A Huawei lançou a nova linha de smartphones Nova 13, com inovação a nível da fotografia e muita Inteligência Artificial. A série conta com duas versões: o Huawei Nova 13 e o Huawei Nova 13 Pro.

Um dos pontos fortes da nova série é a introdução da funcionalidade AI Best Expression, que utiliza Inteligência Artificial para melhorar as expressões faciais em fotografias, permitindo aos utilizadores capturar momentos com uma aparência mais natural. As câmaras frontais e traseiras disponibilizam suporte para retratos multifocais, criando imagens com um estilo artístico. Além disso, o AI HDR ajusta as configurações da imagem conforme o cenário, otimizando o contraste e a saturação das cores.

Veja imagens do Huawei Nova Series 13 Pro:

O modelo Nova 13 Pro conta com uma câmara principal de 50 MP e abertura ajustável, permitindo uma maior flexibilidade na captura de imagens em diferentes condições de luz. A estabilização ótica da imagem (OIS) ajuda a reduzir o impacto de movimentos involuntários, enquanto a teleobjetiva com zoom ótico 3X oferece mais opções para capturar retratos ou detalhes de longas distâncias.

Tecnologia para conforto visual e eficiência energética

O Huawei Nova 13 Series inclui um ecrã AI Eye Comfort, que adapta automaticamente os níveis de luz azul com base na iluminação do ambiente, ajudando a reduzir o esforço ocular durante longos períodos de uso. O Nova 13 Pro apresenta ainda um ecrã LTPO com taxa de atualização de 120 Hz, oferecendo uma experiência visual fluída e eficiente em termos de consumo de energia.

Veja o Huawei Nova Series 13:

A série também se destaca pelo carregamento rápido, com o Huawei SuperCharge Turbo de 100 W, capaz de carregar até 50% em apenas 9 minutos no Nova 13 Pro, e 10 minutos no modelo Nova 13. Ambos os dispositivos incluem uma bateria de 5000 mAh, prometendo uma utilização prolongada, mesmo com o uso intenso.

Preços e disponibilidade

O Huawei Nova 13 está disponível por 549 euros, enquanto o Nova 13 Pro pode ser adquirido por 699 euros. Ambas as versões contam com a oferta dos auriculares Huawei FreeBuds 5 durante a campanha de lançamento. A nova linha já está disponível para compra na loja da Huawei.

A beleza, já diz o ditado, está nos olhos de quem a vê. O Redmi Note 14 Pro+ 5G é a prova disso mesmo. Com as suas curvas acentuadas tanto no ecrã como no painel traseiro. Curiosamente, este modelo evoca o design dos topos de gama de há alguns anos. Se isto é uma vantagem ou um retrocesso, fica ao critério de cada um. Uma coisa é certa, num mercado cada vez mais dominado por linhas direitas e minimalistas, o Note 14 Pro+ 5G destaca-se pela sua silhueta curvilínea. Um formato que também ajuda a tornar o agarrar mais confortável… embora este seja um smartphone escorregadio, que parece querer sempre fugir das nossas mães. Felizmente, é fornecida uma capa de silicone, que resolve este problema.

O módulo de câmara também não passa despercebido. Apesar de albergar apenas três sensores, o design sugere a presença de um quarto elemento, num truque visual que pode gerar opiniões divergentes. A posição central resulta numa distribuição equilibrada do peso. Parece pouco importante, mas após horas de utilização, sente-se a diferença.

Ecrã, o maior trunfo

Se o design é discutível, o ecrã AMOLED de 6,67 polegadas é, sem dúvida, um trunfo. Com uma resolução de 1,5K, cores vibrantes e um impressionante brilho máximo de 3000 nits, este ecrã proporciona uma experiência visual de excelência, seja para ver vídeos, jogar ou simplesmente navegar na internet.

A taxa de atualização de 120 Hz garante uma fluidez invejável, mas aqui não há frequência variável – só podemos escolher entre 60 ou 120 Hz. Como sempre, a curvatura do ecrã causa alguma distorção nas extremidades, o que pode ser problemático em jogos que exigem precisão nos controlos e dificultar a leitura de documentos que cubram todo o ecrã.

Desempenho: o calcanhar de Aquiles?

