Juliana Dias da Costa: A governanta do harém


Devota da fé cristã, nascida algures na Índia, era influente junto do imperador mogol, então o reino mais rico do mundo, fiel ao Islão. Enquanto se correspondia com D. João V e com os vice-reis dos territórios portugueses no Índico, andava de elefante escoltada por soldados muçulmanos e foi presenteada com um palácio. Uma história de amor? LEIA AQUI

João Rodrigues Cabrilho: Celebrado na América, ignorado em Portugal
Em 1542, descobriu a costa da Califórnia, feito que o Estado norte-americano comemora todos os anos. Mas a historiografia nacional votou-o ao esquecimento. O seu biógrafo só encontra uma explicação: o navegador deixou obra sob a bandeira de Castela. LEIA AQUI

Alexandre Serpa Pinto: o sonho africano
À data da sua morte, em 1900, este explorador tinha ficado na sombra de Capelo e Ivens, antes de a sua imagem ter sido recuperada, já no século XX. LEIA AQUI

Pedro Teixeira: Por este Amazonas acima e abaixo
O descobridor, em todo o seu curso, do que é tido como o maior rio do mundo até dá nome, no Brasil, a um batalhão do exército. Já em Portugal, o protagonista do maior feito de navegação fluvial da História é um ilustre desconhecido. LEIA AQUI

Rosa Serra: A coragemda enfermeira paraquedista
A enfermagem não a entusiasmava e muito menos desejava saltar de paraquedas, mas seguiu o instinto até aterrar em África, a tempo de resgatar militares, civis e até inimigos da frente de combate. Alferes num corpo pioneiro nas Forças Armadas, escondido por Salazar e enterrado pelo 25 de Abril, esteve debaixo de fogo sem se dar conta, correu de pijama para o abrigo ao som das sirenes e fez jus ao lema de não deixar ninguém para trás – a não ser quando não tinha escolha. LEIA AQUI

Antónia Rodrigues: A nossa Joana d’Arc
Eis o relato da vida de uma mulher que se disfarçou de homem, foi grumete de caravela, bravo oficial-cavaleiro em Mazagão e que uma investigadora compara à guerreira francesa de quatrocentos. Tudo para acabar fechada numa gaveta da História. LEIA AQUI

Pêro da Covilhã: Um espião do outro mundo
Como agente secreto de D. João II, descobriu-lhe inimigos internos, negociou por ele com reis berberes e, sobretudo, infiltrou-se por terrana Índia, disfarçado de mercador árabe, recolhendo informações valiosas para a futura viagem de Vasco da Gama. Morreu na Etiópia – descartado. LEIA AQUI

“Poucas matérias são tão relevantes para o desenvolvimento económico, para a coesão e para o aprofundamento da cidadania como o ordenamento do território.” Em novembro de 2013, ao apresentar no Parlamento a Lei de Bases da Política de Solos, do Ordenamento do Território e de Urbanismo, Jorge Moreira da Silva, então ministro do Ambiente no governo de Passos Coelho, soube definir bem a importância do diploma que estava a levar à votação na Assembleia da República. Na sua visão, aquela lei – que demorara quatro anos a preparar, na vigência de dois governos de partidos diferentes e com a auscultação de dezenas de entidades – constituía uma “alteração de paradigma” em relação à forma de encarar o futuro das cidades e dos aglomerados populacionais. Era o tempo de, nas suas palavras, “passar da expansão urbana para a contenção dos perímetros urbanos”. E, nesse sentido, declarou que, a partir desse momento, o “foco do desenvolvimento do território estará na regeneração dos aglomerados urbanos já existentes”.

É verdade que o País, nomeadamente as suas principais cidades, mudou muito na última década. Com o impulso do turismo e das novas tendências globais de mobilidade, os centros históricos deixaram de estar ao abandono, como ainda se assistia em 2013, e o mercado imobiliário disparou para valores incomportáveis para a realidade financeira dos habitantes tradicionais de Lisboa ou do Porto. A falta de habitação a preços acessíveis é hoje um problema gritante para os jovens, não só em Portugal, mas também na esmagadora maioria das principais cidades europeias. Por isso, um pouco por todo o lado, procuram-se soluções e apresentam-se medidas, umas mais drásticas do que outras, para tentar resolver um problema que, quer se queira quer não, está intimamente ligado ao modelo de desenvolvimento económico-social que cada um preconiza.

