Hoje a juventude depara-se com um conjunto de problemas que impedem a sua verdadeira emancipação. Apesar de avanços significativas dos últimos anos, resultantes da intervenção decisiva do PCP e mesmo contra resistências do PS, como a gratuitidade dos manuais ou a redução do valor da propina, são necessárias soluções de fundo.
Problemas que, resultantes de décadas de política de direita e ampliados pela epidemia e pelo aproveitamento que o grande capital dela fez, precisam de uma resposta que o Governo PS não tem dado, apresentando uma proposta de Orçamento do Estado que não respondia aos anseios da Juventude.
Uma proposta de Orçamento do Estado que não respondia aos jovens trabalhadores que auferem baixos salários, incapazes de garantir uma vida autónoma e sair de casa de forma a iniciar os seus projetos de vida. Que são alvo de horários desregulados, de trabalho ao fim de semana, de horários diferentes a cada semana quando não a cada dia, alterados no dia anterior, negando o direito a descansar, ao lazer, a namorar, a sair, a fruir da cultura ou praticar desporto. Não responde àqueles cujos vínculos precários condenam a viver todos os dias numa ansiedade constante de não saber como é o dia de amanhã, da negação da estabilidade necessária a construir algo duradouro, pois as rendas não são só durante 3 ou 6 meses, os filhos não se têm só durante o tempo do contrato.
Uma proposta de Orçamento do Estado que não respondia aos milhares de estudantes do secundário ainda sem professor, ou que passam frio nas salas, ou que usam pavilhões desportivos onde chove, quando existe pavilhão desportivo, aos que desejam uma boa refeição na cantina da escola a preços acessíveis, mas não têm essa opção desde que a sua gestão foi entregue a um privado, ou que reclamam a necessária redução de estudantes por turma de forma que cada um tenha um acompanhamento mais próximo.
Uma proposta de Orçamento do Estado que não responde aos muitos estudantes do ensino superior que não têm forma de fazer face a todos os custos que acarreta, a começar pela propina, a primeira barreira que muitos encontram quando ingressam na faculdade, e se vai tornando maior no mestrado e no doutoramento. Daqueles que exigem condições para estudar nas faculdades, à espera de urgentes obras de requalificação, que lutam pela manutenção de cantinas com o prato social, que lutam contra todas as taxas e taxinhas que pesam no bolso da família dos estudantes. Que ainda aguardam pela resposta da bolsa, dos que não encontram lugar na residência e são atirados aos altos preços do mercado imobiliário.
O PCP bateu-se para que fossem encontradas soluções, quer no âmbito do OE quer fora deste, não para que o Orçamento do Estado fosse chumbado.
Bateu-se pelo aumento geral dos salários como emergência nacional que assume, lutando pela afixação do salário mínimo nos 850 no curto prazo, e pelo fim da caducidade da contratação coletiva que tem sido um entrave à subida geral dos salários no setor privado, duas reivindicações tão justas, tão urgentes e tão necessárias para os trabalhadores e para o país.
Bateu-se por respostas concretas que garantissem o direito à habitação consagrado na constituição, pela revogação da lei dos despejos e garantindo a proteção dos inquilinos, da estabilidade dos contratos e a limitação dos preços praticados, como também pela construção pública de habitação.
Bateu-se pela criação de uma rede pública de creches gratuita, tão necessária para os jovens casais que querem ter filhos e precisam de saber que não lhes vai faltar nada.
Bateu-se pelo fim das propinas e o reforço do investimento das instituições do ensino superior, pelo reforço da ação social escolar e de mais residências universitárias.
Bateu-se pela resposta na educação, pelo reforço do número de professores e a redução do número de alunos por turma, dos recursos necessários á requalificação das dezenas de escola que carecem de obras e pelo um verdadeiro plano de recuperação acompanhado do investimento necessário.
Foi por sabermos bem o valor de cada uma que nos batemos por elas, contudo o Governo do PS optou por não assumir estes compromissos.
Só não houve orçamento porque o PS não quis, o PS quer eleições, quer uma maioria absoluta que altere a correlação de forças na Assembleia da República de forma a ficar livre para praticar a política de direita que levou a cabo nas últimas décadas em alternância com PSD e CDS, a mesma política que não respondeu as justas aspirações da juventude, mas sim agravou problemas e criou novos.
O PCP é a força decisiva que preconiza uma política alternativa, patriótica e de esquerda, a única que responde aos anseios da juventude. Tal como em 2015, quando o PCP foi decisivo para afastar o PSD e o CDS do poder, e virar de página da vida política nacional encetando um caminho de reposição e conquista de direitos e rendimentos, foi também com a nossa intervenção decisiva que perante a epidemia se protegeram salários, se garantiu proteção social e se respondeu a muitas exigências que se colocaram ao SNS.
Em 2022 a influência que o PCP tiver na Assembleia da República será um fator decisivo para defender as justas aspirações da juventude portuguesa.
A juventude precisa de uma política diferente que garanta de uma resposta global aos seus problemas, às dificuldades do dia a dia. Não estamos a falar de algo distante, de jogos partidários como tantas vezes os meios de comunicação social parecem fazer crer, mas sim da vida de cada um, dos direitos que são indispensáveis a felicidade coletiva, e é por essa resposta que o PCP se bate.
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