Os preparativos para os Jogos Olímpicos aceleram a cada esquina de Paris, com o presidente Emmanuel Macron a inaugurar esta semana o Centro Aquático de Saint-Denis, a sinalética a ser instalada nos transportes e ainda muitas obras inacabadas, que a organização promete estarem terminadas até julho. Contudo, o que falta na capital francesa é o espírito olímpico.

Uma sondagem divulgada no domingo pelo jornal La Tribune Dimanche, e levada a cabo pela Ipsos, mostra que só 53% dos inquiridos estão interessados nestes Jogos Olímpicos, que decorrem entre 26 de julho e 11 de agosto, e que um em cada dois inquiridos diz mesmo não ter confiança na boa organização deste evento. Mas de onde vem este descontentamento?

“A França é uma democracia singular em que se tem como desporto nacional a crítica sistemática de tudo, e isso não é algo mau, significa que as pessoas estão preocupadas e participam. Os franceses manifestam-se, fazem greves e eu penso que há nisto uma certa saúde democrática, mas claro que gera alguns embaraços. Assim, quer sejam os Jogos Olímpicos ou outro evento, os franceses vão exercer o seu espírito crítico”, explicou Patrick Clastres, historiador olímpico e professor da Faculdade de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lausanne, em declarações à agência Lusa.

Logo em 2020, quando se soube mais sobre a localização exata das grandes infraestruturas para Paris2024 – com uma grande parte a instalar-se nos arredores da capital, nalgumas das comunas mais pobres de França como Saint-Denis, Saint-Ouen ou Aubervilliers -, foi criado o coletivo Saccage 2024, ou pilhagem, em português.

Este é um coletivo anónimo que reúne várias associações do departamento Seine-Saint-Denis, um dos mais pobres de França, e tem-se batido nos últimos quatro anos contra a instalação da Aldeia Olímpica, dos centros de treino ou ainda de novos acessos aos Stade de France por destruírem zonas verdes ou deslocarem associações que dão apoio aos mais pobres nestas cidades.

“Estes impactos ligados à construção de grandes estruturas, começámos a ver desde o início, já que muitos habitantes foram retirados dos locais onde foi construída a Aldeia Olímpica. Outro exemplo é que uma horta comunitária, que existia há dezenas de anos, foi destruída para ser construída a piscina olímpica”, relatou à Lusa Natsuko, membro deste coletivo.

Há quase um século que as autoridades francesas tentam resolver o problema da densidade populacional em Paris e um projeto que começou a ser estudado no início dos anos 2000 é o Grand Paris, que prevê alargar as fronteiras da capital às cidades mais próximas. Para o coletivo Saccage 2024, os Jogos Olímpicos foram só um pretexto para avançar com este projeto.

“É evidente que há uma pressão imobiliária muito grande nestas cidades, mas ela é anterior aos próprios Jogos Olímpicos, com a ideia de alargar a cidade de Paris aos seus subúrbios mais próximos. Os Jogos Olímpicos foram sim um acelerador deste processo e sabemos bem que muitas pessoas foram obrigadas a deixar as suas casas nos últimos anos”, acrescentou Natsuko.

Em Saint-Denis, desde o anúncio da atribuição dos Jogos Olímpicos a Paris (em 2017), o preço das casas subiu 25%, uma tendência que se alargou a toda a região de Paris, Île-de-France, e que coincidiu nos últimos anos com uma crise imobiliária e uma redução do poder de compra que dificulta o clima festivo.

“É importante criar uma identidade nacional para os Jogos Olímpicos, mas à volta do quê? Vive-se uma altura em França em que se expulsam estrangeiros, se perseguem os imigrantes ilegais e os próprios franceses veem todos os dias os seus direitos diminuírem, com o nível de vida a baixar consideravelmente. As pessoas assistem a isto e, ao mesmo tempo, tanto dinheiro público investido num único evento”, indicou Patrick Clastres.

Paris2024 vai também servir como ‘ajuste de contas’ para muitos setores descontentes com os últimos anos de governação de Emmanuel Macron, especialmente a reforma do sistema de pensões aprovada a meio de 2023 à revelia da concertação social.

Assim, entre julho e agosto, a CGT, uma das maiores centrais sindicais do país, já apresentou vários pré-avisos de greve, nomeadamente no que diz respeito aos profissionais de saúde nos hospitais, mas também o pessoal das autoridades alfandegárias, cantoneiros ou mesmo transportes públicos.