Há propostas para resolver o problema do lado da oferta e há soluções para o encarar do lado da procura. Em qualquer dos casos, há algo que não deve ser esquecido: qualquer solução que seja encontrada não pode nunca ser vista de um modo isolado, mas antes integrada num plano mais vasto de ordenamento do território. Ou seja, deve obedecer a um plano, com todas as variantes económicas e sociais, e articulado, de preferência, com as comunidades vizinhas. Vale a pena citar, a propósito, mais uma frase de Jorge Moreira da Silva naquele discurso de 2013: “Não podemos viver no paradigma da expansão urbana alimentada pelo crédito fácil e por perspetivas ilusórias da valorização. Isso acabou. É tempo de mudar. Não porque a lei seja velha, mas porque o modelo de desenvolvimento terá de ser novo.”

O Governo de Luís Montenegro não pensa assim. Por isso, decidiu enfrentar a crise da habitação através de uma mudança na lei, que passa a permitir a construção em solos rústicos, mediante autorização das câmaras e assembleias municipais. Ao receber o decreto-lei para promulgação, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que estava perante um “entorse significativo” em matéria de “ordenamento e planeamento do território”, mas não recusou a assinatura. E a lei lá seguiu, para ser publicada em Diário da República, no penúltimo dia de 2024.

Desde então as opiniões dividem-se. Há quem considere que a lei vai gerar mais oferta de habitação e quem riposte que a mesma só criará maior especulação imobiliária, além de poder abrir uma autoestrada para a corrupção. Como sempre, haverá argumentos válidos dos dois lados, que merecem ser analisados e ponderados.

É, no entanto, inaceitável que esta mudança na lei dos solos tenha sido feita quase em segredo, como a não querer dar nas vistas. No País em que se perdem horas a discutir previsões económicas (que todos sabem ser falíveis) ou perceções, não se percebe como uma lei com um impacto profundo no ordenamento territorial pode avançar sem qualquer debate. E também, pelos vistos, sem um mínimo de ponderação, já que se fica com a ideia, até pela própria justificação do Presidente da República, de que foi preciso acelerar para não se perder o dinheiro dos fundos europeus, cujo prazo é limitado.

A verdade é que o ordenamento do território é demasiado importante para ser tratado à pressa ou para ficar à mercê de interesses imediatos. As consequências de qualquer decisão, neste campo, podem perdurar durante décadas, como todos sabemos. Aliás, como se aprende na atividade desportiva, há entorses que se transformam numa instabilidade crónica. E em Portugal, em termos de ordenamento, já temos demasiados locais e atividades a precisarem de fisioterapia – sem remédio à vista.

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A cidade de Los Angeles, no estado norte-americano da Califórnia, está a ser devastada por quatro incêndios florestais de grandes dimensões. Dezenas de milhares de pessoas foram forçadas a evacuar as suas suas casas e centenas de habitações já foram destruídas pelo fogo.

As chamas já consumiram cerca de 1 800 hectares de terreno mas, segundo as autoridades locais, citadas pelo New York Times, a área ardida total deverá continuar a aumentar nas próximas horas devido às rajadas de vento de quase 160 km/h que têm dificultado o trabalho dos bombeiros.

A zona residencial de Pacific Palisades, no oeste de Los Angeles, é a que está a ser mais afetada pelas chamas. “O incêndio está a ser alimentado por uma combinação de ventos fortes e pela topografia da zona”, disse Kristin M. Crowley, chefe dos bombeiros de Los Angeles, numa conferência de imprensa.

Há registo de duas vítimas até ao momento.

Estiveram ou não os vereadores Nuno Correia e Joana Oliveira Costa em situação irregular quando substituíram Diogo Moura no Executivo de Carlos Moedas? A resposta ainda não é completamente clara e está a servir de mote a uma batalha jurídica na Câmara de Lisboa. Carlos Moedas tem uma “nota jurídica”, assinada pela diretora municipal Paula Pires Coelho, que lhe recomende que peça um “parecer ao Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República”, o PS quer pedir ao ministro da Coesão Territorial uma sindicância que permita avaliar se a Câmara esteve a funcionar de forma irregular e fez deliberações que possam ser nulas, mas Moedas prefere assegurar-se de que essas irregularidades não existiram no mandato de Fernando Medina.

O Observador avançou que Carlos Moedas “vai pedir um parecer externo sobre sobre o conjunto de substituições de vereadores que ocorreram entre 2019 a 2021, quando Fernando Medina era presidente da Câmara, em particular na reta final do mandato”. O pedido é feito ao Governo para que este peça um parecer ao Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República ou à Inspeção de Finanças.

