Visão
Eu, se fosse americano, e tivesse de escolher entre Trump e o Pateta, votaria garantidamente no Pateta. No «Público», o João Miguel Tavares punha a cruzinha no Rato Mickey. Percebo o boneco. O Rato é infinitamente mais esperto do que o Pateta, mas qualquer um dos dois possui um QI e um QE a milhares de léguas de Donald, que não pode ser confundido com o Pato.
Acho, repetindo, que todos os europeus, e de outros continentes, deveriam poder votar nas eleições americanas. E não era pedir muito, ou algo de extraordinário. A América mexe conosco. Em todos os domínios. E um presidente ou um Congresso (sendo este o mais importante) instável, inesperado, radical e autista pode levar-nos ao limite. Não fosse a entrada dos EUA na II Guerra Mundial, e a ajuda militar inesgotável que forneceu à Grã-Bretanha e a Estaline, e a nossa Europa seria outra, seguramente. Ou a Ucrânia já estaria nas mãos de Putin, há muito tempo.
O fantasma do Pateta reside por estes dias em Chicago, na Convenção Democrata, onde estão presentes todos os grandes do partido. Curioso, apesar de tudo. Nos primeiros dias de Kamala, quando Biden anunciou que desistia, não foram muitos os pesos-pesados que deram a bênção à vice-presidente. Esperaram para ver as sondagens, e os rios de dinheiro, e agora todos querem falar nesta poderosa plataforma mediática e eleitoral. Não há quem falhe, de Hillary a Ocasio, de Biden a Obama e Clinton.
A dupla K-W está lançada, já tem como garantidos 225 grandes eleitores (se é que alguém pode garantir alguma coisa!) mas Trump não largará facilmente a sua última oportunidade de chegar à Casa Branca. Porque daqui a oito anos, ou quatro, já poderá estar na nebulosa companhia do senhor Alzheimer.
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.
A Madeira está a arder há uma semana. Luís Albuquerque está debaixo de fogo da oposição por continuar de férias no Porto Santo e o PS já pede uma Comissão de Inquérito para perceber o que correu mal. No Ministério da Administração Interna, em Lisboa, diz-se que ainda é cedo para avaliar falhas. Mas já se prometem reforços dos meios aéreos. Afinal, o que é que está a acontecer?
Esta segunda-feira, já tinham ardido mais de 7 mil hectares na ilha, naquela que é a maior área ardida nesta região autónoma desde 2010 – ou seja, mais do que nos recordes que foram batidos nos grandes incêndios de 2012 e de 2016.
Mão criminosa? A investigação está em curso
Com várias frentes a lavrar na última semana, o presidente do Governo Regional Miguel Albuquerque não hesitou em afirmar, mesmo sem apresentar provas, que os incêndios têm mão criminosa. “Não tenho dúvida de que se tratou de fogo-posto”, disse no domingo numa conferência de imprensa.
Segundo fonte da PJ à Agência Lusa, a origem dos fogos que obrigaram pelo menos 160 pessoas a serem retiradas das suas casas por motivos de segurança está a ser investigada desde que deflagrou o primeiro foco de incêndio na passada quarta-feira nas serras da Ribeira Brava. “Estamos a investigar e desde o início, em que fomos para o local”, informou a Polícia Judiciária, explicando que o Departamento de Investigação Criminal da Madeira “está a desenvolver as diligências de investigação que são normais neste tipo de situações”.
Albuquerque atira a Montenegro
Sob fogo das oposições na Madeira, Miguel Albuquerque não hesitou também em atirar ao Governo de Luís Montenegro. “A Madeira e os Açores, neste momento, no quadro da lei das finanças regionais, são um ótimo negócio do Estado. O Estado diz que a Madeira e os Açores fazem parte integrante da nação e do Estado português, mas cada vez gasta menos dinheiro, portanto é um bom negócio”, disse o social-democrata e acusou o Estado de “não assumir responsabilidades”.
“O que eu proponho é que o Estado ponha na região dois meios aéreos e assuma os custos desses meios aéreos na defesa do território contra incêndios ou outras calamidades para defender também os madeirenses, que são portugueses que estão no Atlântico”, defendeu o presidente do Governo Regional.