No coração deste Redmi reside o Snapdragon 7s Gen 3, um processador de gama média da Qualcomm que promete um bom desempenho no dia-a-dia. Na prática, o telefone responde bem à maioria das tarefas, incluindo jogos com gráficos moderados. No entanto, não espere milagres em aplicações mais exigentes, como edição de vídeo, fotografia ou jogos especialmente exigentes. Até porque é na componente de processamento gráfico que este Redmi se afasta mais dos topos de gama. E nota-se, por vezes, algum ‘engasganço’ quando alternamos entre apps ou entre modos de fotografia – são microssegundos de atraso, nada demais. Aliás, a utilização de componentes mais antigos, com destaque para por a memória LPDDR4X e armazenamento UFS 2.2, pode comprometer o desempenho a longo prazo, especialmente com a inevitável acumulação de dados e aplicações.

Boa autonomia e carregamento rápido

A bateria de 5110 mAh é um trunfo do Note 14 Pro+ 5G. Com utilização moderada, é possível chegar ao final do dia com carga de sobra. E quando chega a hora de recarregar, a tecnologia HyperCharge de 120 watts faz maravilhas, levando a bateria de 0% a 100% em menos de 40 minutos.

É pena que a Xiaomi continue a ignorar o carregamento sem fios nos seus modelos de gama média. Num mercado cada vez mais competitivo, esta funcionalidade já se tornou num standard, mesmo em smartphones mais acessíveis.

Câmaras: o bom e o mau

O sensor principal de 200 MP com abertura f/1.65 é a estrela do conjunto fotográfico do Note 14 Pro+ 5G. Em condições de boa luminosidade, a câmara captura imagens com grande detalhe e nitidez. O pós-processamento e a inteligência artificial da Xiaomi ajudam a compensar algumas deficiências em ambientes com pouca luz. Não é uma câmara capaz de rivalizar com as melhores, mas cumpre perfeitamente.

O problema reside nos restantes sensores: uma ultrawide de 8 MP e uma macro de 2 MP, ambos já com alguma idade. Esta decisão de reaproveitar componentes antigos é dececionante, especialmente num mercado onde a inovação na fotografia móvel é constante. A câmara frontal de 20 MP também não impressiona, sendo incapaz de gravar vídeo em 4K, uma funcionalidade que já se tornou comum em smartphones de gama média.

A câmara de macro é bem-vinda, mas as imagens são de resolução relativamente baixa e com pouco detalhe

Merecia o Android 15

O Note 14 Pro+ 5G chega ao mercado com o Android 14 e a interface MIUI 15. A Xiaomi promete três anos de atualizações de versão Android, o que, à primeira vista, parece positivo. No entanto, a realidade é menos animadora. Com o Android 15 já disponível, o Note 14 Pro+ 5G terá apenas duas grandes atualizações garantidas, o que o coloca atrás da concorrência.

Veredicto

A escolha de componentes antigos e reutilização de sensores fotográficos do modelo anterior, deixam um sabor um pouco amargo. E a política de atualizações do sistema operativo deveria ser mais generosa. Dito isto, O Redmi Note 14 Pro+ 5G é um smartphone competente em muitos aspetos. Se procura um smartphone de gama média com um bom ecrã, bateria duradoura e desempenho satisfatório para o dia-a-dia, o Redmi Note 14 Pro+ 5G é uma opção a considerar seriamente. Mas, respondendo à pergunta inicial, não consideramos este o melhor smartphone até €500.

Tome Nota
Redmi Note 14 Pro+ 5G – €499,99 (8/256 GB)

BENCHMARKS
Antutu: 725815 l CPU 249118 l GPU 190270 l Memória 125774 l UX 160639 l 3DMark Wild Life Extreme 1051 (6,3 fps) l PCMark Work 3.0 13371, Autonomia 13h25 l Geekbench Single/Multi 1163/3238

