A fase aérea da ofensiva ucraniana já começou e está a intensificar-se, seguindo a estratégia militar que tradicionalmente é adotada pelos EUA, a NATO e outros parceiros ocidentais. Antes do ataque terrestre em força, e com várias frentes, o primeiro passo é atingir e destruir alvos militares importantes, como bases, depósitos, corredores e postos de comando e controle em profundidade.
Como a Ucrânia não possui uma Força Aérea capaz em número e qualidade, está a usar drones e mísseis de médio e longo alcance, como os de cruzeiro fornecidos por Londres, e artilharia pesada, para levar a guerra aos confins das zonas ocupadas e também ao território russo, próximo e distante, causando alarme e inquietação no Kremlin.
Ao mesmo tempo, para desmotivar as chefias militares russas e Putin, os ataques maciços a Kiev e outras regiões deixaram de ter o impacto que se conhecia, com a interceção de quase 100% dos drones e mísseis, incluindo os balísticos e hipersónicos. A última ideia de Moscovo seria causar uma grande destruição na capital e em outras grandes cidades, o que obrigaria a Ucrânia a dispersar as suas forças e ao mesmo tempo renovaria a instabilidade e o pânico dos residentes. Isso não está a acontecer, e a Rússia não tem um arsenal infinito.
Na contraofensiva aérea, o comando ucraniano alargou o teatro de guerra para o interior da Rússia, o que era impensável há alguns meses. A fase terrestre será mais impactante, especialmente do ponto de vista mediático, e tudo isso faz lembrar a Guerra do Golfo, com uma ofensiva aérea prolongada, assim como a do Afeganistão e depois do Iraque. A primeira fase da contraofensiva já começou, e Moscovo está longe de ser uma cidade segura e tranquila. É a vez dos “ferros” que matam e que morrem.
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