativos para as empresas de retalho portuguesas, nomeadamente para aquelas que têm como fator de diferenciação os preços baixos”, observa Carolina Afonso. Defende que, nesses casos, “há que repensar estratégias de pricing e pensar em como criar valor para lá do preço”.

Além disso, realça a especialista em Gestão Estratégica e Marketing, a Temu e a Shein “são também um forte concorrente a todas as que têm uma ampla gama de produtos e que apostam na variedade de stock e de novidades constantes. Para estas, a aposta na inovação é essencial.” A resposta das empresas nacionais, conclui Carolina Afonso, pode passar pela aposta “na sua diferenciação, focando-se em produtos únicos, de qualidade superior e com atendimento personalizado, em estabelecer parcerias locais para oferecer exclusividade, em fortalecer a presença online e em apostar em modelos de logística mais eficientes e na sustentabilidade, na economia de proximidade e no made in Portugal”.

Contundo, as empresas de logística e distribuição estão a conseguir aproveitar o crescimento do comércio eletrónico. É o caso dos CTT. Depois de ter tido o negócio sob pressão devido ao menor volume de serviços postais, a empresa está a aumentar as receitas no segmento de expresso e encomendas. Subiram 49% no primeiro semestre, para €210 milhões. “Temos feito parcerias com players logísticos internacionais muito relevantes, como a Amazon, e capturado grandes clientes internacionais, como a Temu ou a Shein, e é inegável que a entrada dos e-sellers chineses no mercado europeu ajudou a aumentar as compras online e criou novos hábitos de consumo, trazendo mais pessoas para o comércio eletrónico e reforçando o hábito de consumo em quem já comprava”, revela à VISÃO fonte oficial dos CTT. Adianta ainda que, em 2023, a empresa processou 100 milhões de objetos nos 17 centros logísticos que servem Portugal e Espanha.

Nova frente na guerra comercial

Além das preocupações sobre a proteção dos consumidores e os eventuais abusos nas cadeias de abastecimento das empresas, as autoridades europeias e dos EUA também estão atentas à forma como a Temu, a Shein e a AliExpress tiram partido da isenção de tarifas aduaneiras para conseguirem colocar produtos com preços muito baixos nos mercados ocidentais.

Na UE, por exemplo, as importações de produtos abaixo de €150 não precisam de pagar essas taxas. No ano passado, foram comprados mais de 2,3 mil milhões de produtos fora da UE abaixo desse valor, muitos deles vindos da China. Já nos EUA, onde o limite são 800 dólares, cerca de um terço das importações isentas de taxas aduaneiras vieram da Temu e da Shein.

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Na prática, essas exceções permitem que as empresas chinesas não tenham grandes custos para inundar o mercado europeu e americano de bens com valores de produção muito mais baixos, afetando as concorrentes ocidentais. Assim, segundo o Financial Times, a Comissão Europeia está a avaliar o fim dessa isenção. Também nos EUA se avaliam formas de restringir a entrada de produtos de baixo custo oriundos de marketplaces chineses. Esta é mais uma frente de batalha nas disputas comercias entre os blocos económicos, que tem sido marcada pela introdução de novas tarifas, como aconteceu recentemente na Europa com o aumento das taxas de importação de carros elétricos made in China.

No entanto, a Shein e a Temu aparentam estar a tomar medidas para se distanciarem das tensões entre o Ocidente e Pequim. A plataforma de produtos de moda tem sede em Singapura, enquanto a Temu instalou o seu quartel-general na Irlanda. Além disso, de acordo com o Financial Times, a empresa dá sinais de querer recrutar vendedores que tenham armazéns na Europa e nos EUA para não ser penalizada por eventuais alterações nas isenções de tarifas aduaneiras. Essa mudança de estratégia aumenta os custos para as empresas que fornecem na sua plataforma, o que motivou protestos à frente de escritórios da PDD, na China.

Caso Bruxelas aperte o cerco a estas plataformas, é bem provável que as dificuldades da Temu, da Shein ou da AliExpress em colocarem produtos baratos na Europa aumentem. Mas a história recente destas empresas mostra que podem ser bastante rápidas e criativas a adotar novas estratégias para criar nos consumidores a sensação de que estão a comprar como se fossem bilionários.

Guia para evitar compras supérfluas e por impulso

As aplicações de comércio eletrónico estão desenhadas para incentivar a compra por impulso ou de produtos que não são necessários. Porém, há algumas estratégias para ter o controlo do que se quer comprar e gastar

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Definir um orçamento
Tendo em conta os rendimentos mensais, definir e cumprir um limite máximo para o valor a gastar em compras por mês pode ser uma boa maneira de prevenir gastos acima do pretendido. É importante que esse montante seja estipulado de forma realista, refletindo a situação financeira do consumidor e os custos com bens e serviços essenciais que precisam de ser pagos mensalmente.

Usar filtros na pesquisa
Quando se procura um produto numa aplicação de comércio eletrónico, é possível filtrar a pesquisa para ir direto à categoria onde se insere o item que está a pensar comprar. Usar essa funcionalidade ajuda a ir diretamente ao que pretende sem ter de navegar por vários produtos, diminuindo a probabilidade de comprar algo de que não precisa.

Fazer uma lista dos produtos de que necessita
Definir os produtos de que precisa e manter-se fiel a essa lista é uma boa estratégia para resistir à vontade de comprar itens supérfluos sugeridos pelas plataformas de comércio eletrónico.

Apontar despesas
Uma estratégia eficaz para não perder o fio à meada nos gastos em plataformas de comércio eletrónico é anotar numa folha de cálculo ou num caderno os valores das compras que são feitas nessas aplicações.

Desativar notificações e emails
Algumas aplicações de comércio eletrónico bombardeiam os ecrãs com notificações ou inundam caixas de email com anúncios de ofertas especiais, desenhadas para serem tentadoras. Assim, desativar essas funcionalidades no telemóvel ou cancelar a subscrição de emails é uma boa maneira de impedir que se seja impelido frequentemente a entrar nas plataformas.

Aguardar antes de comprar
Há plataformas de comércio eletrónico que tentam criar a urgência da compra, oferecendo descontos ou promoções por tempo limitado. Isso incentiva as compras por impulso, mas definir e cumprir a regra de aguardar um razoável período de tempo antes de concluir a transação é uma boa maneira de evitar gastar dinheiro de forma não planeada. Por vezes, a melhor solução pode ser mesmo dormir sobre o assunto.

Comparar preços
Antes de fazer uma compra, gastar algum tempo a comparar os preços nas diversas plataformas pode ajudar a poupar dinheiro na obtenção do produto pretendido.

Desconfiar de ofertas demasiado boas
Diz a sabedoria popular que “quando a esmola é grande, o pobre desconfia”. Assim, produtos que tenham um preço muito abaixo dos valores normais são motivo para ter cuidados redobrados e fazer uma pesquisa adicional sobre o item e o vendedor em causa.

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