Construção Bom
Câmaras Bom
Autonomia Muito bom
Ecrã Excelente

Características
Ecrã AMOLED 6,67” (1220×2712, 120 Hz, HDR10+) ○ CPU Snapdragon 7s Gen 3 (8 núcleos) ○ 8 GB de RAM e 256 GB de armaz. ○ Câmaras 200 MP (f/1.65), 8 MP ultrawide, 2 MP Macro, 20 MP selfie ○ Bateria 5110 mAh ○ USB C, WiFi 6, BT 5.4, NFC, infravermelhos, 5G ○ HyperOS (Android 14) ○ 163x75x9 mm ○ 229 gramas

Desempenho: 43,5
Características: 4
Qualidade/preço: 4

Global: 3,8

O mundo anda complicado e perigoso. Daí as cenas de alegria registadas ontem em Gaza e em Telavive. Será que o cessar-fogo anunciado esta quarta-feira, entre Israel e o Hamas, vai servir para alguma coisa? O conflito iniciado a 7 de outubro de 2023 com os ataques terroristas do grupo islamista e as brutais retaliações ordenadas pelo governo de Benjamin Netanyahu já provocaram demasiados mortos. Pelo menos 64260 – só até junho passado -, de acordo com um estudo recém publicado pela revista LancetNão nos iludamos. Neste preciso momento, dezenas de palestinianos continuam a perder a vida e a ficar estropiados devido aos ataques das Tsahal (as forças armadas de Israel). A maioria das duas centenas e meia de pessoas, com diferentes nacionalidades, que o Hamas sequestrou há 15 meses nunca regressará viva a casa. O jornalista Ahmed al Shayan faleceu ontem a fazer o seu trabalho na “zona humanitária” de Mawasi, junto a Khan Younis, no sul do enclave, na sequência de um bombardeamento, e não será o último nome a constar na lista de profissionais da comunicação social abatidos em Gaza (204). Netanyahu alega que o Hamas já está a violar trégua negociada para “extorquir concessões” e já admite não assinar o acordo que deveria entrar em vigor no próximo domingo, com a libertação, ao longo de seis semanas, de 33 reféns israelitas e de um milhar de palestinianos. E depois? Ninguém sabe. Talvez Donald Trump e Netanyahu tenham umas ideias sobre o assunto. O que não augura nada de bom. 

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Palavras-chave:

O Conselho de Ministros de Israel só se vai reunir para aprovar o acordo de cessar-fogo quando o Hamas esclarecer a “crise de última hora”. Segundo fontes governamentais israelitas, citadas pela Associated Press, o Governo de Netanyahu não vai aprovar a aplicação do acordo até que as divergências sejam esclarecidas.

“O Hamas está a renegar partes do acordo alcançado com os mediadores e Israel, numa tentativa de extorquir concessões de última hora”, acusa o Executivo.

As mesmas fontes acrescentaram que o Conselho de Ministros não se vai reunir até que os mediadores notifiquem Israel de que o Hamas, que governa Gaza, aceitou todos os elementos do acordo.

O acordo alcançado entre Israel e o Hamas prevê um cessar-fogo completo durante 42 dias a partir de domingo, após 15 meses de uma guerra devastadora, e a troca de 33 reféns israelitas por centenas de prisioneiros palestinianos.

“Hoje o momento está mais amadurecido. Não vou ser candidato à Presidência da República, não vou apresentar nenhuma candidatura à Presidência da República, não está no meu horizonte que isso aconteça”, respondeu Mário Centeno, na Grande Entrevista, transmitida esta noite na RTP3, quando foi questionado sobre uma eventual candidatura às eleições presidenciais do próximo ano, que vão escolher o sucessor de Marcelo Rebelo de Sousa no cargo de Presidente da República.

“É uma decisão pessoal” sem “nenhuma dimensão política” garantiu o governador do Banco de Portugal, sublinhando que foi “muito amadurecida”, tendo em conta a visão “pessoal e profissional” que tem de si mesmo e daquilo que quer fazer no futuro.

Questionado se tinha comunicado a decisão ao líder do PS, Pedro Nuno Santos, Centeno respondeu que a tinha transmitido “a um conjunto de pessoas” para que elas não ficassem a saber através da entrevista.

“Neste momento sou governador do Banco de Portugal, tenho vários cargos a nível europeu. (…) Tenho tido uma voz muito ativa e presente em termos europeus na questão da inflação e das taxas de juro e de uma visão gradualista e que possa ser transmitida às pessoas. Esse é o meu foco”, resumiu.