MAI evita polémica com Albuquerque
Margarida Blasco, ministra da Administração Interna, evita, porém, entrar em polémicas, prometendo um reforço de meios, que estará a ser avaliado e que pode incluir o envio de um novo helicóptero.
O que é que correu mal? “Não posso responder agora, porque primeiro temos de ajudar aquelas pessoas”, disse a ministra esta terça-feira aos jornalistas, defendendo ser necessário esperar pelo rescaldo para apurar responsabilidades e evitando entrar em choque com Miguel Albuquerque, mas assegurando que a resposta de Lisboa foi pronta.
“Os reforços foram quando foi possível irem, quando foi necessário responderem ao aumento dos fogos. Sei que foi pedido e foi concedido de imediato esse contingente”, afirmou Margarida Blasco.
Os “abutres políticos”, a comissão de inquérito e o pedido de demissão
Albuquerque também não deixou de disparar sobre as oposições. “Há um conjunto de abutres políticos que se querem aproveitar destas situações para tirar dividendos”, criticou, atirando aos “treinadores de bancada que nunca estiveram no fogo, não sabem como é que se combate o fogo”.
O PS Madeira, pela voz de Paulo Cafofo, já veio pedir uma comissão de inquérito para apurar responsabilidades. Para Cafofo, a atuação do Governo Regional é “irresponsável” e “negligente”.
Élvio Sousa, do Juntos pelo Povo (JPP), criticou a forma como Albuquerque se manteve de férias no Porto Santo enquanto os incêndios continuam ativos na Ilha da Madeira. Mas considera as comissões de inquérito “uma perda de tempo”, preferindo apresentar um requerimento à Assembleia Legislativa Regional, para ouvir “com carácter de urgência” Miguel Albuquerque e Pedro Ramos, secretário regional da Saúde e Proteção Civil.
Já pelo Chega, falou o seu líder nacional. André Ventura acha que os fogos são motivo para Albuquerque se demitir. “É uma situação preocupante e é preciso apontar responsáveis, e os responsáveis infelizmente estão no Governo Regional, que parece ter olhado para o lado mais uma vez em relação ao pedido de ajuda, em relação à prevenção e em relação aos meios”, declarou numa conferência de imprensa em Lisboa, na qual não hesitou em dramatizar a situação e em atacar o Governo Regional que ajudou a viabilizar.
“Apesar de os dados não serem ainda 100% certos, tudo indica que houve negligência da parte do Governo Regional na solicitação e na aceitação de apoios por parte da República de combate aos fogos e agora é a tragédia a que estamos a assistir”, disse Ventura.
No entretanto, a noite desta terça-feira, 20 de agosto, adivinha-se novamente difícil com o vento a trocar as voltas às forças de combate. Na zona do Curral das Freiras, no concelho de Câmara de Lobos, as chamas passaram para uma área inacessível e dirigem-se para a encosta do Pico Ruivo, aproximando-se do aglomerado populacional da Fajã dos Cardos. O ponto de situação foi feito pelo presidente da Proteção Civil da Madeira, António Nunes, em declarações à Renascença. A questão que o “preocupa significativamente” é a do Curral das Freiras, acrescentou na mesma ocasião.
“Transpôs o cume para a zona da Boa Ventura, e é uma zona inacessível a qualquer dos meios que nós tenhamos, quer apeados, quer motorizados para qualquer intervenção. Por isso é uma situação que nos preocupa significativamente”, afirmou ainda ao mesmo orgão de comunicação social.
Ao longo desta terça-feira, as várias fontes das autoridades madeirenses escusaram-se a responder taxativamente sobre a necessidade de reforço de meios aéreos, recordando que terão de chegar à ilha por meios aéreos, e lembrando que essa decisão é sempre tomada no Continente.
Muitos dos habitantes das zonas mais afetadas têm repetido aos jornalistas que só abandonarão as suas casas se forem obrigados. “Estamos habituados”, referia uma das moradoras à RTP esta tarde.
A “imigração descontrolada” é a expressão que André Ventura quer pôr no centro do debate político e mediático. O método é apresentar uma proposta de referendo a quotas de imigração como moeda de troca para viabilizar o Orçamento do Estado e anunciar uma manifestação em Lisboa para o dia 21 de setembro.
