Sou uma sortuda. Tenho a sorte de trabalhar numa área que gosto e que me deixa feliz – as pessoas. Sentir, ao final do dia, que o resultado do meu trabalho muda a vida das pessoas (para melhor, claro) dá-me um sentido de propósito que me faz acordar de manhã com vontade de trabalhar. Sei que isto não acontece com grande parte da população mas ainda assim, quem é que, hoje em dia, está disposto a manter-se em empresas ou trabalhos que não inspiram?
Ao longo do tempo as pessoas têm desenvolvido uma tolerância menor para se manterem em organizações que não sejam inspiradoras, que não tragam felicidade. Este é um movimento positivo e que está a forçar a maior parte das organizações a adaptarem-se. A forma como o fazem conta-nos uma história sobre a identidade da empresa, sobre a sua cultura e sobretudo a forma como prioriza o seu recurso mais precioso – as pessoas. A felicidade no trabalho aumenta a produtividade e a produtividade tem um impacto positivo nas organizações que podemos verificar nos resultados financeiros e no nível de customer care. É uma relação win-win.
Como disse antes, sempre fui uma sortuda porque me sinto feliz a trabalhar. Quando deixava de sentir entusiasmo com o trabalho, não me conformava. Procurava mudar até voltar a sentir a tal felicidade. Não consigo dissociar a felicidade no trabalho do facto de me sentir inspirada. Ou será que é a inspiração que traz felicidade? Faz lembrar a história do ovo e da galinha… O que vem primeiro?
Na realidade, o que tem de vir primeiro, em contexto laboral, passa por sabermos exatamente o que queremos e o que não queremos. Há mais de 20 anos de carreira que vejo este tipo de situação a acontecer. É um problema basilar e que se for identificado atempadamente pode evitar consequências nas pessoas e organizações. Quando temos estes dois alicerces bem definidos é altura de garantir que o nosso contexto laboral está alinhado com os critérios que definimos para a nossa carreira. Se cumprirmos estas duas premissas, mais de metade do trabalho está feito, que é como quem diz, estamos a garantir que passamos o dia a fazer algo que está mais próximo de nos trazer felicidade e inspiração.
E como é que isto se faz? Sugiro começar pelo início.
Primeiro pegue numa folha de papel e caneta.
Depois divida a folha ao meio e no topo de uma coluna escreva “+”. Identifique todos os aspetos que valoriza no trabalho desde função, salário, chefia, modelo de trabalho, cultura, carreira, etc…
Depois, identifique a outra coluna com “-“. Enumere todas os aspetos que, para si, em contexto laboral, acarretam sentimento negativo ou infelicidade.
A seguir ordene ambas as listas por ordem de prioridade (do sentimento mais forte para o menos forte).
Quando olhar para a lista ordenada vai tornar-se claro o que, para si, é mais e menos negociável em contexto laboral.
Reflita sobre as suas experiências passadas, o que o fizeram sentir, a sua intensidade e percebe se está enquadrado com o exercício que acabou de fazer.
Estruturar em papel esta informação é de uma importância tremenda porque permite ganhar consciência.
Então e depois? Depois, se achar que pode estar numa posição melhor do que a atual, está nas suas mãos definir uma estratégia que lhe permita alcançar um estado maior de felicidade, inspiração, ou o que for mais relevante para si. Se precisares de ajuda no processo, hoje em dia, encontra muitos e bons profissionais que tem uma vasta experiência e com competência para o ajudar neste processo.
Se assim o entender, não tem de passar pelo processo sozinho, mas, no final, a felicidade e inspiração no trabalho só cada um pode garantir.
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Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.