Entre um salário médio de 1,571 milhões de euros e bónus até 200% dos seus salários, os CEO das 100 maiores empresas europeias receberam uma remuneração média de 4.147.440 euros no ano passado, enquanto um trabalhador a tempo inteiro recebeu 37.863 euros, anunciou esta quinta-feira, em comunicado, o Instituto Sindical Europeu (ETUI).

Salários mais justos “aumentariam a competitividade ao ajudar a acabar com a escassez de mão-de-obra e a garantir que mais dinheiro regressava à economia, em vez de se acumular em contas no estrangeiro”, defende a secretária-geral da Confederação Europeia de Sindicatos, Esther Lynch. “Reduzir a desigualdade de riqueza e melhorar a qualidade dos empregos seria também a resposta mais eficaz à ameaça à democracia representada pela extrema-direita populista”, acredita.

A viragem do ano significa 365 novas oportunidades de recomeçar. Na lista de resoluções podem constar coisas mais simples ou transformações mais profundas: comer de forma mais saudável, fazer mais exercício físico, encontrar um novo emprego, aumentar a família… Mas, e se o ponto de partida para cumprir algumas destas metas fosse algo tão simples como o sorriso?

Um sorriso disfuncional não é apenas uma questão estética. A saúde oral pode, na verdade, afetar a nossa qualidade de vida em diferentes aspetos. Em casos severos, como a ausência total de dentes, cria stresse psicológico, comprometendo a nossa autoestima e a saúde emocional. É justo dizer que um sorriso funcional e confiante pode colocar-nos mais perto de conseguir alcançar os objetivos traçados para 2025.

A revolução do All-on-4®

Reabilitar o nosso sorriso, com a colocação de dentes fixos, é um processo geralmente associado a dor, desconforto e morosidade. Mas não tem de ser assim. O All-on-4®, em que a MALO CLINIC é pioneira, veio revolucionar a reabilitação oral a vários níveis.

A digitalização dos procedimentos revolucionou o All-on-4®, proporcionando tratamentos mais rápidos e personalizados

João Martins, médico dentista na MALO CLINIC

Esta técnica inovadora permite devolver dentes fixos aos pacientes desdentados totais mediante a colocação de apenas quatro implantes de titânio em cada maxilar. Além disso, com o protocolo digital, exclusivo da MALO CLINIC, este procedimento passou a ser ainda mais rápido, seguro e confortável. “A digitalização dos procedimentos revolucionou o All-on-4®, proporcionando tratamentos mais rápidos e personalizados”, explica-nos João Martins, médico dentista na MALO CLINIC com prática exclusiva em prostodontia (LP: N.º 7677/OMD).

O planeamento é feito previamente com tecnologia de ponta, como scanners intraorais e software 3D, garantindo a precisão na colocação dos implantes e reduzindo o tempo da cirurgia de oito para três horas.

Benefícios tangíveis e intangíveis

Este avanço traduz-se em menos trauma cirúrgico, menor dor e inflamação pós-operatória e uma cicatrização mais rápida. “Com o uso de guias personalizadas, os resultados são altamente previsíveis, garantindo a estabilidade e a longevidade do tratamento”, acrescenta o médico dentista. Além disso, os pacientes podem retomar as suas rotinas rapidamente, já com dentes funcionais e esteticamente naturais.

O protocolo All-on-4® digital não é apenas eficiente; é também prático. Em apenas nove dias úteis, o paciente passa pela avaliação, planeamento e cirurgia, com todo o processo preparado com antecedência, de forma a minimizar deslocações e otimizar o conforto.

Os implantes, através desta técnica inovadora, permitem melhorar tanto a saúde oral como também a qualidade de vida no geral. O simples ato de comer transforma-se, com a capacidade de mastigação reposta e a possibilidade de fazer uma dieta diversificada.

Mas não só. Um sorriso natural e esteticamente agradável tem um impacto muito positivo na autoestima, em todos os momentos da vida. Também a dicção ganha melhorias, aumentando a confiança na interação social.


