É o rosto principal da canoagem portuguesa e um dos porta-bandeiras da comitiva nacional em Paris. Não promete medalhas, mas dá a garantia de que vai dar tudo para poder subir, pela terceira vez, ao pódio nos Jogos Olímpicos.

​Qual é o primeiro objetivo para os Jogos Olímpicos de Paris 2024?

Conseguir chegar na minha melhor forma física e mental. O nível competitivo está muito alto na canoagem, e vou precisar de estar muito concentrado e focado. Só depois de garantir um lugar na final é que poderei começar a sonhar com algo maior.

E na final, qual é o objetivo?

Tentar dar um grande espetáculo, honrar Portugal e os portugueses. Não prometo medalhas, porque quem mais promete mais falha.

Está focado em tentar fazer história ou ansioso por fazer história?

Focado, só. Com a minha idade já não me é permitido ter ansiedade [risos].

É a sua quarta participação em Jogos Olímpicos. O que mudou no Fernando Pimenta de 2012 para o de 2024?

Mudou pouca coisa, apenas acrescentei experiência. Os altos e baixos ajudaram-me a aprender e a ter consciência de que, mesmo estando na minha melhor forma, como acontecia nos Jogos do Rio 2016, há sempre fatores externos que podem estragar a nossa prova.

Atualmente há mais competição? Quais são os principais adversários?

São bastantes. Há, pelo menos, dois húngaros, dois alemães, um checo, um australiano e um bielorrusso, que vai competir sob bandeira neutra, e ainda um espanhol e um argentino, que têm estado a treinar connosco. O nível competitivo será mesmo muito alto. E na canoagem, num dia bom, qualquer atleta que chegue à final pode lutar pelo título. Espero ser um deles.

Nos primeiros Jogos Olímpicos era um miúdo, agora é um veterano. Sente isso como uma vantagem ou uma desvantagem?

Nem uma coisa nem outra. Nos primeiros Jogos, era um miúdo, mas tinha o Emanuel Silva na embarcação comigo, com muita experiência. Quando somos mais novos, somos um bocadinho mais atrevidos, depois, com a experiência, acabamos por aprender a gerir o nosso esforço e as nossas expectativas.

Já é dos mais velhos em competição?

Há um francês com mais de 40 anos. Depois dele, sou o mais velhinho.

A experiência dá vantagem?

Sim, muito embora os atletas novos, dos países desportivamente importantes, têm sempre quem lhes forneça as ferramentas necessárias para não tremerem no momento da prova. Os alemães, por exemplo, são muito frios na hora de competir.

Ao longo destes anos, o treino evoluiu ou mantém-se igual?

A experiência obriga-nos a melhorar alguns aspetos, a fazer algumas adaptações, mas a essência mantém-se igual.

Não há truques.

Não há magia. É só trabalho.

E também se treina a força mental?

Sim. Desde os Jogos de Tóquio que comecei a trabalhar com uma psicóloga, a tempo inteiro. Ela tem-me ajudado bastante, tantos nos bons como maus momentos. Ajuda-me a tentar encontrar os pontos positivos e não só a olhar para o copo meio vazio.

Numa final, a força mental é mais importante do que a força física?

São as duas muito importantes, mas ter uma boa dose de força mental é decisivo, é meio caminho andado para o êxito. Todos os atletas que chegam a uma final dos Jogos Olímpicos têm de estar no seu máximo em termos físicos, mas depois o que faz a diferença é a cabeça.

O que a experiência de um atleta olímpico pode ensinar, nesse campo, à sociedade?

Em primeiro lugar, temos de conseguir traçar objetivos a curto, médio e longo prazo. Assim, mesmo que se falhe um objetivo imediato, de curto prazo, podemos começar, logo no dia seguinte, a trabalhar e a concentrarmo-nos noutros objetivos. Caso contrário, só por termos falhado um objetivo, ficamos perdidos, sem motivação. É importante ter sempre novas metas para alcançar. Depois, precisamos de ter consciência de que temos um prazo de validade. Eu, por exemplo, até posso pensar que consigo ser campeão olímpico aos 50 anos, mas tenho de perceber que a probabilidade de isso acontecer não chega a um por cento. Portanto, temos de saber planear muito bem os objetivos em função do tempo. Normalmente, no início de cada ano, traço objetivos desportivos, profissionais e familiares. E isso ajuda-me muito.

Nesses objetivos está a meta de se tornar, em Paris, o atleta português mais medalhado de sempre em Jogos Olímpicos?

Sem dúvida que gostava de deixar essa marca, mas, mesmo que isso não aconteça, acho que toda a minha carreira já está bem recheada.

Aprende-se mais com as derrotas ou com as vitórias?

Com as duas, mas é certo que as derrotas ou os momentos menos bons nos ajudam a ser mais fortes e mais resilientes. Quando conseguimos dar a volta a um resultado pior do que aquele que ambicionámos, tornamo-nos melhores.

O mais importante é tentar sempre ultrapassar os nossos limites, os nossos próprios recordes. Se o fizermos, os resultados vão aparecer, no desporto e na vida

Tem o mesmo treinador desde sempre. Esse tipo de parceria tem sido, em tantos casos, a fórmula dos campeões.

É uma vantagem, claramente. Ter o mesmo treinador, desde sempre, deixa-me bastante confiante e animado. Já nos conhecemos muito bem e acabamos por nos complementar. Claro que também temos as nossas discórdias, até porque algumas vezes, nos momentos que não me sinto muito bem, ele é obrigado a puxar por mim, mas ele sabe sempre adaptar o plano de treino em função dos objetivos.

Qual é o segredo dessa relação?

Confiança. A confiança mútua é o mais importante entre atleta e treinador.

Uma relação deste tipo num país com mais apoio ao desporto teria sido ainda mais frutuosa?

Penso que sim. Acho que contribuiria para uma maior longevidade e até para uma produtividade um bocadinho melhor. Se calhar, incentivaria mais atletas a tentar chegar a estes patamares.

