Esta semana, quem anda atento à política alemã não pôde passar ao lado da informação que fez parangonas pelo seu simbolismo. O partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) conseguiu estrear-se no poder autárquico, e eleger o seu primeiro presidente de câmara – Hannes Loth –, nas eleições regionais para a pequena cidade de Raguhn-Jessnitz. Poucos dias antes, Robert Sesselmann, do mesmo partido, tinha sido eleito administrador distrital em Sonneberg, na cidade da Turíngia, também no Leste do país. Ambos pautaram-se durante a campanha pela cartilha habitual: conservadora, xenófoba e racista, e em particular antissemita, anti-imigração, anti-Europa, e agora também antiecologista, em resposta às medidas do governo para dinamizar as energias verdes.
É a primeira vez que um partido de extrema-direita chega ao poder autárquico desde o nazismo, depois de a AfD ter ficado para a História por ter conseguido assentos nos parlamentos regionais nas eleições estaduais de 2016 e de, em 2017, ter chegado ao Bundestag, em Berlim. Um partido que está mesmo sob vigilância como uma ameaça potencial à ordem constitucional do país, depois de a BfV, a agência de inteligência doméstica alemã que rastreia extremistas, ter colocado a AfD sob suspeição e classificado alguns setores do partido como extremistas de direita.