Referência mundial

Pioneira no desenvolvimento do All-on-4®, a MALO CLINIC1 combina quase três décadas de experiência com uma equipa multidisciplinar de médicos dentistas altamente qualificados. Presente em Portugal continental e Madeira, a clínica é uma referência mundial em medicina dentária. A assinatura “Da Ciência ao Sorriso!” reflete o seu compromisso em oferecer soluções cientificamente avançadas para melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Saiba mais sobre este tratamento ou faça já a sua marcação online.


Novo ano de sorriso renovado

Se se encontra numa situação de falta de dentes ou se os dentes já não são viáveis, este pode ser o momento para transformar o seu sorriso. Agende uma consulta de avaliação na MALO CLINIC e descubra como um sorriso saudável pode ser o primeiro passo para realizar as suas resoluções de Ano Novo.

1MALO CLINIC ERS n.º 12920


CONTEÚDO PATROCINADO POR MALO CLINIC

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​Caroline tem 45 anos e é “a filha do meio” de Gisèle Pelicot. Os seus irmãos, David e Florian, têm 50 e 38 anos, respetivamente. Os três acompanharam a mãe durante os meses que durou o julgamento dos crimes de Mazan, no Tribunal Criminal de Vaucluse, em Avignon. Caroline Darian já registara as suas memórias, num livro que sairá em Portugal na segunda semana de fevereiro, com a chancela da Guerra e Paz. Chama-se Et J’ai Cessé de T’Appeler Papa (E Deixei de te Chamar Papá) e acaba de ser lançado no mercado anglo-saxónico. A autora assina-o com um pseudónimo – Darian –, que é uma composição a partir dos nomes dos seus irmãos. “Em homenagem ao seu apoio”, explicou, numa das inúmeras entrevistas que deu à imprensa britânica.

Há quatro anos, Caroline Darian achava que tinha uma “vida normal”. Vivia em Paris, tinha um filho com 6 anos, um emprego no departamento de comunicação de uma grande empresa, um marido que trabalhava num programa de televisão. Numa segunda-feira à noite, por volta da hora do jantar, a mãe ligou-lhe, pedindo-lhe que atendesse a chamada num sítio sossegado. Caroline pensou que fosse uma má notícia relacionada com o pai, que sofria de problemas respiratórios (nessa altura, em França, bem como na maioria dos países europeus, a epidemia de Covid-19 ainda provocava muitos lockdowns e, sobretudo, muitas vítimas). 

Em vez disso, no telefonema, Gisèle contou à filha o impensável, o inimaginável: Dominique, o pai, havia sido preso por filmar por baixo das saias de mulheres num supermercado. Durante a investigação, a polícia encontrara centenas de fotografias e vídeos da própria Gisèle a ser violada por inúmeros homens. “Foi um cataclismo. Todas as minhas fundações colapsaram”, conta Caroline ao The Guardian. Algumas dessas fotografias foram captadas na Île de Ré, numa casa que é propriedade de Caroline e do marido, no seu próprio quarto. Mais tarde, a polícia também encontrou duas imagens da própria Caroline, despida, com roupa interior que ela diz não reconhecer, em posições em que nunca dorme. Perante os juízes, a filha de Gisèle declarou acreditar que o seu pai também a drogou e violou: “Não é uma hipótese, é a realidade, eu sei-o.” Dominique sempre o negou.  

Não há vídeos que comprovem a violação da filha e, por isso, Caroline ficará para sempre trancada numa espiral de suposições e silêncio. Nos subterrâneos da internet onde Dominique recrutava os seus cúmplices, a polícia também encontrou fotomontagens de imagens de Caroline com o título “a filha vagabunda” legendadas com comentários obscenos. Caroline compara a sua mãe a “uma rainha medieval”, como que dirige sobre ruínas, diz. Ao mesmo tempo, porém, sente-se ignorada, sozinha, entregue às suas próprias dúvidas, aos seus próprios pensamentos. No tribunal, na última sessão em que participou, notou: “Sou a vítima esquecida deste caso.”

O livro é uma espécie de diário do primeiro ano após Caroline ter sabido de tudo. Escreveu-o com o objetivo de mostrar a forma como o “trauma se expande” numa família, “uma onda de choque”. Justifica também que a promoção a que entretanto se dedicou é “uma maneira de recuperar algum tipo de dignidade” e, por isso, fundou o movimento M’endors pas, para apoiar as vítimas de violação e de submissão química. Durante o julgamento, chegou a dirigir-se ao juiz: “Como é que é suposto reconstruir-me a partir das ruínas quando se sabe que o meu pai é o pior predador sexual dos últimos 20 anos?”  

