A família de Odair Moniz estava em casa, no bairro do Zambujal, a chorar o homem, cozinheiro de profissão, morto pela PSP na Cova da Moura. À porta, umas quinze pessoas, entre familiares e amigos viam ao fundo os bombeiros a apagar o fogo, ateado em protesto contra a violência policial. Uma dessas pessoas era Débora Silva, de 19 anos, sobrinha de Odair, que reparou num grupo de polícias armados que subia a rua em direção à casa do tio. Ela e os amigos tiveram o instinto de correr para casa. Fecharam a porta, mas os agentes arrombaram-na e Débora acabou agredida e com marcas no corpo para o provar.

D.R.

“Quando vimos que estavam a subir, corremos para dentro da casa”, relata Débora Silva à VISÃO, garantindo que antes disso “não houve troca de palavras nem de nada” com os agentes que os seguiram até ao apartamento onde morava Odair Moniz. “Entrámos, fechámos a porta, mas eles rebentaram-na”.

Débora diz ter sido agredida “nas costas e no rabo” enquanto tentava fugir para a sala. Joel, um amigo do filho mais velho de Odair, também “foi agredido num braço e num dedo”.

Viúva fez os agentes saírem, mostrando foto de Odair

Na casa, estavam várias pessoas mais velhas e Mónica, a viúva de Odair Moniz. Foi Mónica quem, segundo Débora, travou os polícias, mostrando uma fotografia do companheiro e gritando aos agentes que estavam a entrar “na casa de um homem que morreu”.

Catarina Morais, a advogada chamada pela família, já estava no apartamento, onde entretanto tinha entrado também uma equipa de reportagem da TV Record, quando os polícias voltaram a tentar entrar na casa.

“A TV Record estava a filmar a porta rebentada. Começámos a gritar que estávamos a filmar e eles já não entraram. Só veio um, que começou a falar com a minha tia Silvia”, relata Débora Silva.

Catarina Morais corrobora a história. Diz que os homens que rebentaram a porta de entrada ao ponto de não ser possível fechá-la “não estavam identificados” e “não traziam nenhum mandado judicial”.

Segundo os relatos que recolheu, foram cerca de 15 os agentes que se aproximaram do apartamento, “mas só três entraram” na casa depois de rebentarem a porta com cassetetes. “Vinham encapuzados e com capacete. Os que tinham shotguns ficaram à porta”, conta a advogada à VISÃO.

Já com a câmara da TV Record a gravar, Catarina Morais diz que o polícia que falou com a família limitou-se a pedir para que “fizessem um luto cívico”.

“Se não fosse a TV Record, eles voltavam e iam dar-nos porrada”

Momentos mais tarde e, enquanto a VISÃO falava ao telefone com Catarina Morais, os polícias voltaram a aproximar-se da casa. Mas não entraram. Família e amigos de Odair sentem medo, mas não arredam pé da porta da casa.

“Se não fosse a TV Record, eles voltavam e iam dar-nos porrada”, vai repetindo Débora.

Catarina Morais garante ter documentadas as agressões físicas, que deixaram marcas visíveis em Débora e Joel e garante que vai ser apresentada queixa.

Contactado pela VISÃO, o gabinete da ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, diz estar ainda a recolher informação sobre o sucedido, remetendo esclarecimentos para mais tarde.

Investigação aponta para uso desproporcional e injustificado de força

Segundo a CNN, a investigação da Polícia Judiciária à morte de Odair Moniz, baleado na Cova da Moura, depois de ter sido perseguido por agentes da PSP, sugere que terá havido um uso desproporcional e injustificado de força, com recurso a meios letais.

Segundo a primeira notícia sobre o caso, feita pela CNN, a PSP perseguia Odair por suspeitas de furto de um carro. No entanto, essa referência desapareceu do comunicado emitido pelo Comando Distrital da PSP de Lisboa, que se refere à vítima apenas como “suspeito”, sem indicar de quê.

Autocarro incendiado em protesto contra a polícia

Esta terça-feira, após uma vigília em memória de Odair Moniz, no bairro do Zambujal, os protestos contra a violência policial subiram de tom. Ouviram-se petardos e tiros lançados ao ar, tendo chegado o corpo de intervenção da PSP ao local por volta das 17h.

