Desde sempre que se acreditou que o elo mais importante da vida de uma criança era com a mãe, por estabelecer uma ligação especial com o bebé durante a gravidez e através da amamentação. Porém, os tempos mudaram e este paradigma também. Está provado cientificamente que a presença do pai é também igualmente decisiva na vida de um filho, e já não serve só para dar o primeiro “não” e repreender. O estar presente, educar, transmitir valores, ajudar no desenvolvimento da identidade e proteger são tudo funções inerentes também ao papel do progenitor.
Felizmente, os pais têm vindo a conquistar um destaque cada vez maior na vida dos seus filhos, estando cada vez mais presentes na sua educação, pelo que a parentalidade tornou-se num papel que já não estão dispostos a abdicar. Mas o que será preciso para desempenhar um papel positivo enquanto pai? Com certeza, não será dar ao filho o que ele quer, mas o que ele necessita; não é somente gostar dos bons resultados do filho, mas compreender e dividir os menos bons; é amá-lo como ele é e apoiá-lo nas suas escolhas; não é moldar o filho às suas vontades, mas aceitar e estar presente em todos os momentos da sua vida.
No século XXI, um progenitor já não se inibe de demonstrar e dar carinho ao filho, e também participa ativamente na sua educação, pois percebe que são os ensinamentos e exemplos proporcionados por um pai presente que fazem a diferença. E o segredo para reforçar essa ligação também está na partilha de gostos – promover o contacto com os filhos através de gostos em comum é fundamental. Uma aproximação que, quando comparada com a que tínhamos com os nossos pais ou avós, se vai tornando mais emocional ao longo de gerações, uma vez que temos menos filhos e, por isso, mais tempo para lhes dedicar. A paternidade em si já não tem data de validade, é antes uma experiência para a vida toda.
No entanto, se por um lado temos um maior envolvimento da figura paternal, temos por outro uma taxa de divórcio e de separação cada vez mais elevada, o que muitas vezes conduz ao conflito e ao afastamento dos filhos. E quando estes são usados como arma de vingança contra o parceiro após o fim da relação, estamos perante um crime de alienação parental.
Manipular os filhos de modo a atingir o outro é um ato de violência não apenas contra o progenitor, mas igualmente contra a própria criança que vê afetada a sua relação com a figura parental. Uma das formas mais comuns de alienação parental é denegrir a imagem do ex-parceiro, uma situação comum após uma separação e que vai privando os pais de desempenhar e usufruir da parentalidade na totalidade, o que por sua vez priva os filhos da sua presença. Isto acarreta diversas consequências na criança, que começa a ter comportamentos disfuncionais e agressivos, a sentir raiva e a desenvolver medos e ansiedade, e, com a perda da tal relação mais afetiva, ressente o impacto nas suas relações interpessoais futuras.
Mas se o bem-estar dos filhos é o pretendido, a relação pós-separação deve ser facilitada. Manter uma relação cordial e permanente e priorizar os filhos é essencial, bem como estar presente nas suas vidas, nem que seja à distância.
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