O caso Pelicot marcou o final do ano passado e, sobre ele, já muito se escreveu. Gisèle Pelicot simboliza muita coisa: é a mulher que mudou a vergonha de lado; é a mulher transformada, ainda que involuntariamente, em heroína feminista; é a mulher que, apesar da destruição interior, foi capaz de arranjar forças para transformar a tragédia de ter sido violada em benefício de uma causa. Em tempo de debates polarizados, desinformação e rara empatia pelo outro, é também a mulher que contrariou narrativas e falsidades para fazer valer a verdade. 

Apesar das tentativas de a denegrir, apesar de ser apenas uma contra 51 homens sentados no banco dos réus, apesar das perspetivas ultrapassadas acerca do consentimento e do corpo da mulher que permanecessem para lá de todo o progresso social e cultural. Apesar de tudo isso, a partir do lugar tenebroso onde esteve durante dez anos, Gisèle Pelicot conseguiu reconstruir-se e, por isso, este caso é também um sinal de esperança. Assumiu que o homem com quem viveu 50 anos, mais de metade da sua vida, era, afinal, a personificação do horror, da barbárie, da miséria humana. Provou que é possível, sabe Deus a que custo, um ser humano começar de novo. Conseguirá Caroline também reconstruir-se, a partir das suas trevas de dúvida?

Breviário

Didion e os ventos de Santa Ana

Há muito de metafórico na triste coincidência de, a dias de Donald Trump tomar posse, vermos arder a cidade que tantas vezes desapareceu na ficção. Como se, de alguma maneira, por ironia do destino, a catástrofe natural antecedesse a catástrofe política… Construída no deserto, esplendorosamente virada para o oceano Pacífico, Los Angeles sempre foi o lugar da glória, da perfeição, dos sonhos. Joan Didion diz que “o clima de Los Angeles é o da catástrofe, do apocalipse”, num ensaio publicado em 1968 sobre os ventos de Santa Ana. Estes, segundo a escritora, recordam-nos como “estamos próximos do abismo”. Estamos?

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A candidatura ao cargo de Presidente da República foi sempre interiorizada, pelo eleitorado, como uma decisão pessoal e intransmissível. Mesmo quando – e foi quase sempre – os principais candidatos estavam perfeitamente identificados com um partido político, as candidaturas tinham uma luz própria, porque o candidato era uma personalidade forte, com aura pessoal e uma autoridade incontestável que alargava o espectro. Mário Soares ou Cavaco Silva podiam ter sido líderes dos seus partidos, mas também já tinham sido primeiros-ministros, eram políticos carismáticos e estavam, aos olhos do público – independentemente do sentido de voto – perfeitamente preparados. Outros, como Jorge Sampaio ou Marcelo Rebelo de Sousa, tinham o suplemento moral de se candidatarem a contragosto dos seus partidos de origem, o que lhes reforçava a “fibra”. Estamos a falar de um tempo em que a política tinha figuras que valiam mais do que as suas circunstâncias.

É por isso que as próximas presidenciais serão as mais atípicas de sempre. Por mais que procuremos, não vislumbramos uma figura óbvia, pelo menos, entre as que estão mortinhas por se apresentar. Figuras óbvias poderiam ser, por exemplo, António Guterres, Pedro Passos Coelho ou António Costa. Mas esses parecem indisponíveis. Os outros, aqueles de quem se fala, serão sempre vistos como apparatchiks partidários. Quando várias vozes do PS, entre elas a de Ferro Rodrigues, falam de “primárias” para definir o candidato, como se o candidato devesse ser definido por um estado-maior partidário (a menos que estejamos a falar do PCP, do Chega – ou de um sistema presidencial de poder executivo, como o americano…), ou quando Pedro Nuno Santos espera para ver de que lado sopra o vento das sondagens, antes de “escolher” – como se devesse ser ele a escolher… –, verificamos como as regras não escritas parecem ter mudado, fragilizando, à partida, a ideia sugerida por Mário Soares e repetida por todos os outros de “um Presidente de todos os portugueses”.

