Estou desiludido. Estamos todos, admito. Com a NASA. Essa mesmo. A verdadeira. Num cenário de um asteroide em rota de colisão com a Terra (Exame Informática online) concluiu, depois de pensar em tudo, até em usar armas nucleares – isto tem muito de Hollywood – que a única hipótese, que não é hipótese nenhuma, era «aguentar a colisão». Assim também nós. Que grande conclusão. Inspiradora. Motivadora. Animadora.
Com uma NASA assim estamos seguros! E tranquilos. Ou seja, estávamos antes de ver a minissérie do Netflix sobre o voo final do «Challenger». Tinha tudo para correr mal, ou iria correr mal, e eles sabiam, porque foram avisados pela empresa que fabricava os foguetões laterais de combustível sólido. Foi um jogo inconcebível de pressões, para não se travar um lançamento perigoso, mas que arrebatava os americanos. Pela primeira vez iria uma professora, sem nenhuma especialidade na área, mas para dar duas aulas a partir do espaço. Acabou como sabemos, infelizmente. Isto diz tudo da NASA?
Claro que não, nem de longe, por muitos erros que tenham cometido. Mas fica-se com a leve sensação, desconfortável, de que eles também fabricam geringonças. Ou fabricavam. Porque agora pouco mexem, que não seja contratar outros para fazerem o trabalho que era deles. Por isso é que esta incapacidade de desviar um asteroide, em 2021, é assustadora. Não é que eles, os asteroides, e grandes, apareçam por aí aos trambolhões, todos os dias, mas a verdade é que não haveria nada a fazer, se tivesse, por exemplo, entre 300 a 700 metros. Só aguentar com o impacto.
Que grande chatice. Todas aquelas cabeças, mais supercomputadores, capacidades infinitas e afinal só poderiam fazer uma coisa: telefonar para a Proteção Civil da área de impacto. Com antecedência, já agora. Mas há um lado positivo, ou quase positivo: vão começar a investir e conceber meios para fazer esse desvio de rota. Não será propriamente mudar a agulha de um comboio, mas um pedacinho mais sofisticado e complicado.
É por coisas destas que não temos descanso. É o Covid, que levou um ano para começar a ser controlado, e agora até nos pode cair um asteroide na cabeça, sem sequer percebermos de onde vem. Não seria bom, para nós, pequeninos, que não temos nenhuma NASA, mas que somos muito criativos e desenrascados, e com a experiência de geringonças, tratar de arranjar um caça-asteroides? Ou melhor: uma caçadeira para os asteroides. Em vez de tiro ao prato, criávamos uma nova modalidade de tiro desportivo. E aí até posso dar uma ajuda: vou falar com os meus colegas dessa modalidade. Em vez de andarmos a partir pratos de plástico, criamos a Federação Internacional de Tiro ao Asteroide (FITA), que até dá um belo acrónimo, e adequado. É assim: tem de existir uma solução, e não contem com a NASA, por favor.