O que falta em Portugal para que isso aconteça? Mesmo na canoagem, já não se veem tantos atletas a aparecer?

O problema é que estamos dependentes dos grandes clubes. Eu tenho a sorte de estar num, o Sport Lisboa e Benfica, que me dá um grande apoio e me ajuda bastante, mas no resto não existe nada disso. São necessários mais apoios para os atletas mais novos, de qualidade. Num projeto olímpico, o máximo que conseguimos ter são sete atletas com apoio na canoagem. Isso leva a que depois os atletas de uma segunda linha, que poderiam ambicionar subir à primeira, fiquem desmoralizados e desistam. Depois, era preciso trabalhar melhor o pós-carreira, por forma a assegurar que os atletas, que são referências e ídolos, tenham um futuro minimamente assegurado.

Quer dizer que ganha muitas medalhas pelo espírito competitivo, mas também às vezes por razões financeiras?

Não, isso não, até porque os prémios em dinheiro atribuídos pelo Estado são só para as distâncias olímpicas, e, para receber o prémio, temos de ficar nos três primeiros lugares de um Mundial ou de um Europeu. O que acho é que se devia apoiar melhor não só os que ganham medalhas mas também aqueles que podem ambicioná-las.

Falta organização ao desporto português para se poder enquadrar os talentos que aparecem?

Sim. No outro dia, quando perguntei a um colega espanhol qual a razão para o sucesso do desporto em Espanha, ele deu-me uma resposta esclarecedora: basicamente, eles tinham feito um copy-paste do modelo alemão. Só tiveram de adaptar esse modelo às circunstâncias e às suas características. Nós podíamos fazer uma coisa parecida.

Duas ou três coisas que poderiam ser feitas?

Primeiro, acho que a profissão de atleta de alta competição devia ser reconhecida como de desgaste rápido. Nós acabamos as nossas carreiras completamente destruídos, tanto ao nível físico como também, às vezes, em termos psicológicos. Depois, sei que, nalguns países, os medalhados olímpicos ganham uma subvenção vitalícia, o que lhes permite encarar o futuro com tranquilidade. E estou a falar de países com dimensão semelhante à nossa. Finalmente, penso que deveriam existir incentivos fiscais para os atletas e para os clubes.

O que têm os Olímpicos de especial?

Os Olímpicos são o topo. Só o facto de se conseguir o apuramento representa já o coroar de muito trabalho. Em especial na canoagem, que é uma modalidade bastante ingrata, porque só conseguimos diretamente as primeiras vagas com boas classificações no Mundial do ano anterior.

Falhar um apuramento pode ser dramático?

Sim. Faz com que seja preciso esperar mais quatro anos por uma nova oportunidade, e em quatro anos tudo pode acontecer: podem aparecer outros atletas, podemos sofrer lesões. Na canoagem, conseguir um apuramento olímpico já é uma vitória.

Como caracteriza o ambiente nos Jogos? Há mesmo o chamado espírito olímpico?

Para mim, é competição pura e dura. Não vou aos Jogos para fazer amigos. É esse o meu pensamento. Posso fazer amigos nas semanas antes ou depois dos Jogos Olímpicos, tal como também posso visitar Paris em qualquer altura. Em Tóquio, as únicas coisas que eu conheci na Aldeia Olímpica foram o ginásio, a cantina, a avenida principal e o meu quarto. Estava lá para competir, para dar o meu melhor. Queria estar concentrado. Quando se tem um compromisso com o País, com os patrocinadores, com a família, com os amigos, com as pessoas que apostam em nós, temos de ser o mais profissionais que nos for possível. É isso que eu tento ser sempre.

Só pensa em ganhar, ganhar e ganhar…

Uma vez perguntei a um colega alemão, que tinha conquistado o bronze nos Jogos de Londres 2012, por que razão, nesse dia, não tinha comemorado a conquista da medalha olímpica, que juntava à de ouro, ganha em Pequim 2008. A resposta dele foi fria, mas esclarecedora: na Alemanha, existem muitos segundos e terceiros lugares; para nós só conta o ouro. Demorei algum tempo a processar aquilo, mas depois fui ver a lista de medalhas da Alemanha e, de facto, é mesmo impressionante. Fiquei com a frase dele para sempre gravada: a medalha de ouro é que faz a diferença.

Diverte-se a treinar?

Tem dias [risos]. É importante conseguir obter prazer no treino, mesmo quando nos estamos a forçar tanto. Se estiver a ter esse prazer, os dias seguintes, por mais duros que sejam, vão custar menos. E sabe muito bem sentir as peças a encaixar-se no treino: o barco a deslizar melhor, a navegar como eu gosto, e o corpo a responder ao que desejo.

É preciso gostar do que se faz?

Por obrigação não se consegue nada. Se treinarmos apenas por obrigação, corremos o risco de, depois de um resultado menos bom, entrarmos numa depressão e de a nossa carreira até poder acabar. Por isso é que tento desfrutar ao máximo do processo do treino e da competição. Mas, como é óbvio, eu gosto é de vencer. Já não estou no patamar em que só vou para participar.

Como foi a preparação para estes Jogos Olímpicos? Quantos dias em estágios?

Boa pergunta [risos]. Acho que, desde o início do ano, passei duas semanas em casa…

E isso custa?

Nesta fase em que tenho filhos, custa mais. No outro dia, por exemplo, a minha filha, de 3 anos, virou-se para a minha mulher e disse-lhe: “Ó mãe, porque não vais treinar e fica o pai em casa?” O mais novo, que ainda não tem um ano, não percebe, mas ela já sente muito as minhas ausências. Mas, pronto, já falta pouco para chegarmos ao grande objetivo e, depois, o resto da época será mais tranquilo.

Até quando tem objetivos de carreira, agora que já tem 34 anos?

Sou um bocado maluco nessas cenas [risos]. Sim, já tenho objetivos para a próxima época: quero ser campeão no Europeu de Maratonas, que vai decorrer em Portugal, e também tenho objetivos para os Jogos de Los Angeles 2028, se calhar voltar a integrar um barco de equipa, mas sem descurar o K1 1000 metros.