Esta circunstância favorece o único que se apresenta sem pedir licença e o que tem o que os outros não têm: carisma. O almirante Henrique Gouveia e Melo representa o regresso do “país da televisão a preto e branco”, só lhe faltando as “suíças” de Eanes para compor o quadro do “conta-me como foi”. Mas é o que é. Aparentemente, e depois de vermos os principais protocandidatos na estrada, esta semana – Gouveia e Melo numa entrevista, Marques Mendes num encontro partidário, António José Seguro no programa de Ricardo Araújo Pereira (RAP) –, já está definida a agenda. E está definida pelo “não político”: era previsível que Gouveia e Melo aproveitasse a onda do regresso das questões da Defesa à discussão política para colocar o tema na primeira linha dos assuntos da pré-campanha: quem, se não ele, tem know-how na matéria?… Os outros já acusaram o toque e foram atrás, tentando desacreditar a personagem. É bem possível que, embora insuflado agora pelas sondagens, Gouveia e Melo, sem máquina partidária nem guru de marketing, venha a perder gás, com este discurso de “sangue, suor e lágrimas”. E já estamos a ver a estudada indignação de André Ventura quando, no debate, recordar palavras proferidas por Gouveia e Melo, em 2024, segundo as quais as famílias teriam de se preparar para mandar os filhos para a morte, num qualquer campo da Polónia… E também pode acontecer que um desenvolvimento inesperado na Ucrânia o deixe… “à deriva”.

No meio desta pré-campanha-fantasma (sem concorrentes), os líderes dos dois principais partidos olham em volta, aflitos: quererá o eleitorado um Marcelo de marca branca, como Marques Mendes?, pergunta Montenegro. Alguém se empolga com Seguro?, interroga-se Pedro Nuno. É verdade que Mendes tem a vontade e tem a antena – é inacreditável que continue a fazer comentário político na SIC, com a complacência da estação que, aliás, vê na circunstância uma oportunidade de audiências. Só que, mesmo assim, não são favas contadas. Nunca o PR eleito foi parecido com o anterior. Por exemplo, ao emotivo Jorge Sampaio sucedeu o distante Cavaco Silva e a este o afetuoso Marcelo que, por sua vez – espera o almirante – poderá ser substituído por uma austera e seca figura. Já Seguro, que surgiu na pantalha do mesmo canal, poucos minutos depois, este domingo, procurou mostrar uma faceta bonacheirona, à la Soares, que ninguém lhe conhecia e de verosimilhança duvidosa. Será impressão nossa ou até já começa a “cultivar” umas bochechas?…

Golpe de vista

Contra o racismo e a favor da polícia

No passado fim de semana, em Lisboa, uma manifestação contra o racismo teve a resposta de uma vigília em apoio da polícia. Como se uma coisa tivesse a ver com a outra. Lamento desiludir alguns, mas pode-se ser radicalmente contra o racismo e firmemente defensor do Estado de direito e das forças de segurança, como é o caso do autor destas linhas. E isto não só não é incompatível, como é complementar. Mas, para André Ventura e para alguns agentes policiais, não convém que assim seja. E isso só pode encobrir uma agenda xenófoba – e a prazo, descredibilizadora da própria polícia que estes “apóstolos” dizem defender.

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Um bando de extremistas constituído por mim, a minha mulher, dois dos meus filhos, um enteado, a minha irmã e dois velhos amigos reuniu-se no passado dia 11 às 14h45 na estação de metro do Rato, mudou na do Saldanha e chegou à da Alameda.

O extremismo deste grupo variava entre votantes do PSD, do PS e da IL. Ao descer a avenida, fomos encontrando amigos e conhecidos e o espetro político e partidário alargou-se. Tenho orgulho de que a minha gente seja assim, conseguimos conviver bem com quem pensa diferente de nós. Discutimos e algumas vezes até berramos, mas continuamos amigos. Achamos que há caminhos diferentes para atingir o melhor para todos, mas há princípios que nos unem e que não são negociáveis nem debatíveis.