O líder do Chega começou por anunciar que ia avançar com a apresentação de uma proposta de referendo no Parlamento em setembro, explicando, em declarações ao Expresso, que este seria “mais um elemento nas negociações” com o Governo para viabilizar o Orçamento. Segundo disse ao semanário, Ventura considerava “importante” a posição de Luís Montenegro face a esta proposta, mas não fazia depender da sua viabilização o voto a favor do Orçamento, que é obrigatório para que o País não entre em duodécimos ou viva uma nova crise política. As declarações foram feitas no fim-de-semana.
Três dias depois, Ventura deu uma conferência de imprensa para anunciar que o Chega tem três exigências “incontornáveis” para aprovar o Orçamento do Estado para 2025. À cabeça destas exigências está o referendo sobre a imigração. Mas há mais duas, sempre dentro do mesmo tema: o Chega exige o reforço das verbas para o controlo fronteiriço em Portugal e a revisão dos programas de apoios e de subsídios a imigrantes e refugiados.
Mesmo usando a expressão “incontornáveis” para se referir às propostas, não é líquido que, sem todas elas aprovadas, o Chega vote contra o Orçamento. Recorde-se que, no dia a seguir às eleições, Ventura exigia fazer parte da solução de Governo para viabilizar Orçamentos do Estado. Nessa altura, Ventura explicava que queria um acordo com a AD de “convergência de decisões quanto à composição do Governo, ao que será o Governo, às medidas principais e aos objetivos que queremos alcançar”. Essa reivindicação já caiu pelo caminho.
Discriminação negativa de imigrantes proposta por Passos foi chumbada pelo TC em 2015
Dentro deste espírito de retirada de direitos aos imigrantes, André Ventura tem uma proposta semelhante a outra que já foi chumbada pelo Tribunal Constitucional (TC).
Ventura quer que os imigrantes só tenham direito a prestações sociais após cinco anos a descontar para a Segurança Social portuguesa. Ou seja, um imigrante ficaria obrigado ter cinco anos de descontos para conseguir ter licença de parentalidade, baixa por doença ou subsídio de desemprego. Muito mais do que é exigido aos cidadãos nacionais para ter acesso às mesmas prestações sociais.
Ora, já existe jurisprudência no TC, segundo a qual “à luz do princípio geral da igualdade perante a lei, ninguém pode ser prejudicado ou privado de qualquer direito, nomeadamente em razão do território de origem”.
Em 2015, o Tribunal Constitucional travou uma alteração à Lei de Bases da Segurança Social feita pelo Governo de Pedro Passos Coelho, que determinava que os imigrantes tinham de estar legais durante três anos antes de poderem aceder ao rendimento social de inserção.
O que é que Ventura quer perguntar aos portugueses?
Segundo André Ventura, o referendo devia ter duas perguntas. Uma sobre se os eleitores querem controlar a entrada de imigrantes anualmente e outra para perceber a adesão dos votantes à restrição da entrada de imigrantes por quotas.
Ventura fez saber que vai dar nota dessas exigências em matéria de política de imigração durante as reuniões de negociação do Orçamento do Estado que o Governo prometeu para setembro.
O silêncio do PSD e o que diz o Governo sobre as quotas
Para já, Governo e PSD não comentam as pretensões do Chega em relação ao referendo. Mas o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, já tinha feito saber que o Executivo não tem em vista a criação de um regime de quotas para a imigração, embora admita que a atribuição de vistos possa ser condicionada pelas necessidades de mão de obra, não sendo muito claro como funcionaria esse método.
“Nunca defendemos a introdução de quotas, mas o estabelecimento de objetivos quantitativos, não na ótica de portas fechadas, mas na atração proativa de talento. Falamos no plano em lista de necessidades laborais, que é uma linguagem que não pode ser manipulada para querer parecer outra coisa”, dizia Leitão Amaro em entrevista ao Expresso em junho.
A última palavra é de Marcelo
Mas mesmo que o Governo aceite viabilizar no Parlamento a iniciativa do Chega, só haverá referendo com o aval do Presidente da República.