E os Jogos de Brisbane 2032, na Austrália, também não?

[Risos.] Nunca se sabe, embora ache que a Austrália poderá ser demasiado em termos mentais. E porque quero dedicar também algum tempo à minha família.

No fim, como gostaria de ser recordado pelos portugueses?

Acho que começo a sentir cada vez mais que os portugueses me veem como uma boa referência: um atleta que deu tudo por tudo pelo País e que sempre incentivou a população a praticar desporto e a promover um estilo de vida saudável, a todos os níveis.

Fernando Pimenta é visto também como o atleta que persiste sempre em querer mais…

Sim, é também isso que eu gostava de passar aos mais novos… e aos mais velhos, já agora. Acho que o mais importante é tentar sempre ultrapassar os nossos limites, os nossos próprios recordes. Se o fizermos, os resultados vão aparecer. No desporto e na vida.

Em terra firme

Da rotina de Fernando Pimenta faz parte o treino de corrida. São 10 kms diários e o atleta usa os novos Ultraboost da Adidas, concebidos para proporcionar ainda mais retorno de energia graças a uma nova construção na entressola. Depois da maior reformulação do modelo desde o seu lançamento, em 2015, os Ultraboost 5 resultam de um estudo que revelou que um em cada cinco jovens entre os 18 e os 24 anos cita os seus níveis de energia como a sua maior preocupação na corrida.

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E com esta são já três as medalhas conquistadas pelos atletas da representar Portugal nos Jogos Olímpicos de Paris. Os 17,84 metros no triplo salto valeram a Pichardo a prata. É o sexto português a subir duas vezes a pódios olímpicos.

O atleta de origem cubana, recordista de Portugal com 18,04 metros, repetiu duas vezes a marca dos 17,84 metros, ficando a a dois centímetros do espanhol Jordan Díaz (17,86), que já o tinha batido nos Europeus Roma2024. A medalha de bronze foi para o italiano Andy Díaz, com 17,64.

Depois de ter concluído a sua participação nos Jogos Olímpicos, com quatro medalhas de ouro em provas individuais e uma de bronze numa coletiva, o nadador francês Léon Marchand foi recebido, na segunda-feira, 5, como uma verdadeira estrela no imenso Club France, onde se reúnem os adeptos gauleses no parque de la Villete, às portas de Paris. E os gritos que ouviu, entoados por milhares, não podiam ser mais significativos acerca da adoração de que é alvo bem como do momento político francês: “Léon, Presidente!”

O entusiasmo é mais do que justificado face à proeza alcançada pelo jovem nadador que, em todas as provas, se mostrou imune à pressão que carregava aos ombros, depois de ter assumido o desafio de repetir as proezas lendárias de Mark Spitz e Michael Phelps, os únicos que ganharam quatro títulos individuais numa edição dos Jogos Olímpicos.

Simone Biles A melhor ginasta de todos os tempos voltou a encantar nos Olímpicos. EPA/TERESA SUAREZ

O êxito do novo herói do desporto francês, filho de dois nadadores olímpicos e que foi a grande figura da primeira semana de Paris 2024, tem também uma outra marca lendária: a do treinador americano Bob Bowman, o homem responsável por toda a carreira de Phelps e que, desde agosto de 2021, aceitou tentar fazer o mesmo com Marchand. 

O encontro entre os dois ocorreu da forma mais simples, mas também mais inesperada: Léon, então com apenas 18 anos, foi ao computador e enviou um email a Bowman a perguntar-lhe se poderia aceitá-lo na sua equipa, na Universidade do Arizona. O treinador ficou surpreendido com a proposta, mas aceitou o desafio. E, embora só mais tarde o tenha admitido, logo nos primeiros treinos começou a ver algumas semelhanças entre o francês e Michael Phelps, não só na rapidez com que se movia dentro de água, mas acima de tudo na atitude que demonstrava em cada treino, sempre a procurar fazer melhor e com uma concentração total.

Esse foco ficou demonstrado na piscina da Arena La Defense em Paris. Em especial, no dia 31 de julho, quando ganhou uma final muito renhida dos 200 metros mariposa e, apenas duas horas depois, repetiu o feito nos 200 metros bruços. E em ambos os casos estabeleceu novos recordes olímpicos. Perante essa demonstração de superioridade, Michael Phelps exclamou que tinha acabado de assistir a uma das maiores proezas da história da natação.

Rainha e revolucionária

Se o “Presidente” Léon Marchand pode continuar a sua epopeia olímpica daqui a quatro anos em Los Angeles, já a rainha da ginástica, a norte-americana Simone Biles, terá encerrado, em Paris, aos 27 anos, com mais quatro medalhas, uma carreira sem par, como a mais medalhada da história: 11 medalhas olímpicas e 30 em campeonatos mundiais – a maioria delas de ouro.

No entanto, se os seus números são impressionantes, a sua maior contribuição foi a autêntica revolução que gerou no desporto. E fê-lo através dos muitos exercícios que criou e aperfeiçoou na ginástica artística, mas também na atitude com que encarou as competições. Graças ao seu exemplo, em que não escondia o sorriso nem os sinais de afeto para com as colegas de equipa e até para com as adversárias, as ginastas deixaram de ter a imagem das meninas robotizadas, sempre de olhar compenetrado e a quem não era permitido exibir qualquer sinal de alegria.

Simone Biles revolucionou a ginástica artística feminina, mas também o próprio desporto, em relação à saúde mental

Finalmente, Simone Biles protagonizou outra revolução no desporto, quando abandonou a competição, nos Jogos de Tóquio, e alertou o mundo, com essa atitude, para o problema da saúde mental na alta competição.

Nos Jogos de Paris ela foi, novamente, uma das principais figuras das provas, exibindo todos os atributos que a tornaram a ginasta mais admirada do mundo, mas também revelando a sua faceta descontraída, na forma como reagiu aos falhanços nas provas individuais por aparelhos e soube ceder, com elegância, o trono dos exercícios no solo à brasileira Rebeca Andrade.