Duas horas depois, os ânimos estavam longe de serenar. Um autocarro da Carris foi queimado, gerando várias explosões. E, segundo o Observador, depois de se voltarem a ouvir tiros, uma pessoa terá sido detida por posse de material combustível já depois das 21h. Ou seja, cerca de uma hora depois de os três agentes terem forçado a entrada em casa da viúva de Odair.

A PSP emitiu um comunicado sobre os incidentes no Zambujal já pouco depois das 22h de terça-feira, sem qualquer referência ao episódio ocorrido em casa de Odair Moniz, apesar de ter sido dado conhecimento dele ao MAI pela VISÃO.

PSP apela à calma no Zambujal

Em comunicado, a PSP diz que “repudia e não tolerará os atos de desordem e de destruição praticados por grupos criminosos, apostados em afrontar a autoridade do Estado e em perturbar a segurança da comunidade”.

E fala em “situações de desordem no interior do Bairro do Zambujal”, referindo-se ao autocarro da Carris que foi incendiado depois de, segundo o relato do Observador, quatro pessoas terem pedido aos passageiros que aí se encontravam para sair da viatura.

“De imediato a Polícia, que já se encontrava com um efetivo robustecido no interior do Bairro, acionou o Corpo de Bombeiros da Amadora no sentido extinguir este incêndio, preservando o local do crime para diligências de investigação. Apesar de vários esforços, não foi possível até ao momento detetar e intercetar os suspeitos deste crime violento, tendo, todavia, sido já efetuada uma detenção por posse de material combustível, que indiciava a sua utilização para deflagração de incêndio”, lê-se na nota da PSP, que lamenta ainda a morte de Odair Moniz, a quem agora já nomeia, deixando cair o termo “suspeito” usado no mesmo comunicado.

“Conforme já referimos publicamente, a PSP lamenta a morte do cidadão Odair Patriky Moniz Moreno Fernandes, a qual se encontra a ser investigada pelas autoridades judiciárias, deixando ainda uma palavra de solidariedade aos nossos dois polícias envolvidos no incidente, bem como a todos os polícias envolvidos na reposição e manutenção da ordem pública no concelho da Amadora”, escreve a PSP, que apela “à calma de todos os cidadãos” e se afirma “apostada em manter as parcerias de muitos anos com as comunidades no concelho da Amadora”.

Segundo a Unicef, são atualmente cerca de 700 mil as crianças deslocadas na Faixa de Gaza, a viver em abrigos ou acampamentos e sem acesso a cuidados médicos ou condições básicas de saneamento ou alimentação. As duas protagonistas deste vídeo estão entre elas. O fotojornalista que captou o momento ajudou-as a regressar a um desses acampamentos antes de divulgar as imagens que, entretanto, se tornaram virais.

Em entrevista à France Press, o diretor europeu da Organização Mundial de Saúde, Hans Kluge, anunciou segunda-feira a retirada, em breve, de Gaza, de cerca de mil mulheres e crianças feridas e doentes.

Israel comprometeu-se a efetuar cerca de “mil retiradas médicas suplementares para a União Europeia nos próximos meses”, afirmou Hans Kluge, sublinhando que essa saída vai ser facilitada pela OMS, em colaboração com os países de acolhimento.

Desde outubro de 2023, a OMS já esteve envolvida em cerca de 600 retiradas médicas de Gaza para sete países europeus.

Todos estão focados em medir as intenções de voto a cada dia que passa nos EUA, na batalha entre Kamala e Trump, mas deixamos para trás o que de mais importante poderá acontecer no dia 5 de novembro. A vitória de Trump já será um verdadeiro problema para a nossa estabilidade global, mas muito pior será se o Congresso tiver maiorias republicanas nas duas câmaras.

Isso sim, será um desastre político garantido para os próximos dois anos. Os americanos gostam de equilíbrios, e em 2026 terão a oportunidade de votar novamente para a Câmara dos Representantes – o verdadeiro Governo americano – e para um terço do Senado. Mas Trump com rédea solta é uma montanha-russa desgovernada.

Pelas mesmas razões, se Kamala ganhar, ficará incapacitada pelo Congresso de cumprir as suas promessas, já que os presidentes não têm poder legislativo. Pedem ajuda aos seus partidos e tentam convencer os adversários. É uma saga interminável.

