O VOLT Live é um programa/podcast semanal sobre mobilidade elétrica feito em parceria com a Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos (UVE).

Neste VOLT Live, episódio número 100, gravado a dia 11 de abril de 2025, apresentamos o Observatório da Mobilidade Elétrica, um site que reúne informação detalhada sobre vendas de veículos elétricos, comparativos de custos de energia e rede de carregamento. Neste site podemos saber, por exemplo, a evolução dos preços de carregamento, a disponibilidade dos postos por município, as taxas de ocupação das tomadas ou a avaliação dos operadores dos postos de carregamento. É mesmo muita informação disponível em https://observatorio.uve.pt/.

Em Polo Positivo e Polo Negativo comentamos os novos apoios para a aquisição de autocarros 100% elétricos e a manipulação de informação que foi feita relativamente aos apoios para a aquisição de veículos elétricos.

Em Produto em Destaque analisamos uma nova trotinete, que convence pela relação qualidade/preço.

Em Carrega Aqui, revelamos novos projetos municipais para a expansão da rede de carregamento e novos hubs de carregamento ultrarrápido. Com destaque para uma nova estação que até vai incluir zonas de convívio e de restauração para os utilizadores dos veículos elétricos.

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No México começou uma azáfama nunca vista. No próximo dia 1 de junho, e pela primeira vez na sua história, cem milhões de mexicanos elegerão os seus juízes. Cerca de 3422 candidatos a várias instâncias iniciaram no passado dia 30 de março uma campanha eleitoral inédita que culminará com a sua apresentação a eleições e consequente sujeição a voto popular. Sendo este o primeiro país do mundo em que tal sucede a uma escala que percorre todo o judiciário, importa primeiramente fazer a radiografia dos acontecimentos que conduziram o México a este ponto.

O processo inicia-se com uma confrontação entre o ex-presidente López Obrador e o Supremo Tribunal Mexicano na sequência de decisões em que este tribunal colocou entraves a algumas das suas propostas políticas. Nessa sequência, e como já vem sendo hábito nas estratégias populistas, independentemente do quadrante político em que se inserem, iniciou-se de imediato um discurso de forte deslegitimação do poder judicial, designadamente com acusações de corrupção dirigidas aos juízes, criando-se uma retórica crescente propiciadora de uma desconfiança pública generalizada. Nas palavras de Obrador, era necessária uma “reforma da Justiça” para livrar o judiciário da corrupção e garantir que ele responda à vontade popular”. Depois, aproveitando uma maioria parlamentar favorável, em setembro passado, o chefe de governo conseguiu fazer passar uma alteração legislativa de acordo com a qual os juízes mexicanos passariam, já em 2025, a ser eleitos diretamente pelos cidadãos. Numa votação parlamentar acelerada e deslocalizada para um pavilhão desportivo, a aprovação das medidas ocorreu já de madrugada debaixo de fortes protestos populares no exterior.

Os tempos que se seguiram foram marcados por mais protestos e greves que paralisaram o sistema de justiça e com deputados da oposição a virem denunciar casos de suborno, pressão e chantagens aquando da determinação do seu sentido de voto.

Ao contrário das eleições políticas, os candidatos a juízes não receberão formalmente qualquer financiamento para as suas campanhas, nem poderão contratar espaços publicitários na imprensa, rádio ou televisão, ou em painéis publicitários. Não será permitido fazer comícios em massa, apenas “reuniões sem megafones”

A presidente, entretanto eleita, Cláudia Sheinbaum, aliada de Obrador no Movimento Regeneração Nacional (MORENA), tendo tomado posse em outubro, de imediato se pronunciou publicamente afirmando: O presidente é eleito pelo povo, o poder legislativo é eleito pelo povo. Se os juízes são eleitos pelo povo, onde está o autoritarismo?” O argumento tem tanto de sedutor, pelo simplismo com que se apresenta, como de básico e perigoso, face ao que estas ideias realmente implicam. Com efeito, com esta dita “reforma” judicial deu-se por imediatamente encerrada a carreira judicial de cerca de 1700 juízes e magistrados do país, assim como de cerca de 55000 funcionários judiciais. Da noite para o dia, sem processo disciplinar, sem justa causa, sem apelo nem agravo. Por outro lado, foram afrouxados os requisitos para as candidaturas, incluindo a desnecessidade de ausência de antecedentes criminais. Ao contrário das eleições políticas, os candidatos a juízes não receberão formalmente qualquer financiamento para as suas campanhas, nem poderão contratar espaços publicitários na imprensa, rádio ou televisão, ou em painéis publicitários. Não será permitido fazer comícios em massa, apenas “reuniões sem megafones”.