Para Patrick Clastres, há um falhanço em criar entusiasmo sobre um evento “que permite criar laços” para o futuro e que vai permitir a cerca de 15.000 atletas de todo o mundo reunirem-se num único lugar.

“Nem o Comité Olímpico Internacional, nem o Comité Olímpico francês, nem o governo, nem o Presidente da República souberam criar um discurso que envolva a população. Nós nem percebemos bem porque é que é a França a organizar estes Jogos, nem o gabinete da ministra do Desporto sabe. Em 2017, Paris era quase a única candidata”, comentou o académico.

Já Natsuko espera que Paris2024 sirva para os franceses se mobilizarem contra os Jogos Olímpicos de inverno que a França vai organizar em 2030.

“Acho que as pessoas, em geral, não querem saber destes Jogos Olímpicos. Não há nem uma alegria geral, nem indignação. Há um desinteresse total. Agora, eles vão acontecer, já não é possível anular. O que eu espero é que, numa altura em que a França tem um défice orçamental de 5,5%, haja mais debate sobre a realização ou não dos Jogos Olímpicos de inverno de 2030”, concluiu Natsuko.

 

CYF // AMG 

Palavras-chave:

Partindo dos resultados finais de 2022 apurados pelo Eurostat, a Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APICCAPS) destaca que, na última década, a produção de calçado em Portugal aumentou 14,4% (de 74 para 85 milhões de pares), o que compara com um recuo de 14% (de 97 para 83 milhões) da indústria espanhola.

“Melhor só Itália, ainda que, ano após ano, esteja a perder terreno para Portugal”, enfatiza a associação em comunicado, detalhando que “a indústria italiana deu um passo atrás” e decresceu 18,6% desde 2012, para 162 milhões de pares produzidos em 2022, “longe dos 199 milhões uma década antes”.

A associação destaca aliás que, “em termos práticos, na Europa apenas Portugal reforçou a produção de calçado”.

Como resultado, a quota de Portugal na produção europeia aumentou 34,3%, ascendendo agora a 17,1% do total.

Considerando toda a produção de calçado na Europa, verifica-se que, na última década, recuou 19,6%, para 496 milhões de pares, quando em 2012 ascendia a 617 milhões.

Citado no comunicado, o presidente da APICCAPS afirma que esta evolução traduz “o investimento continuado do setor de calçado em Portugal na definição de uma visão ambiciosa e em políticas públicas ajustadas, que permitiram ao setor reposicionar-se na cena competitiva internacional”.

“Independentemente dos ciclos conjunturais complexos, continuamos a acreditar no futuro da nossa indústria”, sustenta Luís Onofre, apontando como “maior prova na confiança do futuro do setor” o investimento previsto até ao final da década.

“Importa realçar que temos em curso dois grandes projetos no âmbito do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência], que pressupõem um investimento de 140 milhões de euros até ao final do próximo ano, e, até final da década, no âmbito do novo Plano Estratégico, tencionamos investir 600 milhões de euros”, sustentou.

Segundo dados avançados pela APICCAPS, estão atualmente registadas 6.381 empresas da fileira do calçado em Itália (recuo de 25,8% numa década), 2.808 em Espanha (menos 16,1% desde 2012) e 2.428 em Portugal (recuo de 5%).

Os três países, em conjunto, são responsáveis por praticamente 70% da produção europeia de calçado.

As exportações portuguesas de calçado recuaram 11,3% em quantidade e 8,2% em valor em 2023, face ao ano recorde de 2022, com 66 milhões de pares de calçado vendidos por 1.839 milhões de euros.

Segundo a APICCAPS, “o abrandamento económico internacional, em particular em mercados de grande relevância, como a Alemanha, a França ou os EUA, penalizou fortemente o setor do calçado no plano externo” durante o ano passado.

PD // EA

Arrancou no passado dia 1 de abril o prazo de entrega de declarações de IRS relativas ao ano de 2023. Até dia 30 junho os contribuintes devem, através da internet, submeter as suas declarações, havendo a possibilidade de o fazer de forma automática para quem tem rendimentos relativos a trabalho dependente ou pensionistas.