Assim sendo, convém começar a olhar para o Congresso, que se presume vir a ser republicano. O poder presidencial é um mito urbano, rural e mediático. O “dono” da Casa Branca obedece e executa as leis do Congresso, e mesmo os seus escolhidos para cargos da Administração têm de passar por um rigoroso escrutínio do Senado, que aprova ou não a escolha presidencial. Conclusão: Trump “sozinho em Casa” já seria um pesadelo, mas acompanhado pelo Congresso teremos um tumulto global. E, por agora, é o que nos espera.

Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

A secretária de Estado da Mobilidade, Cristina Pinto Dias, falava esta terça-feira numa audição na comissão de Economia, Obras Públicas e Habitação da Assembleia da República, em Lisboa, a requerimento do PS, sobre “atrasos nas obras do metro de Lisboa”. Segundo a Lusa, a responsável começou por reconhecer que as notícias que tinha para dar aos deputados “não são boas, mas não são novidades”.

“Todos os projetos que recebemos nesta pasta de transição são para executar […] e não tencionamos fazer política com o assunto. Mas, à data da tomada de posse deste Governo, os atrasos verificados nas obras são um desafio para o cumprimento do calendário de financiamento comunitário. Esta é a realidade”, afirmou.

De acordo com a responsável, os atrasos nos prazos de concretização das três linhas em questão, Amarela/Verde, Vermelha e Violeta, variam entre os 18 e os 30 meses e os desvios orçamentais estão próximos dos 500 milhões de euros, uma situação que poderia comprometer fontes de financiamento comunitário, “se nada fosse feito”.

A obra de expansão da linha Vermelha do Metropolitano de Lisboa abrange uma extensão de cerca de quatro quilómetros e quatro novas estações: Campolide/Amoreiras, Campo de Ourique, Infante Santo e Alcântara – e o prazo de execução da obra, com uma extensão de cerca de quatro quilómetros, que está definido em contrato é o final de 2026.

A estação de Alcântara fará a ligação à futura Linha Intermodal Sustentável, promovendo a ligação ao concelho de Oeiras (LIOS Ocidental).

O financiamento do PRR prevê um investimento no metro de Lisboa de 400 milhões de euros para a expansão da Linha Vermelha, de São Sebastião até Alcântara, e 250 milhões de euros para a nova Linha Violeta (metro ligeiro de superfície), que ligará o Hospital Beatriz Ângelo por Odivelas a Loures, num total de 650 milhões de euros.

Já a linha Circular, prevista inaugurar no segundo semestre de 2025, vai ligar a estação do Rato ao Cais do Sodré, numa extensão de mais dois quilómetros de rede e duas novas estações (Estrela e Santos), unindo as linhas Amarela e Verde num novo anel circular no centro de Lisboa.

Além da construção de duas novas estações será remodelada a estação existente no Cais do Sodré.

O investimento previsto na construção desta linha é de 331 milhões de euros.

A questão da cyberwar, ou ciberguerra, é um tema atual que possui raízes históricas. Este tipo de conflito ganhou destaque em 2010, com o malware Stuxnet, considerado o primeiro ataque informático com características de guerra cibernética. O Stuxnet visou infraestruturas críticas, com motivações políticas e militares, demonstrando que os ataques informáticos podem fazer parte de um arsenal de armas em conflitos armados.

Atualmente, observamos conflitos armados, como os que ocorrem entre a Ucrânia e a Rússia e entre Israel e a Palestina. É difícil determinar se os ataques informáticos fazem parte das estratégias militares desses países. Contudo, a Ucrânia foi alvo de vários ciberataques, incluindo o ataque à sua rede elétrica em 2015 e o malware NotPetya em 2017. Israel também sofreu ataques, como o ocorrido em 2021 nos seus sistemas de água. Esses exemplos mostram que a guerra cibernética representa uma ameaça à segurança nacional.

A crescente dependência em tecnologias digitais sugere que a cyberwar será cada vez mais prevalente. Contudo, os ataques cibernéticos não se restringem a estruturas governamentais ou militares. Ataques como o WannaCry demonstram que as organizações também podem ser alvos. As consequências variam desde prejuízos financeiros até danos à segurança nacional, justificando que ataques que impactam organizações possam ser classificados como cyberwar.

