André Ventura foi à caça, de fisga, e saiu caçado. Pior: levou uma coça, uma tosquiadela. Estava a precisar, e Luís Montenegro não perdeu tempo, nem se apoucou. Deu-lhe uma tareia política. O líder do Chega faz-se forte na ofensa – «prostituição política da AD» – e saiu surrado do debate decisivo.
Não só levou, como ficou sem chão para o dia 10 de março de 2024. Se queria um esclarecimento total, cabal e inequívoco sobre o seu papel num futuro Governo da AD, saiu como entrou: sem contar para a solução. Pode vir a ser o problema, mas para isso tem de se juntar à esquerda..
Luís Montenegro sabia como era crucial este debate. Não podia perder, nem empatar. André Ventura não está preocupado com o PS, ou com a restante esquerda, mas exclusivamente focado em tirar votos à AD. Os Açores não lhe deram a dinâmica de vitória que queria, ou uma posição chave na construção de um Governo regional, e esse vazio sente-se no líder do Chega. Duplicou os votos e deputados, como deverá acontecer nas legislativas, mas ficou a perceber, zangado, que uma maioria relativa é o bastante e suficiente para se governar.
No debate, Luís Montenegro reduziu-lhe a influência e a aspiração. Furou o balão de André Ventura. Montenegro não só ganhou como levou Ventura às cordas. Sem se irritar nem cair na tática da interrupção permanente do adversário. Para tornar ininteligível o debate. (A propósito, João Adelino Faria, um grande profissional, foi demasiado intrusivo e um permanente fator de instabilidade e caos no debate).
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