Segundo o artigo 36.º da Lei Orgânica do Regime de Referendo, “se o Presidente da República tomar a decisão de não convocar o referendo, comunica-a à Assembleia da República, em mensagem fundamentada, ou ao Governo, por escrito de que conste o sentido da recusa” e “a proposta de referendo da Assembleia da República recusada pelo Presidente da República não pode ser renovada na mesma sessão legislativa”.
No Irão, médicos locais revelaram um caso raro que envolve um homem de 31 anos que teve uma alteração na visão após um orgasmo. De acordo com o relato, logo após o clímax, o homem notou que a visão mudou drasticamente, tornando-se mais nítida e dominada por tonalidades cor de rosa.
O paciente descreveu a experiência, contando que teve uma “visão de alto contraste com uma cor rosa dominante em todos os lugares”. Os médicos diagnosticaram esta condição como uma forma única de sinestesia — um fenómeno neurológico em que os sentidos conjugam-se de maneiras incomuns, avança o website Interesting Engineering.
Sabe o que é a sinestesia?
A sinestesia é uma condição em que uma estimulação em apenas um sentido provoca automaticamente uma resposta noutro sentido e estima-se que afete entre 1% a 4% da população,. Embora existam mais de 100 tipos diferentes de sinestesia, o mais comum envolve a associação de cores com letras, números ou períodos de tempo, como dias da semana ou meses.
No entanto, a manifestação específica da sinestesia deste homem é rara. Segundo um estudo citado no livro Synesthesia: Perspectives From Cognitive Neuroscience, apenas 1,2% das pessoas com sinestesia relatam mudanças visuais de cor durante o orgasmo.
O homem também explicou que teve uma experiência idêntica na infância durante alguns episódios de dor intensa no peito devido a uma doença cardíaca. O iraniano descreveu que, naqueles momentos de dor, tinha uma visão “branca”, uma sensação que desapareceu na vida adulta quando a doença cardíaca foi tratada.
Este é um caso muito raro de sinestesia, em que tanto o prazer como a dor são percecionados através de cores, e que prova o quão complexo é o cérebro humano e como existem várias formas dos sentidos manifestarem-se.
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O Verão é, para muitos, sinónimo de férias, mas o mundo do cibercrime está sempre à ‘espreita’ e em busca de novas oportunidades para atacar. Para as empresas, baixar a guarda é impensável, porém, durante o período de férias e com equipas reduzidas, dar conta dos desafios na cibersegurança torna-se mais complicado. Fora do escritório, há também comportamentos que, embora pareçam inofensivos, podem abrir brechas na estratégia de defesa e, no pior dos cenários, pôr em causa a segurança de toda a operação.
“As empresas podem criar as suas proteções todas, mas depois, a conduta de cada um de nós pode fazer com que grande parte dessas proteções venha a ser absolutamente inútil”, explica José Eduardo Fonseca, Diretor da Kyndryl em Portugal, em entrevista à Exame Informática.
Para quem usa o seu smartphone ou computador pessoal como ferramenta de trabalho, ou para quem leva dispositivos corporativos em viagens, a ‘tentação’ de ligar a redes Wi-Fi públicas em hotéis, cafés ou restaurantes é grande. Mas, como relembra o responsável, essas redes são abertas e nem sempre há o cuidado de usar ferramentas como VPNs para aceder a dados mais sensíveis.
Aceder a informação sensível em público, como dar uma última vista de olhos a um plano importante ou abrir uma conversa acerca de um projeto ainda em desenvolvimento, sem ter em conta a presença de olhares indiscretos também traz riscos acrescidos. Pior ainda quando se deixam os equipamentos sozinhos, com um momento de distração a poder resultar, por exemplo, em roubo.
E para quem opta por ficar em casa? “Este problema em casa não é mais grave do que aquele que temos com o trabalho remoto”, afirma José Eduardo Fonseca. “Utilizamos a rede da nossa casa e, entretanto, temos filhos e pessoas a partilhar a mesma rede com equipamentos que não estão devidamente protegidos e com uma utilização não protegida”, abrindo-se assim mais uma porta para a atuação dos cibercriminosos.
