É aborrecido estar sempre a falar de Trump, mas não há como evitar. Ele quer a Gronelândia, território autónomo da Dinamarca, e, se necessário, ameaça enviar as forças armadas para invadir a ilha. Seria uma nova guerra, e esta teria algo de peculiar: uma disputa entre dois membros da NATO. Que festim para Putin, Xi e Kim.
Para termos uma ideia, a Gronelândia é 24 vezes maior do que Portugal – uma extensão imensa, situada entre o Ártico e o Atlântico – e tem apenas 56 mil habitantes. Possui um Parlamento, um Governo e um primeiro-ministro, além do representante do Reino da Dinamarca.
Com uma população tão reduzida, a maioria vive na capital, Nuuk, a sul, num ambiente que funciona quase como um pequeno bairro, mas gelado. Todos se conhecem, todos se cumprimentam e todos se governam. Para invadir, bastaria enviar um pelotão de marines.
No entanto, há uma questão que Trump não respondeu: por que raio quer a Gronelândia, que sempre esteve lá, no mesmo sítio? Invoca razões de segurança nacional. Mas, a ser verdade, bastaria pedir ao seu parceiro da Aliança Atlântica para alugar algum espaço – algo que não falta naquele território.
É disto que Trump se alimenta: crises, insegurança, ameaças e intimidação. Mas sempre contra os seus parceiros, nunca contra Moscovo, Pequim ou Pyongyang. Não há ninguém que lhe administre um pouco de senso naquela cabeça aloirada?
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