Em tempos fiz aqui referência às muitas pessoas sem abrigo que fazem das arcadas ou ruas do eixo Anjos/Martim Moniz a sua casa. A minha referência teve como fonte a passagem amiúdas vezes por aquela artéria da cidade. Eu vi! Aliás, eles lá continuam.
Esta semana, através de reportagem jornalística, o País ficou a saber que existe quem faça negócio com as senhas da Loja do Cidadão. Ao que parece é assim há muito tempo. Foi preciso o “quarto poder” denunciar para que a Agência para a Modernização Administrativa, que garante que a prática de venda de senhas é ilegal, participasse ao Ministério Público a situação.
Tendo em conta que a rede efetuava na rua (em pleno centro de Lisboa) a venda de senhas para atendimento na Loja de Cidadão do Saldanha, que as pessoas dormiam na rua para conseguir essas senhas, é caso para perguntar por onde andavam os agentes da autoridade que nunca perceberam algo que chegou aos ouvidos do “quarto poder”?
Na reportagem há um pormenor curioso! As senhas mais requisitadas eram as que permitiam tratar de assuntos relacionados com as Finanças, o Instituto da Mobilidade e dos Transportes e a Segurança Social.
Fazendo um paralelismo com o elevado número de condutores de TVDE que andam por Lisboa sem falar uma única palavra em português e as imagens da reportagem que denunciou o caso, sou levado a pensar que há algo de muito estranho no país de Marcelo & Costa, e que também é o meu.
Para exercer a atividade de motorista de TVDE há que frequentar com aproveitamento um curso de 50 horas – chamam-lhe CMTVDE. Pergunto-me: não falando uma palavra em português, como é possível ter aproveitamento? A resposta é simples, e a minha fonte fidedigna, com a ajuda do amigo “translate”. E o que faz o País? Fechamos os olhos.
Fechar os olhos tem sido uma constante num país que cada vez menos atrai mão-de-obra ativa qualificada, que não fala a língua e se sujeita a mafias e ao primeiro trabalho que apareça e lhe permita um teto para dormir. Não é decente!
Também não é decente, nem tão pouco usual, em países em vias de desenvolvimento, o que continua a passar-se às portas das USF, onde cidadãos doentes pernoitam ao relento na ânsia de conseguir uma senha (esta sem custo monetário) que dá acesso a consulta médica.
Será que isto é o melhor que a gestão socialista consegue?
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