Ora, como está bom de ver, o problema que se coloca, desde logo, é um problema de transparência do sistema, visto que existe um risco real dos candidatos se socorrerem de financiamento ilegal, provindo de certos grupos económicos ou até de organizações criminosas. Os demais, que tentam manter-se no sistema do qual foram afastados pela “reforma”, têm-se sujeitado à venda de bens pessoais para financiarem campanhas fotográficas ou vídeos promocionais ou recorrido à criação de contas de Facebook, TikTok e Instagram, como forma de disseminarem a sua candidatura de modo gratuito.

O grotesco da situação chega ao ponto de ser claro que os candidatos com mais património ou com maior disponibilidade de tempo estarão também em condições de manifesta vantagem, visto que os que se encontrem em funções no poder judiciário não podem fazer campanha durante o horário de trabalho. Mas o mais insólito é perceber o modo como é feita apresentação do conteúdo dos “programas eleitorais”, em que candidatos vestidos de trajes tradicionais ou nos seus melhores trajes pessoais tentam “vender” a sua candidatura com promessas de profissionalismo, objetividade, independência, imparcialidade e autonomia. Outros criam slogans como “prometo que serei o mais independente e o mais imparcial para resolver os seus casos”. Os mais resignados acrescentam: “… é a única coisa que posso oferecer”.

Perante este cenário, a Relatora Especial da ONU para a Independência dos Juízes e Advogados, Margaret Satterhwaite, advertiu com propriedade que quanto mais político se torna o processo, mais riscos há de corrupção, visto que estas candidaturas já não envolvem apenas o mérito, mas antes implicam uma tentativa de chegar ao poder a qualquer custo. Aliás, a Relatora Especial enviou mesmo uma carta ao governo mexicano a expressar a sua preocupação com a reforma, pois que, no seu entender, esta não garante que os selecionados sejam os mais preparados, os mais impolutos ou os mais transparentes. Acrescentou ainda que se o objetivo era de facto fortalecer a independência e a capacidade de combate à corrupção, então as medidas a tomar deviam antes passar pelo fortalecimento dos órgãos existentes que garantem a independência do sistema judicial, em vez de se eliminar um sistema e substituí-lo por outro. Também a Federação Latino Americana de Magistrados (FLAM) manifestou a sua incredulidade emitindo uma declaração pública em que alerta que “a reforma mexicana, ao submeter a seleção de juízes ao voto popular, introduz um risco significativo de politização do Poder Judiciário. Os juízes, em vez de serem selecionados pelo seu mérito e competência, serão eleitos pela sua capacidade de atrair votos, o que compromete sua imparcialidade e autonomia.”

Assim, o que sucederá a partir do dia 1 de junho é que os juízes em funções que não forem eleitos perderão os seus cargos através de um mecanismo de intervenção política na composição do poder judicial, tanto mais que os próprios candidatos foram escolhidos por comités de avaliadores controlados pelos poderes executivo e legislativo. Esta decisão anula o poder judiciário enquanto poder independente que exerce um contrapeso relativamente aos demais poderes do Estado, remetendo-nos para um cenário típico do ressurgimento dos regimes autoritários. Um poder judiciário dependente do voto popular, com tudo o que as campanhas públicas implicam, vincularia os candidatos aos interesses da franja que os elegeu ou apoiou, comprometeria a sua imparcialidade na aplicação universal da lei e torná-lo-ia vulnerável a grupos de pressão com suficiente poder para alterar a sua situação profissional.