E se Marchand alcançou a glória com um treinador americano, com Simone Biles deu-se o inverso: Cécile e Laurent Landi, dois ex-ginastas franceses, são o casal responsável pelo acompanhamento diário da ginasta, há sete anos, e tiveram um papel fundamental na sua recuperação, depois da depressão em Tóquio. Conhecidos pela forma aberta com que gostam de treinar os atletas, sem a postura de rigidez que fez escolas, durante décadas, nos países da Europa de Leste, os Landi ajudaram Simone a recuperar o sorriso. E a voltar ser coroada rainha dos Olímpicos.

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Quem não se lembra do Pato Donald, da Margarida e do Tio Patinhas? Ou das aventuras do Scooby Doo e do Tom Saywer?

Os desenhos animados são, efetivamente, uma poderosa forma de expressão artística que cativa audiências de todas as idades. Por trás de cada desenho e animação, existe uma equipa de criadores dedicados, que investem o seu talento e criatividade para dar vida a personagens únicas.

Muito presente ainda se encontra na memória de todos o quanto se escreveu, no início do presente do ano, sobre o “fim dos direitos autorais do Mickey”.

Pois bem, na era digital em que vivemos, a proteção dos esforços dos aludidos criadores, ainda se mostra mais crucial. Sem esta, os mesmos ficam vulneráveis à utilização não autorizada das suas obras. Mas será essa proteção intemporal? A resposta é necessariamente negativa. Sendo, em regra, os desenhos animados, desde logo, obras protegidas por direito de autor a proteção destas é limitada, mostrando-se relevante o momento em que entram em domínio público. Nessa circunstância as obras poderão ser utilizadas, livremente, pelo público sem necessidade de qualquer prévia autorização e pagamento de royalties aos titulares de direitos.

Contudo, há que ter em consideração que a entrada de uma obra em domínio público diverge entre as legislações autorais, em todo o mundo, importando, desde logo, as diferenças entre os sistemas de copyright e do direito de autor continental.

Assim, a título de exemplo, no território português (que segue o modelo continental), o nosso Código de Direito de Autor e Direitos Conexos, estabelece, como regra geral, que o direito de autor sobre uma obra caduca 70 anos após a morte do seu criador intelectual.

Por sua vez, nos Estados Unidos da América o sistema de copyright é ligeiramente diferente, uma vez que as obras criadas em ou após 1978 entram em domínio público 70 anos após a morte do autor. Contudo, no caso de uma obra anónima, de uma obra pseudónima ou de uma obra feita por encomenda, o direito de autor é válido por um período de 95 anos a partir do ano da sua primeira publicação ou por um período de 120 anos a partir do ano da sua criação, consoante o que expirar primeiro.

Deste modo, para os criadores independentes, a entrada de uma obra em domínio público representa uma oportunidade única de reinterpretar e reutilizar personagens e histórias clássicas, criando novas obras que podem inspirar e entreter novas gerações, simplificando o processo de criação e reduzindo custos.

No entanto, é crucial que estes criadores compreendam as nuances legais envolvidas para evitar a violação de quaisquer direitos que possam ainda estar protegidos e tenham em mente que os prazos de proteção variam não só de país para país, mas também, em função das específicas obras em causa.

Acresce que, mesmo que uma obra esteja já em domínio público tal não significa que “tudo se possa fazer” com a mesma pois, para além de se manter, como acontece entre nós, um conjunto de direitos (denominados morais) sobre a obra (como sejam de oposição a qualquer deformação ou modificação), alguns elementos, como nomes de personagens e a sua aparência visual podem estar protegidos por outras vias legais, paralelas à proteção autoral, como seja através de direitos de propriedade industrial conferidos (ex. marcas).

Por fim, ao adaptar ou reutilizar obras em domínio público, os criadores independentes podem inadvertidamente incluir elementos ainda protegidos, resultando, também, em potenciais infrações e litígios.

Temos, pois, que a utilização de desenhos animados que se encontram em domínio público oferece aos criadores independentes uma oportunidade valiosa para desenvolver novas obras, sendo, no entanto, essencial a consciencialização dos desafios legais exigentes e existentes, de modo a garantir uma utilização efetivamente livre e respeitosa dos direitos de terceiros.

Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

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Encontrar o par de óculos de sol certo para o verão não passa apenas pelo sentido estético. Para além das diferentes cores e multiplicidade de formatos que existem atualmente, a escolha dos óculos de sol ideais deve também passar pela proteção que estes oferecem aos olhos. Durante os meses de verão – e consequente aumento da exposição solar – tal como a pele, também os olhos estão sujeitos aos perigos da radiação solar. A exposição não protegida aos raios UV – especialmente de forma prolongada – pode resultar no desenvolvimento de doenças oculares – como cataratas, conjuntivite ou alergias – que podem ser evitadas através da utilização de proteção adequada. No entanto, nem todos os óculos de sol são iguais ou oferecem a melhor proteção possível.

Que perigos representa a exposição solar para os olhos?

Os raios solares UV – principalmente os UVA e UVB – são especialmente prejudiciais à saúde ocular. “Num dia com luz solar muito intensa, os níveis elevados de luz tendem a saturar a retina e, por isso, a diminuir os níveis de sensibilidade ao contraste. A função dos óculos de sol é, assim, devolver à retina o nível máximo de sensibilidade ao contraste, eliminando o excesso de ‘ruído’”, explicou Álvaro Sá, oftalmologista, num artigo publicado no site do Hospital Lusíadas. A exposição solar prolongada pode levar a lesões oculares como a conjuntivite, queratite, alergias e outros problemas de saúde mais graves – como as cataratas – que, se não tratadas, podem levar a perda de visão total ou parcial, ao longo do tempo. Ademais, as lesões oculares pelos raios ultravioleta podem manifestar-se nas pálpebras – que pode sofrer queimadura solar –, na córnea – através da degeneração esferoidal da córnea –, no cristalino – associado ao aparecimento de catarata – e na retina – com o aparecimento de doenças como Degenerescência Macular relacionada com a Idade.

