A notícia chegou de pantufas: a Sony vai finalmente deixar os utilizadores mudarem o seu PS ID, ou seja, o nome com que registaram no ecossistema PlayStation. Muitos dirão: Mas ainda não era possível fazê-lo? Pois, ainda não. O passo em si é insignificante, mas o passo em si que Neil Armstrong deu na Lua também era insignificante, o importante era a carga simbólica que lhe estava inerente. E esta medida da Sony tem o seu quê de simbólica, embora esse nem pareça ser o objetivo da marca.
No fundo, a Sony vai limitar-se a dar resposta a um desejo antigo e recorrente dos jogadores. Numa época em que os diferentes mercados associados ao gaming são dos que mais crescem dentro do mundo da tecnologia, a medida parece acertada e apenas peca por tardia. Dar resposta aos desejos deste público-alvo é imperativo para quem atua nestes segmentos.
Quem teve oportunidade de visitar a Comic Con ou o Moche XL eSports constatou “in loco” a grande apetência que se vive atualmente para os jogos. É uma espécie de confluir de diferentes gerações em torno de uma forma de entretenimento comum. Muitos dos que cresceram nos anos 80 ficaram com o bichinho dos jogos de computador para o resto da vida. Isto significa que continuam a jogar nos dias de hoje e que passaram esse gosto para os filhos. Os jovens, por seu turno, contam com uma oferta vasta à disposição – PC, consola, mobile…
E do mesmo modo que passámos os jogos dos Spectrum e dos Commodore para os desktops, acabámos por expandi-los para portáteis, consolas e smartphones ou tablets. Mudanças que ocorreram num espaço temporal relativamente curto e julgo que os próximos tempos serão pródigos em mais mudanças. E não me refiro a fenómenos como o retro gaming.
Se olharmos para o hardware das consolas, é difícil não concordar com Kenichiro Yoshida, presidente da Sony, que afirmou recentemente que é preciso hardware de nova geração, embora não se quisesse comprometer com o anúncio de uma PS5. O que é compreensível, porque o salto pode não ser exclusivo do hardware. A Microsoft tem apostado na possibilidade de jogar títulos tanto na Xbox como em Windows. Arrisca-se a perder potenciais vendas no imediato? Sim, mas faz um serviço às pessoas e isso não só é meritório como trará benefícios a longo prazo. A Sony não irá, certamente, adormecer à sombra da bananeira da liderança de vendas de consolas e abrandar a inovação (olá Nokia, tudo bem?), como se viu no caso da possibilidade de crossplay do Fortnite, onde a PlayStation foi a última a ceder à tendência.
O próprio futuro das consolas parece envolto numa neblina provocada pelo dealbar do streaming. Daqui a uns anos estaremos todos a tirar partido do poder computacional da cloud para jogarmos com ótima qualidade sem ter de investir largas centenas de euros em hardware? É possível, mas mais seguro ainda é acreditar que a Nintendo irá tirar outro coelho da cartola e lançar um produto com uma jogabilidade única. E qual será o impacto do ray-tracing no gaming, tanto a nível da criação de gráficos como de necessidades de hardware? Ia começar a debruçar-me nas respostas, mas, entretanto, enviaram-me o código para testar o Call of Duty: Black Ops 4… Vou ali e já venho!