As infraestruturas críticas de um país são as mais suscetíveis a ataques de cyberwar. Estas são aquelas cuja inutilização teria consequências graves para a sociedade. Por isso, é vital implementar controlos de segurança eficazes tanto no ambiente físico como digital. A proteção deve ser reforçada em setores como Energia, Comunicações, Transportes, Saúde, Finanças e Administração Pública.

Em Portugal, existem registos de ciberataques que afetaram a Administração Pública, como os ataques a websites governamentais em 2017 e o setor da Saúde, com hospitais infetados por malware em 2019. Embora esses impactos tenham sido temporários, a possibilidade de futuros ataques não pode ser ignorada. A diversidade de alvos torna a cyberwar uma realidade cada vez mais próxima.

É imperativo proteger os sistemas informáticos de todas as organizações, independentemente do seu tamanho. Cada colaborador desempenha um papel fundamental na defesa contra ciberataques e deve adotar uma postura defensiva em relação à segurança digital, seguindo algumas diretrizes essenciais: Prestar atenção a e-mails e anexos; Utilizar palavras-passe robustas; Manter os sistemas sempre atualizados; Ativar a autenticação multifator; Limitar acessos a informações sensíveis e não negligenciar a segurança física.

Embora estas orientações possam parecer de senso comum, a sua implementação eficaz pode ser desafiadora. O Programa de Cibersegurança de cada organização deve ser adaptado à realidade do setor e às necessidades do negócio. Para apoiar essa resiliência, existem serviços especializados que oferecem proteção contra ciberataques, como:

  • Managed Services: Gestão de infraestruturas críticas de segurança da informação, garantindo proteção contínua.
  • Telecom Management: Melhoria da eficiência e segurança das comunicações.
  • IT Governance: Melhoria de práticas na gestão de IT, promovendo uma cultura de segurança.
  • Projetos Especiais: Resposta a desafios complexos com soluções personalizadas, garantindo proteção contra ameaças sofisticadas.

Num mundo digital cada vez mais ameaçado por ciberataques e ciberguerra, a combinação destes serviços permite uma defesa robusta e integrada da sua organização. Portanto, apesar de poder ter de responder afirmativamente à questão sobre a vulnerabilidade das organizações a ataques de cyberwar, poderá sempre acrescentar: “Mas não a minha!”

Palavras-chave:

O PSP autor do disparo que matou Odair Moniz foi constituído arguido. O polícia já tinha sido ouvido, na segunda-feira, pela Polícia Judiciária. O jovem agente, na casa dos 20 anos, entregou a arma aos investigadores e saiu em liberdade. Estará a receber acompanhamento psicológico e meteu um período de férias, alegadamente por ordem superior, confirmou a VISÃO.

Na madrugada de segunda-feira, Odair Moniz, 43 anos, morreu na sequência de uma intervenção da PSP, no bairro da Cova da Moura, na Amadora. Em comunicado, a PSP explicou que, minutos antes, na Avenida da República, na Amadora, “o suspeito, ao visualizar uma viatura policial, encetou fuga”. No interior da Cova da Moura, o condutor “entrou em despiste, abalroando viaturas estacionadas, tendo o veículo em fuga ficado imobilizado”, lê-se na nota do Comando Distrital da PSP de Lisboa.

O relato acrescenta que, “pelas 05h43”, os agentes da PSP procederam “à interceção” deste homem, que terá resistido à detenção. “Na Rua Principal do referido bairro, quando os polícias procediam à abordagem do suspeito, o mesmo terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca, tendo um dos polícias, esgotados outros meios e esforços, recorrido à arma de fogo e atingido o suspeito”. Odair Moniz ainda foi assistido no local e transportado para o Hospital São Francisco Xavier, mas acabaria por falecer “pelas 06h20”, de acordo com o comunicado da PSP.

Na primeira notícia sobre o caso, no site da CNN, contava-se que Odair Moniz era suspeito de furto de viatura, mas a cunhada da vítima garantiu à VISÃO que o carro era propriedade de Odair Moniz.

Horas depois destes acontecimentos, o Ministério da Administração Interna determinou à Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) a abertura de um inquérito “com caráter de urgente” para apurar o que aconteceu. Além deste inquérito na IGAI, a PSP já tinha anunciado a abertura de um inquérito interno junto dos polícias e de testemunhas para apurar as circunstâncias que originaram esta ocorrência – como é habitual nestes casos.