Os índices UV

Quando se utilizam óculos de sol, e devido à tonalidade mais escura das lentes, ocorre o aumento do tamanho da pupila – responsável por permitir a passagem da luz – de forma a facilitar a visão. Contudo, caso os óculos não possuam um elevado índice de proteção UV – que serve de barreira à penetração dos raios ultravioleta – a dilatação da pupila pode tornar-se ainda mais prejudicial. Ao contrário do que se possa pensar, as lentes mais escuras, por si só, não filtram os raios solares. Sem proteção UV, as lentes escuras apenas provocam a dilatação das pupilas, o que facilita o acesso dos raios solares.

Por este motivo, o aspeto mais importante quando se adquirem novos óculos de sol é o fator de proteção UV – radiações ultravioleta – que estes oferecem. Por norma, os óculos de sol devem conter um revestimento capaz de bloquear os raios UV. Divididos entre raios UVA – capazes de atingir as camadas mais profundas da pele e dos tecidos oculares – e os raios UVB – que atingem e penetram na camada exterior da pele e dos olhos – estes podem causar danos reais na saúde ocular.

+ Para saber mais sobre as diferenças entre os raios UVA e UVB leia aqui

Assim, deve procurar conhecer a percentagem de bloqueio dos raios solares – geralmente indicada através de uma etiqueta ou autocolante – com o símbolo “UV 400” (99% de proteção) ou “100% de proteção UV”. Para além disso, será ainda necessário perceber se os óculos possuem o símbolo CE – Conformidade Europeia – que garante que as suas lentes estão em conformidade com as normas da União Europeia.

Já as lentes polarizadas ou “espelhadas” – como são mais conhecidas – possuem um revestimento químico que filtra a luz e reduz o brilho das superfícies refletoras, mas que nem sempre significa a proteção contra os raios UV. “Isto pode reduzir a fadiga ocular e melhorar a visibilidade e o conforto durante atividades como conduzir, esquiar e andar de barco”, esclareceu Michelle Holmes, optometrista no Instituto Pacific Neuroscience, nos EUA, uma vez que o filtro polarizador colocado nestas lentes filtra, com mais qualidade, a luz refletida – na água, na areia ou em superfícies – e elimina o brilho dos planos à sua volta, mas não garante proteção extra contra os raios UV diretos, apesar da tonalidade da lente poder oferecer essa sensação.

Óculos de tonalidade clara ou escura?

É comum ouvir-se que os óculos de sol escuros oferecem uma melhor proteção contra os raios ultravioleta, contudo, tal não é necessariamente verdade. Embora as lentes muito escuras possam parecer uma melhor opção, sem os filtros UV adequados, apenas bloqueiam as faixas visíveis de luz, não a luz UV. Assim, as lentes escuras podem até levar ao agravamento de lesões oculares, por aumentarem o tamanho da pupila e deixarem entrar mais luz.

A armação

A armação dos óculos e a forma como estes assentam na cara é também um fator a ter em conta, uma vez que os óculos de sol protegem – para além dos olhos – a pele em seu redor. Se o seu tamanho não for o correto ou se não estiverem bem ajustados à cara, podem não proteger de forma adequada os olhos e a pele à volta dos raios solares. Recentemente, a popularização de formatos de óculos mais pequenos diminui a proteção que estes oferecem. 

As pessoas com olhos claros são mais sensíveis à luz?

Segundo alguns estudos, pessoas que tenham íris de tonalidades mais claras – ou seja, menos pigmentadas – têm um maior risco de Degenerescência Macular da Idade – doença degenerativa da área central da retina também conhecida por DMI – em comparação com pessoas com íris de tons mais escuros e que apresentam uma maior quantidade de melanina nos tecidos. “Estudos mostram que pacientes cujas íris são azuis (menos pigmentadas) têm mais incidência de DMI em comparação com pacientes com íris castanhas”, referiu Sá.

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A Humane produziu dez mil unidades do seu alfinete de lapela com Inteligência Artificial e tinha a expetativa de conseguir vender cem mil unidades no primeiro ano. No entanto, a reação do mercado não está a ser a que se esperava, com os clientes a devolverem os pins a um ritmo mais rápido do que a Humane os está a vender. Neste momento, segundo o The Verge, já foram devolvidas três mil unidades e permanecem sete mil nas mãos dos utilizadores.

O gadget de 700 dólares chegou a ser apelidado como o ‘pior produto já testado’ por alguns especialistas. Por exemplo, o Engadget descreve-o como “a solução para nenhum dos problemas tecnológicos”, apontando para problemas na compreensão de comandos, respostas muito lentas, e autonomia bastante reduzida, tudo isto aliado ao facto de ter um preço bastante elevado. Por fim, depois de ter sido lançado, receou-se que a caixa de carregamento pudesse representar um risco de incêndio.

A Humane quer dar a volta à situação, tentando encontrar um potencial comprador, com a HP a mostrar algum interesse, e a negociar com investidores. Sobre a notícia agora publicada, uma porta-voz cita “imprecisões” no que toca a dados financeiros citados, mas sem revelar quaisquer outros detalhes. A empresa afirma que tem trabalhado tendo em conta o feedback dos utilizadores, lançando atualizações para corrigir falhas identificadas.

Desde cedo que António Caçorino quis seguir uma carreira no mundo financeiro. Inspirado pelo pai, que fundou a boutique financeira StormHarbour, direcionou o percurso académico para essa área. Começou a carreira em Londres, cidade onde passou grande parte da infância, e seguiram-se passagens pelo banco BNP Paribas, uma boutique de investimento suíça e um fundo de private equity. Além do interesse pelo setor financeiro, o gestor de 33 anos teve sempre uma paixão pelo desporto, contando com alguns atletas como melhores amigos. Durante a pandemia, numa fase em que ficou em confinamento com o piloto António Félix da Costa, surgiu a ideia de criar uma sociedade de investimento para atletas e com foco no desporto. António Caçorino ainda regressou à sua antiga atividade, mas já com planos para lançar a APEX. Com António Félix da Costa, Pedro Félix da Costa e o piloto neozelandês Mitch Evans, o conceito arrancou a todo o gás. Pouco tempo depois, a sociedade conta já com dezenas de atletas de topo como investidores e com ativos de cerca de €100 milhões.

