Gouveia e Melo tem toda a legitimidade nas suas aspirações presidenciais. Está no topo da lista dos mais queridos dos eleitores, mostra-se visivelmente disponível e insere-se na linha dos presidentes militares e ex-militares que ocuparam Belém ao longo das várias Repúblicas portuguesas.
“Tem de ser um civil”, gritam alguns. “Era o que faltava”, replicam outros. Civil ou militar, engenheiro ou advogado, médico ou enfermeiro, agricultor ou mestre de obras, os portugueses decidirão, em Janeiro de 2026, quem querem para substituir Marcelo Rebelo de Sousa. Este presidente é único no estilo e na forma, e, acima de tudo, na proximidade com as pessoas e os problemas. Jamais será imitável.
Cada presidente é único. E ainda bem. Gouveia e Melo tem uma particularidade: não se lhe conhece uma tendência política definida, e, por isso mesmo, pode recolher votos em todo o espectro eleitoral. Não será um alvo fácil de abater. Ganhou as estrelas de almirante num combate desigual, contra um inimigo invisível, e essas insígnias e galões conferem-lhe alguma supremacia.
Os primeiros a entrar na corrida preenchem o vazio, como é normal, mas vencer é outra questão. Daqui até lá, terão de enfrentar um ano de política pura e dura, que não poupa candidatos. A presidência de Marcelo é insubstituível, por todos os motivos, e ficará mal quem tentar mimetizar a sua personalidade e desempenho. E, já agora, Gouveia e Melo é o oposto do atual presidente: mais tímido, mais distante e mais frio. Em quase tudo, assemelha-se a Ramalho Eanes, que, há 49 anos, colocou a nossa democracia nos carris. Ramalho Eanes fez-se Presidente, mas deu-se mal com a política.
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.