Noite quente no Zambujal

Odair Moniz tinha 43 anos e deixa dois filhos (um com 18 e outro com dois anos). Residia no bairro do Zambujal, também na Amadora. Era cozinheiro de profissão, mas estaria atualmente de baixa médica. Segundo a familiar, ouvida pela VISÃO, a vítima “nunca tinha tido problemas com a polícia” antes e “não era um homem violento”.

A morte de Odair Moniz provocou revolta no bairro onde residia. Durante a última noite, um grupo de cerca de 40 indivíduos provocou vários incidentes. Há o registo de vários focos de incêndio, caixotes do lixo queimados, paragens de autocarro destruídas e um autocarro apedrejado. As equipas de intervenção rápida e do corpo de intervenção da PSP têm permanecido nas imediações do local.

Há ainda informação do apedrejamento de polícias e jornalistas que tentavam entrar no bairro, situação que tem sido negada pela associação de moradores.

Pedro Nuno Santos anunciou na quinta-feira passada a abstenção do PS, mas isso não foi suficiente para dar como certo que o Orçamento do Estado para 2025 irá passar. É que os líderes do PSD nos Açores e na Madeira deixaram claro que os deputados do partido eleitos pelas ilhas só iriam votar a favor do documento caso houvesse ganhos de causa para estas regiões. Esta terça-feira, o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, e o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, tiveram uma reunião por Zoom com Miguel Albuquerque e José Manuel Boleeiro e, ao que a VISÃO apurou, as conversas estão bem encaminhadas.

A reunião terá sido essencial para dar garantias a Albuquerque e Boleeiro de que este Orçamento vai contemplar algumas das suas preocupações. A ser assim, será mais um dado para garantir a viabilização do documento que, depois de aprovado na generalidade, terá ainda uma discussão na especialidade, na qual muitos temem que votações cruzadas possam pôr em causa o saldo orçamental projetado por Miranda Sarmento.

O que pedem a Madeira e os Açores?

Uma das questões que estão em cima da mesa na Madeira tem a ver com os custos dos subsistemas de Saúde na região, que Albuquerque quer que comecem a ser assumidos por Lisboa (num total de 64 milhões de euros), outra tem que ver com o IVA e a aprovação da inscrição das empresas no Centro Internacional de Negócios da Madeira depois de 1 de janeiro de 2025, adiando o fim dos benefícios fiscais na Zona Franca.

No caso dos Açores, estão causa matérias como a reabilitação e reconstrução do atual Hospital do Divino Espírito Santo e a ampliação do aeroporto da Horta. Matérias que, sabe a VISÃO, poderão ser acomodadas neste Orçamento do Estado, mas de forma diluída, dividindo os valores em tranches até ao fim da legislatura.

A prova de força de Albuquerque

A reunião aconteceu poucos dias depois do Congresso do PSD, durante o qual o líder do PSD Madeira conseguiu mostrar o seu peso, depois de ter ameaçado chumbar o Orçamento.

Miguel Albuquerque está a braços com uma investigação judicial que fez azedar as relações com Luís Montenegro, por Presidente do Governo Regional da Madeira entender que Montenegro não tinha sido claro na sua defesa e por ter dito até que, nas mesmas circunstâncias, se demitiria da liderança.

Esse clima e a ameaça de chumbo ao Orçamento fizeram especular que Miguel Albuquerque poderia deixar de ser o nome indicado por Montenegro para presidir à Mesa do Congresso, um órgão importante no partido. A dada altura, circulou mesmo a informação de que Leonor Beleza poderia ser a pessoa escolhida para o lugar.

No entanto, Luís Montenegro optou por manter Miguel Albuquerque na Mesa do Congresso e Leonor Beleza subiu, sim à direção do PSD, mas para o lugar de primeira vice-presidente do partido, assumindo a tarefa que estava com Paulo Rangel, o ministro dos Negócios Estrangeiros, que passa agora a vogal, tal como os restantes vices de Montenegro que têm funções governativas.

Contactados pela VISÃO, nem Miguel Albuquerque nem José Manuel Boleeiro quiseram fazer comentários.