Como surgiu a ideia de criar uma sociedade de investimento dedicada exclusivamente ao desporto?

A fundação da empresa vem da nossa proximidade aos atletas. Sendo muito próximo de vários atletas – o António Félix da Costa é um dos meus melhores amigos desde criança – e sendo um amigo deles que estava muito ligado ao mundo dos investimentos, faziam-me muitas perguntas sobre este tema. E foi aí que comecei a perceber que eles poderiam investir de uma forma mais ativa. Antes de vermos uma oportunidade no desporto, vimos uma oportunidade com os atletas. E o setor em que fazia sentido apostar era o do desporto, porque eles entendem-no como ninguém, têm um valor comercial e um network fundamentais, o que é ótimo para qualquer empresa em que invistam. Têm ainda a vontade de ser cada vez mais reconhecidos para lá de atletas. Fundámos a empresa no final de 2020 e no primeiro ano fizemos mais de 12 investimentos, com 30 a 40 atletas, cada um com a sua história. E foi aí que começámos a perceber que tínhamos um diamante.

Como são feitos os investimentos? Através de fundos?

Temos um fundo de venture capital. Em private equity – como o investimento que temos na Alpine, por exemplo –, é tudo feito deal by deal. Queremos manter esta liberdade para não estarmos limitados a maturidades e a um determinado tipo de estratégia. Enquanto APEX, o nosso objetivo é fazer aquisições e operar, mas temos de reconhecer que somos ainda uma empresa em crescimento, portanto preferimos ter posições minoritárias com algum tipo de governance. Quando se vai levantar um fundo, tem de se ter uma estratégia bastante definida e foi assim que fizemos no nosso fundo de venture capital. Tivemos dois anos de deal by deal e percebemos exatamente qual era o nosso sweet spot e as oportunidades para definirmos uma estratégia. Eventualmente, vamos chegar a esse momento também em private equity.

Há algum objetivo para o prazo em que isso pode acontecer?

Só nos últimos seis meses já quase triplicámos o valor sob gestão em private equity e temos cada vez mais family offices, high-net-worth individuals [HNWI, pessoas com elevado património líquido] e mesmo fundos de fundos que querem entrar connosco porque se olharmos para o landscape de private equity não existe nenhum verdadeiramente expert no desporto…

Há a CVC, uma das maiores sociedades de private equity da Europa, mas não é apenas desporto…

Temos nos EUA um ou dois que nascem no desporto, mas são apenas um ou dois. Temos os americanos a entrar na Europa e temos alguns, como o CVC, que começam a criar verticais no desporto mas não nascem no desporto, que é um ativo completamente diferente em que tem de se entender certas coisas. Eles criam estratégias de desporto, mas nascem das equipas deles que não são necessariamente dessa área. Nós vemos uma oportunidade de ser o primeiro private equity no desporto que está confortável em tomar risco nesse setor. Os fundos de private equity não tomam risco de desporto.

Se a CVC ou outra grande sociedade de private equity que queira entrar no desporto tentasse comprar a APEX, vendê-la-ia?

Nesta fase, não. O preço que iriam pôr não seria o que acredito ser justo. É verdade que crescemos brutalmente nos primeiros três anos, mas a visão que temos é a de que ainda estamos nos primeiros passos. Seria um corte, quando agora fizemos a parte mais difícil. Mas claro que tudo tem o seu preço. E já tivemos conversas, até mais do lado das grandes agências mundiais…

Que tipo de agências?

Agências que lidam com atletas. Percebem cada vez mais que o atleta é uma marca. Há 30 anos, estas agências faziam apenas gestão de carreira. Há 15, começaram também a fazer gestão comercial. E esta vertical do investimento e do posicionamento tem de ser um serviço que precisam de oferecer e ainda não sabem muito bem como e olham para a APEX nesse sentido. A forma como crescemos rapidamente para os melhores atletas do mundo foi o facto de estarmos a entrar numa área onde ninguém estava.

Qual o valor sob gestão da APEX e o número de investidores?

Só em atletas, entre investidores no fundo e em deals nossos, temos mais de 100. E fora de atletas, diria que temos mais uns 30. Alguns HNWI, family offices, mas essencialmente institucionais. Sob gestão, temos acima dos €100 milhões, incluindo venture capital e private equity.

A maior parte é venture capital?

Sim. Lançámos um fundo com um objetivo de €50 milhões. Já fizemos um second close e estamos confortáveis a caminho da nossa meta.

Quais os maiores investimentos, em termos de avaliação, da APEX?

Estamos investidos numa liga de golfe, a TRW Sports, a liga criada pelo Tiger Woods e o Rory McIlroy em que investimos em dezembro de 2021, numa ronda pre-seed. Ficámos com um terço dessa ronda. Não podemos especificar valores, mas podemos dizer que a nossa participação já vale quase dez vezes mais do que quando entrámos e só agora é que os investidores mais institucionais estão a entrar. No nosso fundo, já representa um grande markup.

E quais são os investidores mais conhecidos?

O Carlos Sainz, o Lando Norris, o Valtteri Bottas. Já fizemos um investimento com o Pierre Gasly. No futebol, o John Stones, o João Mário, o Raphaël Varane, o Christian Eriksen, o Cody Gakpo. Já fizemos dois investimentos com o Anthony Joshua, do boxe. Surfistas como Kanoa Igarashi. Ciclistas como Mark Cavendish e Demi Vollering, que venceu a Volta a França feminina no ano passado, e é muito importante para nós termos atletas femininas. Vamos anunciar também o Marcelo, ex-Real Madrid.

Como é feito o processo de seleção dos investimentos?

