Não há forma nem modo, ou palavras simples, para classificar a decisão do juiz de Instrução de libertar os três detidos do caso de «Corrupção» na Madeira. O juiz foi corajoso, nenhuma dúvida. E independente. Pena é que tenha arrastado uma prisão preventiva por três semanas, o que é uma injustiça gritante. E até se percebe: bem tentou vasculhar e buscar por fortes indícios, que afinal não existiam. De uma vez por todas, porque não é a primeira vez, alguém tem de clarificar a lei sobre o tempo máximo de prisão preventiva para os detidos indiciados. Assim não pode ser. Esta Justiça causa insegurança.
E tudo isto acabou muito mal para o Ministério Público, tal como já tinha acontecido com a operação «Influencer». Assim não pode continuar. A PGR tem de se explicar. No mínimo. Para não se pedir que saia. A Justiça é um pilar fundamental da nossa democracia e soberania, mas para isso tem de ser justa, equilibrada e rápida. Caiu um Governo nacional, uma maioria absoluta, um Governo regional, e ninguém é responsabilizado? Ou responsabilizável?
Não é possível aceitar uma detenção de 23 dias, com o espetáculo que aconteceu na Madeira, com 200 agentes da PJ a serem transportados pela Força Aérea, como numa operação especial contra perigosos bandoleiros, que afinal se revelou inadequada, excessiva, e sem fortes indícios para justificar o uso indevido de meios humanos e materiais do Estado.
Conviria que o MP pagasse a duplicar à Força Aérea, e a vários outros transportadores terrestres, mais hotéis e refeições de todos os que foram convocados para a operação, e também, já agora, oferecer uma passagem aérea de regresso ao ex-presidente da Câmara do Funchal. Os portugueses estão estupefatos! Abismados! Siderados!
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