Porque estas ideias, volta e meia, também são atiradas por cá, importa ter presente que o sistema português de nomeação de juízes está bem sedimentado na lei e na constituição e acompanha os modelos modernos e progressistas das demais democracias europeias. Porém, aqui como no resto da Europa, a imunidade ao iliberalismo só se alcançará mediante uma real consciencialização para os perigos do seu advento, importando que o reforço da independência judicial não ceda perante as tentações populistas. Relembrando a opinião nº1 do Conselho Consultivo dos Juízes Europeus sobre os padrões relativos à independência do poder judicial e à inamovibilidade dos juízes, “a independência judicial não é um privilégio para os juízes, mas em benefício dos cidadãos, aqueles que procuram a justiça.”

Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

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A produção de componentes para alimentar a crescente indústria da Inteligência Artificial tem impacto notório no ambiente. Uma análise da Greenpeace constata que as emissões de gases poluentes associados à produção de chips para IA quadruplicaram em 2024. Com muitos dos fabricantes a recorrerem a empresas como a TSMC ou a SK Hynix, a produção destes componentes acontece em fábricas em Taiwan, Coreia do Sul e Japão onde as infraestruturas elétricas ainda dependem muito de combustíveis fósseis, o que ajuda a explicar este aumento.

A Greenpeace estima que as necessidades globais de eletricidade para a IA podem chegar a ter um aumento de 170 vezes até 2030. Segundo a Bloomberg, este estudo reforça as preocupações já levantadas por alguns de que a corrida pela IA pode fazer descarrilar completamente os objetivos de descarbonização, com as conhecidas consequências para a Terra.

A organização sem fins lucrativos recomenda que os governos do leste asiático promovam a transição das fábricas para energias renováveis, mas parece estar a acontecer o oposto: a Coreia do Sul anunciou planos para construir instalações para produção de energia a partir de gás e Taiwan usou o argumento de um aumento de procura de energia para expandir os projetos de gás líquido.

Outro estudo da Agência Internacional para a Energia estima que a procura de eletricidade para alimentar centros de dados em todo o mundo deve duplicar em 2030, para os 945 TWh (terawatts hora), mais do que toda a eletricidade consumida no Japão ou 30 vezes mais do que a que é consumida na Irlanda.

Antes de as novas tarifas impostas por Donald Trump entrarem em vigor, a Apple apressou-se a transportar 600 toneladas de iPhone da fábrica da Índia para os EUA. O objetivo parece ser evitar o impacto financeiro e eventuais aumentos de preços, desencadeados pelas novas tarifas comerciais. Segundo o Nikkei Asia, as empresas Apple, Dell, Microsoft e Lenovo pressionaram as linhas de montagem para movimentar o maior número possível de equipamentos premium, os que serão mais afetados pelos potenciais aumentos de preços.

A empresa de Cupertino fez mesmo lóbi junto das autoridades para conseguir obter aprovações alfandegárias, contratou mais trabalhadores e manteve a fábrica da Índia a trabalhar mesmo no domingo para conseguir mais 20% de produção. A Reuters fez as contas e, considerando a capacidade de carga do avião e a dimensão e peso das embalagens, estima que a Apple tenha conseguido trazer 1,5 milhões de dispositivos desde março, conseguindo uma margem para não aumentar os preços no curto prazo.

Um fornecedor que trabalha com as tecnológicas Apple, Google e Microsoft confirma que as empresas deram instruções para expedir o máximo de aparelhos de eletrónica de consumo por via aérea que fosse possível, antes de as novas tarifas entrarem em vigor. A HP, por sua vez, deu instruções para se manterem os planos originais de expedições, tendo mudado de ideias em 24 horas e pedido também para se expedir o máximo que se conseguisse e aumentado o ritmo de produção no México.

A Samsung está a reduzir as encomendas de componentes para smartphones até meados de 2025 e alguns fabricantes de computadores como a Lenovo e a Acer já indicaram que irão aumentar o foco para outros mercados que não os EUA.

Em março de 1958, o pequeno satélite esférico Vanguard-1, do tamanho de uma toranja, foi colocado no Espaço. Desde então, tem estado em órbita enquanto ‘viu’ muitos camaradas a reentrarem na atmosfera terrestre e se incendiarem no processo. Agora, há uma equipa de investigadores e engenheiros que quer trazer o Vanguard-1 de volta para a Terra para ser analisado.