O recente ultimato (sob a capa de um “pedido de execução imediata”) de Israel para a retirada das forças de UNIFIL (United Nations Interin Force in Lebenon) para as Forças Miliares Israelitas (IDF) poderem operar a seu contento no sul do Líbano demonstra a agonia de um político e de um regime que perdeu, em pleno século XXI, a noção de estar inserido no conserto de nações civilizadas, representadas pela ONU, da qual faz, aliás, parte. Este gesto do primeiro-ministro de Israel surge na sequência de dois tanques da IDF terem destruído o portão principal da base da UNIFIL invadindo o seu recinto, acobertando a proeza com o fumo de 100 obuses disparados à distância. 

Ao proceder assim, o Governo de Israel inverte os termos do que consta: da Resolução do Conselho de Segurança 1655 de 31.01.2006 unanimemente aprovada; do artigo 3º da Convenção de Genebra relativa à Proteção dos Civis em dos combatentes de Guerra de 12.08.1949 e -do Direito Internacional Humanitário (DIH) (t.c.p. Direito Internacional de Conflitos Armados), que tem o seu fundamento na 4ª Convenção de Genebra de 1949 e dos seus Protocolos Adicionais de 1977 e 2005.

Pela importância que assume no plano do imediato, sobretudo tendo em conta a insólita proposta do Netanyahu, próxima da loucura política, tenha-se em conta que o DIH só se aplica em conflitos bélicos como é precisamente o caso em que o Estado de Israel está empenhado, sendo, por isso, aplicável às Forças Armadas envolvidas, estabelecendo a linha vermelha para os desmandos e excessos praticados “sob a alegação de que estão a cumprir ordens”.

O DIH é um conjunto de princípios decorrentes do Direito Internacional, nomeadamente: o de distinção, que impõe a proteção da população civil (destaque a mulheres, crianças e idosos) distinta dos combatentes; salvar os objetos civis (escolas, hospitais, bairros residenciais, entre outros); o de proporcionalidade, ou seja, a proibição de ataques que suscetíveis de causar danos superiores à vantagem militar projetada (há danos que podem ser evitados mesmo numa avaliação militar) e o de precaução, visando a preocupação de poupar a população civil. Os autores, diretos ou indiretos de atos que infrinjam consciente e voluntariamente estes princípios, podem incorrer em “crimes de guerra”. Crimes de guerra tal como vem definidos no Estatuto de Roma do Tribunal Pena Internacional. Para o efeito, basta consultar o seu artigo 8º. 2.a. IV. (destruição de bens não justificada), VII. (transferência ilegal de população); b. i. (ataque intencional à população civil), ii. (Ataque a bens civis), iv. (Ataques intencionais sabendo que o dano causado ultrapassa a necessidade militar).

Para justificarem a destruição de infraestruturas palestinas e do Líbano, bem como as suas escolas e hospitais e a continuada imposição às populações para se deslocarem e seguidamente as perseguir, tanto o primeiro-ministro de Israel como o porta-voz da IDF, alegam que o Hamas e o Hezbollah se escudam por detrás das populações ou se escondem em edifícios civis. Citemos o insuspeito Pacheco Pereira: “E não me venham com a história de que o facto de dois grupos de terroristas se esconderem num escudo de civis, e usarem escolas, hospitais, instalações da ONU – coisa que eles fazem – justifica o que Israel faz. Israel tem recursos e meios para chegar aos seus objetivos militares e tempo para o conseguir sem este massacre quotidiano. Não, não é a razão militar que justifica o que está a ser feito, é considerar que ser palestiniano é ser terrorista, é atribuir uma culpa coletiva às populações de Gaza e do sul de Líbano”. (in. Público pg.13 de 12.10.2024)

Indubitável e inequivocamente, Netanyahu e os responsáveis militares da IDF estão na senda da criminalidade de guerra e como tal, cedo ou tarde, terão que prestar contas.

(P.S. Estava a terminar este escrito quando fui confrontado com a notícia de que a UNIFIL irá continuar na execução do seu mandato. Trata-se de um gesto significativo e demonstra que o Conselho de Segurança – enquanto entidade responsável pela Força Militar de Paz da ONU – tem o estofo moral e a capacidade política para contrariar Netanyahu trazendo paz e segurança em Gaza, Líbano e Israel).

