As últimas duas semanas correram bem ao Presidente Zelensky. Estamos numa fase em que a Rússia aposta forte na reconquista de Kharkiv, dizendo ao mundo que a reindustrialização militar e a resistência às sanções têm continuidade no terreno, num arco geográfico que pretende expandir para tentar maximizar essa vantagem numa futura mesa de negociações. Em paralelo, estamos numa fase de grande ansiedade pela chegada do apoio militar euro-americano pedido pela Ucrânia, de maneira a resistir aos avanços estratégicos russos, como para tentar anular a sua capacidade destrutiva aérea, e ainda infligir desgaste e desmoralização através da destruição de infraestruturas militares críticas em território russo, utilizando uma geração de drones mais precisos.
Neste contexto militar, Zelensky precisava de retomar uma dinâmica que lhe desse iniciativa política. Não uma iniciativa junto dos aliados que não lhe têm virado as costas desde fevereiro de 2022, mas sobretudo daqueles que, concordando com as justas reivindicações, a legítima defesa e a condenação à invasão, não são alvo de uma iniciativa diplomática conjunta que dê expressão a esse alinhamento com a Ucrânia. Com os primeiros, tem fechado acordos bilaterais importantes, com compromissos de curto e longo prazo em ajuda financeira, militar e política, dos quais se destacam os assinados com o Reino Unido, França, e, nos últimos dias, com os EUA. Se o acordo for aprovado no Congresso terá mais força para cumprir a duração prevista de dez anos, defendendo-se de eventuais alterações que ocorram na Casa Branca. Ainda com os primeiros, ou seja, os aliados da primeira hora, viu o G7 aprovar uma linha de financiamento com base nos rendimentos taxados sobre os fundos russos congelados, no valor de 50 mil milhões de dólares. Se a União Europeia seguir o mesmo caminho, usando as receitas fiscais que dali resultarem como colateral de dívida contraída para ajudar a Ucrânia, podemos acrescentar mais 300 mil milhões de euros. O simples facto de se estarem a fechar compromissos neste sentido, quando há uns meses pareciam uma miragem, é também uma vitória de Zelensky.