“Se as pessoas adotarem comportamentos mais desadequados – no fundo, se baixarem a guarda – aumenta a possibilidade de criar portas de entrada”, realça o responsável. A dificuldade em fechar essas portas rapidamente pode ser maior quando as empresas têm menos recursos disponíveis para tal.
Menos recursos, mais problemas
José Eduardo Fonseca explica que, durante o período de férias e, com menos colaboradores disponíveis, “a deteção e recuperação pode ser um pouco mais demorada”, algo que “acontece muito quando as empresas têm os seus serviços in-house”. Além disso, “como as equipas estão de férias, não estão a aplicar as atualizações do software e qualquer vulnerabilidade que exista está ‘explorável’ durante mais tempo”.
Mas não é só a capacidade de monitorização que é afetada: há “menos capacidade para atuar, menos capacidade para responder a uma situação antes que ela se torne grave e menos capacidade para retomar as operações no caso de uma situação grave”.
É aqui onde empresas como a Kyndryl podem ajudar a colmatar lacunas, defende o responsável. “A Kyndryl tem uma experiência muito grande e de muitos anos a trabalhar, principalmente, com clientes e com empresas que têm IPs de elevada complexidade e na gestão de ambientes críticos”, indica.
“Utilizando a nossa experiência podemos ajudar com técnicos para implementar planos de atividade adequados; planos de recuperação, planos de defesa, de acesso às tecnologias existentes para os processos sejam ajustados se for necessário”, sem esquecer, claro, “explicar aos clientes que é super importante terem capacidades in-house”, afirma, embora reconheça que, “na questão do talento, se é cada vez mais difícil conseguir trazê-lo para dentro de casa, é dificílimo mantê-lo”.
Ter uma estratégia é fundamental
Embora serviços como os que são prestados por empresas como a Kyndryl possam ajudar a colmatar lacunas, a estratégia de cibersegurança é uma área que não pode ser descurada pelas organizações. “Devem ter todas uma estratégia de cibersegurança – um plano de ‘ataque’ às questões de segurança”, afirma José Eduardo Fonseca.
Nesse sentido, a formação dos funcionários é fundamental, sendo uma questão que precisa de estar em constante atualização, “porque há novas tendências e nós temos de aprender a reagir ou saber como não reagir a algumas coisas que nos aparecem à frente”.
Um profissional não conhecedor pode pôr em causa a melhor estratégia de cibersegurança que uma empresa pode ter e os milhões gastos na sua proteção podem ser completamente ignorados por causa de um comportamento.
José Eduardo Fonseca, Diretor da Kyndryl em Portugal
Da estratégia devem constar mecanismos de proteção contra ameaças, sejam eles mais simples ou mais sofisticados, assim como “deteção e monitorização constante, com testes de penetração e análise de vulnerabilidades” feitos com regularidade para corrigir eventuais falhas que necessitem de atenção.
A par da prevenção, a recuperação assume também grande relevância para a estratégia a delinear pelas empresas. O responsável explica que nos casos de ransomware é frequente que os atacantes fiquem cerca de 180 dias ‘escondidos’ nos sistemas até que o ataque seja visível. Durante estes seis meses, os cibercriminosos estão a “minar, a destruir e a minimizar a capacidade de recuperação”. “Se a organização não conseguir recuperar, a probabilidade de ceder ao resgate aumenta”, realça.
Além de cópias imutáveis, com dados importantes salvaguardados, é necessário ter um Minimal Viable Company (MVC), ou seja, “qual é que é o mínimo do mínimo dos sistemas que possam estar operáveis para que a empresa possa continuar a operar?”. A ssegurar que há um MVC envolve todo um trabalho de análise e preparação e, “quanto mais depressa [uma empresa] terminar esse trabalho, mais depressa é possível ter cópias imutáveis e mais depressa se reduz o nível de exposição para a recuperação”.
Por fim, de nada serve ter uma estratégia ‘no papel’ sem a ter testado ou discutido, sobretudo quando consideramos que, no momento em que é descoberto um ciberataque, o pânico instala-se: “são as pessoas a verem, de repente, o mundo a fugir-lhes por baixo dos pés e isso transforma as coisas em algo extraordinariamente complicado”.