Segundo fontes citadas pelo Observador, Moedas alega não ter encontrado documentos que certifiquem que a renúncia e substituição do vereador Carlos Castro, que se demitiu depois de se saber que tinha usado restos das vacinas contra a Covid-19 para se vacinar, cumpriram todos os procedimentos legais.

Parecer afinal é “nota jurídica”

Pressionado pela oposição desde que, em dezembro, o Expresso noticiou a existência de uma alegada irregularidade na substituição do vereador do CDS Diogo Moura (que já retomou o mandato depois de arquivado o processo que tinha contra si), Carlos Moedas chegou a garantir que tinha um parecer jurídico que avalizava a correção dos procedimentos.

O documento, a que a VISÃO teve acesso, tem como título “nota jurídica” e, embora faça a defesa dos procedimentos adotados, acaba por não ser claro nas conclusões, remetendo a confirmação dessa certeza jurídica para um outro parecer que possa vir a ser pedido à PGR.

“Neste contexto e face ao circunstancialismo que acima se descreveu, e para que se dissipem quaisquer dúvidas que ainda possam pairar sobre a legalidade das participações pontuais do Sr. Vereador Nuno da Rocha Correia, na sua qualidade de Vereador substituto, proponho ao Senhor Presidente da Câmara Municipal que solicite a emissão de parecer ao Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República”, lê-se no texto assinado pela diretora Paula Pires Coelho.

Esta “nota jurídica” sustenta que a indisponibilidade alegada por Nuno Correia para assumir o mandato era apenas uma “indisponibilidade temporária para o exercício do cargo” e não uma renúncia, pelo que seria lícito que substituísse a vereadora Joana Oliveira Costa nas suas ausências como vereador substituto.

A diretora jurídica da Câmara considera ainda que não faz sentido falar em nulidade das decisões tomadas, defendendo que o Código de Procedimento Administrativo apenas considera “nulas as deliberações de órgãos colegiais tomadas tumultuosamente ou com inobservância do quórum ou da maioria legalmente exigidos. 

PS pede sindicância

Os vereadores do PS não estão, contudo, satisfeitos com esta nota jurídica e pedem ao Governo que acione os mecanismos para que seja feita uma sindicância “para verificação do cumprimento da lei quanto à composição do órgão Câmara Municipal de Lisboa e legalidade das deliberações tomadas entre 16 de maio e 31 de dezembro de 2024”.

O PS considera existirem “sérios indícios de ilegalidades” que não ficaram dissipados, pelo contrário, com a “nota jurídica” elaborada pelos serviços da Câmara.

“Esta convicção foi reforçada pela nota jurídica dos serviços da Câmara Municipal de Lisboa, só agora conhecida, que veio confirmar a existência de um problema grave a partir de 26 de junho de 2024, data em que Nuno Rocha Correia levantou a sua indisponibilidade temporária, assumindo-se como vereador de pleno direito – pelo menos, desde então -, dando-se o inexplicável fenómeno de substituído e substituta participarem nas mesmas reuniões, e do substituído ter substituído a substituta em várias delas”, lê-se numa nota enviada às redações.

“A nota jurídica dos serviços da CML, que não encontrou irregularidades na tomada de posse da Vereadora Joana Oliveira Costa, apesar da Associação Nacional dos Municípios Portugueses as ter identificado claramente, não consegue enquadrar juridicamente as situações que se seguiram. Por isso, são os próprios serviços jurídicos da CML que propõem que se remeta o caso para a Procuradoria-Geral da República”, frisam os eleitos socialistas, que classificam como “uma manobra de distração para ocultar a sua incompetência” o pedido de investigação feito por Carlos Moedas ao mandato de Fernando Medina.

De resto,  os socialistas notam que “para qualquer esclarecimento pretendido bastaria consultar as atas das reuniões de Câmara de então”.

“A caligrafia. A forma de andar. O padrão de porcelana que escolhemos. Tudo isto põe-nos a nu. Tudo o que fazemos revela as nossas intenções. Tudo é um autorretrato”, afirma no seu livro Diary, Chuck Palahniuk, também autor do famoso Fight Club.

Palahniuk não conhece o artista alemão Stefan Vogel, que vive e trabalha em Leipzig e, só em 2024, expôs o seu trabalho no Kunstmuseum Stuttgart, Kunstverein Gera e na Galerie Michael Haas, em Berlim.

Porém, caso entrasse em CENAS, exposição que este apresenta até 18 de janeiro no polo português da Jahn und Jahn, galeria fundada em Munique em 1978, por Fred Jahn, muito provavelmente comprovaria a teoria que apresenta em Diary.

