Não é o nosso. Os ucranianos garantem que o almirante Sokolov, comandante da Frota russa do Mar Negro, morreu no ataque com mísseis ao quartel-general na Crimeia. Moscovo, em resposta, mas alguns dias depois, apresenta imagens com o fantasma, como se estivesse numa videochamada com o ministro da Defesa. Com ou sem almirante, o facto inegável é que a Ucrânia, de um golpe, decapitou o comando da Frota.
Poderia o Kremlin anunciar a morte de Viktor Sokolov? O mesmo Kremlin que fez de conta que o navio-almirante não foi afundado? Reconheça-se que este almirante não estaria, à partida, numa onda de sorte. Sem o seu navio, e outros tantos, como o submarino da mais recente classe russa, que estava na doca de Sevastopol, este militar de alta patente já tinha a cabeça a prémio: em Kiev e Moscovo.
Peskov, porta-voz do Kremlin, perguntado sobre o vídeo, atirou para o lado. Não sabe de nada. Sabe sim, mas não revela, que vários outros vice-almirantes substitutos foram enviados a correr para um bunker na Crimeia. Os russos desconfiam. Os ucranianos ainda mais.
Se está vivo, e no comando da Frota, não há nada como fazer um passeio filmado com indicadores temporais claros. De sobressalto em sobressalto, Putin sabe que a sua guerra tem os dias, meses, e anos contados e esgotados. Como a conhecemos, não durará muito mais. O seu exército invasor está escondido em buracos, massacrado continuamente e sem capacidade de reposição. Kim Jong-Un vai mandar mais uma tralhas, é verdade, mas de eficácia duvidosa. A pergunta, contudo, mantém-se: temos almirante, ou não?
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.