Quando houve, por parte do Estado, uma retenção em excesso do imposto, no ano anterior, há lugar a reembolso. Pelo contrário, os contribuintes que, ao longo de 2023, não fizeram retenção na fonte ou a fizeram em valor insuficiente (e sem despesas dedutíveis suficientes) têm de pagar o imposto em falta.

Se, por um lado, o reembolso aos primeiros contribuintes já começou, a liquidação do imposto em falta pode ser feita até 31 de agosto.

No entanto, há um valor mínimo para o pagamento do reembolso. Se o valor apurado pelas Finanças foi inferior a 10 euros, o contribuinte não receberá qualquer montante. Da mesma forma, só fica obrigado ao pagamento ao Estado quem tiver um valor a pagar superior a 25 euros.

Palavras-chave:

“O inimigo [Rússia] fez um ataque com três mísseis quase no centro da cidade. Há civis mortos e muitos feridos”, afirmou o governador Vyacheslav Tchaous.

Até ao momento não foi estabelecido um balanço oficial de vítimas deste ataque russo. 

Cherniguiv é uma das cidades mais antigas da Ucrânia, fundada há mais de mil anos, que tinha uma população de quase 300 mil habitantes antes da última invasão russa, e fica situada a cerca de 60 quilómetros da fronteira com a Bielorrússia, país aliado da Rússia.

Todos os dias, a Rússia bombardeia cidades ucranianas com mísseis e ‘drones’ explosivos.

 

PSP // SB

 

 

 

Porque gosto do trovador arrabidino tive a ousadia de o transformar em personagem dum romance que publiquei em 2010 – “Fado: a torcer o destino” (Lisboa: Novos Autores, 2013). Porque gosto da “Serra Mãe” publiquei em 2019 um livro de poemas inspirado nela – “Vestígios de azul” (Lisboa: Calipso).

Passam agora cem anos sobre o nascimento de Sebastião Artur Cardoso da Gama, em Vila Nogueira de Azeitão, Setúbal. Morreu muito jovem, aos 27 anos, cerca de um ano depois de casar, vitimado por uma tuberculose real de que sofria desde a adolescência, mas apesar disso deixou obra poética relevante, ligada à Serra da Arrábida, onde viveu e onde escrevia poemas como quem colhe flores.

O poeta passou a viver no terreno, onde se fixou por recomendação médica, e assim lhe conheceu as belezas, recantos e fragilidades. Por isso a sua consciência ecológica levou-o a escrever em 1947 a diversas autoridades públicas e personalidades a fim de solicitar a defesa daquele maciço montanhoso, daí resultando a criação da Liga para a Protecção da Natureza logo no ano seguinte, e que veio a ser a primeira associação ambientalista portuguesa.

A sua obra não é muito vasta, até porque morreu muito novo, e parte dela só foi publicada postumamente. Mas destacaria apenas dois poemas que podemos ler na sua “Antologia Poética”. O primeiro é o “Pequeno Poema”:

Quando eu nasci,

ficou tudo como estava.

Nem homens cortaram veias,

nem o Sol escureceu,

nem houve estrelas a mais…

Somente,

esquecida das dores,

a minha Mãe sorriu e agradeceu.

Quando eu nasci,

não houve nada de novo

senão eu.

As nuvens não se espantaram,

não enlouqueceu ninguém…

Pra que o dia fosse enorme,

bastava

toda a ternura que olhava

nos olhos de minha Mãe…

No dia do seu aniversário, Sebastião dedicou “Madrigal”, uma das mais bonitas declarações de amor, a Joana Luísa:

A minha história é simples./A tua, meu Amor,/é bem mais simples ainda:

“Era uma vez uma flor./Nasceu à beira de um Poeta…”

Vês como é simples e linda?

(O resto conto depois;/mas tão a sós, tão de manso/que só escutemos os dois).

Conheci Joana Luísa, o amor da sua curta vida e o padre que os casou, um homem bom e simples, o que ainda vem reforçar mais todo o ambiente que rodeia a vida do poeta e a sua obra. Poderíamos talvez caracterizar a sua vida e obra deste modo: uma tremenda e quase chocante simplicidade, uma franqueza transparente de sentimentos, um espanto face à impactante beleza natural que o rodeava (“Pelo sonho é que vamos/comovidos e mudos”).

Mas para compor o quadro, não podemos esquecer um certo toque de dramatismo romântico que decorre da sua doença e morte prematura, como sempre acontece com aqueles que partem ainda em plena juventude.