É que, explorando o tema da liminalidade, a mostra oferece ao espetador um autorretrato quase involuntário de alguém que está à procura…

Do quê? Talvez de cristalizar o momento irrepetível entre o nascimento de uma ideia e a concretização da mesma. Algo que Vogel faz com mestria, através da construção de verdadeiros cenários carregados de sugestões sobre os espaços onde tal momento costuma acontecer: a alma e o atelier do artista.

Podendo ser entendida como um anagrama da palavra italiana scena – a cena – CENAS é um cenário e simultaneamente tudo o que o habita. Isto é, os materiais e obras usados por Stefan Vogel para construir uma paisagem que oscila entre o pós-apocalíptico e o onírico são muito mais do que isso.

Tudo é ambíguo. A imagem que concebemos do homem que se faz representar pelo cenário por ele criado depende, e muito, da nossa própria perspetiva sobre o Mundo

São pistas para o desenho de um autorretrato, o do artista, que cada um idealizará de forma diversa, consoante dê mais importância a uma fotografia, a duas palavras escritas à mão, a objetos do dia-a-dia “congelados” em resina ou a uma aparente predileção pela cor laranja.

Tudo é ambíguo. A imagem que concebemos do homem que se faz representar pelo cenário por ele criado depende, e muito, da nossa própria perspetiva sobre o Mundo.

Tiramos conclusões que só a nós pertencem, porque olhamos, e vemos, a realidade de uma forma que só a nós pertence. Ao desenhar o retrato do outro, descobrimos o nosso. E é nesta conversa íntima que Vogel nos lança ao longo das cinco salas expositivas de CENAS.

Por exemplo, em aus-wachsen (2024), apresentada logo à entrada, podemos adivinhar alguém contemplativo, paciente, capaz de apreciar a beleza da mudança. A obra, constituída por farrapos de t-shirts de bandas punk cosidos numa tela retangular, colocada dentro de uma caixa de vidro, no fundo da qual se encontra tinta azul, pinta-se a si mesma ao longo da duração da exposição, à medida que a tinta vai subindo e ensopando o tecido.

As salas que se seguem foram reencenadas completamente. A luz natural foi deixada no exterior, mergulhando o espaço na penumbra, cortada apenas por focos e feixes de luz estrategicamente posicionados. Do chão de parquet, agora coberto de cimento branco, “nascem” árvores, também elas cobertas do mesmo material, que apontam os ramos em direção ao teto.

Tais construções espaciais são acompanhas por obras realizadas através de técnicas que vão da pintura e do desenho à escultura, escrita, fotografa, tecelagem e um vasto leque de media como matéria orgânica, objetos quotidianos, mobiliário e tecidos.

Ainda que o cenário apresentado possa assemelhar uma terra devastada e inóspita, está carregado de poesia, contida nos rituais e nas “manias” do artista, motores dos gestos invisíveis que se pressentem por detrás de cada obra.

Sala após sala, o espetador tem a sensação de explorar o interior do cérebro de Stefan Vogel, como se flutuasse através dos sonhos do artista, contemplando um autorretrato desenhado pelo seu subconsciente

É o caso das centenas de passos que Stefan Vogel terá dado, ao longo de uma semana, para criar Morgen und Bushaltestelle als Körper im Zug e Langeweile, Tusche und das Fenster zum Keller, duas “pinturas” translúcidas, feitas de metros de fio enrolado em torno de molduras de madeira de dois metros por dois metros e quarenta, que se encontram entre a primeira e segunda salas.

Ou da fragilidade do traço escuro que parece firmemente desenhado sobre a tela branca de GR2024/1, mas que acaba por revelar-se apenas a sombra projetada de uma racha feita no vidro que cobre a obra.

Ao avançarmos ao longo da exposição, temos cada vez mais a sensação de explorar o interior do cérebro do artista, como se flutuássemos através dos seus sonhos, contemplando um autorretrato desenhado pelo seu subconsciente.

Fragmentos de imagens, palavras, frases, objetos e feixes de luz intersetam-se, fornecendo ao espetador aquilo que Vogel define como “ajudas ao crescimento” (Gewuchshilfen, em alemão), estruturas para uma linguagem que cada um acaba por interpretar de forma íntima e pessoal.

Em composições que recordam a estética Dadaísta, pela paleta cromática, materiais e técnicas, Vogel une frases enigmáticas, pedaços de papel, cartão, fio, peças de plástico, lascas de madeira, areia, pó e pedras, desenhando infinitas teias de pensamento.