Tivemos a sorte, pela natureza do nosso negócio e pela ligação aos atletas, de entrar num momento muito oportuno em que muita gente está a olhar para o desporto com mais respeito como classe de investimento. Antigamente, olhava-se mais como um ativo-troféu ou para marketing. Nos últimos anos essa perceção tem mudado e percebe-se que é um setor em que se pode fazer muito dinheiro e que aguenta crises. O nosso maior problema é demasiado sourcing. Chegam-nos empresas de todo o lado e, portanto, o nosso processo é muito mais de filtragem. Na parte de venture capital, é muito claro. Definimos uma estratégia, sabemos aquilo de que gostamos ou não e até chegar a uma terceira ou quarta fase do processo, é quase matemático. Sabemos o que a empresa faz, quais são os investidores, qual o potencial, se pode trabalhar com mais do que um desporto, quanto está a levantar, gostamos de ter no mínimo 5% das empresas. Há um critério que filtra e a partir daí entramos num processo de diligência. E depois temos o nosso comité de investimento, que tem de aprovar. Desde que uma empresa entra aqui até ser aprovada no comité de investimento demora entre um e dois meses.

Têm ativos em Portugal?

Na parte de venture capital, um dos nossos primeiros investimentos foi numa empresa chamada Full Venue. Foi um investimento pequeno, mas importante para nós, e a empresa tem crescido muito bem. É um software que integra com as equipas de marketing e comerciais de clubes ou de proprietários do desporto e que ajuda a fazer um marketing mais direcionado e já trabalha com federações e clubes a nível mundial.

É possível ter uma ideia da rendibilidade do fundo de capital de risco ou ainda é muito cedo para avaliar?

Temos investidores ainda a entrar. Mas num fundo de venture capital estamos a falar de dez anos de maturidade. Nos primeiros quatro a cinco anos, estamos a investir e depois temos cinco a seis anos para desinvestir. Na parte de venture capital, investe-se em empresas com mais risco e, portanto, nas que ganham, ganha-se muito mais, mas há sempre mais que perdem. Vai olhar-se muito para os markups das que estão a correr bem e temos empresas a valerem mais de dez vezes, outras quatro a cinco vezes mais e não tivemos nenhum write-off. Já temos oito participadas e todas elas positivas. O nosso objetivo é termos uma taxa de rentabilidade acima de 20% por ano.

Dentro do desporto, quais as áreas que apresentam maior potencial de valorização? Para onde está a olhar com mais atenção?

Muitas coisas. Mas vou dar alguns exemplos. Desporto feminino, sem qualquer dúvida. Tem muito por onde crescer e isso já se vê na parte comercial, com as marcas a investirem quase o mesmo dinheiro que no desporto masculino. Há um potencial de crescimento brutal. O que aconteceu nos EUA com o futebol feminino começa a ver-se agora aqui. Mesmo no Benfica, por exemplo, houve uma grande mudança nos últimos três anos. Acreditamos também muito em ligas emergentes: desportos novos que possam surgir ou variantes dentro de um desporto, mas para resolver problemas inerentes. Por exemplo, a liga de golfe em que investimos. O golfe, apesar de ter muitas estrelas, tem falta de valor mediático. Ninguém vê na televisão e mesmo ao vivo não é fácil ver os jogadores. Esta liga em que investimos tem uma parte no simulador e outra, quando se chega ao green, que é feita numa arena [com público e maior proximidade com os jogadores].

Nos últimos anos, o desporto deu sinais de ser uma classe de ativos quase à prova de crises e começou a atrair investidores financeiros. O que pode explicar este maior interesse?

Mesmo quando as pessoas estão mais limitadas financeiramente, não abdicam de ver o seu clube de futebol, por exemplo. Há uma lealdade ao desporto que poucos setores têm. E numa fase em que o mundo está mais dividido – com mais pessoas à esquerda ou à direita ou com mais ou menos dinheiro – ao apoiar o mesmo clube ou ao gostar do mesmo desporto, esse momento unifica. E isso dá uma grande resiliência. Mas há dificuldades em como monetizar os fãs, que não é fácil. Os modelos americanos fazem muito mais sentido do ponto de vista do negócio…

Na Europa esses modelos podem ser de difícil implementação. O caso da Superliga, por exemplo, não correu muito bem…

Mas são precisas essas ideias mais disruptivas. Olha-se para os EUA e vê-se que o Super Bowl, com dez vezes menos audiência, fatura seis a sete vezes mais do que a final da Champions League. Estamos a fazer alguma coisa mal. Porém, também não se pode trazer os modelos americanos, porque aqui a cultura é a base desta paixão e por isso é que as audiências são maiores e os desportos na Europa são mais globais do que nos EUA. O grande desafio é encontrar esse equilíbrio entre trazer uma abordagem mais americana e de entretenimento para a Europa sem perder a paixão à volta do desporto.

Investigadores da DeepMind combinaram um braço robótico industrial ABB IRB 1100 com um software de Inteligência Artificial personalizado para criar um robô capaz de jogar ténis de mesa com humanos. Nesta fase, os jogadores mais profissionais ainda conseguem derrotar a máquina, mas o robô venceu 45% de todas as partidas jogadas.

No estudo publicado no arXiv, a equipa escreve que “este é o primeiro agente robótico capaz de praticar desporto a um nível humano”. O trabalho envolveu 29 participantes humanos com diferentes níveis de perícia a jogar ténis de mesa, desde amadores a especialistas. O robô conseguiu vencer 100% das partidas contra os iniciantes e apresentou uma taxa de vitória de 55% contra os jogadores com um nível de habilidade intermédia.

O sistema envolve um braço robotizado com seis graus de liberdade montado em duas pistas lineares, o que lhe permite movimentar-se livremente no plano bidimensional. A visão fica a cargo de câmaras de alta velocidade que rastreiam o posicionamento da bola e uma câmara de movimento que analisa os movimentos da raquete do adversário, explica o ArsTechnica.

No cérebro desta máquina, está um algoritmo de IA que permite executar técnicas específicas deste desporto e que adapta a estratégia em tempo real ao estilo de jogo do adversário. Os investigadores contam que uma das novidades aqui foi o método de treino usado, com uma abordagem híbrida de reforço num ambiente simulado de física e com dados do mundo real.