Este satélite foi o segundo a ser lançado pelos EUA para o Espaço. Desenhado em 1955, fazia parte de um teste de lançamentos a três fases e com o objetivo de perceber os efeitos do ambiente adverso do Espaço nos satélites. Uma equipa da consultora Booz Allen Hamilton apresentou uma proposta de como recuperar e trazer de volta o satélite para analisar as consequências de tão longa estadia na órbita terrestre, noticia o Gizmodo.

A equipa propõe trazer o satélite para baixa órbita para aí o resgatar ou ‘pescar’ para a Estacão Espacial Internacional (ISS). Em 1984, astronautas da NASA conseguiram, durante um passeio na ISS, capturar os satélites Westar 6 e Palapa B2 que tinham ‘caído’ na órbita errada. Depois de os recuperarem, os astronautas colocaram-nos na carga a bordo do Space Shuttle e retornaram-nos para a Terra.

A idade do Vanguard-1 requer que os astronautas sejam ainda mais cuidadosos. A equipa da consultora propõe que seja enviada uma nave para próximo do satélite para inspecionar o seu estado de uma forma mais pormenorizada, sugerindo uma parceria com um entusiasta do Espaço que tenha fortuna para subsidiar a empreitada ou mesmo usar um veículo da SpaceX para trazer o satélite de volta. “Missões futuras (remoção de detritos espaciais, captura de material para manufatura em órbita e mesmo exploração espacial profunda) podem beneficiar das técnicas demonstradas com a recuperação do Vanguard-1”, lê-se no estudo. Confira a proposta completa da equipa aqui.

Pequim anunciou esta sexta-feira que vai aumentar para 125% as taxas aduaneiras aplicadas aos bens norte-americanos. O aumento surge enquanto medida de retaliação a Washington pelo aumento das tarifas sobre produtos chineses de 125% para 145%, na passada quinta-feira. Esta é já a terceira vez que a China aumenta o valor das tarifas sobre os produtos norte-americanos.

“A imposição pelos EUA de tarifas anormalmente elevadas sobre a China viola gravemente as regras comerciais internacionais e económicas, as leis económicas básicas e o senso comum e é uma intimidação e coerção completamente unilateral”, explicou o Ministério das Finanças chinês, que anunciou a medida.

A China apresentou ainda uma queixa à Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre as tarifas impostas pelos Estados Unidos. “No dia 10 de abril, os Estados Unidos emitiram a Ordem Executiva, anunciando um novo aumento da chamada ‘tarifa recíproca’ sobre os produtos chineses. A China apresentou uma reclamação na OMC contra as últimas medidas tarifárias dos Estados Unidos ”, pode ler-se numa nota do Ministério do Comércio.

A família de smartphones Pixel, da Google, continua a crescer, agora com a chegada do Pixel 9a. Esta versão mais acessível pretende disponibilizar um conjunto sólido de funcionalidades, incluindo recursos de Inteligência Artificial (IA), e câmaras competentes, tudo por um preço inferior ao do ‘irmão mais velho’, o Pixel 9. Mas será que a Google conseguiu cumprir estas promessas? 

Comecemos pela qualidade de construção, que recorre a alumínio reciclado (86%) na estrutura lateral. Para além de transmitir robustez e confiança, este material concede uma sensação agradável ao toque. Tal como no Pixel 9, o design mais arredondado — especialmente nos cantos — contribui para uma pega mais ergonómica e confortável, facilitando o uso prolongado do equipamento.

Veja imagens do Google Pixel 9a:

Traseira redesenhada

A grande diferença face ao antecessor, o Pixel 8a, está no módulo das câmaras – a Google reformulou completamente o aspeto. Enquanto no Pixel 8a tínhamos um módulo que se estendia por toda a largura do smartphone e sobressaía do chassis, no novo Pixel 9a encontramos um design muito mais discreto e compacto. As duas câmaras traseiras e o flash estão agora integrados de forma mais subtil, sem saliências visíveis — uma alteração que melhora significativamente a estética do dispositivo.

O ecrã do Pixel 9a tem 6,2 polegadas, garante uma taxa de atualização de 120 Hz e utiliza tecnologia pOLED, que substitui o vidro tradicional por um substrato em plástico. A vantagem está na maior resistência a quedas e impactos, sem comprometer a qualidade de imagem, que se mantém ao nível de um OLED convencional — com pretos profundos e cores vibrantes.