Ninguém do grupo com quem fui ou das pessoas que encontrei na manifestação discute se o racismo ou a xenofobia são aceitáveis, se é legítimo defender a violência policial injustificada ou dirigida a grupos específicos ou se temos ou não de defender o acesso à saúde e à educação dos imigrantes e dos seus filhos (a propósito, encontrei dois amigos que foram imigrantes em França e no Brasil boa parte das suas vidas e que nunca julguei possível encontrar numa manifestação).

Luís Montenegro acha que isso são princípios que podem discutir-se. Quando se acha que pessoas que defendem os direitos fundamentais e valores constitucionais são tão extremistas como as que os atacam e se afirma moderado por estar entre os dois, não há outra conclusão possível.

Segundo ele, é possível debater sobre se o racismo é uma boa opção para a comunidade, fazer um paralelo entre deportações massivas de imigrantes e respeitar os seus direitos enquanto seres humanos, ter leis dirigidas a uma etnia ou achar que a lei deve ser igual para todos, e por aí fora.

Imagino que não sou só eu a ficar surpreendido com o primeiro-ministro. Até há pouco tempo, achava-o tão extremista quanto eu. Claro que sabia que havia muitas coisas em que discordávamos, mas julguei que aquilo por que eu e todos os 50 000 nos manifestámos era tão sagrado para ele como é para mim. Mais, estava absolutamente convencido de que o partido em que tantas vezes votei e que ele lidera tinha na sua génese e no seu programa os princípios que fizeram com que eu e os meus filhos descêssemos a Avenida Almirante Reis.

Mas não foi só com ele que fiquei surpreendido. Foi também com os que partilham os meus valores e pensaram que não deviam manifestar-se porque a sua presença seria usada por partidos políticos com os quais, como eu, discordam. Tenho uma novidade para estes: seria tão manipulada quanto a sua ausência, estou, aliás, convencido de que terem faltado será mais explorado por aqueles com quem não concordam. Quando decidimos não lutar por princípios que julgamos essenciais, estamos a afirmá-los exclusivos de áreas políticas que não as nossas. Pior, relativizamos a nossa posição, podemos até ser confundidos com opiniões como a do primeiro-ministro.

Lembrava-me sempre disto quando descia a Avenida da Liberdade no 25 de Abril e não via gente de centro-direita ou quando na cerimónia na Assembleia da República não havia deputados do PSD ou mesmo primeiros-ministros desse partido com o cravo vermelho ao peito.

Se ser moderado é, segundo Luís Montenegro, estar entre as posições que defendem os 50 000 que desfilaram na Almirante Reis e as poucas dúzias que estiveram na Praça da Figueira, serei então um radical, um verdadeiro extremista.

O que o líder do PSD talvez não saiba é que alijando os radicais como eu está a optar por os que acham que a xenofobia e os ataques aos direitos fundamentais são discutíveis. Mas não só: está a tentar agradar aos que são mesmo xenófobos e racistas. Imagino que seja um passo refletido. Imagino que ache que esses são muitos mais do que gente como eu. E isto diz-me algo de essencial: ele e o partido deixaram de defender valores sagrados, valores básicos, afastando de vez eleitores como eu.

É muito mais do que tática política, é uma inflexão estratégica, é um ato fundacional: o PSD, desta forma, enterra o seu património histórico.

Agora seria a parte onde é costume discorrer sobre o abandono do centro e a conversa estafada de que assim o PS teria o campo aberto para conquistar estes novos extremistas. Já a fiz mais do que uma vez, neste espaço e noutros. Neste momento não me interessa a minha pele de analista. Preocupa-me saber que há muita gente como eu que está politicamente órfã e não tem um espaço político-partidário, o que levará a um desencantamento com a política que é péssimo para uma democracia. Mas mais grave do que isso é cada vez mais estar a ser criado um ambiente social em que de um lado estão os que defendem a democracia e os valores que lhe estão subjacentes e do outro está um grupo que acha que esses valores não fazem parte da sua essência. Pior, muitos não estão pura e simplesmente interessados na democracia.

Também já aqui o repeti várias vezes: este clima não é sustentável, é um passo já muito avançado na destruição do sistema.

Que um primeiro-ministro que ainda considero um democrata não perceba isto é assustador. 

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