A equipa analisou depois a experiência humana de se ter enfrentado um robô e concluiu que ”ao longo de todos os graus de aprendizagem e taxas de vitória, os jogadores concordaram que jogar contra o robô foi divertido”.

Para já, as lacunas são as bolas muito rápidas ou as que forem enviadas muito para cima, mas os investigadores pretendem conseguir rivalizar com jogadores humanos especialistas em breve.

O mercado bolsista é sempre um carrossel com subidas, descidas, loopings, curvas e contra-curvas. Mas a verdade é que os índices bolsistas traduzem os comportamentos dos resultados das maiores empresas do mundo e isso tem impacto direto na nossa vida.

O nosso Índice das maiores empresas reflete o valor bolsista de apenas 16 empresas portuguesas (antes era designado por PSI 20 porque era composto por 20 empresas, agora é apenas PSI) e tem um interesse pouco significativo. Qualquer investidor português pode (e deve) olhar para outros índices mais expressivos e robustos para fazer bons investimentos. Pois, se antigamente era preciso um papel físico e contacto direto com corretores para fazer operações bolsistas, hoje, qualquer pessoa, pode investir globalmente, sem barreiras geográficas.

Neste sentido, vale a pena perceber o que aconteceu no início de agosto com dois mercados distintos: o Japonês (nomeadamente com o Índice Nikkei 225) e o Norte-Americano (em particular com o Nasdaq, que reflete o desempenho de empresas de tecnologia). No caso deste último, foi altamente prejudicado pelos desempenhos abaixo do esperado das principais empresas de tecnologia negociadas na Bolsa dos Estados Unidos: Meta, Amazon, Apple, Alphabet, Microsoft Tesla e NVIDIA.

Não é correto simplificar todo o comportamento bolsista a um só fenómeno, pois será sempre fruto de múltiplas circunstâncias

Não é correto simplificar todo o comportamento bolsista a um só fenómeno, pois será sempre fruto de múltiplas circunstâncias, mas gostava de destacar o medo que o mercado está a sentir dos investimentos demasiado intensos em Inteligência Artificial. Não está em causa o abrandamento da inovação nesta área, mas sim as, possíveis, exageradas expetativas que se criaram sobre a IA e agora a realidade estar a obrigar-nos a rever essas mesmas expetativas. Por exemplo, vamos aguardar o que irá acontecer na apresentação de resultados da NVIDIA no final deste mês, pois parece que há projetos que não estão a ser concretizados como se esperaria. Isto é relevante porque, como disse acima, uma desvalorização nestas Magnificent 7 irão trazer fortes consequências para as carteiras de quase todo o mundo. O imediatismo de resultados e o excitamento com as novas tecnologias são muito interessantes para os investidores iniciais, mas há sempre uma fase de ajuste que será tanto mais castigadora quanto foi o excesso de entusiasmo.

Já no Oriente o fenómeno foi diferente, mas coincidente no tempo, o que só ajudou ao pânico dos mercados globais. O Japão vive há um longo período com taxas de juro próximas do zero (bem mais do que aconteceu na zona Euro) e, no início de Agosto, parece ter começado uma inflexão desta realidade de décadas. O aumento de 0,25% das taxas de juro pôs em causa o modo de atuação de muitos investidores globais que se financiavam em moeda japonesa. Este recuo de investidores levou a muitas operações de liquidação de participações, fenómeno conhecido como “sell-off”, que por sua vez levou há maior queda do Nikkei em 40 anos e ao propagação do sell-off por todos os mercados bolsistas.

Estes acontecimentos, distintos entre si mas coincidentes no tempo, têm a virtude de nos lembrar uma lição que não podemos perder de vista: os investimentos em Bolsa estão orientados pelas expetativas e nunca traduzem uma garantia real

Estes acontecimentos, distintos entre si mas coincidentes no tempo, têm a virtude de nos lembrar uma lição que não podemos perder de vista: os investimentos em Bolsa estão orientados pelas expetativas e nunca traduzem uma garantia real. Claro que a realidade é importante para a geração de expetativas e, por isso, é essencial estarmos informados dos dados macroeconómicos e conhecermos a realidade do que se passa nas empresas que constituem os Índices. Mas esses conhecimentos não nos devem iludir ao ponto de nos apropriarmos do futuro como uma garantia.

Há uma frase típica nos prospetos simplificados dos produtos de investimento que diz: “Atenção! Rendibilidades passadas não são garantia de rendibilidades futuras”. E é exatamente por isto ser tão verdade que temos de aprender a investir e a gerir riscos. Os investimentos em bolsa não são uma aposta que fazemos, mas obedecem a uma sabedoria de saber gerir riscos. Não entrar em pânico com as quedas dos mercados é algo que se prepara com boa formação em Literacia Financeira. Esta boa formação até pode ser útil para aproveitar precisamente os comportamentos massificados de pânico, pois os maiores ganhos podem estar precisamente aí.

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Carles Puigdemont terá partido “em direção a Waterloo”, na Bélgica, confirmou esta sexta-feira o secretário-geral do seu partido, Junts per Catalunya (Juntos pela Catalunha), Jordi Turull, à rádio catalã Rac1.

Recorde-se que o independentista, que está há sete anos para ser capturado, esteve esta quinta-feira em Barcelona, tendo depois fugido novamente.

“Ele vai voltar para Waterloo”, referiu o secretário, acrescentando que não sabia se este já tinha chegado à cidade perto de Bruxelas, onde passou a maior parte dos seus anos de exílio.

O advogado do independentista, Gonzalo Boye, confirmou, em declarações também à rádio, que Puigdemont se encontra fora de Espanha e falará “entre hoje e amanhã”, sábado.

Dois elementos dos Mossos d’Esquadra foram detidos por suspeita de terem ajudado o dirigente a abandonar Barcelona sem ser detido.

A polícia catalã e o Ministério da Administração Interna já “determinaram o seu fracasso do ponto de vista técnico-policial”.

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