Intendência à parte, a paragem do primeiro-ministro em Budapeste para assistir à final da Taça Uefa, e estar com Viktor Órban, só lhe ficou bem. A agitação política em torno desta viagem, que tinha como finalidade a presença, no dia seguinte, na cimeira de países europeus que apoiam a Moldova, é injusta e picaresca. A discórdia política prende-se com três motivos, todos eles caricatos e burlescos:
- Vergonha, bradam os partidos, o PM utilizou um avião do Estado para assistir à final da Uefa. Pois era, mas não foi. António Costa voou, no «Falcon», para estar presente da cimeira de pares na inquieta e agitada República da Moldova, que está nas costas da Ucrânia, e que tem em pequeno território reclamado pela Rússia. Estar lá, e dar apoio, era imprescindível. Fez muito bem, por isso.
- Acrescente-se, para que o assunto fique esclarecido, que o plano de voo do «Falcon» teria de incluir o espaço aéreo da Hungria, e passar por Budapeste. A verdade é que o PM se passeou por Espanha, França, Suíça, Hungria, Roménia e Moldova. É irritante, mas faz parte das regras mandatórias dos corredores aéreos europeus e internacionais. Sendo assim, o avião do PM andaria sempre por ali. Tudo certo, afinal.
- Viktor Órban é o primeiro-ministro de um parceiro de Portugal na União Europeia e na NATO, e as suas posições políticas não o transformam num pária político. Seria, no mínimo, disparatado. Quem o escolheu, mais do que uma vez, foram os eleitores húngaros, sabendo o que queriam, e com o que contavam. Não há nada como um socialista para tentar acalmar o nacionalismo extremado do chefe do Governo da Hungria. Tudo normal, há mais de duas semanas. Agora é o alvoroço, o chinfrim, a balbúrdia.
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