A Bielorrússia é o quintal de Putin. O espaço para onde atira os sobressalentes, as velharias enferrujadas, e agora as armas nucleares táticas. Não é sítio que frequente, assiduamente, mas guarda lá os seus brinquedos, como batalhões, blindados e aviões. Quando quer pregar um susto aos vizinhos, que adora, agita os bonecos que por lá andam.
Não é dono do quintal, mas é como se fosse. Põe e dispõe, dá e tira. Putin, tal como perdeu a Ucrânia, vai um dia ser corrido da Bielorrússia. A população está farta, sabe que tem o exército russo dentro de casa, e que agora servirá de armazém para algumas armas nucleares táticas. Daquelas que se podem usar contra a Ucrânia, ou a Polónia, ou os países bálticos. Que presente. Que mimo. Que regalo.
Os militares bielorrussos não foram consultados para coisa nenhuma, mas nada disso é importante, porque Lukashenko também não sabia. Não lhes pode tocar, nem ver, ou sequer disparar. São especiais, e andam sempre acompanhadas por uma guarda própria. Que só obedece a Moscovo.
Humilhados, como estão, os bielorrussos não vão reagir? Levantaram-se contra a fraude eleitoral de 2020, foram subjugados à força, mas têm a mesma determinação e coragem dos ucranianos. Chegará o dia e a hora. O envio de armas nucleares para a Bielorrússia, sem mais, poderá desencadear a explosão em cadeia que aniquilará aquele regime. Que já caducou. Que já prescreveu. Que já morreu.
Ser amigo de Putin não é uma façanha, uma honra, uma deferência, mas apenas má sorte, azar, e desdita. É o que deve sentir a maioria dos bielorrussos. Menos Lukashenko.
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