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+ Israel perdeu a inocência

Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

Localizada em Kuppenheim, Alemanha, a nova fábrica da Mercedes-Benz permite a este fabricante fechar o ciclo de vida das baterias dos veículos elétricos, recuperando matérias-primas valiosas e reduzindo a dependência de recursos primários.

Segundo o comunicado de imprensa, a taxa de recuperação da fábrica é impressionante, superando os 96%. Lítio, níquel e cobalto, metais essenciais para a produção de baterias, são recuperados e reutilizados na produção de novas baterias para veículos elétricos da Mercedes. Este processo contribui significativamente para a economia circular e para a redução do impacto ambiental da produção de veículos elétricos.

A Mercedes-Benz contou com a colaboração da Primobius, uma joint venture entre a SMS group e a Neometals, e de três universidades alemãs no desenvolvimento do projeto, que recebeu ainda apoio financeiro do Ministério Federal Alemão para Assuntos Económicos e Ação Climática.

A tecnologia mecânico-hidrometalúrgica utilizada na fábrica permite a separação eficiente dos diferentes componentes das baterias, como plásticos, cobre, alumínio e ferro. A “massa negra”, que contém os metais valiosos, é submetida a um processo químico que extrai lítio, níquel e cobalto com um elevado grau de pureza.

Além da eficiência na recuperação de materiais, a fábrica destaca-se pelo seu baixo consumo energético e reduzida produção de resíduos. A utilização de energia 100% verde, proveniente de um sistema fotovoltaico instalado no telhado, reforça a sustentabilidade da operação.

Com capacidade para processar 2500 toneladas de baterias por ano, a fábrica em Kuppenheim consegue produzir material suficiente para 50 mil módulos de bateria, contribuindo para o aumento da produção de veículos elétricos da marca alemã.

A fábrica de reciclagem de baterias é mais um passo na estratégia de sustentabilidade da Mercedes-Benz, que engloba o desenvolvimento de baterias com “design circular”, a produção de baterias neutras em carbono e a reutilização de baterias em sistemas de armazenamento de energia.

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Segundo o coordenador do grupo de trabalho que traçou o novo plano para as urgências de Pediatria e Ginecologia e Obstetrícia, Alberto Caldas Afonso, a ideia é deixar para as urgências apenas os casos encaminhados por outras unidades hospitalares, pelos assistentes ou pelo INEM.

No caso das pulseiras azuis (não urgentes), serão marcadas consultas nos cuidados de saúde primários em 48 horas.

Os casos com pulseiras verdes (pouco urgentes) serão logo encaminhados para a chamada ‘consulta aberta’ nos centros de saúde, para que a criança possa ser vista em 24 horas.

O plano vai arrancar inicialmente em Lisboa e Vale do Tejo, região Oeste e Península de Setúbal, sendo depois alargado a todo o país.

Centros de atendimento clínicos pediátricos em Lisboa e Porto

Alberto Caldas Afonso anunciou ainda que Porto e Lisboa vão ter centros de atendimento clínicos pediátricos para receber crianças triadas pelos hospitais da região como não urgentes.

O Centro de Atendimento Clínico (CAC) pediátrico do Porto vai funcionar no Hospital da Prelada, onde já funciona o CAC de adultos, que tem “excelentes condições”. Este CAC irá receber as crianças reencaminhadas pelo centro hospitalar do Porto e pelos hospitais de Matosinhos e de Gaia.

Em Lisboa, o Centro de Atendimento Clínico pediátrico irá funcionar no Hospital da Cruz Vermelha e irá receber as crianças enviadas pelos hospitais Santa Maria, Dona Estefânia e São Francisco Xavier. “Em Lisboa, o local foi mais difícil de encontrar”, mas “dá garantias” para realizar o trabalho necessário, comentou Caldas Afonso, avançando que irão iniciar-se as negociações para operacionalizar o processo.

Nos CAC haverá sempre um pediatra na equipa e enfermeiros, preferencialmente, com experiência em saúde infantil.

Sem avançar com uma data para abertura dos CAC, Caldas Afonso disse que gostaria que acontecesse “antes do pico de inverno das infeções respiratórias”, para evitar que as crianças passem “tempos intermináveis” nas urgências como geralmente acontece neste período.