O “Poeta da Arrábida”, como era universalmente conhecido, foi agraciado a título póstumo, com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique em 1993 pela presidência da república.

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Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

A A6700 não surpreende no design, mantendo as linhas ‘quadradas’ que associamos à série. Mas que, ao contrário do que possa parecer, não afetam negativamente a ergonomia. Aliás, considerando a dimensão, esta é uma câmara que permite um bom agarrar. Quando se segura a câmara com a mão direita, ficamos, naturalmente, com os dedos médio e anelar a segurar no punho, que fica apoiado sobre o dedo mindinho. O indicador fica diretamente sobre os botões de disparo (obturador), de ligar/desligar e uma das rodas de controlo. Com o polegar é fácil controlar os restantes botões.

Como seria de esperar, a A6700 corrige as principais lacunas da A6600, nomeadamente a resolução e o efeito rolling shutter – distorção de imagens em movimentos rápidos devido à forma como o sensor capta a informação, linha a linha. Aliás, a A6700 tem sido vista como uma versão mais acessível da FX30, a câmara compacta da Sony para o cinema. Ou seja, apesar de a A6700 apresentar-se, sobretudo, como uma câmara fotográfica, as origens levam-nos a antecipar que terá um bom comportamento em vídeo.

Adaptada ao utilizador

Como acontece com outras Sony, a A6700 também sofre de ‘personalidade’ dupla ou até mesmo tripla. Isto porque inclui o já conhecido botão que permite comutar entre Fotografia, Vídeo e S&Q (câmara lenta e rápida). Não se trata de uma simples mudança de modo, na medida em que permite três ambientes diferentes, com apresentação de opções adequadas a cada um dos modos. Ou seja, quando mudamos para Video, a interface da máquina e os comandos são os mais adequados à gravação de vídeo. Quando mudamos para Fotografia, a ‘linguagem’ apresentada é a que estamos habituados em câmaras fotográficas.

A interface de menus também foi aprimorada, adotando o sistema mais lógico e intuitivo dos modelos full-frame mais recentes da marca. Infelizmente, não há joystick, mas a roda de comando traseira funciona bem. Até podemos usar este dial em modo joypad para definir o ponto de foco.

Ainda no que à ergonomia diz respeito, esta é a primeira Alpha da série 6000 com ecrã totalmente articulado. O que dá maior liberdade nas tomadas de decisão e permite manter o ecrã protegido enquanto não está a ser utilizado. Quanto ao visor digital, a resolução fica um pouco aquém do esperado, o que pode prejudicar a verificação de foco quando a usar profundidades de foco mais apertadas.

O ecrã articulado é uma vantagem ergonómica óbvia para pontos de vista baixos ou altos

Há jacks para auscultadores e microfone – importante até porque o microfone embutido não impressiona. Embora só tenha uma ranhura para cartões, suporta UHS-II de alta velocidade

Nem vi o pássaro

É cada vez mais difícil encontrar um produto sem alguma funcionalidade de IA. No caso desta câmara, são usados algoritmos de IA para identificar motivos, de modo a tornar a focagem automática mais rápida e precisa. Há, até, um chip dedicado para o efeito, de modo a não sobrecarregar o processador principal. O algoritmo é capaz de identificar uma série de motivos: pessoas, animais (incluindo pássaros), insetos, aviões, carros e comboios. Mas cabe ao utilizador escolher a que tipo de motivo quer dar prioridade. Na prática, a capacidade de detetar motivos pode ser adjetivada de incrível. Seja a fixar e seguir uma cara de um humano ou o focinho de um cão. De tal modo que, durante os testes, o AF foi capaz de identificar e fixar um pássaro que surgiu no enquadramento ainda antes de o próprio fotógrafo. E é rápido e preciso, até porque a focagem automática resulta de uma mistura de deteção de contraste e de fase.

A identificação automática de motivos é tão boa que quase nunca recorremos à seleção manual, mas há muitas opções para o fazer, desde a zona de foco à dimensão dessa mesma zona.

Não ficámos tão impressionados com o desempenho da fotografia contínua. A velocidade, que atinge as 11 fotos por segundo, é perfeitamente satisfatória para a maioria dos utilizadores. Mas há melhor na concorrência, como é o caso da Canon EOS R7 que chega às 15 fps, o que pode ser importante para fotógrafos de desporto ou de natureza. Até porque o buffer de memória só consegue armazenar menos de 20 fotos em formato RAW e 36 em JPEG. Depois, é preciso esperar alguns segundos para as imagens serem transferidas para o cartão e só depois podemos voltar à ação.