Sendo utilizadores de um Pixel 9 Pro XL, comparámos diretamente os ecrãs e não notámos diferenças significativas na reprodução de cores ou na profundidade dos pretos. O brilho é outro ponto forte: com um pico máximo de 2700 nits, supera largamente os 2000 nits do Pixel 8a, garantindo uma excelente visibilidade mesmo em ambientes muito iluminados. Durante vários dias de utilização ao ar livre, numa primavera que ‘cheirou’ a verão, o ecrã mostrou-se sempre legível e confortável de usar.

As câmaras do Google Pixel 9a cumprem?

A qualidade das câmaras é, inquestionavelmente, um dos fatores decisivos na escolha de um smartphone. Por isso mesmo, colocámos à prova este Pixel 9a para perceber se as duas câmaras traseiras dão conta do ‘recado’.

A câmara principal de 48 MP é muito competente e consegue captar os pormenores com qualidade. As cores são realistas e conseguimos imagens com bastante nitidez. Trata-se de uma câmara que, para este nível de preço, consegue satisfazer na perfeição os utilizadores.

O zoom deste smartphone é, no entanto, um ponto menos positivo: com um máximo de apenas 8x e uma qualidade de imagem que deixa a desejar. Mas isto deve-se à ausência de uma lente teleobjetiva dedicada. Temos de ser realistas, para reduzir o preço do equipamento é necessário prescindir de alguns detalhes, e este não é dos mais relevantes.

Já a câmara ultra grande angular de 13 MP capta fotografias muito convincentes e com qualidade, sendo um verdadeiro fator de destaque. Esta lente incorpora também a funcionalidade macro, permitindo fotografias de muito perto e com definição q.b., sem necessidade de um sensor dedicado. Já a câmara frontal permite tirar boas selfies, com o modo retrato a captar imagens agradáveis. 

Em relação ao vídeo, gravámos em 4K a 60 fps (fotogramas por segundo) e obtivemos resultados estáveis e convincentes. A capacidade de estabilização do smartphone é bastante satisfatória e, mesmo com movimentos bruscos propositados, conseguimos vídeos suaves e visualmente agradáveis.

IA cada vez mais aprimorada

A Google tem investido fortemente na área da Inteligência Artificial (IA), e o assistente pessoal Gemini é um excelente exemplo disso. Os smartphones da gigante tecnológica, como o Pixel 9a, estão cada vez mais equipados com funcionalidades baseadas em IA, especialmente na área da fotografia. O Pixel 9a traz várias melhorias de IA, incluindo o pós-processamento inteligente das fotografias, tal como o Pixel 9. Funcionalidades como o “adiciona-me”, que permite juntar duas pessoas numa fotografia, mesmo que não estejam fisicamente lado a lado, ou a possibilidade de editar o áudio dos vídeos, focando, por exemplo, no som da natureza e reduzindo o ruído de fundo.

No entanto, a funcionalidade mais notável no Pixel 9a é, sem dúvida, o Gemini Live, uma nova ferramenta incorporada na linha Pixel. Quando ativamos o Gemini, que já vem pré-instalado no dispositivo, temos a opção de escolher o Gemini Live. Esta funcionalidade permite-nos interagir com o assistente pessoal por voz, criando uma experiência mais fluída e natural.

Na prática, o Gemini Live permite-nos fazer perguntas e obter respostas em tempo real, tudo através de áudio. Por exemplo, podemos fazer uma questão, e o assistente responderá de forma clara e direta. Outro aspeto relevante é que, dentro da mesma interface do Gemini, podemos abrir a câmara do smartphone, apontar para algo e simplesmente perguntar, “explica-me o que estás a ver”. O assistente, com a ajuda da IA, consegue identificar o objeto ou a situação e fornecer uma explicação detalhada, na maioria das vezes com grande precisão.

Outro destaque é a partilha de ecrã. Podemos abrir um site, como o da Exame Informática, e pedir ao assistente: “Em que site estamos? E podes-me explicar esta notícia?” O Gemini Live irá identificar imediatamente o conteúdo da página e fornecer uma explicação clara e assertiva sobre o que está a ser mostrado.

