Este é o último texto que aqui escrevo enquanto coordenador dos Jovens Liberais. Quando comecei, a IL tinha sido recém-fundada, ninguém sabia quem éramos, nem eu imaginava que 4 anos depois, já seríamos o quarto maior partido. Também não imaginaria que iria percorrer o país em “Youngouts”, conselhos nacionais e atividades partidárias ou de campanha. Muito menos imaginaria que seria o único coordenador que este núcleo teve, mas desejo o maior sucesso a nova estrutura que haverá de substituir esta. Posso dizer que estes últimos anos cresci imenso e mudaram a minha forma de ver a vida e a política.
Obviamente, que períodos de crescimento custam, e se não fosse em especial a Ana Madalena, o Pedro Pereira, o André Fernandes e o David Stamm, a estarem do meu lado nos últimos 2 anos, digo-vos que teria saído antes de terminar o mandato. E meu muito obrigado a vocês pelo que passamos juntos!
Mas queria partilhar aquilo que aprendi nestes últimos anos.
Eu sou português igual a todos os outros e amo Portugal! Ganhei ainda mais amor enquanto participei na IL. Muita gente não tem ideia do que é ser diferente e viver numa sociedade em que constantemente dizem que estás errado, porque não vais de acordo com valores sociais conservadores. Para terem uma ideia, quando a IL estava a dias de ser formalizada enquanto partido político, o Nuno Santos Fernandes ligou-me a perguntar se queria estar na lista do Conselho Nacional, hesitei e não disse para ele o real motivo naquela chamada. Eu pensava que alguém como eu não teria espaço na política portuguesa. E porque eu? Acabei por aceitar numa visão de ajudar o partido e o país. Mas, o que me ajudou a ter confiança e até apresentar-me para outras funções no partido, foi numa sessão reservada com Margrethe Vestager no Jupiter Lisboa. Ela disse para mulheres que estavam hesitantes em participar na política que podiam falhar redondamente, mas depois podiam lidar com a frustração, porque a frustração passa, mas não se pode ter medo de arriscar. Mesmo não sendo mulher, aquele discurso motivou-me, porque sentia o mesmo. E adivinhem? Não acabei frustrado!
Ter sido considerado dirigente da IL, mesmo sendo na altura um pequeno partido, ajudou-me a perceber que mesmo que coloquem em causa aquilo que sou, aquilo que gosto, as minhas escolhas e as minhas ambições, vivemos num país e numa Europa de liberdade para todos. Eu posso ser (e sou diferente), mas isso não faz de mim menos português e menos europeu. E por isso que gostaria imenso que Portugal fosse melhor, porque merecemos e também pela autoconfiança que este país me deu.
Aos jovens, não desistam dos vossos sonhos e ideias, mesmo que passem por ingénuos, loucos ou sem noção. Não desistam da vossa certeza de que podem fazer o mundo um local melhor, porque o podem. Não desistam de colocar em causa o status quo e qualquer ideal conservador. E muito menos aceitar coisas que não fazem mais sentido.
Tenham confiança a ocupar o vosso espaço e viver a vossa verdade. Tenham coragem de serem felizes e libertarem o vosso eu interior. Aliás, desafiar o status quo e ser diferente são características que o atual mercado de trabalho busca.
Acreditem que as coisas podem mudar. Porque na verdade tudo pode ser mudado. Eu sei que sou suspeito para falar, porque enquanto liberal, acredito na sociedade mutável e em constantemente transformação. A prova que tudo pode mudar foram as grandes transformações sociais que mudaram a Europa e o Mundo. Fomos o primeiro espaço do globo a colocar em causa a religião e fizemos uma Reforma. Quando existia poder absoluto, fizemos as revoluções gloriosas. Depois de guerras fratricidas, iniciamos a integração europeia. Mesmo que vejamos tanta instabilidade, como agora a invasão imperialista de Putin contra a Ucrânia, não podemos perder a esperança de que o mundo será um lugar melhor.
Aos jovens que gostam de política e que militam em partidos, nunca aceitem “jotismos” e escolhas pouco baseadas em mérito. Nunca sejam um “yes-man” e nunca percam a vossa autonomia. Sejam os primeiros a criticar escolhas que sejam absurdas pelas direções dos vossos partidos. É isto que nos diferencia enquanto europeus: colocamos sempre em causa o estatuído. Nunca se rendam aos que querem manter o tóxico que temos neste país, que nos faz guardar o conflito, o que sentimos, a crítica e o que discordamos. E que falar sobre o mesmo é algo negativo. Que mudemos isso e que percebamos que é positivo!
Que sejamos fortes a lutar. Que não paremos de acreditar. Que tenhamos orgulho na nossa individualidade e identidade. E nunca, mas mesmo nunca, paremos de sonhar, porque o futuro é nosso e podemos contruí-lo agora. Um grande abraço a todos!
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.