Quanto ao efeito do rolling shutter criticado na A6600, basta ativar o obturador mecânico para evitar o problema quando fotografamos motivos em movimento rápido.

Pequeno incremento

Não se pode dizer que a subida de resolução relativamente à antecessora seja importante. São, apenas, mais dois megapíxeis. E 26 MP está longe de ser uma referência num segmento onde há câmaras com mais de 30 MP. Mas nota-se uma melhoria na sensibilidade, ou seja, na capacidade de conseguir captar melhores fotos com menos luz ambiente. Em fotografia noturna, A6700 impressiona pela ausência de ruído. Só começámos a notar perda de qualidade entre ISO 3200 e 6400 e, se necessário for, consideramos as imagens usáveis até ISO 102400. Um valor impensável há alguns anos. Preferimos ter, como é o caso, bons 26 MP do que mais resolução e menor velocidade. Mas alguns utilizadores, como os que estão habituados a recorrer ao crop durante a edição para reenquadrar a imagem, poderão sentir falta de píxeis. Por falar em edição, os ficheiros RAW provaram ter muita informação para trabalhar, até porque utilizam cor de 14 bits. Mas se é daqueles que não quer ou não tem tempo para editar as imagens, não se preocupe, já que os ficheiros JPEG processados diretamente pela câmara são muito ricos em detalhe, amplitude dinâmica e cor. E até há alguns perfis de cor para brincar, incluindo o preto e branco e sépia. Ainda assim, parece-nos que a Sony deveria incluir mais filtros e perfis. Ao fim de contas, vivemos na era do Instagram.

Uma foto noturna onde é evidenciada a grande amplitude dinâmica do sensor da Sony

Apesar do dia estar nublado, esta foto apresenta cores vivas e é muito rica em detalhe

É cinema!

No Exame Informática TV já tivemos um realizador que gostava de usar a expressão “É cinema!” em tom de brincadeira quando os planos saíam melhor que o habitual. Ora, apostamos que este ex-colega iria gostar muito da A6700. É capaz de gravar 4K a 60 ou 50 fps e 10 bits de cor. Com um pouco de crop, até dá para chegar aos 120 fps, mantendo o vídeo em 4K, o que resulta em vídeos em câmara lenta que, lá está, podem ser rotulados de “É cinema!”. Há perfis de cor adequados para ganhar tempo na edição, mas os especialistas podem optar por diferentes perfis profissionais, incluindo o (plano) S-Log3 para tratarem a cor durante a edição. Há um meio-termo que apreciamos, o perfil S-Cinetone, que dá um aspeto cinematográfico diretamente. Quanto ao estabilizador de cinco eixos, continua a ser um dos melhores do mercado, embora não tenhamos notado grande evolução relativamente à versão anterior.

Os botões de controlo diretos e o punho generoso ajudam na ergonomia

Durante os testes de vídeo ficámos um pouco alarmados com o aquecimento excessivo da câmara. Ao fim de 20 minutos de gravação, o corpo, incluindo o punho, estava muito quente. Não ao ponto de queimar, mas consideramos que quem quer fazer vídeo mais profissionalmente deverá optar pela ‘mana’ FX30, que tem uma ventoinha no corpo exatamente para evitar esta situação.

Veredicto

A A6700 é, mesmo, uma FX30 mais acessível. Apesar do problema do aquecimento, parece-nos que a A6700 vai agradar a videógrafos que procuram a qualidade cinematográfica da FX30 ou das full frame, mas têm um orçamento limitado. É, sem dúvida, a escolha acertada para quem coloca o vídeo em primeiro lugar, mas que também se dedica à fotografia.

Tome Nota
Sony A6700– €1700

Qual. Imagem Muito bom
Vídeo Excelente
Construção Muito bom
Velocidade Bom

Características Sensor APS-C de 26 MP ○ Objetivas Sony E ○ ISO 100-32000 (extensível 50-102400) ○ 759 pontos AF ○ Wi-Fi AC, BT, USB C 3.2, micro HDMI, Mic, Headphones ○ LCD articulável 3” ○ Vídeo 4K até 120 fps ○ SD UHS-II ○ 122x69x64 mm ○ 493 gramas (só corpo)

Desempenho: 4,5
Características: 4,5
Qualidade/preço: 3,5

Global: 4,2

“Na medida do impossível” encerra a sua digressão internacional na Culturgest, depois de dois anos de representações em palcos de teatros e de festivais, em 120 países.