Componentes e autonomia

O hardware deste Pixel 9a está repleto de bons componentes. Com resistência IP68 a pó e água, podemos até mergulhar este dispositivo na água sem problemas. Encontramos ainda o processador Google Tensor G4, que permite abrir aplicações de forma quase instantânea e navegar sem qualquer tipo de paragem. A versão que testámos está equipada com 128 GB de armazenamento interno e 8 GB de memória RAM, o que consideramos mais do que suficiente para o dia a dia e excelente neste nível de preço. Importa também referir que, durante os nossos testes de benchmarks, que exigem mais do dispositivo, não sentimos qualquer tipo de aquecimento.

A autonomia é outro fator de destaque. Conseguimos passar o dia inteiro com o smartphone sem nos preocuparmos com a bateria ou o carregamento. Isto deve-se à bateria de 5100 mAh, que cresceu em relação à versão anterior, o Pixel 8a, que contava com apenas 4492 mAh. Um salto de qualidade significativo, que melhora a experiência de utilização.

Veredicto do Google Pixel 9a

Este é um smartphone que está muito próximo de poder ser comparado a modelos de topo. Apesar de estarmos perante uma gama mais baixa e acessível, encontramos inúmeros recursos e funcionalidades de excelente qualidade. Tanto a nível de hardware como de software, o Pixel 9a é uma opção muito válida para quem procura um smartphone que satisfaça todas as necessidades, sem ter de gastar valores que, em muitos casos, rondam os mil euros.

Tome Nota
Google Pixel 9a | €559,99
store.google.com

BENCHMARKS Antutu 1278373 • CPU 362961 • GPU 460380 • Memória 228429 • UX 226603 • 3D Mark: Wild Life Extreme 2637 ( 15.79 fps) • Wild Life Stress Test 9280 • Geekbench CPU 1739 (single-core) / 4533 (multi-core) • GPU 7728 • PCMark Work 3.0 10870  • Autonomia h m

Ecrã Muito Bom
Autonomia Muito Bom
Fotografia Muito Bom
Construção Muito bom

Características Ecrã pOLED 6,2” (1080×2424, 120 Hz, 2700 nits máx.) ○ Processador: Google Tensor G4○ RAM: 8 GB; Armaz. Interno: 128 GB○ Câmaras traseiras: 48MP (f/1.7, f/2.2); 13 MP (f/2.2) (ultra-grande angular); Câmara frontal:  13MP (f/2.2), Vídeo: 4K a 60 fps ○ 2x microfones ○ Android 15 ○ Bateria: 5100 mAh ○ Bluetooth 5.3 ; Wi-Fi 6e ; USB-C ○ IP68 ○ Dimensões: 154,7×73,3×8,9 ○ Peso: 185,9 g

Desempenho: 4,5
Características: 4
Qualidade/preço: 4

Global: 4,2

Anda tudo doido com a série. Dizem que é boa. Que é a chave de todos os mistérios e angústias da juventude contemporânea. A razão que explica o inexplicável. A bala de prata.

Eu não vi “Adolescência”. Não verei. Tenho horror a unanimidades. E, reparem: é preciso uma série de televisão para diagnosticar o óbvio? O problema não é subtil, esfíngico. Está à nossa frente, a berrar como um palhaço embriagado num coreto. Está nas mãos, nos bolsos, nos nossos olhos mortos: o telemóvel, esse milagre estúpido que há-de dar cabo de nós.

Outro dia, o João Miguel Tavares — homem inteligente — apresentou uma tese elegante no Público — mas errada. Segundo ele, depois da BD nos anos 50, da televisão nos anos 60, dos jogos de vídeo nos anos 80, os telemóveis são apenas o novo capítulo de um velho pânico. Mudam-se os tempos, mudam-se os brinquedos. A histeria é sempre a mesma. Talvez. Talvez à superfície.

Mas o próprio João Miguel, que desconfia de balas de prata, acaba por disparar a sua. Em cheio na testa. A tese de que tudo se repete é uma dessas soluções milagrosas que ele próprio condena. Mas não é assim. Há uma diferença gritante e melancólica: o telemóvel não é um brinquedo. É arma. É um amplificador de misérias. Especializámo-nos em descobrir o pior uso possível para seja o que for — e praticá-lo com esmero. Há paralelos? Há. Mas sempre piores. Neste caso, o telemóvel é uma nova categoria de alienação.