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Vestida de vermelho, branco e azul – as cores da bandeira americana – e acompanhada pela legenda “Taylor Swift quer que votes em Donald Trump”, a cantora pop protagonizou uma série de imagens criadas por Inteligência Artificial, em que alegadamente manifestava o seu apoio à campanha do republicano para um regresso à Casa Branca. As imagens falsas circularam pelas redes sociais no passado fim de semana, depois de o ex-presidente dos Estados Unidos ter partilhado uma montagem de imagens e fotografias através da sua conta pessoal na rede social Truth Social, com as palavras “Eu aceito”, reconhecendo o suposto apoio da cantora norte-americana.
Da montagem constam ainda fotografias de mulheres jovens vestidas com T-shirts onde se pode ler o slogan “Swifties for Trump” (Swifties é o termo pelo qual são conhecidos os fãs da cantora pop) bem como recortes de um artigo intitulado “Swifties Turning to Trump After ISIS Foiled Taylor Swift Concert” – em tradução livre, “Swifties viram-se para Trump após ataque de Estado Islâmico ter obrigado a cancelar o concerto de Taylor Swift”, numa referência à tentativa de ataque recente aos concertos da artista em Viena, na Áustria.
Pelas redes sociais, vários fãs da artista criticam a publicação de Trump, referindo que a maioria das imagens não passam de “deepfakes”, ou seja, imagens geradas através da utilização de Inteligência Artificial. Já segundo o The Washington Post, apesar de a maioria das imagens ser, de facto, produto de IA, a segunda fotografia é verdadeira e foi tirada num comício republicano.
Apesar de ainda não ter demonstrado publicamente o seu apoio a nenhum dos candidatos à liderança dos Estados Unidos – de onde é natural – a cantora fez notar, no passado, não estar ao lado do republicano. Nas últimas eleições, em 2020, a artista – que atuou em Portugal em maio deste ano – declarou o seu apoio aos democratas Joe Biden e a Kamala Harris, tendo sido muito crítica das políticas de Donald Trump.
“O desmantelamento calculado de Trump da USPS prova claramente uma coisa: Ele está BEM CIENTE de que não o queremos como nosso presidente. Optou por fazer batota descaradamente e pôr em risco a vida de milhões de americanos num esforço para se manter no poder. A liderança ineficaz de Donald Trump agravou gravemente a crise em que nos encontramos e ele está agora a aproveitar-se dela para subverter e destruir o nosso direito de votar e de votar em segurança”, afirmou a cantora numa série de publicações na rede social X sobre as eleições de 2020.
“Swifties for Trump é um movimento massivo que cresce a cada dia que passa”, referiu Steven Cheung, porta-voz da campanha do republicano, quando questionado sobre a partilha das imagens falsas.
Numa altura em que os Democratas estão reunidos na Convenção do partido, em Chicago, e se preparam para confirmar a candidatura de Kamala Harris à Casa Branca, a campanha de Donald Trump continua a tentar mitigar o impacto que a desistência de Joe Biden provocou na sua estratégia. O recurso à desinformação já se tornou uma imagem de marca dos Republicanos liderados por Trump, que possivelmente deverá acentuar-se à medida que se aproximam as eleições presidenciais, marcadas para 5 de novembro. Até lá, Donald Trump deverá enfrentar Kamala Harris em debates presidenciais, estando o primeiro agendado para dia 10 de setembro. A campanha republicana também já referiu que Kamala se terá recusado a participar num debate sugerido pelo candidato Trump a ocorrer na Fox News, mas a campanha democrata garante que qualquer aceitação da atual vice-presidente para participar em debates só depende da confirmação de Donald Trump de que estará presente no debate de dia 10de setembro.
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Quando quisermos estar sentados num cadeirão e à sombra, tomar uma bebida fresca ao som de boa música, fazer uma refeição gulosa ou, simplesmente, olhar para as paredes – e estas têm arte urbana impressa –, o Mirari é o lugar certo. Fique surpreso, admire primeiro e deixe-se maravilhar depois, tal como diz, em latim, o significado da palavra mirari.