A peça tem oito récitas anunciadas para Lisboa, no auditório Emílio Rui Vilar, a cumprir a partir de hoje, até domingo, e depois nos dias 23 a 25 deste mês.

O espectáculo assenta nos testemunhos das vivências de profissionais de organizações humanitárias e nas condições com que estes se deparam no trabalho diário, refere a apresentação da obra no ‘site’ da Culturgest.

“Como administrar um campo de refugiados? Como lidar com as escolhas de vida ou morte? Como continuar quando sabem que não vão mudar o mundo?”, são questões levantadas no espectáculo.

“Longe do nosso universo, onde as coisas são possíveis, as personagens falam do ‘impossível’, onde a guerra, a fome e a violência destroem o futuro e a própria vida. Sem cair no sentimento ou na moral, é a experiência quotidiana e íntima daqueles que recusam o título de ‘herói’ que está no centro deste teatro”, acrescenta o texto de apresentação.

Estreada em Genebra, em 2022, com o título francês “Dans la mesure de l’impossible”, a peça do atual diretor artístico do Festival de Avignon abriu também a edição de 2023 deste certame.

A estreia em Portugal insere-se no ciclo “50 Anos, 25 de Abril”, que terá outras iniciativas, entre as quais uma conversa sobre como “Cuidar em estado de emergência”, com a participação de Tiago Rodrigues e da investigadora Susana Gouveia, moderados pela jornalista Margarida David Cardoso.

As récitas de quarta-feira e sábado têm início às 19:00, e as de quinta e sexta-feira, às 21:00. No dia 21, será representada às 17:00. Nos dias 23 e 25 de abril o palco abrir-se-á, às 21:00, e, no dia 24, às 19:00.

Com encenação e texto de Tiago Rodrigues, a interpretar estão Adrien Barazzone, Beatriz Brás, Baptiste Coustenoble e Natacha Koutchoumov.

Na música ao vivo está Gabriel Ferrandini, que também assina a composição musical.

Com tradução de Thomas Resendes, “Na medida do impossível” tem cenografia de Laurent Junod, Wendy Tokuoka e Laura Fleury, luz de Rui Monteiro e som de Pedro Costa.

CP // MAG

Palavras-chave:

As fontes, que pediram para não serem identificadas, disseram à agência de notícias France-Presse na terça-feira à noite que a votação vai coincidir com uma reunião do organismo sobre a situação na Faixa de Gaza.

Esta reunião do Conselho de Segurança, prevista há várias semanas, deverá contar com a presença de diplomatas de vários países árabes.

Na terça-feira à noite, a representação da Palestina junto da ONU publicou na rede social X (antigo Twitter) um texto em que os países árabes demonstraram “apoio total” ao pedido palestiniano.

“Apelamos a todos os membros do Conselho de Segurança para que votem a favor do projeto de resolução apresentado pela Argélia em nome do grupo árabe (…). No mínimo, imploramos aos membros do Conselho que não obstruam esta iniciativa essencial”, afirmaram.

O projeto de resolução da Argélia recomenda apenas à Assembleia geral da ONU que admita “o Estado da Palestina como membro das Nações Unidas”, algo que requer uma maioria de dois terços.

De acordo com a Autoridade Palestiniana, 137 dos 193 Estados-membros da ONU reconhecem unilateralmente o Estado da Palestina.

No entanto, a adesão de um país à ONU só pode ir a votação na Assembleia geral após uma recomendação do Conselho de Segurança, onde os Estados Unidos, aliados de Israel, podem usar o poder de veto.

Na semana passada, o vice-embaixador dos EUA na ONU, Robert Wood, admitiu aos jornalistas que a posição norte-americana não mudou e o reconhecimento total da Palestina devia ser negociado bilateralmente entre Israel e os palestinianos, não na ONU, embora não tenha dito explicitamente que Washington ia vetar.

A Palestina é considerada um Estado observador na ONU desde 2012, um estatuto que partilha com o Vaticano. Em 2021, pediu a entrada como membro de pleno direito.