Somos todos crianças com um telefone na mão. É um mal muito democrático. Passamos uma hora a olhar para o vazio e juramos que é importante. Falar disto como se fosse problema exclusivo dos mais novos é um erro. Não é. Se um pai está a olhar para o telefone em vez de estar a fazer um desenho, o filho não vai querer desenhar.

O telemóvel esburaca-nos a existência. E por esses orifícios entram demónios que nem o mais degenerado de 1950 imaginaria. E nós, com um sorriso aparvalhado, partilhamos essa janela com os filhos. Como quem dá bagaço a um recém-nascido. Para depois escrevermos textos resignados, suspirando que é a vida, mais do mesmo, etc.

“Têm de aprender”, dizem. “O mundo é feito de computadores”, insistem. Mas basta um dedo gorduroso para deslizar pela infâmia rectangular. Qualquer avozinho semeia milho no Facebook. Qualquer analfabeto tem a perícia de uma lagartixa iluminada. Não é preciso licenciatura para isto. Há um abismo entre ciência computacional e ser capaz de mexer nas tábuas brilhantes que veneramos como sacrários.

Perdeu-se o instinto de defesa; perdeu-se a vergonha. O mal espalha-se e tratamo-lo com regulamentos de piscina municipal. Quantas escolas proibiram verdadeiramente o telemóvel? Uma? Duas? “Não se usa o telemóvel durante as aulas”, dizem — como se fosse aceitável trazer veneno no bolso, desde que não se beba à frente do professor.

Sei de colégios onde, durante o recreio, os campos estão sem ninguém. As árvores não têm crianças. As calças não se esfolam. Tempo bizarro: miúdos a rebentar foguetes ou a pôr sapos a fumar cigarros parecem agora uma esperança.

O buraco, o verdadeiro, é o vazio. O homem precisa de enchê-lo e tem horror ao silêncio, à vida sem estímulo. E o telemóvel é a máquina portátil de fabricar distracções — infinita, irrelevante, irredimível.

O velho Godard dizia que no cinema elevava-se a cabeça e com a televisão passámos a baixá-la. Pois agora só vemos a barriga. A queda não é figurada. A queda é física, mesmo.

O mais simples é dizer que os tempos agora são outros, que tem de ser e pronto. Mas cada acto de resignação é um acto colaborativo. Com um disparo. De uma bala de prata. Contra nós.

Explicar por que razão o telemóvel é mau não resolve nada. É como explicar porque é que a fome dói: quem tem fome já sabe.

Mas nem sempre sabe isto: ao contrário do que achamos, não escolhemos. Perante vinte impulsos, achamos que decidimos, — mas é o impulso que nos decide a nós. É o par de sapatos da montra que nos compra. A imagem que nos empurra. A pornografia que nos devora.

A única saída — e nisto a bala de prata do João Miguel aponta na direcção certa — é a de sempre.

O verdadeiro caminho da liberdade é desconfiar de si mesmo. Conter-se. Fechar os olhos.

Fechar os olhos. Só isso.

Manuel Fúria é músico e vive em Lisboa.
Manuel Barbosa de Matos é o seu verdadeiro nome.

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Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

A grande batalha comercial entre os dois maiores blocos económicos do mundo está para durar e nenhuma das partes quer dar o braço a torcer. Donald Trump lançou a sua cartada de aplicar tarifas aduaneiras sobre os produtos importados da China e Pequim reagiu de imediato criando tarifas retaliatórias. 

Perante a atitude das autoridades chinesas, Washington lançou novas tarifas sobre a China. Atualmente, quem quiser importar produtos chineses para os EUA terá de pagar um total 125% sobre o preço a que esse bem entra nas alfândegas. 

