Há alguma agitação, e até indignação, com a escolha de Sebastião Bugalho para cabeça de lista da AD às europeias. Porque saltou da cadeira de comentador político para a política em tempo real. Porque afinal não era independente e estava a fazer-se ao cargo. Porque ninguém lhe conhece ideias sobre a Europa.
Estranha aversão, esta. Passar da política para o comentário não levanta nenhuma dúvida, mas o contrário gera rebuliço. Qual é o problema, afinal? Sebastião sempre mostrou o seu cartão de cidadão, onde está escrito que é conservador, católico e de direita. Foi da Juventude Centrista, esteve na lista de deputados do CDS, e só não assumiu funções por não concordar com a direção partidária de então.
Luís Montenegro fez bem o que tinha de fazer: renovar geracionalmente e bater à porta do eleitorado do Chega e da Iniciativa Liberal. Sebastião sabe o que o espera, e não parece ser jovem de desistências, indecisões ou lamentos. Vai ser deputado europeu, e muitas coisas mais, e um dia, se quiser, regressará à cadeira de comentador. Tem idade e vontade para tudo isso.
O que não correu bem, de todo, foi o claro desrespeito por Rui Moreira, um homem digno, independente, credível e politicamente poderoso, que não deveria ter sido menorizado. É um erro que a AD pagará nas europeias. Quem é que pensou ou alimentou a ideia de que o presidenta da Câmara do Porto, por mérito próprio, aceitaria ser o número dois da lista, independentemente de quem seria o primeiro.
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