VQ (MYMM) // EJ

A pintura do artista modernista Graham Sutherland foi feita em preparação para um retrato maior que Churchill odiava e que mais tarde foi destruído, um episódio narrado na série de televisão “The Crown”.

O estudo em óleo sobre tela, que sobreviveu, mostra a cabeça de Churchill de perfil contra um fundo escuro.

Espera-se que a obra seja vendida por entre 500 mil e 800 mil libras (585 mil e 936 mil euros, à taxa de câmbio atual) na Sotheby’s, em Londres, no dia 06 de junho.

Sutherland foi contratado pelo Palácio de Westminster para pintar Churchill para comemorar o seu 80.º aniversário em 1954.

O retrato completo foi apresentado no Parlamento naquele ano, com Churchill a classificá-lo, com um sorriso malicioso, como “um exemplo notável de arte moderna”.

Diz-se que Churchill reclamou: “a pintura faz-me parecer estúpido, o que não sou”.

A obra foi entregue em sua casa e nunca mais foi visto. A família Churchill revelou anos depois que tinha sido destruída.

O destino da obra foi recriado num episódio de “The Crown” em que a esposa de Churchill, Clementine, observa o quadro arder em chamas.

Andre Zlattinger, chefe de arte moderna britânica e irlandesa da Sotheby’s, disse que na pintura que sobreviveu, “Churchill é retratado num momento de reflexão distraída e, juntamente com a história sobre a criação da obra, dá a impressão de um homem verdadeiramente preocupado com a sua imagem”.

A Sotheby’s exibiu a imagem ao público dentro da sala onde Churchill nasceu, há 150 anos, no Palácio de Blenheim, uma mansão de campo a 100 quilómetros a noroeste de Londres.

Os visitantes podem vê-lo lá até domingo. A obra será exibida nos escritórios da Sotheby’s em Nova Iorque, de 03 a 16 de maio, e em Londres, de 25 de maio a 05 de junho.

DMC // RBF

“Nos próximos dias, os Estados Unidos vão impor novas sanções contra o Irão, incluindo os seus programas de drones e mísseis”, o seu Corpo da Guarda Revolucionária e o seu Ministério da Defesa, detalhou Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional do Presidente Joe Biden, em comunicado.

O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, divulgou também esta terça-feira que o bloco está a ponderar expandir as sanções contra o Irão para incluir os mísseis que Teerão venha a disponibilizar à Rússia e a agentes sob influência iraniana no Médio Oriente.

Borrell referiu que foi proposta, que resultou de uma reunião ministerial por videoconferência, prevê a expansão do regime de sanções contra o Irão, que já existe por causa da disponibilização de ‘drones’ (aeronaves sem tripulação) à Rússia, e incluir os mísseis que Teerão eventualmente venda a Moscovo e a “‘proxies’ na região”, em particular milícias que têm ligações ao Governo iraniano.

O Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros alertou, contudo, que até hoje não há evidências de que Teerão esteja a fornecer mísseis a Moscovo, mas as sanções podem “incluir já essa possibilidade”.

Josep Borrell revelou que alguns Estados-membros, sem especificar, também “pediram sanções contra a Guarda Revolucionária Iraniana [ramo das forças armadas iranianas criado após a Revolução Islâmica de 1979]”, mas o Alto Representante explicou que não é possível porque o regime de sanções tem de estar associado a atividades terroristas, insistindo que só com provas de atividades terroristas é que a UE pode considerar a aplicação de restrições.

O Irão lançou na noite de sábado e madrugada de domingo um ataque contra Israel, com recurso a mais de 300 ‘drones’ (aparelhos aéreos não tripulados), mísseis de cruzeiro e balísticos, a grande maioria intercetados, segundo o Exército israelita.

Teerão justificou o ataque com uma medida de autodefesa, argumentando que a ação militar foi uma resposta “à agressão do regime sionista” contra as instalações diplomáticas iranianas em Damasco (Síria), ocorrida a 01 de abril e marcada pela morte de sete membros da Guarda Revolucionária e seis cidadãos sírios.

A comunidade internacional ocidental condenou veementemente o ataque do Irão a Israel, apelando à máxima contenção, de forma a evitar uma escalada da violência no Médio Oriente, região já fortemente instável devido à guerra em curso há mais de seis meses entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas na Faixa de Gaza.

DMC (AFE/JH) // RBF