Mas, para a China, a guerra comercial não se esgota nas tarifas. Pequim criou regras mais apertadas para a exportação de minérios raros para os EUA e lançou várias investigações anti-monopólio sobre grandes empresas americanas que atuam na China. Criou linhas de crédito para as suas exportadoras e lançou um programa de compra de ações para aguentar financeiramente as empresas que mais venham a sofrer com esta guerra. E lançou uma outra ofensiva: a guerra cambial. Na noite passada, nos mercados asiáticos, o mercado da dívida pública norte-americana atingiu taxas de 5%, um movimento que não é normal neste tipo de mercados.

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Hoje assinala-se o Dia Mundial da Doença de Parkinson, uma doença neurodegenerativa de evolução progressiva e crónica que afeta os movimentos, que se manifesta sobretudo a partir dos 60 anos e que afeta cerca de 20 mil portugueses, com 1800 novos casos ao ano. É uma doença do cérebro, causada pela falta ou diminuição da dopamina, um importante neurotransmissor que leva mensagens do cérebro para diversos órgãos e partes do corpo. E são várias as razões que devem convocar a reflexão sobre a Doença de Parkinson hoje e todos os dias:

(i) É a segunda doença neurocognitiva mais comum a nível global (apenas ultrapassada pela Doença de Alzheimer) e que cresce mais rapidamente, impulsionada pelo aumento da esperança média de vida e pelo envelhecimento da população: segundo a Parkinson’s Europe, até 2050 os casos vão duplicar a cada ano;

(ii) A Doença de Parkinson provoca um aumento de 18% nas mortes prematuras e nas incapacidades físicas e psicológicas, de acordo com a Organização Mundial de Saúde;

(iii) Esta doença foi descoberta em 1817 por James Parkinson, médico inglês (nascido em 11 de abril de 1755) que descreveu os sintomas n’ “Um Ensaio sobre a Paralisia Agitante”. Mas passados 208 anos, e apesar dos avanços científicos e clínicos, a Doença de Parkinson ainda não tem causa definitiva, nem cura.

A inexistência de cura não implica uma sentença, e menos ainda inação do doente e da medicina. Sabemos que é uma doença multifatorial, que envolve fatores individuais, genéticos e ambientais, e que muito pode ser feito, considerando o ciclo da doença. A prevenção tem um papel de extrema importância, a reação atempada é essencial e a reabilitação importa maior qualidade de vida.

Prevenir a Doença de Parkinson passa pela promoção de um envelhecimento cerebral saudável desde cedo. Porque ainda que a prevalência seja claramente superior a partir dos 60 anos, cerca de 10% dos casos surgem antes dos 50 anos e 5% antes dos 40. Cuidado com a alimentação, atividade física constante, higiene do sono e ginasticar o cérebro, são peças-chave para a prevenção de uma doença ainda sem diagnóstico precoce – apesar de avanços consideráveis na busca de soluções que permitam diagnosticar a doença antes de provocar danos significativos no sistema nervoso.

Atualmente, o Parkinson é diagnosticado perante sintomas clínicos, ou seja, já existindo danos neurológicos significativos ou graves. Face a sintomas como tremores, lentidão dos movimentos, rigidez muscular, dificuldades em caminhar, problemas do sono, perda de olfato, devemos consultar de imediato um neurologista. A reação rápida permite evitar a progressão da doença, e faz toda a diferença. Os tratamentos atuais são eficazes, e permitem melhorias nas várias dimensões da vida do paciente afetadas pelo Parkinson.

Mas é preciso ir mais além da medicação que, sendo muito importante, não chega. Acredito realmente na reabilitação, através de programas individualizados que respondam às circunstâncias de cada pessoa. Que incluam terapia da fala e ocupacional, atividade física, acompanhamento nutricional e atividades complementares de bem-estar (como ioga, meditação, etc.). Acredito, também, que só uma abordagem integrada cérebro-mente é realmente eficaz na melhoria da qualidade de vida de quem tem Parkinson. A sua saúde mental é seriamente afetada, existindo uma relação direta entre esta doença e a depressão e as perturbações de ansiedade. Sem esquecer a saúde mental dos cuidadores, porque o “contágio emocional” é uma realidade.

O cérebro, como centro do nosso sistema nervoso, tem um papel vital nas funções neurológicas, na regulação das emoções e comportamentos, na nossa saúde integral. É por isso que dedico os meus dias à criação de um Hospital do Cérebro, para que lifespan e healthspan sejam, um dia, sinónimos.

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