O último relatório da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação Europeia ), elaborado pela Missão de monitorização da situação na Ucrânia, dá conta de 591 violações do cessar fogo, só na região de Donetsk. Em Luhansk estas atingiram 975!
Esta situação e estes números já não configuram violação de cessar fogo, mas sim uma guerra aberta e de carácter convencional.
Os primeiros refugiados destas duas áreas chegaram já a Rostov, na Rússia. Só foi possível a retirada de crianças, mulheres e idosos e os check points entretanto criados (quatro de caráter mais civil, ou seja, postos fronteiriços “normais” e três fortemente militarizado) estão a impedir a saída de homens da região.
Tal situação configura a existência, se não oficial pelo menos oficiosa, dum recrutamento forçado.
Aliás, as imagens que se sucedem em toda a Comunicação Social, pese embora algum exagero que sempre existe em casos onde as situações não são de todo claras, mostram-nos uma Ucrânia transformada numa nação em arma, onde todos, mas mesmo todos, recebem treino militar. Se todos estarão dispostos a lutar, essa é outra questão…
Só foi possível a retirada de crianças, mulheres e idosos e os check points entretanto criados (quatro de caráter mais civil, ou seja, postos fronteiriços “normais” e três fortemente militarizado) estão a impedir a saída de homens da região
O mais chocante deste cenário é que mesmo crianças, algumas aparentando menos de dez anos, estão a aprender a manusear armas. Isto significa desde logo que há algo irremediavelmente perdido: a inocência e a infância duma geração.
Quem tem algum treino, sabe que o mais fácil quando se empunha uma arma de fogo, é premir o gatilho. Difícil é manter a calma e a serenidade para o não fazer. Pedir este tipo de disciplina a uma criança, cuja distinção entre o bem e o mal, entre o errado e o certo, a realidade e o virtual, ainda não se encontra consolidado, deveria ser, desde logo, um ato de guerra! Independentemente de quem o pratique e da razão que lhe assista. Esta perde-se perante a tenra idade dos soldadinhos.
Que diferença existe entre estas crianças e os meninos soldados africanos, tantas vezes referidos em relatórios internacionais?
Que tipo de adultos serão estes meninos, aos quais foi dito que deviam matar os seus semelhantes? Que paz poderemos nós esperar nas próximas décadas?
Ensinar técnicas de proteção, de defesa é uma coisa. Armar crianças é outra, e isso é indesculpável!
Até ao momento, não ouvi qualquer organização de proteção infantil, nomeadamente a UNICEF, referir esta situação.
Por muitas notícias falsas e desinformação que esteja a haver, a imagem duma criança com uma arma na mão não pode ser forjada!
O conflito assinou pois já a sua continuidade e essa perspetiva é ainda mais preocupante que a invasão anunciada.
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