Onde a freguesia da Estrela acaba e a de Alcântara começa, pelo menos na nossa bússola alfacinha, funcionou, na segunda metade do século XIX, a Fábrica Sol da CUF – Companhia União Fabril, onde se faziam sabões e sabonetes, velas de estearina, óleos (palmiste, linhaça, purgueira, amendoim e rícino), adubos e coconote para a engorda de animais.
O potencial desta fábrica, abandonada e em muito mau estado, atraiu uma mão-cheia de investidores ligados a negócios de arte, hotelaria e restauração, música, marketing e produção de eventos: os franceses Louis Bayle, Marc-Antoine Schaetz, Paul Cukierman e Tolga Fidan (de origem turca) e a luso-brasileira Marina Mendes.

Nos cerca de 1500 metros quadrados do Mirari, que na verdade funciona a céu aberto, aproveitando o amplo logradouro da antiga fábrica, há espaço para a cultura e o convívio, instalações de arte, festas e uma praça de restauração com food trucks de muitas comidas apetitosas.
“É um pop up cultural e espontâneo, como tantos que existem espalhados pelas grandes capitais europeias”, descreve o gerente Rodrigo Vasconcelos enquanto nos guia numa visita a meio da tarde. Para dinamizar o local, em funcionamento em horário contínuo, a agenda do Mirari prima pela diversidade, conseguindo assim atrair vários géneros de público. Misturar nómadas digitais, portugueses e estrangeiros, DJ e artesãos, famílias e artistas é uma realidade no Mirari.
A cada dia uma festa
As quartas estão programadas para algo inusitado. Além do mercado noturno (21 de agosto, das 16 às 23 horas), com bancas de arte, moda de autor mais sofisticada, seleção vintage, discos de vinil, gastronomia e DJ, realizam-se torneios abertos de petanca, a partir das cinco, num recanto para o jogo, com bolas de origem provençal.

A música é uma constante e enquanto as quintas dão palco a novos artistas, às sextas convidam-se DJ para sets animados.
Em agosto, os domingos ganham vida com o mercado local (consultar datas) encontrando-se à venda artesanato, roupa de pequenas marcas, discos, artigos vintage ou em segunda mão, e os sons do Brasil com a Roda de Samba (dia 25) a pôr toda a gente a dançar.
O mais natural é que pelo meio lhe possa cheirar a pizza acabadinha de sair do forno – são as da La Matta, pequena sucursal da pizzaria no bairro da Graça. Os hambúrgueres espalmados, ou melhor as almôndegas prensadas do Stack Smash Burgers, que em breve terão uma nova casa nos Anjos, também têm dado que falar.
Mais internacionais são os sabores do Médio Oriente nas Bruxas, com húmus e couve-flor (ou com carne de vaca ou frango), shakshuka (ovos e tomate), malabi (pudim), pão pita; os crepes franceses doces ou salgados no Crêpe o’Clock; a Grécia no Gyra-Sol e os wraps mais fofos, mais grossos; e a sedução italiana dos panini do Serafini.
O grande balcão do bar reserva ainda lugar para uma estação de açaí e os gelados portugueses da La Paleta, picolés de fruta fresca, além de cocktails originais.

Próxima do portão de entrada, a concept-store Trippy Zipper junta moda contemporânea, cerâmica e plantas, iluminação e mobiliário restaurado da Trópico Interiors.
Sentados junto ao bar, perto de uma das food trucks ou num recanto mais sossegado é impossível não reparar nas paredes ilustradas, nos murais de artistas internacionais como Kouka Ntadi, Kampus e Kraken, a instalação de Mina Mohseni, produzida pelo Studio Maotik, e do português Rodrigo Matta, com várias pranchas da sua banda desenhada.
Em breve, irão também organizar noites de cinema e, como nos diz Rodrigo Vasconcelos, “podemos criar mais e crescer.” Aberto há um ano, sabemos que o Mirari é um projeto efémero, mas a boa notícia é que não se sabe a data do fim.
Mirari > Av. 24 de Julho, 170, Lisboa > seg, qua-qui 16h-23h, sex-dom 12h-23h, praça da restauração a partir 12h