“A expectativa teme sob a língua azul” lê-se numa das obras. “Eu venho aqui, mas nunca vou lá”, “aqui é melhor não”, diz outra. Ou ainda “tudo cai e estranhamente tudo se cola”, “comboios soluçantes lado a lado, as palavras como areia diluídas no ritmo salgado do pulso” e “impercetivelmente alto em si e na paisagem, sob o rumor do impacto”. Cabe-nos escolher que caminho seguir e que ideias associar entre si.

Tal como um poema, que termina de ser escrito apenas quando esbarra com a alma do leitor e ganha nela novos significados, as obras canalizam sugestões.

Escolhemos o que contemplar e o que ignorar, escrevendo uma história única, vivendo, dentro do cenário de Vogel, uma exposição que existe num lugar irrepetível do nosso ser: Aquele que habitávamos no dia em que decidimos entrar pela porta da galeria.

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O carro desenvolvido pela Sony e pela Honda vai estar disponível nos Estados Unidos em duas versões, o Afeela 1 Origin e o Afeela 1 Signature, com preços desde 89900 e 102900 dólares respetivamente. A confirmação foi dada pela Sony Honda Mobility numa conferência de imprensa na CES 2025. Nesta fase, apenas os residentes da Califórnia podem fazer a pré-reserva do modelo, mediante o pagamento de uma taxa de 200 dólares, com as entregas a começarem a ser feitas em 2026 (Signature) e 2027 (Origin). Para já, ainda não há previsões quanto à chegada do carro a outros estados ou mesmo a outros países.

Pelo preço inicial, os utilizadores vão receber uma subscrição de três anos para várias funcionalidades do carro, incluindo o assistente à condução de Nível 2+ e um assistente pessoal que tira partido de Inteligência Artificial. No que toca a especificações, a autonomia anunciada é de 300 milhas (480 quilómetros) e compatibilidade com a rede Tesla Supercharger.

No carro é possível encontrar ecrãs por toda a largura do painel no interior, 40 sensores para condução semi-autónoma, tração integral e alguns apontamentos de integração de realidade aumentada e mundos virtuais. Durante a apresentação, Yasuhide Mizuno, CEO da Sony Honda Mobility demonstrou uma das capacidades mais avançadas, ao ‘convocar’ o carro a aparecer dando o comando de voz no telemóvel ‘Come on out, Afeela’ e o carro a aparecer no palco, embora não tenha confirmado que esta funcionalidade vá estar disponível no Afeela que será vendido ao público.

Com a chegada de Donald Trump ao poder (e previsíveis cortes nos apoios ao fabrico de carros elétricos) e o aparecimento da China como produtor dominante, os próximos tempos devem ser de parcerias e acordos entre empresas para se conseguir avançar no segmento da mobilidade elétrica.

A Nvidia revelou na CES 2025 que vai lançar, dentro de poucos meses, um supercomputador pessoal para executar modelos sofisticados de Inteligência Artificial. Equipado com um processador GB10 Grace Blackwell Superchip este será um modelo que cabe numa secretária de trabalho. O computador pode ser alimentado com uma fonte de energia doméstica, é capaz de processar 200 mil milhões de parâmetros e vai estar disponível com preços a partir dos três mil dólares.

Em comunicado de imprensa, o CEO Jensen Huang afirma que “a IA vai ser mainstream em todas as aplicações em todas as indústrias. Com o Project Digits, o Grace Blackwell Superchip vai chegar a milhões de programadores. Colocar um supercomputador de IA nas secretárias de cada cientista de dados, investigador de IA e estudante dá-lhes o poder para entrarem e moldarem a era da IA”, cita o The Verge.

Dentro de cada um destes supercomputadores, há 128 GB de memória unificada coerente, até 4 TB de armazenamento NVMe e a possibilidade de usar duas máquinas de forma síncrona para se poder lidar com modelos que tenham até 405 mil milhões de parâmetros. Para se perceber melhor o potencial, o melhor modelo atual da Meta, o Llama 3.1 tem 405 mil milhões de parâmetros. O processador GB10 consegue atingir 1 petaflop de desempenho em IA com uma precisão FP4. O sistema tem núcleos CUDA de última geração e Tensor Cores de quinta geração ligados com NVLink-C2C para uma CPU Grace com 20 núcleos ARM eficientes.

Além do hardware, a Nvidia quer disponibilizar também acesso à biblioteca de software, incluindo kits de desenvolvimento, ferramentas de orquestração e modelos pre-treinados. Os utilizadores vão poder desenvolver e testar os seus modelos de IA localmente e depois lançá-los para serviços na nuvem ou centros de dados.