Lê-se por aí que “o país está melhor, os portugueses é que não”, ou ouve-se mesmo alguns que, com audácia a mais, dizem que a vida dos portugueses está melhor. Dizem ainda que a economia cresce e, apesar de algumas entropias mediáticas, tudo corre como se nada fosse.
Mas como é que o país melhora se quem nele vive vê a sua vida a andar para trás!? Aqueles que apenas possuem as suas mãos para trabalhar, ou que estudam para trabalhar ou até mesmo aqueles que trabalharam uma vida toda e teriam agora o direito a descansar vêem a vida a ficar mais difícil. Há algo nesta equação que não faz muito sentido.
Talvez assim o seja porque as opções políticas de fundo são as opções que permitem lucros exorbitantes para os grupos económicos, à custa daqueles que só possuem as tais duas mãos para trabalhar.
Que se vejam os lucros da Jerónimo Martins, 600 milhões de euros, ou da Sonae, com os seus 342 Milhões de euros, e os salários baixíssimos, mesmo miseráveis, que estes grupos praticam, tal como a perpetuação da precariedade. É esta a injustiça que é preciso resolver!
Mas esta injustiça acaba por ter outras expressões, também elas muito significativas, designadamente na vida da juventude.
Que se veja a paulatina degradação da Escola Pública, que se revela com a falta de professores, funcionários e psicólogos, assumindo o Governo uma postura de hostilização com as reivindicações de alguns destes trabalhadores. Mas até mesmo a injustiça dos Exames Nacionais, que reduz o desempenho dos estudantes, o desempenho esforçado de anos, a uma prova escrita de poucas horas. Ou até a injustiça que sentem os estudantes do Ensino Profissional, com uma sobrecarga horária que atinge a sua realização como ser humano, de humano que usa o seu tempo livre para divertir-se e descansar com a família, amigos e namorar. Ser livre é, também, poder exercer o direito ao lazer.
Mas que se veja a injustiça que sentem os estudantes do Ensino Superior! 60 Milhões de euros é o valor de propinas em atraso e ainda há alguns – os mesmos que dizem que “a vida está a melhorar”, como o Governo do PS, ou que pode melhorar com estas mesmas opções, como o PSD e os seus sucedâneos defendem – que as propinas não são uma barreira no acesso ao Ensino Superior.
A injustiça de querer uma Habitação, um sítio nosso, um espaço acolhedor e confortável, e não o conseguir porque a financeirização do mercado habitacional e a especulação o impedem. Financeirização e especulação que permitem que os senhores daqueles grupos económicos que em cima falamos, ou de tantos outros, possam viver nas suas vivendas de luxo.
A injustiça de, à custa de tudo aquilo que acima se disse, ter de recorrer a apoio psicológico, mas não ter dinheiro para o fazer. Uma manifestação profunda do desinvestimento e do desmantelamento do Serviço Nacional de Saúde, que nos veda o acesso a cuidados de saúde dignos, tais como a nossa Constituição consagra, porque há uns tantos outros grupos económicos que querem lucrar à custa da nossa doença.
A injustiça está presente em toda a nossa vida. Esteve também presente na vida dos nossos pais e avós, mas tal como nós, eles também lutaram para colocar um ponto final na história da injustiça e das desigualdades, construindo o maior monumento da nossa história: a Revolução de Abril. E se há algo na nossa vida que ainda nos leva a encontrar esperança e um caminho para o futuro é a Revolução de Abril, os seus valores e as suas conquistas.
Abril evidenciou que aqueles que apenas possuem as suas mãos para trabalhar também as podem usar para acabar com a injustiça.
Hoje o que está colocado a todos nós é lutar. A todos nós jovens trabalhadores, estudantes, homens e mulheres, a juventude em geral e vítimas da injustiça, deste sistema que precisa de rebaixar uns em favor de outros, o capitalismo.
Lutar contra a política de direita, seja do PS, ou do PSD, acompanhado ou não pelos seus sucedâneos.
É lutar sabendo que não há inevitabilidades, pois quem constrói a humanidade somos nós, com as nossas mãos, as mesmas que podem também transformar, varrendo o velho e construindo o novo.
Para além das muitas novelas que a comunicação social e a direita empolam, o que está colocado é lutar por uma alternativa que rompa com a alternância da injustiça, do “ora PS, ora PSD”. É lutar por um caminho fundado nos valores de Abril, que marcam o nosso país e a nossa juventude e, consequentemente, por um governo que execute esta política alternativa que, guiando-se pelo cumprimento da Constituição, dê futuro à juventude, aos trabalhadores e ao povo português, e opte por políticas que defendam o nosso país.
Mas tal caminho tem como condição fundamental o reforço da luta, nomeadamente da juventude, dos jovens trabalhadores e estudantes.
Para tal a Juventude Comunista Portuguesa dá diariamente o seu contributo, lembrando a juventude que está na mão de cada um de nós acabar com a Injustiça.
Está na nossa mão construir a Alternativa à Injustiça!
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Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.